Essa reação talvez seja a melhor evidência das razões que levaram a SERGS a se manifestar. Apenas quatro anos bastaram para que se rotinizassem e normalizassem as imposições do arbítrio! Entre elas, a proibição do uso de certas palavras e a simples menção a certos temas de relevância social e política, a severa aplicação de sanções, os discursos excessivos e ameaçadores. Por medo ou gosto, tantos cidadãos entraram passivamente na caverna e se acomodaram a uma vida entre as sombras!
A SERGS deixou claro que, em respeito a seus 93 anos de defesa da democracia e do estado de direito, não entrou e não quer entrar ali. Os redatores do manifesto e aqueles que o aprovaram não entregam tão facilmente sua liberdade de expressão, mesmo que as afirmações feitas desagradem a alguns ou a muitos. As coisas são assim em povos livres! Entre eles não existe compromisso algum com a omissão. Aliás, numa terra de homens livres, Rodrigo Pacheco não é herói.
No manifesto, que, note-se bem, é dirigido ao presidente da República, não chamando rebelião alguma, li dez vezes a palavra Constituição e seus derivados, evidenciando que os entendimentos defendidos e propostos ficam sob o crivo do chefe de estado e de governo, e submissos à letra da Carta de 1988. Nada fora da lei e nada contra a lei, vale para todos! Simples exercício da liberdade.
Na atual circunstância histórica e psicossocial, na corte do Grande Irmão orwelliano, invocar a dignidade humana e o valor da liberdade é muito malvisto. E esse é o mal que vejo.
Percival Puggina
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