Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador HBO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador HBO. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Ela é contra estupradores em presídios femininos. Transfóbica, claro! - Gazeta do Povo

Madeleine Lacsko

Patrulha Identitária - Entenda como a patrulha da lacração transforma até defesa de estuprador em bandeira contra transfobia.

J. K. Rowling: a autora de Harry Potter - acusada de transfobia

Na patrulha identitária deve ter alguma norma que obrigue a dedicar um momento do dia a perseguir a escritora J. K. Rowling. Agora, ela já está fora de um especial sobre a obra dela própria na HBO no Ano Novo. Mas ainda não é o suficiente. Depois de incentivos à invasão da casa da escritora, vamos a mais um round de assédio. Agora o problema é errar o artigo ao falar com o estuprador x estupradxr.

Pelo menos no Reino Unido ainda se permite que jornalista faça pergunta. Ian Collins pergunta à ativista se ela considera que não é um estupro masculino aquele cometido por uma pessoa que tem pênis. Ela desconversa. J. K. Rowling disse que mulheres trans são estupradoras? Não, mas também não importa. A patrulha não ouve quem é de fora da patrulha, apenas cria estereótipos
Quem disse que mulheres trans são estupradoras foi a polícia da Escócia. Foi tomada a decisão de fichar como mulher e mandar para o sistema prisional feminino o estuprador x estupradxr que se autodeclarar mulher no momento da prisão. Não precisa ter feito transição, cirurgia nem mudado o documento. Quem conta?

O governo da Escócia está enfrentando uma oposição ferrenha dos movimentos feministas, mas alega que não quer dificultar a vida de quem já tem disforia de gênero. Para quê exigir exame médico, laudo, atendimentos ou documento se a pessoa cometer um crime e for presa? Vamos desburocratizar, né? A ideia é adotar o parâmetro do tuiteiro médio da patrulha identitária brasileira. Tem de acertar o artigo que a pessoa estiver a fim de ser chamada no momento da prisão.

O absurdo da situação vira uma distorção ainda mais distópica nas mãos da patrulha identitária. 
A coisa mais sensacional de debater com a seita woke tupiniquim é essa apropriação cultural dos métodos de Paulo Salim Maluf. 
Minha entrada para o jornalismo político, aos 19 anos de idade, depois de madrugadas sangrentas no jornalismo policial paulistano foi graças a ele. Ou melhor, foi graças a uma briga com ele exatamente por esta técnica de debate usada agora pela militância lacrativa.

A patrulha identitária malufou. Não importa o que aconteça ou o que alguém tenha falado, eles respondem o que quiserem. Você diz: "um estuprador não pode ir para a prisão feminina só porque disse na hora da prisão que é mulher". Resposta: "transfobia dizer que só mulheres trans estupram e não são estupradas". Lembra quando eu perguntava: "prefeito Paulo Maluf, e sobre as acusações de corrupção?". Resposta: "Sabe quem construiu a avenida Jacu Pêssego? Paulo Maluf!". Desde que Lula malufou começou essa palhaçada.

Quando eu vejo esse tipo de militância, sempre fico em dúvida. Pode ser um roteirista da Tatá Werneck fazendo teste de piada em rede social. Pode ser também roteirista da Praça é Nossa, vai que vão fazer uma nova velha surda, né? Mas aparentemente era isso mesmo. E experimente questionar quem disse que só mulher trans estupra ou quem disse que mulher trans não é estuprada. Cancelamento imediato por transfobia.

O argumento é que precisam invadir a casa da escritora J. K. Rowling e ela não pode mais ter o nome mencionado na própria obra porque fez uma manifestação altamente ofensiva às mulheres trans. Ela tuitou um artigo falando do absurdo de aceitar que qualquer estuprador simplesmente diga que é mulher, sem nenhuma prova de que seja trans ou esteja se consultando sobre, e vá imediatamente para o sistema prisional feminino.

A patrulha tenta fazer parecer que o problema é estigmatizar as mulheres trans que estejam sendo presas por estupro. Mas e se ela estuprar outra mulher na cadeia? Dane-se, não tem santa ali. Direitos Humanos para humanos direitos. Malufaram com força mesmo. Mas a questão não é essa, é que estamos lidando com estupradores, um tipo de bandido que nem a lei do cão tolera. Se ele tiver a oportunidade de declarar que é mulher e ir para uma cela feminina, vai usar. E já está usando na Inglaterra e no País de Gales.

Entre 2012 e 2018, 436 estupradores estupradorxs com genitália masculina declararam ser mulheres na Inglaterra e País de Gales. A maioria só descobriu que era mulher depois da prisão por estupro. Vejam só que coisa, como um baque mexe com todo o psicológico da pessoa, né? Foi prender que reavaliou toda a vida e descobriu até que era mulher. E esse processo deve ser um aprendizado bem intenso porque corre no boca-a-boca.

A população transexual carcerária no Reino Unido é muito pequena. Pego uma estatística de Inglaterra e Reino de Gales de 2016 a 2017, quando já se podia simplesmente declarar ser mulher e ir para o presídio feminino mesmo com corpo de homem. Havia mais de 85 mil presos e, em 2016, 70 trans. Em 2017 o número saltou para 125. O último dado, de 2019, é de 436. Deve ser a quebra de tabus sexuais que tem feito tanto preso se assumir trans, né?

E qual o percentual de crimes sexuais na população carcerária? Houve uma explosão desse tipo de crime no Reino Unido em 2019, checando a 1 em cada 8 presos. Estamos falando em 12,5% da população carcerária. E quando falamos da população carcerária que se declarou trans? Mais de 60% por crimes sexuais. Será que tem estuprador se aproveitando da brecha na legislação e inventando que é trans? Imagina, um estuprador jamais faria uma coisa tão cruel e ofensiva.

A discussão no Reino Unido ocorre porque a Escócia vai ter de decidir como lidar na prática com criminoso cruel que se aproveita do que tiver de brecha e não tem limite ético. Na Inglaterra e País de Gales já se verificou que muitos desses simplesmente declaram-se mulheres sem o menor constrangimento após a prisão. Há casos de quem realmente decidiu fazer uma transição de sexo e nem assim parou de estuprar, como Karen White, que foi condenada à prisão perpétua.

Bom, mas danem-se essas coisas todas que aconteceram, dados, fatos, gente real que sofreu de verdade. Eu é que sou insensível e não penso no drama da mulher trans que será levada ao presídio masculino porque sou branca e privilegiada. É verdade mesmo que sou insensível. Uma das frases preferidas do meu filho até os 5 anos de idade era: "desiste, minha mãe não se comove". Avalia como eu fico comovida com cancelamento de lacrador. Mas, como não posso desver, divido com vocês.

Um dos maiores mistérios da criação para mim é a autoestima do homem medíocre. Gostaria de um dia chegar a esse nível espiritual em que eu falo a maior estupidez e realmente acredito que foi uma mega sacada só para os mais intelectuais. O mais interessante da história toda é que danem-se as mulheres estupradas, o estupro foi minimizado e estamos diante da proliferação de esquerdomacho dando palestrinha feminista para mulher. 

Enquanto houver otário, malandro não morre de fome.

Como a realidade pouco importa, a turma já está dizendo que no Brasil é com autoidentificação e nunca deu encrenca. Que o CNJ já decidiu pela autoidentificação. Que nem precisa de trans para estuprar porque o carcereiro já estupra. Enfim, haja tempo livre para a turminha da lacração. Aqui houve sim uma decisão do CNJ - não do Legislativo, como seria preferencial [preferencial, e mesmo obrigatório, usual, etc, já que segundo dizem o Brasil vive em um 'estado democrático de direito', tal condição faz com que impere um costume: o Congresso Legisla.] mas é bem diferente do sistema britânico. Tem gente que odeia lacrador. Eu gosto, é bem divertido. O que não pode é levar a sério.

Madeleine Lacsko, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 15 de abril de 2019

A última noite

Por seis domingos, milhões de pessoas ao redor do mundo vão assistir ao mesmo tempo aos episódios finais de 'Game of Thrones'

O que torna uma série grande? Se a resposta começar pela história que os números contam, a televisão contemporânea não conhece série maior do que Game of Thrones: uma recordista em custo (ao norte de 100 milhões de dólares por temporada), recordista em audiência (na sétima temporada, 30 milhões de espectadores por episódio só nos Estados Unidos) e, lamentavelmente, recordista também em pirataria (estima-se que essa mesma sétima temporada tenha sido pirateada 1 bilhão de vezes). Nunca se montou, também, uma operação tão ambiciosa: como uma versão moderna de Júlio César e Marco Antônio, os criadores David Benioff e D.B. Weiss estabeleceram o quartel-­general da produção na Irlanda do Norte e orquestraram sua campanha de ocupação da cultura pop revezando-se entre Belfast e os postos avançados na Croácia, na Islândia, no Marrocos, na Espanha e em Malta.

(...)


QUEBRANDO TABUS - Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau como os gêmeos e amantes Cersei e Jaime: incesto, violência crua e muita nudez (HBO/Divulgação)

(...)
 (./.)
GoT virou uma potência, mas estreou como uma aposta incerta. Fantasias vão bem no cinema, mas tendem a claudicar na TV: nem as telas menores são o palco ideal para elas nem os recursos de produção costumam fazer jus às exigências visuais do gênero. Ademais, a saga escrita pelo americano George R.R. Martin era popular, mas nem de longe nos termos de O Senhor dos Anéis. O americano Peter Dinklage, que faz Tyrion Lannister, recebeu ressabiado o convite dos produtores:

(...)

A habilidade decisiva de Benioff e Weiss, entretanto, é outra. Veja-se o caso dos atores de estatura extraordinária de GoT. Não há muitos bons papéis por aí para homens na casa dos 2 metros de altura, mas a dupla achou lugar para vários deles: por exemplo, Ian Whyte (o gigante Wun Wun, 2,16 metros), Kristian Nairn (Hodor, 2,13), Hafthór Júliús Björnsson (Montanha, 2,06), Rory McCann (Cão de Caça, 1,98). E então a série fez algo quase miraculoso: deu a eles arcos dramáticos de verdade. O tímido, gentil e medroso Hodor carregou Brandon Stark por toda Westeros pronunciando uma única palavra — o próprio nome. Kristian Nairn o repetiu 101 vezes enquanto esteve em cena, e achou para ele nuances tocantes. O escocês Rory McCann, por sua vez, brilhou ao transformar Cão de Caça, um brutamontes cruel, em um homem que nunca deixará de ser um brutamontes, mas não suporta mais ser cruel. GoT dedicou o mesmo respeito à atriz Gwendoline Christie, de 1,91 metro: como Brienne de Tarth, uma cavaleira sempre em busca de alguém a quem possa servir com honra, Gwendoline explorou com delicadeza as constrições que a aparência pode impor a uma pessoa — e também a libertação que se pode encontrar nela.
É aí que talvez esteja o talento maior da dupla de produtores: a maneira como aprofundaram seus personagens (ou boa parte deles) e deixaram que eles mesmos fossem se revelando para o público, cada um a seu tempo — do humanismo que move o intrigante Lorde Varys à frieza escondida em Arya; do coração largo de Tyrion ao espírito submisso de seu irmão Jaime; da bravura do covarde Samwell Tarly à fibra que Daenerys encontra em si. Tornar cada personagem único e inteiro é a primeira regra para quem almeja conquistar o espectador — e é a mais difícil de cumprir na íntegra. GoT conseguiu criar fileiras de personagens assim graças, também, ao seu equilíbrio entre veteranos e estreantes. 
UM PRATO FRIO - Arya Stark (Maisie Williams) mata o traidor Walder Frey (David Bradley): mocinha faminta de vingança (HBO/Divulgação)

GoT está longe de ser a primeira série em que a HBO lida com violência explícita, sexo gráfico, nudez frontal masculina, profanidade e tabus variados — para ficar em um único caso, a excelente Roma, exibida entre 2005 e 2007, tinha doses generosas de tudo isso. Mas foi, talvez, seu laboratório mais avançado: tratando de incesto (e com filhos nascidos dele), tornou autêntico o sentimento entre os gêmeos Cersei e Jaime Lannister (Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau); mostrando atos de barbaridade monstruosa, como a morte do príncipe Oberyn (Pedro Pascal), chocou sempre pela fragilidade com que o corpo derrota a arrogância; pondo em cena dúzias de homens e mulheres nus, nos bordéis de Porto Real, lembrou como pode ser degradante esse comércio para os que são explorados por ele.

Continue lendo, MATÉRIA COMPLETA, em VEJA,  edição nº 2630
Publicado em VEJA de 17 de abril de 2019, edição nº 2630

segunda-feira, 23 de março de 2015

It's time of panelaço



As manifestações de 15 de março não tiveram a menor importância. Como todo mundo sabe, manifestação que vale é aquela à qual o pessoal vai de vermelho em troca de sanduíche de mortadela. [correção: de última hora o kit passeata foi modificada e o sanduba de mortadela foi trocado por um pão com margarina.
Com receio de serem expulsos do poder e excluídos do aparelhamento do Estado, a corja petista aumentou a parcela da propina a ser retida como provisão para futuro duvidoso – que é a única certeza que a petralhada tem: o futuro não será promissor para eles.] As multidões que tomaram o país de verde-amarelo, sem bandeiras partidárias ou sindicais, não contam. O mais chocante de tudo, porém, é o que está acontecendo com Dilma Rousseff: o procurador-geral da República e o ministro relator do petrolão no STF declararam que ela é inocente por antecipação. E o Brasil acreditou! Nesse ritmo, a próxima manifestação terá milhões de pessoas nas ruas pedindo a renúncia de Fernando Henrique. 

Claro que a declaração de inocência absoluta de Dilma, a ponto de não poder sequer ser investigada, é uma piada. Por enquanto, para inglês rir. O que fez John Oliver, no seu programa na HBO, ao comentar que Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras enquanto o escândalo devorava a estatal, e foi isenta de suspeitas? Caiu na gargalhada.  E terminou o programa batendo panela em sua bancada, explicando que no Brasil "it"s time of panelaço" ("é hora de panelaço"). 

Será que John Oliver já sabe do Vaccari? Alguém precisa contar a ele que a Operação Lava Jato denunciou o tesoureiro do PT por cavar propinas do petrolão para abastecer a campanha de Dilma Rousseff, a base de Dilma Rousseff, o governo de Dilma Rousseff. Como não é brasileiro, Oliver vai se escangalhar de rir. O mais divertido (para ele) seria entrevistar o procurador-geral, Rodrigo Janot, e o ministro do Supremo Teori Zavascki. A dupla sustenta (e o Brasil acredita) que não há fatos que ensejem uma investigação sobre Dilma. Sugestão a John Oliver para a hipotética entrevista com os justiceiros do Brasil: comece perguntando "Who is Renato Duque?" 

Deixem uma UTI móvel na porta dos estúdios da HBO, porque o apresentador pode ter um piripaque de tanto rir. Vai ser demais para ele saber que Duque, preso como pivô do escândalo do petrolão, era homem do partido de Dilma na direção da Petrobras. Que era preposto de um companheiro de Dilma julgado e condenado por outro mega escândalo gestado no governo do PT - companheiro este que, mesmo atrás das grades, jamais foi censurado publicamente por Dilma, a inocente. Parem a gravação para abanar Oliver, porque ele já está com falta de ar. 

Muito cuidado com a saúde do apresentador inglês, porque é hora de perguntar a Mr. Zavascki como ele se sente tendo mandado soltar Renato Duque e sabendo agora que o acusado aproveitou sua liberdade embolsando novas propinas. Oliver está rolando no chão.   Não detalhem ao apresentador da HBO o escândalo da compra da refinaria de Pasadena, em operação presidida pela inocência de Dilma Rousseff no Conselho da Petrobras. E, por favor, não digam a ele que esse delito e o do financiamento sujo da campanha dela em 2010 estão sendo engavetados pelos justiceiros "porque Dilma não estava no exercício da Presidência". Oliver não encontraria fôlego para perguntar, entre gargalhadas histéricas, se um presidente que cometeu um homicídio antes de se eleger também seria poupado de investigações por estar "no exercício da Presidência". 

Dilma Rousseff é a representante máxima de um projeto político podre, que engendrou os dois mais obscenos escândalos de corrupção da história da República, e não pode ser investigada porque... Por que mesmo? Porque o Brasil acredita em qualquer bobagem que lhe seja dita de forma categórica em juridiquês castiço.  Também não contem, por favor, a John Oliver que depois de 2 milhões de pessoas saírem às ruas gritando "fora, Dilma!", a presidente deu uma entrevista emocionada com a liberdade de manifestação no país que ela ajudou a conquistar. Como se diz "cara de pau" em inglês, perguntaria o apresentador, atônito. Ora, Mr. Oliver, faça essa pergunta ao carniceiro Nicolás Maduro, amigo de fé e irmão camarada da heroína da liberdade. 

Assim é o Brasil de hoje. Dilma não pode ser investigada, e a casta intelectual que a apoia espalha que a multidão de verde-amarelo contra a corrupção usava camisas da CBF... [Dilma não pode ser investigada na interpretação parcial do Zavascki e do Janot; A Constituição permite que Dilma, e qualquer outro no exercício do cargo de presidente da República,  seja investigada, não permite é que seja processada (o).
O procurador-geral, cujo mandato está no final, depende para ser reconduzido ao cargo da indicação da doutora Dilma; assim, deveria se declarar suspeito para continuar exercendo o cargo em tudo referente à Lava Jato ou então se declarar de forma irrevogável não candidato à recondução.
Convenhamos que é difícil ser isento acusando o seu principal e único eleitor.] 

Só faltou denunciar os que foram protestar contra o petrolão pegando ônibus com diesel da Petrobras...  Como se vê, a covardia não tem limite. Vejamos se a paciência tem.

Fonte: Guilherme Fiúza – Revista Época