Tudo se passa como se Lula não fosse,
junto com Fidel Castro, fundador do Foro de São Paulo, nem companhia
frequente dos ditadores da Venezuela e da Nicarágua.
Sempre que líderes
petistas são interpelados sobre a natureza colaborativa e amistosa
dessas relações respondem uníssonos que preservam a autonomia dos
povos, mistificação que não guarda relação com a importância da
pergunta.
Contudo,
ainda que os apoios e as manifestações de apreço não existissem, o
silêncio seria um silêncio a gritar ante as consciências bem formadas.
Contudo, ainda que os apoios e as manifestações de apreço não
existissem, o silêncio gritaria ante as consciências bem formadas. Um
silêncio ouvido pelos que tivessem ouvidos de ouvir.
Em 23 de fevereiro de 2010, horas antes
de Lula chegar a Cuba para uma visita ao amigo ditador Fidel, morreu o
preso político Orlando Zapata Tamayo após 85 dias de greve de fome.
A
prolongada greve e a morte de um preso condenado a 36 anos (!) por falta
de respeito, desordem pública, resistência e desobediência, repercutiu
imensamente. E sobre isso caiu o silêncio de Lula. Fidel, em artigo para
o Granma, após o retorno de Lula ao Brasil, elogiou-o por esse
silêncio.
Depois de proibir menções à relação de
Lula com ditadores, referências ao mensalão durante seu governo, o TSE
impôs nova restrição à campanha de Bolsonaro. Agora está proibida de
chamar Lula de ladrão.
Fatos comprovados por três instâncias do Poder
Judiciário e que valeram ao ex-presidente condenação a mais de 12 anos
de prisão saem do mundo real e vão para o mundo etéreo de estranhas e
criativas decisões judiciais.
Por ali permanecem, produzindo efeitos
práticos e imediatos, mesmo que ministros do STF reconheçam que os
crimes aconteceram.
Em sua decisão, o ministro Sanseverino
afirma (Jornal da Cidade Online, de 13/10): “Verifica-se que, como
alegado, a campanha eleitoral impugnada é ilícita, pois atribui ao
candidato a conduta de ‘corrupto’ e “ladrão’, não observando a
legislação eleitoral regente e a regra de tratamento fundamentada na
garantia constitucional da presunção de inocência ou não culpabilidade”.
Dá-me forças Senhor!
Em 10 de junho, Uol Notícias (Folha)
noticiou: “O ministro Luiz Fux, presidente do STF disse hoje que as
decisões judiciais que anularam processos da Lava Jato foram tomadas por
"questões formais". Por outro lado, o magistrado, que participou de um
evento em homenagem aos 75 anos do Tribunal de Contas do Pará, também
defendeu que “ninguém pode esquecer que houve corrupção no Brasil.”
Pode sim, ministro Fux. Pode sim. Aliás, nem sei qual é o assunto, mesmo.
Percival Puggina (77), membro da
Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e
titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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