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sábado, 9 de setembro de 2023

Sete de Setembro sem povo e nem verde e amarelo é o projeto de Lula para o país - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo 

O projeto mais ambicioso do governo Lula – além, é claro, da utilização permanente da máquina pública para atender os interesses privados das castas que se penduram nele é construir um Brasil sem povo. 
 O assalto permanente ao Erário, por meios formalmente legais, ou por outros meios, é traço genético do PT e da esquerda nacional. Não sabem, simplesmente, viver de outro jeito.

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É por isso, e só por isso, que não param de exigir um “Estado Forte” e de cofre cada vez mais cheio.  
Já a ideia de criar um Brasil só para quem manda, e com uma população destinada unicamente a trabalhar para o sustento, conforto e prosperidade do ecossistema estatal, é coisa da atual encarnação de Lula.
 
    Na comemoração este ano foi tudo maravilhosamente “democrático”, segundo a propaganda oficial. 
Em compensação, não havia povo.

A demonstração mais recente deste “projeto de país”, como eles dizem, foi o desfile do Sete de Setembro em Brasília. 
 No ano passado, a Esplanada dos Ministérios recebeu possivelmente a maior concentração de povo em toda a sua história. O governo não teve nada a ver com isso; a manifestação foi espontânea.
 
Nas capitais e outras cidades multidões também foram à rua, de verde amarelo e por sua livre e espontânea. 
Foi tanta gente, na verdade, que o consórcio Lula-TSE proibiu que as imagens fossem mostradas no programa eleitoral do ex-presidente; eram, segundo essa decisão, um “ato antidemocrático”
A maioria da mídia escondeu o que tinha acontecido. 
O ministro Luís Roberto Barroso disse que as multidões presentes na praça pública serviam para medir “o tamanho do fascismo no Brasil”. Na comemoração este ano foi tudo maravilhosamente “democrático”, segundo a propaganda oficial. Em compensação, não havia povo.

    De mais a mais, quem está disposto a colocar camiseta amarela e sair à rua com a bandeira do Brasil?

Para Lula, o PT e seu sistema esse é o Brasil ideal. No palanque das autoridades, no desfile de Brasília, se amontoaram 250 autoridades. Havia general, almirante e brigadeiro. 
O verde e amarelo das cores nacionais, que hoje é equiparado pela associação Lula-STF aos símbolos do fascismo, foi escanteado em favor do vermelho. 
Para compensar as duas ministras que já foram demitidas nestes primeiros oito meses de governo, os gerentes de marketing do Planalto fizeram Lula aparecer espremido no meio de uma penca de mulheres.
 
Povo, que é bom, não havia nada remotamente comparável ao oceano de gente que estava no mesmo lugar no ano passado. 
Desta vez, ao contrário, as pessoas tiveram de se cadastrar previamente na internet e mostrar QR Code para ir ao desfile. Tiveram de passar por barreiras de ferro, detector de metais e revistas de mochilas e de bolsas. 
Foram fichadas pelo GSI. 
E nas outras cidades? A população não apareceu.
 
Foi uma manifestação em que só houve, mesmo, a presença do Estado.  
Funcionários do governo federal foram pressionados a comparecer. O Banco do Brasil distribuiu bonés. 
A mídia não anunciou casos de mortadela, mas tudo ficou uma cópia de um desses eventos do PT em ambiente controlado;  
- havia militares, mas apenas como elemento de exibição para a plateia. 
De mais a mais, quem está disposto a colocar camiseta amarela e sair à rua com a bandeira do Brasil?
 
A Polícia Federal do ministro Dino pode aparecer na sua casa às 6 horas da manhã. O STF pode enfiar você no inquérito perpétuo contra os “atos antidemocráticos”. 
É mais prudente ficar com a segurança de uma camisa vermelha. 
É a cor que a mulher do presidente usa na data da independência nacional
É a cor que ficou obrigatória nas peças de propaganda o governo Lula. 
É a cor de um Brasil feito só de autoridades.

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 2 de maio de 2022

O fim da mortadela explica o fiasco lulista - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

O sujeito é apontado como o favoritíssimo pelos "institutos de pesquisa", com alguns inclusive cantando uma possível vitória no primeiro turno! Ele tem o amplo apoio da "classe artística", de militantes disfarçados de professores, de militantes disfarçados de jornalistas, e dos pelegos disfarçados de sindicalistas.

Todos convocaram o povo para as manifestações do tradicional primeiro de maio, feriado tipicamente dominado pela esquerda. Os artistas estavam lá. Os militantes também. Os pelegos também. 
Haveria show da Daniela Mercury, cujo último sucesso data do começo de 1990. 
 
Todos muito animados, com grande expectativa. Faltou só o povo.
Os atos em prol de Lula eram um escancarado vazio! Em contraste com as manifestações a favor do governo Bolsonaro, o choque era ainda maior. No mínimo a proporção era de dez para um, mas acredito que estava mais para vinte vezes maior os atos bolsonaristas. 
A velha imprensa bem que tentou: chamou de golpista quem foi defender a Constituição e as liberdades básicas nas ruas
E insiste em chamar o ladrão socialista de "moderado". Mas nada mais adianta!
 
O povo acordou! Ganhou gosto pelo debate político, participa nas redes sociais, conhece o nome de cada ministro supremo. Enquanto a imprensa militante agoniza com sua perda de credibilidade e recursos públicos que irrigavam seus cofres, cada vez mais gente se dá conta do perigo petista. 
Lula defende aborto, justifica ladrão de celular, diz que policial não é gente, prega moeda comum com a Venezuela, avisa que quer proibir clubes de tiro, ameaça com controle da imprensa e das redes sociais, e canta o hino comunista da Internacional Socialista, enquanto endeusa o tirano Fidel Castro. Mas nossos "jornalistas" insistem que o safado é de "centro", um "moderado". Ninguém mais acredita.

Eis o resumo do fenômeno: acabou a mortadela para comprar militância sindicalista, e por isso mesmo Lula quer a volta do imposto sindical. E acabou a influência quase hegemônica que certos veículos de comunicação tinham no passado, com seus artistas engajados nas causas esquerdistas. Tudo isso se choca hoje com a liberdade de expressão, e não por acaso essa turma quer tanto a censura e odeia tanto Elon Musk. Eles sonham com a volta dos tempos em que era possível enganar mais fácil, repetir que um ladrão radical feito Lula era um "líder progressista" e ficar por isso mesmo. Não mais!

Os atos totalmente esvaziados do lulismo neste domingo comprovam a farsa de toda a narrativa do "sistema". Podemos acreditar neles, na velha imprensa, nas "pesquisas"; ou podemos acreditar em nossos próprios olhos!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 7 de novembro de 2021

De tudo um porco - Revista Oeste

Evaristo de Miranda

Em 2021, o abate de suínos no segundo trimestre foi o maior desde 1997: 13 milhões de cabeças abatidas, aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2020

Presunto ou pernil, costela ou lombo, salame ou mortadela, salsicha ou linguiça, presunto cru ou cozido, paio ou salpicão, panceta ou carne de lata, torresmo ou bacon, codeguim ou chouriço… A carne de porco, consumida in natura ou processada, habita o cotidiano dos brasileiros. Ela é uma das maiores marcas da Península Ibérica na cultura culinária nacional e gera riquezas de Norte a Sul do Brasil. 
 

Ilustração: Revista Oeste/Shutterstock 
 
A carne de porco não oferece risco à saúde, como imaginado décadas atrás. Nas granjas, o porco brasileiro está magro e saudável. A Embrapa até desenvolveu o “porco light”, produzido na região de Passos, em Minas Gerais. Ele tem 31% menos de gordura na carne e no toucinho e 10% a menos de colesterol. A carne suína é a mais consumida no mundo. Supera a bovina e a de frango, apesar da proibição de seu consumo pelo islamismo e judaísmo. 
 
De onde vem essa proibição? Quando o Islã surgiu, no século 7, o porco não era um animal abundante na Península Arábica. O livro sagrado dos muçulmanos, o Corão, incorporou regras dietéticas da lei mosaica. A proibição da carne de porco é mais marcada no Islã. Para alguns, a decisão contra os suínos foi de ordem tática: dar ao Islã um ponto de vista claramente distinto do cristianismo, seu principal adversário. Isso lhe permitiria ganhar apoio dos vizinhos judeus do Oriente Médio. E uma eventual conversão dos judeus ao Islã poderia ser encorajada pela manutenção desse tabu. 
 

 Criação de suínos | Foto: Worawut Saewong/Shutterstock
 
Seja qual tenha sido a razão, o porco na Bíblia é desvalorizado. No Antigo Testamento, ele é tratado como animal impuro, símbolo do mundo pagão e dos inimigos de Israel. 
No Novo Testamento, na parábola do filho pródigo, o jovem, depois de dilapidar todos os seus bens, se torna guardião de porcos, algo estritamente proibido aos hebreus, imagem da sua decadência suprema (Lucas 15:11-32). 
Em outro episódio, sobre uma vara 2 mil de porcos (sic), Jesus lança uma legião de demônios, atendendo ao pedido dos mesmos (Marcos 5:12). E mata por afogamento, demônios e porcos. Uma tragédia, sem falar do impacto ambiental: 2 mil porcos apodrecendo nas águas (Mateus 8:28-34). 
 
Seguindo suas raízes gregas e romanas, os cristãos reabilitaram os suínos. E deles fizeram uma arma para combater o Islã, sobretudo na Península Ibérica. Em Espanha e Portugal, os cristãos atacaram os mouros com a espada numa mão e um presunto, ibérico, na outra. De 711 a 1492, as fronteiras sempre se moveram entre a Espanha cristã e a muçulmana. Nada de grandes explicações teológicas para diferenciar os cristãos. Nessa disputatio bastava dizer: “Criamos e comemos porcos!”. Presuntos, linguiças e pernis eram pièces de résistance. Alguns atribuem essa adesão profunda da culinária ibérica aos suínos e cochinillos a uma identidade cultural de resistência à expansão moura, na qual le plat de résistance foi o suíno. Como os suínos nunca decepcionaram, chegaram aos altares. Na iconografia cristã, um simpático e róseo porquinho é representado ao lado de Santo Antão Abade. Como esse leitão foi parar ali, ao lado do Pai de Todos os Monges? Outra história. 
 
Na Terra de Santa Cruz, os porcos trazidos pelos lusitanos sentiram-se em casa. Produção, consumo e exportação de carne suína vão muito bem, obrigado. O abate em 2020 foi de 49,3 milhões de suínos, um aumento de 6,4% (mais 3 milhões de cabeças) em relação a 2019. O agro brasileiro não improvisa: cria e abate quase 50 milhões de porcos por ano!
 
Evaristo de Miranda - Revista Oeste

quarta-feira, 27 de maio de 2020

A briga política do vírus - J.R. Guzzo

Revista Oeste

Bolsonaro está onde sempre esteve. Doria terá problemas se a essência de sua força política estiver no confinamento e na política do “fecha tudo”

A peste do coronavírus no Brasil, como sabe qualquer adulto capaz de conviver com ideias diferentes das suas, não levou mais do que cinco minutos para sair do campo da ciência e se transformar numa briga política que está fervendo até agora — e, possivelmente, vai continuar por aí depois que a epidemia for controlada. Na verdade, pode ter uma influência decisiva no futuro da política, da economia e das escolhas da sociedade brasileira. O inimigo comum, ao contrário do que ocorreu em outros países, não foi o vírus foi o outro lado. O presidente Jair Bolsonaro e as forças que o apoiam, para não complicar uma história que no fundo é simples, ficaram desde o começo contra a paralisação do país para combater a doença; sua ideia-mãe é que se tratava de uma “gripezinha” que jamais poderia justificar todo o imenso sistema de proibições que os governos locais, com a autorização ou anuência do Poder Judiciário, puseram a funcionar nos últimos dois meses para combater a covid-19. Os políticos que querem a Presidência em 2022 (ou tão logo possível), e todos os que se opõem de alguma forma a Bolsonaro, tomaram posição a favor do “fique em casa” — que já arruinou o ano de 2020 e pode impedir, simplesmente, que o governo se recupere no horizonte mais próximo.

Muito pouco de tudo o que o poder público vem decidindo no Brasil desde o último mês de março, em suas diferentes esferas, tem realmente a ver com uma preocupação sincera com a saúde da população. Os que mandam neste país jamais deram a mínima para a saúde pública — tanto que a rede de esgotos não chega a 50% dos cidadãos e os hospitais públicos vivem em situação de colapso permanente, com ou sem vírus. Mas isso é problema de pobre: nenhum governante brasileiro com um mínimo de projeção, nem os que podem pagar um plano médico privado, jamais se tratou num ambulatório do SUS. Só que a covid, para desorientação geral, não se limitou ao povão, o que deixaria as coisas na indiferença de sempre: pegou da classe média para cima. Aí deu-se o pânico e ficou aberto o campo para a transformação de uma doença mortal em briga política. Quem passou a se sentir ameaçado, e tem meios para sobreviver sem a obrigação de ir ao trabalho todos os dias, começou a apoiar tudo o que foi apresentado como solução — dos engarrafamentos de trânsito ao fechamento das barbearias Quem sempre viveu ameaçado só tem pensado numa coisa: como ficar vivo sem ter um tostão no bolso.
As medidas tomadas até agora, no fundo, só tentam adivinhar com qual dos lados será mais lucrativo ficar.

 É inútil esperar por “pesquisas de opinião” para saber quem está fazendo a aposta mais certa — o resultado, como de costume, será apenas o que os pesquisadores querem que seja. O que se pode fazer é olhar com atenção, todos os dias, para os fatos. É certo que o apoio ao confinamento e a todas as soluções radicais que vêm junto reúne dezenas de milhões de pessoas; não é o grupinho que o presidente e sua base de apoio acham que é — se fosse, a paralisação do Brasil não aguentaria quinze dias de pé. Está nesse lado a maioria dos 12 milhões de funcionários públicos e suas famílias. (Exemplo clássico: segundo um levantamento que foi publicado há pouco na mídia, 80% dos professores do Estado em São Paulo se declararam “não preparados” para voltar a dar aulas.) A maioria dos que podem fazer “teletrabalho”, possivelmente, também apoia o confinamento, ou não tem nada contra. Somem-se aí aposentados, rentistas, ricos e gente que, no fundo, não precisa trabalhar, e dá para calcular o tamanho do partido a favor do “fique em casa”.

É certo, da mesma maneira, que a maioria da população brasileira não está aí, e que há um número no mínimo equivalente de pessoas com menos medo da epidemia do que de ficar sem dinheiro algum para sobreviver. Esse grupo, naturalmente, só tende a crescer a cada dia que passa. Não adianta governadores e prefeitos que lideram o partido do confinamento “até a descoberta de uma vacina” apontarem diariamente para a soma de mortos.
Quem está no desespero não faz a mesma conta nem quer continuar esperando. Não há apoio ao confinamento, igualmente, junto a milhões de empreendedores privados de todos os tipos, para quem está com medo de perder o emprego ou entre a maioria dos responsáveis por alguma empresa com contas a pagar.

A resposta sobre quem vai acabar ganhando a disputa política só será conhecida, realmente, nas eleições de 2022. Os adversários do presidente da República precisariam, até lá, não só manter o apoio que conquistaram com sua aposta no “isolamento social”; é indispensável, também, que atraiam mais gente para seu lado. Os militantes pró-governo acham, ao contrário, que essa perspectiva não faz parte do mundo das realidades — e não acreditam que Bolsonaro esteja realmente perdendo o apoio que tem. Os sinais mais recentes indicam que o confinamento vem sendo suspenso em cada vez mais lugares, em vez de ampliado — os governos locais parecem estar sentindo, com o passar dos dias e o aumento da angústia, que não há um futuro viável para a ideia de deixar o país parado “pelo tempo que for necessário”.
Muito bem: se vai ser preciso encerrar ou aliviar de forma visível o confinamento, mais cedo ou mais tarde, então por que não começar mais cedo?

A grande briga política do vírus, tal como pode ser vista hoje, se resume a dois nomes, o presidente Bolsonaro e o governador João Doria. Bolsonaro parece estar mais ou menos onde estava no começo do ano. Provocou picos de indignação nos últimos dois meses, mas basicamente se trata de indignação entre os já indignados; não há sinais de revolta entre suas bases. 

A questão real é Doria. O governador de São Paulo, com certeza, obteve apoio maciço da mídia, que até seu rompimento com Bolsonaro o tratava com o mais absoluto desprezo. Passou a ser levado a sério, também, pelas classes intelectual-civilizadas que formam a vanguarda do antibolsonarismo a qualquer custo. Doria, na verdade, parece ter encontrado um lugar que hoje não teria se tivesse permanecido fiel a Bolsonaro; nunca fez parte da verdadeira base de apoio do presidente, que não gosta dele nem acha preciso contar com seu apoio. O fato é que acabou se tornando, de longe, o único candidato “de oposição” que sobrou para disputar a eleição de 2022.

Na coluna dos débitos, porém, Doria tem de lidar com uma carga bem pesada. Não conseguirá, nunca, juntar mais de meia dúzia de pessoas numa manifestação de rua em seu apoio, nem com toda a mortadela do mundo — a ideia de uma concentração pró-Doria na Avenida Paulista, com bandeira do Brasil e coro de “mito, mito!”, é simplesmente absurda. Lula, o PT e a esquerda, que Doria imagina ter hoje mais ou menos a seu lado, jamais vão tratá-lo como um aliado real — alguém, sinceramente, imagina Lula fazendo campanha para Doria num palanque em 2022? [necessário ter em conta que se as coisas não mudarem, tornando o encarceramento do petista em presidio e para cumprimento integral das penas somadas - no mínimo 2/3 do total (acabando com  a mamata de encarcerá-lo em 'resort' e por temporada) - o petista estará no cárcere cumprindo o período inicial de uma das mais recentes condenações = nada de palanque.]

Também não está claro se o governador ganhou algum espaço importante fora de São Paulo com seu mergulho de cabeça no “fique em casa”. É óbvio, enfim, que Doria terá um problema e tanto se a essência de sua força política estiver no confinamento e na política do “fecha tudo”. É simples: ele não tem a mínima possibilidade de manter as coisas assim por mais dois anos, e continuar faturando com a emergência. Ao contrário, o confinamento vai acabar. E daí: quanto do apoio que tem agora o governador conseguirá segurar?

Doria só se elegeu em 2018 porque soube, melhor do que ninguém, passar uma mensagem única: “Em São Paulo, só eu estou de verdade com Bolsonaro e contra o PT”. Agora terá de ganhar uma eleição fazendo exatamente o contrário. Vai ser preciso que os aliados que ganhou com a covid-19 continuem de seu lado, sem vírus, até o dia da eleição.

J.R. Guzzo, jornalista - Revista Oeste


sábado, 13 de julho de 2019

Prêmio araponga de jornalismo

Te aviso. Ou te detono, o que for melhor pra mim


Memória, verdade e justiça: 50 anos da luta LGBTI+. Jornalista, Gleen Grenwald - 25/06/2019 (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Guilherme Fiúza (publicado na Forbes Brasil)

Conversa entre dois jornalistas investigativos de último tipo:
— E o Deltan, hein?
— Caiu bonito!
— Lava Jato já era.
— A gente é bom.
— Jornalismo é missão, meu caro.
— Missão cumprida!
— Como assim?
— Ué, não era pra ferrar os menudos do Moro?
— Era, mas não é pra falar isso.
— Porra, só tem a gente aqui.

— Tá, mas se amanhã alguém me compra eu posso te detonar…
— O que?!
— Não… “Compra” que eu digo é se alguém me encanta com uma verdade superior.
— Ah, tá. Tipo o Lula fez com a gente.
— É… Tipo isso.
— Cara, mas Lula só tem um!
— Você que pensa.
— Ah, dane-se. Prefiro me concentrar na missão jornalística. Se mudarem a missão, eu mudo o jornalismo. Aí fica tudo igual.
— Perfeito. Acho que você entendeu o Einstein.
— Ele não era tão relativo assim. Mas confesso que estudei muito.

— Seu professor de física era aquele gente boa do PSOL?
— Não lembro se era física, mas PSOL com certeza.
— É, não dá pra lembrar tudo.
Se esses caras da Lava Jato tivessem tido a formação democrática que a gente teve não tavam aí tentando censurar os outros.
— Muito menos censurar um preso político como o Lula, perseguido injustamente no lugar de um amigo dele.
De um, não. De vários. O do triplex, o do sítio, o da cobertura em São Bernardo, o do terreno do Instituto Amigo do Lula, o de Angola, o da Medida Provisória, o da sonda, o da…
— Resume aí, cara. O Lula tem um milhão de amigos. Ponto.
— Imagina: um milhão de amigos querendo ouvir uma entrevista sua de dentro da cadeia e esses fascistas da Lava Jato tentando te censurar…

— Pois é. Pros que tão presos também até nem faz tanta diferença, mas os que tão soltos precisam saber o que fazer com a grana…
— Não, mas esse lance de decidir se é pra investir em pneu velho, em mortadela, em juiz, em jornalista… isso os advogados repassam.
— Tudo bem, mas não é a mesma coisa. É angustiante ficar sem ouvir aquela voz.
— O fato é que a Lava Jato perdeu e a entrevista foi linda!
— Impressionante a pureza do Lula quando não tem nenhum fascista pra atrapalhar.
— Eu acho que vi a auréola dele.
— Aquilo é efeito.
— De quem? Da Polícia Federal?
— Claro que não. Quando a alma é muito honesta ela projeta uma luz que só jornalista investigativo como a gente enxerga.
— Ah, tá. Mas então dá no mesmo.

— É, dá no mesmo.
— Qualquer coisa se não ficar legal a gente edita.
— Pronto.
— Missão é missão.
— Se mudar, me avisa.
— Te aviso. Ou te detono, o que for melhor pra mim.
— Aprendo muito com o seu pragmatismo.
— Em primeiro lugar a lealdade.
— Ah, tanto faz. Depois a gente edita isso.
— Ok.



Veja - Blog do Augusto Nunes
 

terça-feira, 25 de abril de 2017

Militância pró-Lula é desmobilizada - Verba para custear pão com mortadela para militância petista é reduzida e volta o rejeitado pão com margarina

PT teme desmobilização da militância que prometia defender Lula no dia 3

Com o argumento de que precisa de tempo para organizar a segurança, polícia quer remarcar a data

O pedido de adiamento, feito pela Polícia Federal, do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, preocupa o PT, que teme uma desmobilização da militância para defender o petista em Curitiba. Lula, contudo, afirmou, durante seminário organizado pelo partido em Brasília, que comparecerá em qualquer data que o juiz Sérgio Moro marcar. “Isso não é um problema meu. Não fui eu quem marcou a data. Eu vou o dia que o Moro quiser, porque será a primeira vez, em viva-voz, que eu vou poder me defender. Porque estou há três anos só ouvindo”, reclamou o petista.

A Polícia Federal encaminhou ontem um pedido ao juiz Sérgio Moro para adiar o depoimento de Lula, marcado para o próximo dia 3. Oficialmente, a argumentação é de que a corporação precisava de mais tempo para organizar a segurança do evento.
Petistas como o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitem que eram esperados 50 mil militantes. “Claro que é ruim se a data for trocada. Muitos companheiros já tinham comprado passagens. O fato de segunda (dia 1º) ser feriado ajuda, especialmente para aqueles que moram longe de Curitiba”, disse Gilberto.
Será a primeira vez que Lula e Moro estarão frente a frente. A situação do ex-presidente deteriorou-se muito na semana passada, principalmente após o depoimento do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que afirmou que Lula pediu para ele “destruir provas da Lava-Jato” e confirmou que a empreiteira fez obras no sítio de Atibaia e que o tríplex é, de fato, do petista. Lula tentou amenizar as declarações do empresário. “Com a tortura psicológica que ele vem sofrendo, entregaria até a mãe. Agora é engraçado que vejo reportagens com delatores condenados a 26 anos de prisão morando em casas com piscina e vista para o mar.”

Para o ex-governador da Bahia Jaques Wagner – citado nas delações da Odebrecht – o possível adiamento do depoimento de Lula só aumenta a panela de pressão social. Ele próprio admite que deverá ir a Curitiba para prestar solidariedade ao ex-presidente. “O enredo está desenhado, eles (a oposição e o Ministério Público) precisam de um desfecho. Se Lula for preso, torna-se herói. Se for interditado (tornar-se inelegível por condenação em segunda instância), poderá apoiar outros nomes e os militantes vão votar em quem for indicado por ele”, completou. Questionado sobre o fracasso do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o “poste” apoiado por Lula em 2010 e 2014, Wagner brincou. “Eu me abstenho de comentar isso”, disse o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Dilma Rousseff.

Lula disse que chegou a hora de apresentarem uma prova contra ele, porque, até agora, só apresentaram a prova de um pedágio pago por dois carros do Instituto Lula que teriam ido em direção ao Guarujá – praia onde fica o tríplex que seria do ex-presidente. “Quero ver alguma prova, alguma conta com dinheiro meu no exterior ou com R$ 1 aqui. Não estou falando de R$ 80, de R$ 2, estou falando de R$ 1”, cobrou o ex-presidente.

O petista mostrou disposição para se candidatar a presidente no ano que vem. Disse que o partido tem que modernizar o discurso, mas, ao mesmo tempo, defendeu ideias antigas, como a retomada do financiamento do BNDES a juros subsidiados, a política externa com foco na América Latina e na África e a regulação dos meios de comunicação. “Não dá para um governo ilegítimo, que não tem voto, achar que pode aprovar tudo o que eles querem só porque têm voto no Congresso”, completou, em uma alusão à maioria parlamentar do governo Temer.
Fonte: Correio Braziliense


sábado, 17 de dezembro de 2016

Fora Tender

Só um governo popular teria a sensibilidade de conectar os cofres públicos diretamente ao coração sofrido das empreiteiras


Denunciado novamente na Lava-Jato, Lula soltou uma nota, por intermédio de seu Instituto, criticando os procuradores da operação. Um trecho dela diz o seguinte: “Os procuradores da Lava-Jato não se conformam com o fato de Lula ter sido presidente da República.”  Esse argumento encerra toda a polêmica: os playboys da Lava-Jato não suportam a ideia de viver num país onde o poder já esteve nas mãos de um pobre. Felizmente, o ex-presidente tem amigos ricos, um partido rico e um instituto rico para bancar os advogados milionários que redigiram esse argumento matador. A nota complementa: “Para a Lava-Jato, esse é o crime de Lula: ter sido presidente duas vezes. Temem que em 2018 Lula reincida nessa ousadia.”

Fim de papo. Está na cara que é essa a motivação do pessoal de Curitiba: se vingar de um nordestino petulante [preguiçoso e ladrão]  cortar as asinhas dele. Mas este não é um país só de playboys fascistas e rancorosos. Ainda há espaço para a bondade e a fraternidade, como mostra a planilha “Amigo” da empreiteira progressista, socialista e gente boa Norberto Odebrecht.

Amigo era o codinome de Lula, a quem Marcelo Odebrecht contou ter dado dinheiro vivo alguns milhões de reais, como acontece em toda amizade verdadeira. Eis o flagrante contra os procuradores elitistas da Lava- Jato: eles não aguentam ver um pobre com dinheiro na mão.  Enfim, um brasileiro humilde que teve a chance de transformar sua roça num belo laranjal onde pôde plantar seus amigos, como dizia a canção, e também seus filhos, e os amigos dos filhos. Em lugar dos discos e livros, que não eram muito a dele, plantou Bumlai, Suassuna, Bittar, Teixeira e outros cítricos. A colheita foi uma beleza.

Empreiteiras e grandes empresas em geral costumam irrigar candidaturas de todos os matizes — como apareceu na delação da Odebrecht — no varejão eleitoral. Mas uma sólida amizade só se estabelece com retribuição farta e foi aí que o homem pobre, com sua proverbial generosidade, resolveu retribuir com a Petrobras. Nunca antes neste país se hipotecou tamanha solidariedade ao caixa das empreiteiras amigas. Só mesmo um governo popular teria a sensibilidade de conectar os cofres públicos diretamente ao coração sofrido do cartel.

Não dá mesmo para engolir um presidente que põe o bilionário BNDES, antes elitista e tecnocrático, para avalizar esses laços de amizade profunda — do Itaquerão a Cuba, de Belo Monte à Namíbia. Ver um sorriso iluminando o rosto cansado de um presidente da OAS não tem preço. O que ele entrega de volta tem preço — mas isso é com o Maradona. Aqui só vamos falar de sentimento.

Ai, como se sabe, o pior aconteceu. A direita nazista que tomou conta do Brasil, mancomunada com os androides da Lava-Jato, deu um golpe de estado contra a presidenta mulher — só porque ela manteve os laços de amizade criados por seu mentor, dando uma retocada de batom e ruge nas contas públicas que estavam com cara de anteontem. Quem nunca escondeu umas cartinhas do baralho para surgir com um royal straight flash? Não tem nada de mais. Parem de perseguir quem rouba honestamente. O Brasil caiu em recessão porque quis.

Para defender o legado precioso do homem pobre e da mulher valente, militantes aguerridos foram às ruas lutar contra a PEC do Fim do Mundo. De fato, essa ideia de botar as contas públicas em ordem sem usar batom e ruge é o fim do mundo. Mas os protestos são pacíficos. O pessoal só joga pedra e coquetel molotov para dissuadir os que pensam em usar a violência. Eles desistem na hora.

Esse governo branco, careta e de direita botou para tomar conta da Petrobras, do BNDES, do Tesouro, do Banco Central, enfim, das joias da Coroa, gente que não tem o menor espírito de amizade. Grandes brasileiros como Cerveró, Duque e Youssef estão tendo sua memória desrespeitada por práticas hediondas, que negam aos companheiros a oportunidade de agregar um qualquer. Essa elite branca é egoísta mesmo.

Agora vêm com esse papo de reforma previdenciária. Não acredite no que eles falam. Confie nesses discursos que você recebe por WhatsApp dizendo que o rombo da Previdência não existe. De fato, todos os países do mundo estão passando por problemas fiscais causados pelo sistema de aposentadoria, por conta do crescimento demográfico das últimas décadas e do envelhecimento populacional. Menos o Brasil.

Como se vê, não faltam boas causas para os atos cívicos dessa gente indignada e espontânea, sempre pronta a barbarizar em defesa da paz e da amizade. Chega de baixo astral. Cada dia que o maior amigo da nação amanhece à solta é um milagre. A militância há de sair às ruas para celebrar tal graça, neste que ficará conhecido como o Natal da Mortadela. Fora Tender!


Fonte: Guilherme Fiuza, O Globo

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O golpe do papa



O papa Francisco, de maneira indireta, portanto dissimulada, está fazendo coro com a militância ideológica que grita contra o golpe de Estado
O papa Francisco cancelou sua viagem ao Brasil em 2017 afirmando que o paísvive um momento triste”. Vamos traduzir essa tristeza: o líder máximo da Igreja Católica está apoiando Dilma Rousseff, a despachante da quadrilha que depenou o país entristecido. Mas a tristeza sentida pelo sumo pontífice não é com o roubo, é com a punição aos ladrões.

O papa Francisco, de maneira indireta, portanto dissimulada, está fazendo coro com a militância ideológica que grita contra o golpe de Estado – esse em que a criminosa golpeada dialoga com os golpistas (e ri com eles), sob a regência constitucional da Corte máxima do país. Uma bandeira de mentira, fajuta e imunda, que agora é levantada também pelo papa Francisco.

Isso não teria a menor importância num mundo que soubesse distinguir um líder espiritual de um mercador da bondade. Mas a demagogia supostamente progressista – na verdade reacionária – é hoje a commodity mais valorizada do planeta, e nenhum candidato à popularidade perante as massas admite mais abrir mão dela. Até a alemã Ângela Merkel, guardiã quase solitária da responsabilidade europeia, andou fazendo proselitismo com o tema dos refugiados. Se você não der ao menos uma bicadinha na vitamina populista, você morre. 

A gangue que inventou o golpe no Brasil para brincar de resistência democrática – e se encher da preciosa vitamina demagógica – está quebrando tudo. Durante 13 anos quebraram por dentro, agora estão quebrando por fora – o que é bem mais prático e leve. O caixa da revolução está cheio, após a proverbial transfusão da Petrobras, dos bancos públicos e dos fundos de pensão. O lanche é mortadela por questão de estilo, poderia ser caviar. E não existe vida mais fácil: você recruta um bando de inocentes úteis e não inocentes alugados e manda todo mundo para cima da polícia. Fustigar a boçalidade das polícias militares é brincadeira de criança para essa turma. Não tem erro.
O caixa da revolução está cheio. O lanche é mortadela por razão de estilo, mas poderia ser caviar

O papa Francisco e sua falsa tristeza apoiam essa depredação teatral – que tem consequências reais e sujas de sangue. O religioso bonzinho, com seu gesto grave – vamos repetir: gravede desistir da visita ao Brasil por causa do impeachment, jogou uma tocha nessa gasolina. Não adianta fugir dessa responsabilidade. Não adianta rebolar na retórica. Não adianta fazer cara de piedade. O papa abriu mão da missão de paz do estadista para entrar num jogo partidário. Se meteu num conflito político nacional para exacerbá-lo – para dar sua contribuição incendiária.

A política existe para organizar a vida das sociedades. Só isso, mais nada. Não é um campeonato de siglas, cores e credos, nem um palco para apoteoses românticas. No caso do Brasil, o governo canastrão do PT incensou todos esses símbolos emocionais e fulminou a organização social e institucional. Isso não é política, é contrabando. O governo Temer assumiu no cenário de terra arrasada e está repetindo o governo Itamar (por questão de sobrevivência): dando espaço a quem entende de administração pública, substituindo militância partidária com o dinheiro dos outros por trabalho. É o PMDB, há os caciques velhos, há a podridão – mas os principais cargos de comando foram entregues aos bons. Assim como fez Itamar, no mesmo PMDB.

Há 23 anos isso deu no Plano Real – o momento mais significativo da história recente em que a política serviu para organizar a sociedade. Os veículos da mudança foram o PMDB e o PSDB, mas a virtude não estava neles. Estava nos homens. Sempre está. Repetindo a ruína do pós-Collor, a ruína do pós-PT abriu uma janela de oportunidade para quem quer usar o poder para organizar, e não para surfar. Os surfistas estão naturalmente desesperados, porque num país organizado as ondas de malandragem somem da política – ou ao menos ficam pequenininhas, sem força para impulsionar os proselitismos coitados e os heroísmos de aluguel. É preciso, portanto, bagunçar.

É claro que alguém que sai de casa para forjar um tumulto e posar de perseguido pela polícia não vale a mortadela que come. Mas o interessante é imaginar o que essa criatura pensa a sós com seu travesseiro. Se o país tivesse de repente um surto de dignidade, a fila do confessionário chegaria a Roma. Puxada pelo papa.

Fonte: Guilherme Fiuza