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domingo, 3 de maio de 2020

A fila única para a Covid-19 está na mesa - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

A fila única para leitos, com uso da rede privada, está na mesa 

Rede privada tem 15.898 leitos de UTIs, com ociosidade de 50%, e a rede pública tem 14.876 e está a um passo do colapso

Os barões da medicina privada mantiveram-se em virótico silêncio     

O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto defendeu a instituição de uma fila única para o atendimento de pacientes de Covid-19 em hospitais públicos e privados. Nas suas palavras: "Dói, mas tem que fazer. Porque senão brasileiros pobres vão morrer e brasileiros ricos vão se salvar. Não tem cabimento isso”.

Ex-diretor da Agência de Vigilância Sanitária e ex-superintendente do Hospital Sírio-Libanês, Vecina tem autoridade para dizer o que disse. A fila única não é uma ideia só dele. Foi proposta no início de abril por grupos de estudo das universidades de São Paulo e Federal do Rio. Na quarta-feira, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Zasso Pigatto, enviou ao ministro Nelson Teich e aos secretários estaduais de Saúde sua Recomendação 26, para que assumam a coordenação “da alocação dos recursos assistenciais existentes, incluindo leitos hospitalares de propriedade de particulares, requisitando seu uso quando necessário, e regulando o acesso segundo as prioridades sanitárias de cada caso.”

Por quê? Porque a rede privada tem 15.898 leitos de UTIs, com ociosidade de 50%, e a rede pública tem 14.876 e está a um passo do colapso.
O
ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (ex-diretor de uma Unimed) jamais tocou no assunto. Seu sucessor, Nelson Teich (cuja indicação para a pasta foi cabalada por agentes do baronato) também não. Depois da recomendação do Conselho, quatro guildas da medicina privada saíram do silêncio, condenaram a ideia e apresentaram quatro propostas alternativas. Uma delas, a testagem da população, é risível, e duas são dilatórias (a construção de hospitais de campanha e a publicação de editais para a contratação de leitos e serviços). A quarta vem a ser boa ideia: a revitalização de leitos públicos. Poderia ter sido oferecida em março. [a testagem da população, isoladamente, não resolve o problema - sequer mitiga. Além da imprecisão reconhecida dos testes rápidos o  risco de contágio permanece: o cidadão pode logo após ter o sangue coletado para o exame, se contaminar e a situação fica pior do que antes = ele por não saber sua condição de negativo ou positivo, tinha uma propensão a se cuidar mais -e, consequentemente, estava cuidando de não infectar outros;
mas recebendo um resultado negativo ele se considera livre, descuida dos cuidados, e por  estar contaminado se torna um perigo. 
Mas, grave mesmo é que a fila única se implantada pode ser furada; isso mesmo, os presos, incluindo os condenados tem prioridade total no atendimento público de saúde.]

(.....) Se o vírus tivesse sido enfrentado com a energia da Nova Zelândia, o silêncio teria sido eficaz. Como isso era impossível, acordaram no Brasil, com 60 mil infectados e mais de seis mil mortos.  Agência Nacional de Saúde ofereceu aos planos de saúde acesso aos recursos de um fundo se elas aceitassem atender (até julho) clientes inadimplentes. Nem pensar. Dos 780 planos, só nove aderiram. O silêncio virótico provocou-lhes uma tosse com a recomendação do Conselho Nacional de Saúde. A fila única é um remédio com efeitos laterais tóxicos. Se a burocracia ficar encarregada de organizá-la, arrisca só ficar pronta em 2021. Ademais, é discutível se uma pessoa que pagou caro pelo acesso a um hospital deve ficar atrás de alguém que não pagou. Na outra ponta dessa discussão, fica a frase de Vecina: “Brasileiros pobres vão morrer e brasileiros ricos vão se salvar.” Os números da epidemia mostram que o baronato precisa sair da toca.

A Covid jogou o sistema de saúde brasileiro na arapuca daquele navio cujo nome não deve ser pronunciado (com Leonardo DiCaprio estrelando o filme). O transatlântico tinha 2.200 passageiros, mas nos seus botes salva-vidas só cabiam 1.200 pessoas: 34% dos homens da primeira classe salvaram-se; na terceira classe, só 12%.

(.....)

Eremildo, o idiota Eremildo é um idiota e garante:
Essa epidemia é uma gripezinha, o programa Pró-Brasil era apenas um estudo e o amigo inglês de Paulo Guedes está pronto para oferecer 40 milhões de testes para o coronavírus.

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista



quarta-feira, 8 de abril de 2020

Positivo para Covid-19, Kalil recebe alta e defende hidroxicloroquina

O medicamento foi um dos utilizados durante o tratamento do cardiologista do Hospital Sírio-Libanês. Ele recebeu alta nesta quarta-feira (8/4) 

O cardiologista do Hospital Sírio-Libanês Roberto Kalil Filho recebeu alta, na manhã desta quarta-feira (8/4), após ficar 10 dias internado com o Covid-19. “Estou chegando em casa, vou almoçar e descansar um pouco”, confirmou ao Correio.

Ele foi submetido a tratamento com hidroxicloroquina e, em entrevista ao Jornal da manhã, da Rádio Jovem Pan, defendeu o uso da medicação nos pacientes com a doença, desde que seja uma opção médica debatida com cautela. “Sempre quando é proposto um tratamento, isso é discutido entre médico e paciente. Quando me propuseram o uso de hidroxicloroquina, óbvio que aceitei", afirmou.

“Tudo que eu não quero, pela ética médica, é influenciar outros tratamentos. Se estou falando para milhares de pessoas, muitas vão querer, inadvertidamente, usar cloroquina. Isso é uma responsabilidade muito grande”, ponderou. Kalil disse, ainda, que o uso da hidroxicloroquina foi apenas um dos medicamentos que contribuiu para a recuperação. Foram propostos corticoide, antibiótico, anticoagulante e oxigenoterapia pelos médicos. 

O uso da cloroquina e da hidroxicloroquina vem sendo defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro como tratamento para a Covid-19 e alternativa para justificar a flexibilização de medidas de contenção social. A substância está sendo usada de maneira controlada para tratar pacientes infectados pelo novo vírus, mas, segundo o Ministério da Saúde, por enquanto  “como uma alternativa terapêutica”. 

Para o cardiologista, as alternativas que minimizem os danos à população e que possam evitar mortes devem ser consideradas. “Embora todos saibam que não há grandes estudos comprovando o benefício, uma situação em paciente mais grave, acho que tem que ser ponderado sim”. 

Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA


domingo, 30 de junho de 2019

Querem lustrar a medicina de quem pode pagar à custa da Viúva

A privataria com o Sírio no Canecão 

É deboche ceder terreno da UFRJ para Sírio-Libanês - Conceder terreno da UFRJ é debochar da História 

Cozinha-se no andar de cima do Rio de Janeiro a possibilidade de concessão do terreno da Universidade Federal (UFRJ), onde funcionou a casa de shows Canecão, na boca do túnel que leva a Copacabana, para a instalação de uma filial carioca do Hospital Sírio-Libanês. Seria a privataria debochando da história. No século passado, quando o Rio tinha a elite médica do país, a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil funcionava ali perto e grandes doutores como Oswaldo Cruz, Paulo Niemeyer e Ivo Pitanguy associavam sua fama à medicina pública.

A essa época a Faculdade de Medicina de São Paulo começava a crescer, associada ao seu Hospital das Clínicas (público). Do HC irradiou-se uma competência que ajudou a produzir hospitais como o Sírio, o Albert Einstein e a Beneficência Portuguesa (BP). No Rio, o Hospital da Clínicas claudica há mais de 50 anos e a grande medicina privada ficou para trás, junto com a pública. Conceder o terreno da Canecão ao Sírio, ou a qualquer hospital de endinheirados, é debochar da história. Se o Sírio entrar no negócio e quiser fazer um hospital para atender sobretudo a pacientes do SUS, parabéns.

Se a universidade precisa de dinheiro, deve conceder o terreno a quem pagar melhor. Se um hospital abonado precisa de espaço, pode comprá-lo, onde bem entender. Fora disso, é pura privataria, lustrando a medicina de quem pode pagar, à custa do patrimônio da Viúva. O andar de cima do Rio ressente-se da falta de um bom hospital, mas deve resolver esse problema no mercado. A plutocracia de São Paulo, como a de Nova York, tem bons hospitais porque patrocinou-os.

O Sírio nasceu na casa de Adma Jafet, o Einstein teve o amparo da comunidade judaica e de Joseph Safra. A Beneficência foi a menina dos olhos do bilionário Antônio Ermírio de Moraes. Quando o Memorial Sloan-Kettering de Nova York precisou de mais terreno, John D. Rockefeller Jr. doou-o. Quando precisou de mais dinheiro, ele veio de Alfred Sloan e Charles Kettering. Eram dois magnatas da General Motors.Qundo a GM acabar, eles serão lembrados pelo hospital.
(...)

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e durante dez anos foi filiado ao sindicato dos garçons, sem nunca ter entrado num restaurante. O cretino exultou com uma recente decisão do Tribunal de Contas da União. Os doutores decidiram que se um cidadão formou-se em direito e durante dez anos pagou suas anuidades para a Ordem dos Advogados do Brasil sem jamais ter contribuído para a Previdência, esses dez anos contam como tempo de serviço, caso ele tenha se tornado um magistrado e queira se aposentar.

Eremildo tem certeza de que os doutores do Tribunal de Contas não quiseram criar uma gambiarra para favorecer juízes e acredita que eles poderão estender o benefício aos garçons e aos sapateiros. Afinal, o dinheiro da contribuição de garçons e sapateiros ajuda a pagar a aposentadoria dos juízes.

(...) 
 

Recordar é viver
Em 1976, no regresso da comitiva de uma viagem do presidente Ernesto Geisel à Inglaterra, os militares de um avião de apoio não queriam que a Alfândega inspecionasse as bagagens dos passageiros e, por isso, os agentes da Polícia Federal não queriam carimbar seus passaportes. Um oficial deu voz de prisão a três agentes e o avião taxiou para a área da Base Aérea do Galeão, onde se deu o desembarque.

(...)

Elio Gaspari, jornalista  - Folha de S. Paulo e O Globo



quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Justiça nega pedido de Lula para deixar prisão e ir a funeral de amigo



A Justiça Federal do Paraná negou o pedido feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na tarde desta terça-feira (25), para que o petista deixe a prisão e compareça ao funeral do advogado e ex-deputado federal Sigmaringa Seixas, que morreu nesta terça. No pedido encaminhado à Justiça Federal do Paraná, responsável pela execução da pena de Lula, o advogado Manoel Caetano Ferreira Filho diz que o ex-presidente era "amigo íntimo de Sigmaringa há mais de 30 anos", e informa que o velório e o sepultamento do advogado acontecerão em Brasília nesta quarta-feira (26).

"A amizade entre o requerente e o falecido era notória, sendo que ambos foram deputados na Assembleia Constituinte, mantendo, na sequência, estreito relacionamento pessoal. Ademais, Sigmaringa atuou como advogado do requerente nos presentes autos", afirmou Ferreira Filho. O pedido foi protocolado às 14h03. Às 15h12, o juiz plantonista Vicente de Paula Ataíde Júnior negou a solicitação, alegando que a proximidade alegada pela defesa não é suficiente, por lei, para permitir a saída. 
[quando os advogados do condenado e multiprocessado Lula vão parar de fingir que são mais incompetentes do que realmente são e aceitar que sendo o presidiário petista um criminoso comum, condenado por crimes comuns, tem que ter um tratamento de bandido comum, de ladrão comum?

Com o devido respeito à magistrada Carolina Lebbos e a todo o Poder Judiciário brasileiro, perguntamos:
- quando a lei vai ser cumprida e Lula será transferido para uma penitenciária comum para cumprir a sentença atual e as que virão?
- quando o cumprimento da Lei de Execução Penal ocorrerá integralmente no que se refere ao presidiário petista, Lula?]

O magistrado citou o artigo 120 da Lei de Execução Penal, segundo o qual condenados que cumprem pena em regime fechado, como Lula, podem receber permissão para sair da prisão em caso de "falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão". Em 1980, preso pela ditadura militar por liderar greves no ABC paulista, Lula recebeu permissão para deixar a cadeia e comparecer ao sepultamento de sua mãe, Eurídice Ferreira de Melo, conhecida como dona Lindu.

(...)

Advogado de presos políticos e constituinte
Segundo o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, Sigmaringa Seixas "não resistiu a um transplante de medula no Hospital Sírio-Libanês", em São Paulo. Ele tinha 74 anos.

Luís Carlos Sigmaringa Seixas nasceu em Niterói (RJ) no dia 7 de novembro de 1944. Na década de 1970, foi advogado de presos políticos detidos pela ditadura militar (1964-1985), segundo informações do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). No começo dos anos 80, criou o Comitê Brasileiro de Anistia.

(...)

Diversos políticos, entre eles o presidente Michel Temer (MDB), lamentaram a morte do advogado. "Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público, Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus sentimentos de pesar à familia e amigos", disse o presidente, via Twitter.



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

MPF quer ouvir contador e laranja de Lula, o corrupto, antes de perícia em recibos



A força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) quer que o engenheiro Glaucos da Costamarques e o contador João Muniz Leite prestem depoimento antes que haja uma perícia em recibos entregues pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido foi feito nesta quinta-feira (9) ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná.

                              Um dos recibos entregues pela defesa de Lula à Justiça

Os recibos em questão são referentes ao pagamento de aluguéis de um apartamento, vizinho ao que o ex-presidente mora, usado por Lula em São Bernardo do Campo (SP). O imóvel pertence a Costamarques. Segundo o MPF, o apartamento seria parte de uma propina paga pela Odebrecht a Lula, e Costamarques teria atuado como laranja na transação. A defesa do ex-presidente nega irregularidades no pagamento do aluguel e diz que não há provas de que Lula recebeu propina.

Para os procuradores, é necessário ouvir Costamarques e Leite antes da perícia para o "esclarecimento completo das circunstâncias em que foi elaborada e assinada a totalidade dos recibos apresentados pela defesa" de Lula. O MPF sugere que haja questionamentos sobre "as datas de confecção e assinatura dos documentos, bem como a quantidade de recibos elaborados e firmados em cada ocasião, e os responsáveis pela confecção dos documentos".
 Apartamento alugado é vizinho ao em que vive o ex-presidente Lula

Documentos "ardilosamente produzidos"
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, as circunstâncias da elaboração dos recibos são importantes porque podem corroborar que "esses documentos foram ardilosamente produzidos, não para provar nenhuma quitação de aluguel, mas para dar falso amparo à simulada locação, que é um dos expedientes de dissimulação da real propriedade do apartamento".

O MPF lembra que os recibos foram apresentados pela defesa de Lula apenas na fase de diligências complementares do processo sobre a propina da Odebrecht, já depois dos depoimentos de testemunhas e interrogatórios de réus. Com isso, "não pôde ser feito amplo questionamento" a Costamarques em seu interrogatório, nem Leite foi convocado a depor como testemunha.

Leite fez ao menos três visitas a Costamarques -- duas delas no mesmo dia -- durante sua internação no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, no fim de 2015. Segundo a defesa do engenheiro, o contador foi ao hospital para que Costamarques assinasse todos os recibos de aluguel referentes a 2015.   O contador, por sua vez, disse em nota datada de 28 de setembro que visitou Costamarques no hospital, mas não para que o engenheiro assinasse todos os recibos, "e sim em alguns meses, que embora tivéssemos os recibos, os mesmos não estavam assinados".

Atendendo a pedido dos procuradores, Moro pediu à defesa de Lula os recibos originais. Eles foram entregues pessoalmente pelos advogados do ex-presidente na sede da Justiça Federal no Paraná em 24 de outubro. O MPF considera os recibos "ideologicamente falsos".   Segundo a defesa de Lula, "a lei civil brasileira confere máxima força probatória à quitação para provar o pagamento (Código Civil, art. 319), de modo que o assunto não mais comporta qualquer discussão." 

"O pedido agora formulado pelo MPF para ouvir novamente o Sr. Glaucos, que já confirmou ser o proprietário do imóvel, revela mais uma tentativa de mudar o foco da ação ao invés de reconhecer a improcedência da acusação veiculada na denúncia", afirma Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente.

Aluguel de apartamento foi pago em dinheiro, diz defesa de Lula
Em entrevista ao UOL, os advogados de Lula disseram que os aluguéis foram pagos em dinheiro vivo entre 2011 e 2015. Para o MPF, "não há nenhum fluxo financeiro que indique o pagamento do aluguel", com depósitos em espécie "em montantes compatíveis" com o valor da locação apenas no fim de 2015. A defesa do ex-presidente afirma ter comprovado "movimentação financeira compatível com o recebimento dos aluguéis pelo proprietário".

Costamarques mudou sua versão a respeito do pagamento do aluguel do apartamento. Em setembro, interrogado por Moro, negou que tivesse recebido o aluguel pelo imóvel entre 2011 e 2015. Costamarques disse que só começou a receber o aluguel depois que José Carlos Bumlai, seu primo e amigo de Lula, foi preso pela Polícia Federal, em novembro de 2015.   Antes, em depoimentos à Receita Federal e à Polícia Federal, o engenheiro afirmou que recebeu os aluguéis e que os valores haviam sido pagos em dinheiro vivo. A Moro, ele disse que mentiu nas ocasiões.

A defesa de Lula lembra que Costamarques "registrou em e-mail de 2014 o recebimento de aluguéis em 2013". A mensagem foi anexada ao processo no dia 24 de outubro pelo advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula e também réu na ação penal.   O e-mail foi enviado por Costamarques a João Muniz Leite, que por sua vez o encaminhou a Teixeira. O advogado disse ter recebido a mensagem porque analisava o imposto de renda da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faleceu em fevereiro deste ano e era a signatária do contrato de locação do imóvel. Interrogado por Moro em 13 de setembro, Lula disse que Marisa Letícia era quem administrava as "questões da casa".

Lula atribui a Marisa responsabilidade sobre apartamento vizinho - Erros e polêmicas
A polêmica sobre pagamento pela locação está em torno dos recibos. Apresentados pela defesa de Lula no final de setembro, alguns deles tinham datas inexistentes. Para os advogados do ex-presidente, houve apenas erros de digitação que não diminuem o valor da prova. Já Costamarques informou que os recibos foram assinados em um mesmo dia.

Lula disse em seu interrogatório que nunca chegou a ele "qualquer reclamação de que não estava se pagando aluguel". "Porque ele declarava no Imposto de Renda dele que pagava aluguel e eu declarava no meu Imposto de Renda que a dona Marisa mandava para o procurador o pagamento do aluguel".

Segundo o engenheiro, o imóvel foi adquirido em agosto do mesmo ano por R$ 504 mil. Bumlai teria pedido ao primo para que comprasse o apartamento para que "ninguém estranho se mudasse para lá".  "Não me pagaram o primeiro mês, não me pagaram o segundo mês", declarou Glaucos. "Aí fui falar com o Zé Carlos [Bumlai], perguntar o que acontecia. [Ele disse:] 'Olha, Glaucos, não esquenta com isso. Mais para frente a gente acerta. Não fica preocupado'".  Glaucos disse não ter se preocupado com a falta de pagamento do aluguel porque queria, na verdade, era que seu primo lhe pagasse pela propriedade do imóvel. Ele tinha medo que, caso reclamasse, não fosse receber o valor do imóvel de Bumlai.

Bernardo Barbosa - UOL