Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador “golden shower”. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador “golden shower”. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de agosto de 2019

Bolsonaro Easy Rider - Isto É - Editorial

No guidão da moto, jaquetão de couro e escolta de seguranças (armados, como fica bacana a qualquer “bad boy”), Bolsonaro Easy Rider deve se sentir o próprio Peter Fonda no consagrado “road movie” dos anos 60, rasgando o País, praticando barbeiragens retóricas e gerando acidentes em série a cada curva no pensamento. No último domingo não foi diferente, nem nos dias que se seguiram. O motoqueiro irreverente dos finais de semana está se achando livre para dizer e fazer o que lhe der na telha. Um Fonda mal-ajambrado, diga-se de passagem, contrabandeando estatísticas, mentindo que nem um condenado, praguejando opositores e cuspindo impropérios goela afora no melhor estilo desbocado incorrigível. Capaz até, se desse, de enfiar uma bandeira americana na garupa da máquina para não deixar margens a dúvidas sobre suas preferências. Bolsonaro Easy Rider está no momento com uma ideia fixa em torno do aparelho excretor. Vai saber lá o por quê. 

Necessidades fisiológicas humanas lhe incomodam, provavelmente. Tem de fazer menos cocô — com perdão da citação, apenas para ser absolutamente fiel à expressão da vez do presidente — para preservar o meio ambiente. Tem culpa do “cocozinho petrificado de um índio” no atraso da obra de um terminal de contêineres e mesmo os corruptos e comunistas são, no seu entender, o “cocô do Brasil” a ser varrido. Dia após dia saíram essas sujeiras de sua cabeça. Mas não como mera higiene mental. Queria mesmo era conspurcar o debate. Em quem já cismou com a limpeza do pênis e o “golden shower” devem existir definitivamente recalques pendentes nas regiões baixas do mandatário. E eles lhe servem para disfarçar as lambanças ainda mais visíveis nos campos econômico, diplomático e político. 

Bolsonaro Easy Rider vai emporcalhando o País com um desemprego imoral, uma abjeta recessão que ele trouxe de volta após dois anos de recuperação — tímida, embora consistente — e com reprimendas a chefes de Estado do Primeiro Mundo e aos adversários do Parlamento. É possível isso? Desanca, sem dó, líderes da França e da Alemanha por pedir controle no desmatamento — em franco aumento no seu governo — e, de quebra, espinafra os vizinhos argentinos por uma eleição ainda não definida. Bolsonaro Easy Rider quer ampliar poder. Promoveu demissões de quem discorda dele. Aniquilou investigadores do Coaf que tiveram a pachorra de caçar o filho Numero Um, Flavio, por conta de seu laranjal. E botou a correr a turma da Comissão da [IN] Verdade que reparava injustiças aos perseguidos políticos. Até arranjou tempo para novos elogios ao notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, seu dileto “herói nacional”, um ser desprezível dos porões da imunda ditadura. 

Bolsonaro Easy Rider planeja agora a “faxina” da Receita Federal. Vai mexer em estruturas e nomes, “limpando” de lá os “petistas infiltrados”. Pode ficar certo: virão novas cagadas daí e não vale se incomodar com o linguajar chulo. É preciso estar na mesma “vibe” do capitão reformado. Do contrário, já viu: ele corta os bagos. O secretário de Comunicação do governo recém-nomeado, por exemplo, não durou nem uma semana no cargo. Contratado da Secom para filtrar os deslizes verborrágicos do “Mito” depois que ele chamou governadores nordestinos de “Paraíba” e negou a existência da fome no País, o assessor relâmpago deve ter insultado o vocabulário rastaquera do chefe da Nação. Aí não pode! Bolsonaro Easy Rider, na diplomacia da canelada, também vem colhendo prejuízos. Financeiros efetivamente. É dada como certa a retirada dos apoiadores do Fundo Amazônia, Noruega à frente, além da Alemanha, suspendendo contribuições que já chegam a US$ 3,4 bilhões.

 Mas o que é isso para um bad boy? Nada. O presidente fez pouco caso, deu de ombros. Na incontinência verbal corriqueira, os agrotóxicos entraram na dança. Sustentou o ex-capitão que o Brasil é um dos que menos usa essa porcaria química. E não o contrarie! O senador (sic) e ex-ator pornô, Alexandre Frota, foi expulso na semana passada do PSL, partido da base, por meter o pau no presidente. Figurativamente falando, claro. Bolsonaro Easy Rider entendeu. Eis um anátema implacável que mistura as obscenidades linguísticas do mandatário e a realidade nua e crua da política de articulação, onde ele não atua com a mesma desenvoltura. 

Bolsonaro Easy Rider é dado a tiranias e rancores típicos de um menestrel do baixo meretrício. Vingativo, implacável, despudorado. Gigolôs mandatários de certas saliências não fariam melhor. Suas fanfarronices fisiológicas são capazes de ruborizar até aquelas cabeças menos carolas da sociedade brasileira. O bad boy motoqueiro, o Peter Fonda da contracultura, o Easy Rider bananeiro está impossível. Quem vai conter seu ímpeto de aventuras loucas pilotando quase desgovernado uma moto e tantos destinos?

Isto É - Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Em meio a ataques, pibinho e dólar a quatro

Anunciar punições a universidades da ‘balbúrdia’ e das ‘massas de manobra’ é falar para os radicais do bolsonarismo

[Sugerimos, respeitosamente, aos que tem acesso ao presidente Bolsonaro que o faça ler o pedido da deputada Janaína Paschoal, intitulado:   

A verdade é que o governo Bolsonaro está rasgando algumas das principais pautas da sociedade brasileira. Gastos com educação, por exemplo. Sabe-se que falta dinheiro para pagar melhor aos professores do ensino fundamental e médio, por exemplo e que o dinheiro atual é mal aplicado. Vai daí que os alunos, no geral, aprendem pouco e mal, como fica evidente nas avaliações. Também é verdade que há um viés socialista principalmente nos níveis médio e universitário. Igualmente verdadeiro que essa situação não é culpa do atual governo, mas, sim, uma herança de anos de equívocos.

Mas não se pode começar a tratar disso tudo querendo filmar alunos cantando hinos ou cortando verbas de três universidades que “fazem balburdia” ou chamando os estudantes de “idiotas úteis que não sabem a fórmula da água.  Aqui, o conflito criado já é de responsabilidade do governo Bolsonaro. [o presidente Bolsonaro expressou a verdade, de forma clara e inequívoca, sobre o movimento paredista de ontem: indivíduos da turma do 'quanto pior, melhor', espertamente,  aproveitaram a fuga da realidade que caracteriza grande parte dos jovens de hoje e os usaram para um protesto, maximizando uma situação que é passageira e já ocorreu outras vezes;
da mesma forma, é inaceitável que instituições mantidas com dinheiro público, destaque para a UnB, desperdicem recursos promovendo 'julgamentos' se o impeachment da presidente ladrona e incompetente, foi justo ou não.

Essa turma militante de m ... usaram os estudantes - só que o contingenciamento é inevitável e por excesso de competência na comunicação o atual ministro da Educação aproveitou uma  iria ocorrer  para das uma ideia de punição.
Juntou a esperteza dos militontos - poucos e diminuindo, mas ainda venenosos - com a excesso de competência do Weintraub, aí o movimento cresceu, embora não se sustente.]

Mesmo porque, ignorância por ignorância, o primeiro ministro da Educação, Ricardo Velez, tomou um baile da jovem deputada Tábata do Amaral, em debate sobre questões básicas de educação. E o atual, Abraham Weintraub, posou de sábio e competente ao explicar que um teste iria custar R$ 500 mil – tremenda economia! – quando o valor era de R$ 500 milhões. Um errinho, não é mesmo? Como confundir Kafka com um espetinho.

Tem mais. Ao garantir que o Bolsonaro não ordenara a suspensão dos cortes, como informavam deputados governistas, Weintraub contou que o presidente de fato telefonara, mas para perguntar se haveria mesmo cortes no orçamento das federais. E que ele, ministro, havia explicado que não eram cortes, mas contingenciamento. Quer dizer que o presidente não sabia? Ou é isso, ou o ministro transferiu sua desinformação para o presidente. Como diria o vice-presidente Mourão, problema de comunicação. Pode ser, entre eles.

Desgraçadamente, é mais do que isso. Esqueçam o corte, perdão, contingenciamento. Por absoluta falta de dinheiro e porque o país está no “fundo do poço” , o ministro Paulo Guedes ordenou cortes nos investimentos e nas despesas discricionárias. De todo o governo. Despesas obrigatórias, como salários e aposentadorias, são feitas regularmente.  Simples de explicar, fácil de entender, tanto para o ministro da Educação quanto para o da Infraestrutura. Mas aproveitar o momento para anunciar punições a universidades da “balbúrdia” e das “massas de manobra”, é falar para os radicais do bolsonarismo. Consequência visível: dá argumentos para todo mundo que tem bronca dos Bolsonaros, aliás, uma parte crescente da população.

Nas manifestações de ontem, foram todos. Estudantes, professores, incluindo os de esquerda, funcionários de estatais contra a privatização, servidores públicos contra a reforma da previdência. Todos dispensados de propor medidas efetivas para melhorar a eficiência e a justiça dos gastos públicos. Mas não só. Ali também estavam brasileiros legitimamente preocupados com propostas para a educação, em particular, e com as crises políticas geradas dentro do governo e que estão travando diversas pautas e a atividade econômica.

Paulo Guedes tem razão quando diz que este é o fundo do poço, que o país está desabando num abismo fiscal e que não há saída sem reformas estruturais, a da previdência em primeiro lugar. Também tem razão quando diz que falta dinheiro para investimentos, inclusive em pesquisa científica, porque o governo gasta demais com previdência e salários do funcionalismo. Igualmente está certo quando diz que essas reformas dependem do Congresso.

Não é tudo, porém. Como o ministro deve saber, mas não pode falar, não se pode esperar muita coisa de um governo que só tem três ideias boas: o pacote econômico, o pacote anticorrupção e o programa de privatizações. Melhor que nada, se diria. Mas ocorre que essas três ideias não nasceram nem circulam nem são entendidas no núcleo do bolsonarismo, mais ocupado em xingar os militares do governo, atacar a mídia que não é chapa branca e procurar conspirações comunistas numa “golden shower”.
Enquanto isso, pibinho e dólar a quatro.

Coluna publicada em O Globo - Economia 16 de maio de 2019

Carlos Alberto Sardenberg - jornalista

sábado, 6 de abril de 2019

O presidente vai morrer pela boca

Cem dias depois, parece uma eternidade.  

O Brasil, nesse acomodar de novo governo, vai vivendo de desatino em desatino, levado pela verve destrambelhada do presidente Bolsonaro. O mandatário repete a via crucis de Jânio Quadros que durou sete meses — com bizarrices em atos e palavras típicas de um menestrel de crises. 

Avacalha a verdade. Diverte-se em polemizar com retrocessos na área de costumes. Dá as costas para os reais e urgentes problemas da Nação (emprego, reativação da economia e quetais). Nesse pormenor, com um agravante: o quadro está piorando muito. E rapidamente. A perspectiva de crescimento do PIB já foi revista, para baixo, cinco vezes neste ano, um recorde de recálculos negativos. Encontra-se agora em minguados 1,9% e ninguém de firme convicção e conhecimento de causa crê em algo melhor do que o ocorrido ano passado. O desemprego voltou a crescer no período sob a égide bolsonarista (janeiro e fevereiro com dados divulgados), após dois anos consecutivos de melhora na taxa. Em outras palavras, inverteu-se a curva para pior. 

Já são mais de 13,1 milhões de desempregados, quase 50 milhões de pessoas sem o mínimo para garantir a subsistência. E, como se sabe, o flagelo da falta de trabalho e renda destrói qualquer perspectiva de otimismo e apoio. Não há prosperidade visível nem no médio ou longo prazo. Culpa da tática adotada até aqui. Alguém apontou que o governo assumiu com aparência de pão dormido. Pesquisa mostra que empresas agora só projetam retomada para 2020 e a devastação da confiança fez a popularidade do “mito” derreter. São dados. Fatos. Longe da torcida dos áulicos seguidores. A indústria recuou dez anos e voltou em fevereiro ao nível de produção de março de 2009. A atividade do setor está tão ou mais emperrada que nos idos da recente recessão da fase Dilma. Aos números: em janeiro o desempenho foi negativo, de 0,8%, o pior resultado em quatro meses. O volume produzido também ficou 0,2% menor ao de igual período do ano passado. O enfraquecimento da manufatura no chão de fábrica é reflexo direto e visível da baixa demanda. 

Parlamentares dos partidos de sustentação reconhecem que a sociedade está cansada e que mesmo aliados mais ferrenhos estão perdendo o encanto. Ninguém de seus próximos assessores se atreveu ainda a lhe dizer, talvez por receio, mas admitem à boca pequena que o mandato do capitão reformado está sofrendo um apagão gerencial. Nada anda, os ministérios funcionam a galope de polêmicas, setores como o da Educação são literalmente dilapidados. No plano da saúde, metas estabelecidas, como a da imunização da população nas primeiras semanas, não foram cumpridas. No campo externo, estragos são notados com os protestos e promessas de retaliações de parceiros estratégicos, chineses e árabes à frente. Não precisa nem lembrar do “golden shower” do carnaval, das suspeitas que o mandatário lançou erroneamente sobre o Ibama, da falsa promessa de diminuir o Imposto de Renda (depois desmentida por assessores), dos ataques sem propósito na articulação com o Congresso…a lista de escorregões é infindável. Como aprendiz de presidente, Bolsonaro revelou-se um tremendo encrenqueiro, inapto naquilo para o qual foi eleito. 

Deveria ter trabalhado mais e falado menos. Deixado de lado o proselitismo digital e ido à prática. Com um repertório limitado, um comportamento quase infantil e a agenda retrógrada a tiracolo, escolheu o caminho contrário. Montou uma verdade paralela, alimentada por factoides. Ele e sua claque de fanáticos robotizados geraram fake news em série, despautérios históricos e esquisitices na velocidade da luz, sem cessar uma única semana. Não passa dia sem que o bolsonarismo promova versões delirantes, como a de que não existiu a ditadura, de que o nazismo é de esquerda ou a de que o IBGE referência mundial em estatísticas — erra nos seus números. 

Com um detalhe: ao contestar levantamentos oficiais do IBGE, por exemplo, Bolsonaro repete, palavra a palavra, a ladainha conhecida e praticada justamente por seus antecessores petistas, a quem repudia. Escolhe a pior alternativa. Na lógica vesga: se a verdade não é boa, desconsidere a sua existência. Culpe o termômetro pela febre alta, atropele as instituições, renegue critérios científicos, faça de conta que o levantamento é frágil. Bolsonaro obedece à cartilha de mandamentos dos populistas com a disciplina de monge tibetano. Como qualquer um, tem direito às próprias opiniões, mas não aos próprios fatos. Bolsonaro queria ouvir do IBGE, precisava alardear, que o índice de emprego estava bombando, com ofertas de trabalho aparecendo aos montes por mera osmose. Seria um bom cartaz de propaganda dos 100 dias. Não conseguiu o tento e partiu à reclamação rasa. Ele tem, decerto, um relacionamento, digamos, fugaz, de quase descaso, com as evidências. 

MATÉRIA COMPLETA em IstoÉ
 

Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três