Certos acontecimentos nacionais só tem uma explicação racional.
Felizmente, para bem de minha saúde pessoal e familiar, eu não tenho
prova alguma do que penso saber que sei, exceto a inexistência de outra
explicação. Assim, não posso verbalizar. Calo-me e sobrevivo.
Estamos em
meio a um fervor punitivo massificado. O Brasil que sonhava com bandido
na cadeia [não na presidência da República] se depara com a sanha de prender e arrebentar adversários
políticos.
Não é a mesma coisa. É o que a casa oferece enquanto devolve
cocaína e meios de transporte para traficantes.
Muitos transformaram a
persecução de índole política em meio pessoal de recreação.
Quem conhece
a história do Volksgerichtshof (Tribunal do Povo, na Alemanha do III
Reich) sabe que seu presidente Roland Freisner encontrava certo sentido
lúdico no que fazia.
Nessas
circunstâncias, morar no campo, sem internet e longe de quaisquer meios
de comunicação pode se tornar opção para a vida saudável, obtida com o
distanciamento das próprias razões para não perder a razão.
Estas
advertências me ocorrem ao saber, por exemplo, que a deputada Dani Cunha
conseguiu emplacar um projeto em que criminaliza a negativa de abertura
ou manutenção de conta e concessão de crédito a pessoas politicamente
expostas como ela mesma...
A congressista é autora do projeto que
criminaliza a mera crítica a tais personagens.
Lembrei-me da resposta de
meu pai, deputado estadual nos anos 60 e 70 aqui no Rio Grande do Sul,
quando lhe perguntei como votaria projeto de aumento dos subsídios
parlamentares: “Não votarei matéria em benefício próprio, meu filho”.
Lembrei-me de Castelo Branco mandando o irmão devolver o carro com que
colegas o haviam presenteado. [a conduta de honestidade a toda prova do Marechal Castelo Branco, nos leva a recordá-la na íntegra: "Em 1966, o presidente Castello Branco leu nos jornais que seu irmão, funcionário e com cargo na Receita Federal, ganhara um carro Aero-Willys, agradecimento dos colegas funcionários pela ajuda que dera na lei que organizava a carreira.
O presidente telefonou mandando ele devolver o carro.
O irmão argumentou que se devolvesse ficaria desmoralizado em seu cargo.
O presidente Castelo Branco interrompeu- o: "Meu irmão, afastado do cargo você já está. Estou decidindo agora se você vai preso ou não".]
Lembrei-me de Peracchi Barcellos doando à
Santa Casa um apartamento com que amigos o presentearam ao deixar o
governo gaúcho. Lembrei-me de que já fomos assim.
Não irei, mas
até que morar no campo não é má ideia, numa fria e chuvosa tarde de
inverno, neste ano de trevas e temores de 2023.
[Recomendamos e leitura do excelente texto do Percival Puggina: O PT e seu governo invadiram a CPMI da invasão. - Percival Puggina
Apenas, respeitosamente, sugerimos mudar o título para: Os donos do poder estão, digamos assim, obrando.]
Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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