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sábado, 18 de dezembro de 2021

SEGUNDO AS PESQUISAS ELEITORAIS, OS BRASILEIROS VIRARAM ARGENTINOS - Percival Puggina

Os números divulgados por pesquisas eleitorais influenciam a realidade. Saber em que proporção representam a posição dos cidadãos poderia, muito bem, ser uma das 12 penitências de Hércules
Requer esforço sobre-humano do qual me declaro incapaz. 
No entanto, sinto-me habilitado a afirmar que se as pesquisas mais recentes expressarem algo próximo da realidade, temos duas opções :

1ª) a maioria do eleitorado brasileiro é um fenômeno parapsicológico, cuja opinião e cujo querer só pode ser captado por pesquisadores dotados de poderes supranormais; ou

2ª) esses eleitores viraram argentinos (que é a hipótese menos absurda).  

Os brasileiros conservadores já deveriam estar acostumados ao fato de que as pesquisas erram e erram feio. Até quando colhidas em boca de urna. 
Já deveriam saber que muitas delas são a própria campanha eleitoral fora do período eleitoral. Os números anunciados pelas emissoras de TV são o palanque, e os comentários são os comícios nestes meses que antecedem o início das campanhas propriamente ditas. Em alguns casos, como nas análises da Globo em relação às avaliações do governo Bolsonaro, quase se ouve o espocar dos foguetes.  

É absurdo imaginar que essa maioria identificada pelas pesquisas, outrora formada por ruidosos militantes, tenha emudecido, cravado facão no toco, decidido votar em Lula e quer, literalmente, que tudo mais vá para o inferno. Esse notável movimento de massa faz, em silêncio, aquilo que os argentinos fizeram com mais ruído, encaminhando a nação vizinha para acelerada venezuelização.  

O sujeito oculto dessa revolução ou o objeto oculto de sinistra manipulação vestiu terno, colocou gravata, ajeitou o cabelo e isso, em nada contribuiu para dar-lhe um ar de gente séria. Na Europa, Lula tem sido paparicado pela esquerda que vê nele a possibilidade de retomar o poder e restaurar a hegemonia que tão caro custou e continua custando ao Brasil.

A maioria do eleitorado não pode votar em Lula e, ao mesmo tempo, querer liberdade, defender princípios e valores morais, proteger a instituição familiar e a inocência da infância,  desejar o combate à corrupção e o fim da impunidade...

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 27 de outubro de 2019

KC-390: Os Céus do Mundo te Aguardam - DefesaNet

O comboio da comitiva aproxima-se do portal da Base Aerea de Anapolis, hoje Ala 2. Área imensa, à distância hangares, prédios, galpões. Pouco a pouco adentramos o enorme complexo. Não há muito movimento nem ruído, apenas tranqüilidade, nesta que é a guardiã do espaço aéreo da Capital e do Brasil. Mas não se enganem  pretensos invasores, sob o teto dos hangares e hangaretes, repousam as máquinas de guerra que repelirão qualquer afronta de invasor estrangeiro.
                                      KC-390: Os Céus do Mundo te Aguardam 

Somos conduzidos ao local das boas-vindas e  apresentação, um grande auditorio onde já nos espera o comandante Cel Av Mioni, saudando os visitantes. A palestra transcorre em tom agradável para os olhos e para o coração. Em seguida visitamos a Unidade de Artilharia Anti-Aérea, o F5-EM e o RC-99. Mas a atração maior nos aguarda. Imenso, sua silhueta portentosa mas elegante aparece repentinamente diante de nossas vistas. Admirando a aeronave mesmo sem autorização para adentrá-la, podemos entreolhar pelas portas e avaliar a qualidade, a perfeição, o conforto, o posicionamento dos bancos, a modernidade dos instrumentos de cabine, as turbinas, as rodas, pistões, tudo rutilante de novo, a ultima  tecnologia disponível. A suavidade dos materiais, da pintura, dos metais, deixa transparecer o carinho com que foi idealizado, projetado e construído. Diferente do Hércules rústico, o KC-390 alia a elegância do design ao elevado padrão aeronáutico de desempenho.

Conhecer o KC-390 da EMBRAER foi conhecer as potencialidades do Brasil. Certamente é uma das nossas ilhas de excelência, neste pais que o ex-presidente do BNDES e professor da PUC, o Economista Edmar Bacha definiu como Belindia.  A visão do belo pássaro verde-escuro nos faz refletir sobre as magníficas máquinas voadoras produzidas no Brasil, como o Tucano, que a EMBRAER exportou para os cadetes ingleses aprenderem a voar. Afinal, um brasileiro é que fez subir aos ares em Bagatelle o mais-pesado-que-o-ar.

Deixamos a Base certos de que o pais caminha para um futuro radiante.
Saberemos vencer as não poucas adversidades do caminho, óbices notáveis que serão transpostos.
 
... aterissamos em Londres ... Olhando pela janela, silhueta familiar se destaca ao longe, de esbelta e elegante aeronave, entre gigantescos Boeing e Airbus. Logo identificamos o pássaro brasileiro. Sim, é o o nosso EMBRAER-195, bi-jato para 116 passageiros ostentando as cores da British Airways e uma pequena bandeira verde-e-amarela na fuselagem.. Dá vontade de bradar -  somos brasileiros, e que aquele avião foi fabricado pela EMBRAER em São Jose dos Campos... bem, não iria adiantar muito... ninguém ali entende português ... “
 
Quem conhece o KC-390 não pode deixar de sair convencido de que o Brasil é certamente uma grande nação em busca do seu destino, o Bem Comum a ser alcançado um dia.  Os onibus da comitiva ultrapassam o portão. Após a proveitosa visita, felizes por termos tido o privilégio de conhecer esta magnifica Base por dentro, e assim poder sonhar sobre os horizontes desta terra que um dia Stefan Zweig profeticamente identificou como sendo O Pais do Futuro. [com o presidente Bolsonaro, apesar de todo o esforço traiçoeiro dos adeptos do 'quanto pior, melhor, o futuro começa a se tornar presente.]

Israel Blajberg  - DefesaNet

 

segunda-feira, 27 de maio de 2019

O voto Bolsonaro

O governo continua imerso em suas contradições. E o País já perdeu um ano!

Muita poeira tem sido lançada aos olhos dos cidadãos brasileiros, como se um grupo de predestinados operantes em redes sociais e ideólogos de tipo conspirativo tivessem sozinhos ganho as últimas eleições presidenciais. Nem Hércules teria tido a ousadia e a força de tal pretensão!

Não se trata de desmerecer a estratégia adotada nas redes sociais, mas de reconhecer uma realidade muito mais complexa. O voto bolsonarista foi essencialmente um voto do não, de tipo lulista, “contra tudo o que está aí”. Claro que o que estava aí se baseava em outra percepção da realidade, desta feita, a corrupção da experiência petista de governo, o descalabro econômico, seguido do aumento de desemprego, e os efeitos da Lava Jato enquanto fator de regeneração nacional. O não se estendia também ao politicamente correto, que foi imposto goela abaixo aos habitantes deste país, muitos de índole conservadora.

A corrupção petista havia se tornado visível graças à Lava Jato, ao expor o modo de exercício partidário do poder, com o PT se apropriando de recursos públicos com fins pessoais e políticos. Líderes partidários acabaram sendo condenados e remetidos à prisão, num espetáculo que não deixa de ser doloroso para o País, porém necessário do ponto de vista da punição exemplar. Outros partidos e políticos sofreram o mesmo destino, mostrando o caráter suprapartidário de tal operação. A classe política ficou maculada, o que foi muito bem aproveitado pelo candidato vencedor.

No supermercado as pessoas começaram a sentir os efeitos da inflação, ao que se acrescentavam a redução da renda familiar e o desemprego. Pessoas que tinham galgado uma posição social superior, principalmente durante parte dos mandatos do presidente Lula, sofreram o descalabro do governo Dilma, com recessão, juros altos e perda de emprego. Do ponto de vista da percepção pessoal, há enorme diferença entre uma pessoa voltar a uma posição social inferior e dela nunca ter saído. O carro comprado foi vendido, a educação privada dos filhos voltou para a pública e apartamentos foram devolvidos. O caminho estava aberto para o candidato que soubesse dizer não.

O apoio maciço dos evangélicos, que em muito contribuiu para a vitória, teve como uma das suas âncoras a linguagem conservadora do candidato, que soube fustigar sem pena os exageros e os excessos do chamado politicamente correto. As pessoas de índole familiar conservadora não mais aguentavam tal tipo de imposição, qualificada de “progressista”. Se isso era o “progresso”, preferiam não avançar. Diga-se de passagem que mudanças culturais, para serem bem-sucedidas, devem ser feitas homeopaticamente, salvo se pretenderem uma revolução, que, ao fazer economia de meios, produz resultados desastrosos.

Na esteira da crise de valores, a imagem de Jair Bolsonaro terminou por ser beneficiada pelo prestígio social das Forças Armadas. Os militares gozam de excelente reputação na opinião pública, pela retidão de seus membros e por sua defesa intransigente dos princípios nacionais. Em certo sentido, votar no então candidato veio a significar uma volta democrática dos militares ao poder, o que foi reconhecido pelo presidente na constituição de seu Ministério. Note-se, ademais, que é esse grupo que está sendo atacado pela ala ideológica do governo, como se fossem meros intrusos, quando são os mais responsáveis.

Um fator totalmente imprevisível terminou contribuindo decisivamente para a vitória: a facada. As imagens do candidato sofrendo e sua lenta e difícil recuperação o puseram como vítima da violência que prometia erradicar. Horas de televisão foram dedicadas ao ataque e às suas repercussões, criando uma ampla identificação social com a vítima. A simpatia pelo candidato tomou conta da sociedade. Páginas de jornais, rádios e redes sociais cobriam cotidianamente o que estava acontecendo. Nenhum candidato, por mais tempo de rádio e televisão que tivesse, podia equiparar-se a essa superexposição. Nesse período, a eleição se definiu, não tendo o candidato Jair Bolsonaro podido participar de nenhum debate. Apresentação de ideias e de programa de governo tornou-se prescindível.

Hoje se ouvem supostas análises e comentários de que a Câmara de Deputados – e por extensão o Senado – está se recusando a levar adiante a proposta de reforma da Previdência que foi eleita com o novo governo. Ora, o presidente não apresentou, quando candidato, nenhuma proposta de reforma da Previdência, nem, em geral, econômica, salvo pequenas exceções. Não espanta que haja reações. Que a reforma da Previdência é algo essencial, isso salta à vista, basta fazer as contas. Acontece que nem isso foi – e tampouco é – explicado adequadamente. O governo continua imerso em suas contradições.

Teria sido muito mais sensato retomar o projeto de reforma da Previdência do então presidente Michel Temer, que estava pronto para ser votado em plenário. Em vez disso, o governo Bolsonaro quis fazer a “sua” proposta, supostamente “nova”, contra a “velha”. Foi, de fato, a “velha” forma de fazer política, não querendo reconhecer a continuidade das reformas e propostas feitas no curto governo anterior. O resultado é que o País já perdeu um ano! [por falar em Temer: Rodrigo 'enganot' Janot ao acusar o então presidente Temer de vários crimes, atrapalhou em muito as medidas de correção da economia, a efetivação da reforma da Previdência e outras medidas adequadas;

e, até o presente momento, nada do que o 'enganot' acusou o ex-presidente foi provado, sendo aprova indiscutível da falta de sustentação das acusações, é que a principal delas, resultado da delação premiada dos açougueiros Batista, AINDA NÃO FOI homologado pelo Supremo.
Estranho! e foram tais acusações que quase derrubam um presidente, não conseguiram;
 mas,  tiveram êxito em boicotar o ex-presidente e as medidas que estavam sendo implantadas e seriam exitosas na redução da crise econômica, incluindo a queda do desemprego.
Acusar sem provas é crime - e se ao acusar prejudica o Brasil o crime é agravado.]
Por último, convém dizer uma verdade óbvia, que, no entanto, parece estar sendo esquecida. Não é só o presidente que tem legitimidade popular, a do voto, mas também os senadores e deputados. Todos eles foram eleitos conjuntamente num mesmo processo eleitoral. Logo, é uma falácia dizer que os deputados, por exemplo, estão se colocando contra o voto popular, na medida em que eles são, igualmente, o resultado do mesmo voto. A representatividade do presidente é a mesma dos parlamentares. Se não houver esse reconhecimento, o Brasil continuará imerso em conflitos insolúveis, com desfechos que podem ser institucionalmente nocivos.



Denis Lerrer Rosenfield,  professor de Filosofia na UFRGS - O Estado de S. Paulo
-  email: denisrosenfield@terra.com.br

 

segunda-feira, 18 de março de 2019

Muito barulho para pouco fato

Como o governo acaba de chegar, é saudável que apresente suas soluções. O risco é atropelar a si mesmo com o excesso de anúncio de ideias


Na economia, o governo é de muito barulho e pouco fato. Ele mal começou, é verdade, mas já produziu um volume de anúncios impressionante. De concreto, tem uma reforma da Previdência que ainda não deu um passo no Congresso e na sexta-feira houve um bem-sucedido leilão que vendeu 12 aeroportos. O detalhe é que os modelos do leilão e da concessão foram preparados pelo governo Temer. O mérito do atual foi realizar o planejado.

Há muita coisa para mudar na economia de um país que não consegue retomar o crescimento, tem um rombo fiscal persistente e 12 milhões de desempregados. Como o governo acaba de chegar, é saudável que apresente suas soluções. O risco é atropelar a si mesmo nessa mistura de anúncios de medidas futuras.  Apesar de ter dito que a chamada PEC do Pacto Federativo esperaria pela aprovação da reforma da Previdência, o ministro Paulo Guedes continua falando dela como se o projeto fosse iminente. A reforma orçamentária é extremamente importante. Há dificuldades concretas na vida dos administradores públicos com o excesso de rigidez no uso dos recursos.

A questão é que mesmo Hércules fez uma tarefa por vez. Essa é de espantosa complexidade e mesmo se for aprovada um dia não eliminará os gastos incontornáveis. Além disso, pode provocar uma dispersão da base de apoio ao governo, base aliás que nem foi ainda consolidada pela incapacidade da articulação política. A boa notícia da sexta-feira foi o fato de que 12 aeroportos passaram para as mãos de operadores privados e com o pagamento de um grande ágio. Mais importante do que os R$ 2,3 bilhões que o governo vai arrecadar, são os investimentos futuros na melhoria da logística aeroviária do país.

O sucesso do leilão foi muito bem recebido pelos empresários. Para o diretor-superintendente do grupo Astra, Manoel Flores, que fabrica revestimentos e materiais de construção, a notícia confirma a avaliação de que o pior da crise econômica ficou para trás. Ele fala olhando para os próprios números. Acaba de participar de uma feira no setor que teve uma alta no volume de negócios fechados e tem projeção na sua empresa de faturamento 10% maior, com um aumento de 5% no número de funcionários.  No mercado financeiro também o leilão foi lido como um sinal positivo, principalmente pela presença do capital estrangeiro. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, disse que o resultado foi muito melhor do que o esperado, e que a presença de operadores internacionais disputando os aeroportos brasileiros prova que, de fato, os investidores estão acreditando no Brasil.

É possível ouvir palavras de ânimo tanto na economia real quanto na área financeira, mas a conversa termina sempre com o mesmo alerta: é preciso aprovar a reforma da Previdência para que se confirme o cenário de melhora nas contas públicas brasileiras. Portanto, é nesse ponto que tem que estar o foco da área econômica.   O grande desafio para a reforma neste momento será o envio nos próximos dias do projeto que muda as pensões e aposentadorias dos militares. Ele virá com mudanças na carreira que elevarão ganhos, manterão vantagens como paridade e integralidade, e pode ter inclusive a garantia de aumento anual dos soldos. Ficará difícil explicar isso num contexto de escassez.

O Ministério da Economia falou em esfaquear o Sistema S, e a ameaça contundente acabou contornada. Falou em fazer uma abertura da economia para tirar os empresários das suas trincheiras da Primeira Guerra e já elevou tarifas de importação. Prometeu dar aos estados a maior fatia do dinheiro do grande leilão das áreas excedentes do pré-sal, mas ainda não conseguiu concluir as negociações da Petrobras com a União, que, a propósito, estavam bem adiantadas no governo anterior.

Na sexta-feira, o ministro Paulo Guedes prometeu digitalizar o governo, reduzindo à metade o número de funcionários públicos através da não realização de concursos para substituir os que se aposentarem.  Há boas ideias nas propostas feitas pelo ministro, mas nada do que ele anuncia é tão fácil quanto ele diz. O mais difícil, contudo, é fazer tudo ao mesmo tempo. [será que Guedes pensa chegar aos 100 anos de idade? e mais, ainda ministro?] A ordem de prioridades precisa ficar mais bem definida para elevar a confiança na economia, permitindo o aumento da atividade, ainda excessivamente fraca.