Bolsonaro vê o relatório da Defesa que militares prometem entregar hoje, como última cartada
Forças Armadas devem apresentar ressalvas, como a de que nenhum sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento; Bolsonaro pode usar o dossiê para judicializar resultado das eleições [sendo recorrente, mais uma vez: citamos Carl Sagan: "... astrônomo Carl Sagan “Ausência de evidência não é evidência de ausência.” - que equivale a: Não é porque não há provas de algo que esse algo não é verdade."]
Após informar que levaria até 30 dias para concluir sua fiscalização do processo eleitoral, o Ministério da Defesa promete entregar já nesta quarta-feira, 9, o relatório com suas conclusões. [o prazo elástico de até 30 dias, exigido pela Defesa,portando, após o segundo turno, acreditamos (é nossa opinião) foi uma forma do ministro da Defesa mostrar ao presidente do TSE - que gosta de estabelecer prazos, quase sempre exíguo e por isso na maior parte das vezes descumprido, ignorado - que o relatório jamais poderia ser entregue antes do segundo turno - sendo um relatório decisivo não poderia contemplar só o primeiro turno.]
O prazo encurtado atende as pressões do presidente Jair Bolsonaro. Nas poucas declarações que concedeu de lá para cá, o presidente insinua que o dossiê dos militares pode alterar o jogo. “Brevemente teremos as consequências do que está acontecendo”, afirmou ele, na última segunda-feira.
Como revelou o Estadão, o Comando do Exército não tem intenção de questionar o resultado das urnas, mas deve apresentar ressalvas, como a de que nenhum sistema informatizado está 100% blindado e precisa de aprimoramento. Bolsonaro explora essa informação politicamente, dizendo que o risco de fraude é “quase zero, mas não é zero”. Grupos de apoiadores do presidente lotam as portas de quartéis na expectativa de que o relatório mude o resultado da eleição.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, alimentou ontem as especulações em torno do dossiê. Na primeira entrevista coletiva desde que foi condenado no escândalo do mensalão, em 2012, Costa Neto disse que a legenda não quer contestar o resultado, mas Bolsonaro poderá fazê-lo se tiver “algo real na mão"l
Já o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin disse que o relatório do Ministério da Defesa é assunto para o Judiciário. “Não tenho nenhuma informação sobre esse relatório. Agora, quem cuida disso é o Poder Judiciário, que tem uma Justiça especializada para isso, que é a Justiça eleitoral”, afirmou o vice. [contrariando o tucano que aderiu ao criminoso eleito: a Justiça Eleitoral pode até ser especializada, mas não pode ser esquecido que só o Brasil tem tal justiça, que inexiste - certamente por ser dispensável - nas maiores democracias do planeta.]
A atribuição sobre o resultado das eleições é do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os militares dizem ver seu papel como o de uma entidade fiscalizadora do processo apenas para aperfeiçoar a segurança dos pleitos. Num contraponto a eventuais questionamentos, o Tribunal de Contas da União (TCU) já divulgou dois relatórios e descartou qualquer irregularidade na votação e apuração deste ano. [o TCU de uns tempos para cá quer um protagonismo que não tem razões de possuir = esquece que apesar do nome, sequer pertence ao Poder Judiciário - o único com competência constitucional para julgar; o TCU deve cuidar de números, contas, fiscalizar despesas públicas.]
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reiterou por diversas vezes que a função das Forças Armadas era de contribuir para melhorar o processo de votação. Em comunicado oficial, em 18 de outubro, disse agir à luz da Resolução 23.673/21, do TSE, fiscalizando o sistema eletrônico a convite do próprio tribunal e não se dedicando a uma auditoria propriamente dita.
Política - O Estado de S. Paulo
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