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segunda-feira, 1 de maio de 2023

A ofensiva da Bancada Evangélica contra o projeto da Censura

Segundo interlocutores, a FPE já conseguiu o apoio de 257 deputados

A Frente Parlamentar Evangélica (FPE), mais conhecida como Bancada Evangélica, trabalha nos bastidores para virar os votos dos deputados contra o Projeto de Lei (PL) da Censura.

Conforme apurou Oeste, os integrantes do colegiado articularam no final de semana e nesta segunda-feira, 1°, para montar uma base forte e reverter o placar contra o governo.

Segundo interlocutores, a bancada já conseguiu o apoio de 257 deputados. Caso esse número seja confirmado, o PL da Censura não será aprovado na terça-feira 2. O governo precisa de maioria simples na Câmara — 257 votos de 513 deputados.

Contudo, com os números angariados pela FPE, restariam apenas 256 votos para o governo petista — um a menos do que o necessário para a aprovação. A bancada continua articulando com os deputados. 

[sugerimos conseguir um tempinho e ler: 'tratado internacional ..."]

Bancada Evangélica contra PL da Censura
No domingo 30, o colegiado orientou seus membros a votarem contra o PL da Censura. “O texto mantém em suas regras diversos dispositivos que penalizam a pluralidade de ideias e sobretudo os valores cristãos”, argumentou o presidente da FPE, o deputado federal Eli Borges (PL-TO). “Vimos, com muito receio, a permanência das obrigações de dever de cuidado que incluem ações preventivas das plataformas digitais e outros veículos de comunicação em massa do país.”[importante lembrar que o tal Conselho, que vai dizer o que é verdade e o que é mentira, segue regras da esquerda maldita = comunismo ateu = ateus serão maioria no conselho censor -  portanto, noticiar perseguições contra as Igrejas, serão consideradas 'desinformação' e vetadas.]
 
Redação - Revista Oeste 
 

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Rejeitado no passado, apoio a armas conquista líderes evangélicos no governo Bolsonaro - O Globo

Eduardo Gonçalves

Armamentismo ganha espaço na agenda de líderes evangélicos

Até dentro da bancada evangélica do Congresso, que chegou a se posicionar contra decretos pró-armas editados pelo presidente no passado, o assunto hoje divide opiniões 

A questão voltou ao debate nesta semana com o episódio envolvendo o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, pastor presbiteriano, que disparou um tiro acidental na área de check-in do aeroporto de Brasília. Graduado em teologia, ex-reitor do Mackenzie e professor de Direito, Ribeiro tem porte de arma expedido pela Polícia Federal e registro de Caçador, Atirador Desportivo ou Colecionador (CAC) emitido pelo Exército.

O ex-ministro, no entanto, não está sozinho no movimento cristão armamentista. Pastor pentecostal da Assembleia de Deus e ex-vereador pelo Republicanos, Cláudio Ferreira virou coordenador do grupo Pró-Armas em Sergipe. Em vídeos publicados nas redes, ele explica como tem estruturado o movimento no Estado, procurando apoio e patrocínios de donos de clubes de tiro e lojas de arma, além de pessoas dispostas a defender a agenda em cargos políticos.

— A grande maioria abraçou a causa aqui. (...) Nós [o pró-armas] já crescemos uns 70%, 80% do que éramos no passado. (...) Sabemos que hoje o pró-armas é a esperança de adquirirmos algum direito — diz ele, ressaltando a organização de caravanas para protestar em Brasília. Ferreira não foi localizado para comentar as postagens.

Em Pernambuco, o pastor e vereador pelo PP, Junior Tércio, e a sua mulher, deputada estadual Clarissa Tércio (PP), também incorporaram a pauta à sua agenda. Em postagens recentes nas redes sociais, o casal exibe fotos em que aparecem armados de pistola e escopeta num clube de tiro. Em uma delas, incluíram a seguinte mensagem: “Juntos enfrentaremos todas as guerras, seja no mundo espiritual ou material”.

Líder da Igreja Ministério da Fé, o pastor Fadi Faraj é outro propagador da tese de que o “direito de defesa é bíblico”.

— A questão é defender nossos valores e família. A Bíblia não contradiz defender a família. Por exemplo, quando a Palavra diz “não matarás”, é “defenderás” também — afirma Faraj.

domingo, 19 de dezembro de 2021

Uma santa vitória dos evangélicos - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Evangélicos travaram trama da jogatina na Câmara

Bancada evangélica travou trama que pretendia legalizar os jogos de azar e reabrir cassinos, chamando-os de resorts 

Evangélicos travaram trama da jogatina na Câmara

O filé mignon e o pote de veneno dessa iniciativa estão na abertura dos cassinos. Por trás de uma panaceia arrecadatória e turística, há muito mais

Os bons costumes nacionais devem a boa parte da bancada evangélica da Câmara um grande serviço. Ela travou a trama que pretendia legalizar o jogo em Pindorama. À primeira vista, o que havia era apenas um truque do presidente da Câmara, Arthur Lira, levando ao plenário no escurinho de Brasília um velho projeto, que legaliza os jogos de azar e permite a reabertura de cassinos, chamando-os de resorts. O filé mignon e o pote de veneno dessa inciativa estão na abertura dos cassinos. Por trás de uma panaceia arrecadatória e turística, há muito mais.

Aos fatos:
Em maio de 2018, entrando pela cozinha do Copacabana Palace, o candidato a presidente Jair Bolsonaro e o economista Paulo Guedes se encontraram com o bilionário americano Sheldon Adelson. Ele veio ao Brasil com dois objetivos: obter a promessa da instalação da embaixada brasileira em Jerusalém e tratar da abertura de cassinos em cidades turísticas. Adelson, grande financiador do partido Republicano nos Estados Unidos, tinha cassinos em Las Vegas, Singapura e Macau.

O jabuti andou. Em dezembro daquele ano, o então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, defendeu a criação de um complexo hoteleiro com cassino no Porto Maravilha. Meses depois, já na presidência da República, Bolsonaro informou: “Não quero adiantar aqui. Brevemente, estará sendo apresentado aos senhores um projeto que, com todo o respeito ao Paulo Guedes, a previsão é de termos dinheiro em caixa maior do que a reforma previdenciária em dez anos”.

Nas contas dos amigos do jabuti, os cassinos poderiam render à Viúva até R$ 18 bilhões em arrecadação. Bolsonaro teria discutido o assunto num de seus encontros com o presidente americano Donald Trump, dono de cassinos na sua terra. Em novembro de 2019, o ministro Paulo Guedes veio para a vitrine e louvou os cassinos de Las Vegas: “Imagina ter o mesmo na região da Amazônia? Mistério, turismo, entretenimento e um centro mundial de energia sustentável”. Outros príncipes do bolsonarismo circularam pelo circuito mundial da jogatina e pelo escritório de Adelson.

Na famosa reunião do ministério de abril de 2020, o tema dos resorts reapareceu com sua roupagem de vestal do turismo. Foi rebatido pela terrivelmente evangélica ministra Damares Alves: “Pacto com o diabo.” Damares vocalizava uma posição arraigada no meio evangélico que não bebe, não fuma e não joga. O assunto poderia ter morrido, mas Paulo Guedes retomou-o: “Tem problema nenhum. São bilionários, são milionários. Executivos do mundo inteiro. (...) O turismo saiu de cinco milhões em Singapura para 30 milhões por ano. O Brasil recebe seis. (...) O sonho do presidente de transformar o Rio de Janeiro em Cancún lá, Angra dos Reis em Cancún . (...) É um centro de negócios. É só maior de idade. O cara entra, deixa grana lá que ele ganhou anteontem, ele deixa aquilo lá, bebe, sai feliz da vida. Aquilo ali não atrapalha ninguém. Deixa cada um se foder. Ô Damares. Damares. Damares. Deixa cada um ... Damares. Damares. O presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô! Não tem ... Lá não entra nenhum, lá não entra nenhum brasileirinho.”

Ninguém seria capaz de imaginar que esse seria o nível do debate de um doutor pela universidade de Chicago, mas vá lá. A discussão de abril se tornou pública e o projeto continuou sua caminhada pelo escurinho de Brasília. Se uma parte da bancada evangélica tivesse ficado quieta, Arthur Lira teria colocado na pauta a legalização dos cassinos. Com a reação, ele aprovou a urgência, mas se comprometeu a só colocar o mérito do projeto em votação a partir de fevereiro. Até lá, como diz o croupier da roleta: façam seus jogos, senhores.

Sheldon Adelson terá que esperar. Ele morreu em janeiro passado, aos 87 anos, deixando algo como US$ 30 bilhões.

Madame Natasha saúda o neologismo
Madame Natasha adorou ouvir que delegados da Polícia Federal criticaram o espetáculo da ação praticada contra os irmãos Ciro e Cid Gomes na terça-feira, classificando-a de “lavajatismo”.

A expressão Lava-Jato, que designava ações contra a corrupção de políticos e empresários, gerou um neologismo que designa teatralidades intimidatórias, destinadas a condenar suas vítimas pela construção de espetáculos.

Natasha encantou-se com o neologismo, que a remeteu ao grande momento literário de Dean Acheson, o secretário de Estado americano (1949-1953) que ela adorava na sua juventude. Imponente, chique e mordaz, Acheson comeu o pão que Asmodeu amassou nas mãos do senador Joseph McCarthy, que comandou uma caça às bruxas na administração americana. Bebum e mentiroso, ele acabou censurado pelos colegas. Morreu em 1957, levado pela cirrose e pela amargura.

Anos depois, ao escrever suas magníficas memórias, Acheson deu-lhe poucas e memoráveis palavras. Disse que, como o juiz Lynch (pai do verbo linchar) e do capitão Boycott (pai do verbo boicotar), o senador “enriqueceu a língua inglesa” gerando a palavra macartismo.


domingo, 29 de dezembro de 2019

Por que a pauta conservadora travou no Congresso- O Globo

Natália Portinari

Em primeiro ano de governo, Executivo e Congresso deixam pauta conservadora de lado

Reforma da Previdência se tornou prioridade e fez até o governo deixar de lado agenda de costumes que se anunciava como marca de Bolsonaro

Setores conservadores da sociedade, que ajudaram a eleger o presidente Jair Bolsonaro, defendem alterações legislativas na área de costumes, como a restrição do aborto no Brasil e leis que controlem o conteúdo do que é lecionado nas salas de aula. [ambos os tópicos - um por constituir crime em qualquer aspecto e o outro na maior parte das vezes tem devido o conteúdo lecionado, ou a forma como é passado aos alunos, ser criminoso, podem ser tratados na pauta penal.]  Essa agenda, porém, não avançou em 2019, pois tanto o governo quanto o Congresso elegeram a reforma da Previdência como a prioridade, deixando de lado bandeiras caras ao conservadorismo.

Deputados defensores da pauta conservadora buscam minimizar a derrota, capitalizando avanços fora do Congresso. A bancada evangélica, composta por deputados ligados a igrejas, concentrou esforços em outras áreas, como o Judiciário. Silas Câmara (Republicanos-AM) deu o tom ao dizer em março, quando foi eleito presidente da frente evangélica, que não era o momento para a pauta de costumes no Congresso. Nove meses depois, ele acredita que, ao contrário do que se diz, essa agenda avançou, mesmo que isso não se traduza na elaboração de leis:
Só funciona para as pessoas (a pauta de costumes) se for lei? Estão fazendo uma avaliação errada sobre a pauta de costumes.

Segundo ele, o diálogo do Supremo Tribunal Federal (STF) com a frente evangélica evitou com que fosse pautado o julgamento para debater a descriminalização das drogas em 2019. No julgamento em que a prática de homofobia foi considerada equivalente ao crime de racismo, Câmara enxerga outra vitória: “um acórdão que garante liberdade de culto e de expressão".
A Bíblia diz que você paga pelo que faz e o que deixa de fazer. Foi nosso diálogo com o STF que fez com que não fosse pautada a questão das drogas — afirma o deputado.

Proposições legislativas que eram esperadas no início do ano, porém, não foram levadas adiante. A ministra Damares Alves, por exemplo, disse no fim de 2018 que elaboraria uma nova versão do Estatuto do Nascituro, desincentivando mulheres estupradas a abortar. Não foi para frente. Ela apoiou ainda a criação de uma frente parlamentar pelo ensino domiciliar, outro projeto parado mesmo depois de o governo ter enviado um texto ao Congresso.

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Temas polêmicos na gaveta:

Estatuto do Nascituro
A ministra Damares Alves chegou a dizer antes da posse que seria enviado um projeto desincentivando mulheres estupradas a abortar. Ela chegou a citar a medida como “a mais importante” de sua pasta. O governo, porém, não encaminhou a medida e os projetos que tratam do tema no Congresso não saíram do lugar ao longo do ano de 2019. Outras propostas que visavam restringir as hipóteses de aborto legal também não tiveram andamento no Legislativo.

Escola Sem Partido
A proposta ficou parada durante todo o ano e somente às vésperas do recesso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recriou uma comissão especial para discutir o projeto, que tem como finalidade proibir “propaganda político-partidária” em sala de aula. O fundador do movimento, Miguel Nagib, disse no meio do ano que o grupo ia parar suas atividades, por falta de andamento da proposta no Congresso.

Ensino domiciliar
O governo desistiu na última hora de mandar por Medida Provisória alteração legislativa para regulamentar a prática que permite aos pais promover em casa a educação de seus filhos, sem necessidade de matriculá-los em escolas. O tema foi enviado por projeto de lei e ficou parado nos escaninhos da Câmara.

Em O Globo, Brasil - MATÉRIA COMPLETA

 

sábado, 13 de julho de 2019

Governo cede a pressão de policiais, abre a porteira e e mudou regras para outras categorias


Ao ceder à pressão da bancada da bala e criar uma regra de aposentadoria mais branda para os policiais federais, o governo não conseguiu segurar o lobby de outras categorias na votação da reforma da Previdência . Teve que fazer concessões para as bancadas evangélica, dos professores e a feminina, na reta final da votação da proposta em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

[podemos dizer que a reforma da Previdência acabou ou vai sair tão desminliguida que nos próximos meses a economia que começou com previsão de 1 trilhão, estará reduzida, se muito, a alguns bilhões.
-adiaram para agosto a  votação do segundo turno na Câmara, nem Maia acreditava que ocorreria antes do recesso;
- quando for para o Senado, modificam e volta tudo para a Câmara - começa o 'pingue-pongue';
Abrandar as regras para policiais até que é aceitável - se trata de uma categoria que além de trabalhar sob stress constante, enfrenta situações nas quais o risco de morrer é elevado.
Os policiais rodoviários ainda correm o risco de sofrer ataques em suas bases, basta realizar alguma operação que cause prejuízos elevados a bandidagem.

Inaceitável mesmo - foram beneficiados na certa pelo presidente da Câmara, que agiu de forma sorrateira - é a inclusão dos policiais legislativos (é notório que exercem atividades meramente burocráticas, quando há algum risco é menor que o risco dos vigilantes bancários.
Quando a situação pega, eles chamam a polícia - ainda esta semana pediram socorro a PMDF.]


Mudanças nas regras da aposentadoria de policiais federais levou a alterações nas normas para outros categorias Foto: Fotoarena / Bruno Rocha/Fotoarena/Agência O Globo/29-01-2019 

As regras especiais de aposentadorias para essas categorias em relação aos demais trabalhadores estão sendo incluídas no texto-base da reforma, aprovado na quarta-feira Segundo estimativas de líderes dos partidos, as concessões devem reduzir a economia com a proposta em pelo menos R$ 50 bilhões em dez anos.
Mas a perda pode ser ainda muito maior, caso o plenário aprove outros destaques para mudar pontos cruciais da reforma.

O tratamento diferenciado para os policiais federais começou antes da votação da reforma na comissão especial que aprovou a matéria. O presidente Jair Bolsonaro se envolveu diretamente no assunto, alegando que era preciso “corrigir equívocos” na reforma. Bolsonaro chegou a ser chamado de “traidor” por representantes da categoria. O lobby era um dos principais entraves à votação da matéria. Foi resolvido com a ajuda da AGU (Advocacia-Geral da União).

A categoria venceu a queda de braço e ganhou direito se aposentar com o último salário da carreira e mesmos reajustes salariais dos ativos até a promulgação da reforma neste ano. Ou seja, quem vai se aposentar daqui a 40 anos terá direito aos privilégios. Além disso, a idade mínima dos policiais federais baixou de 55 anos para homens e mulheres para 53 anos (homens) e 52 anos (mulheres), com pedágio de 100%. Com isso, o governo foi forçado a negociar um corte na idade mínima de aposentadoria para os professores que já estão no mercado de trabalho: de 58 anos para 55 anos no caso dos homens, e de 55 anos para 52 anos das mulheres, com pedágio de 100%.

Ao permitir uma aposentadoria mais alta para as mulheres do setor privado (INSS), a partir dos 15 anos de contribuição (tempo mínimo), o governo foi obrigado a aceitar uma redução no tempo mínimo de contribuição dos homens de 20 anos para 15 anos.
Também teve que recuar no valor da pensão para atender a bancada evangélica e permitir que as viúvas com renda informal continuem recebendo um benefício equivalente ao salário mínimo se aquela for a única fonte de rendimento dela. E se a viúva perder o emprego formal, o INSS automaticamente terá que completar o valor até o piso.

O IFI (Instituto Fiscal Independente), que trabalha com uma metodologia diferente da do governo, prevê que e economia com a reforma será de R$ 714 bilhões, considerando apenas o texto-base aprovado na última quarta.  

O Globo -  Economia - Edição de 12 de julho


terça-feira, 28 de maio de 2019

Malafaia tenta pressionar Toffoli contra criminalização da homofobia

Bancada evangélica corre para barrar criminalização -  Encontros com o presidente Dias Toffoli

A bancada evangélica está correndo para barrar a votação no STF que tipifica a homofobia como crime de racismo. O plenário do Supremo já tem maioria para votar a matéria no próximo dia 5 de junho. Na terça-feira (21), o pastor Silas Malafaia tinha encontro marcado com o presidente Dias Toffoli. Na pauta: visita de cortesia.
Bobagem. A criminalização da homofobia seria um dos temas da conversa, não tivesse sido desmarcado.

No dia seguinte (22), também como cortesia, a diretoria da bancada evangélica foi ao ministro. Na quinta (23), o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse em entrevista ao UOL que o STF “quer usurpar competência do Legislativo” ao votar a matéria.
“Entendo que eles [ministros] são obrigados a fazer esse julgamento, mas nós temos a convicção de que o STF terá o bom senso de retirar a matéria de pauta na próxima reunião, caso a gente consiga aprovar, em caráter de urgência, uma legislação que possa ser dialogada com todos da sociedade”, disse. [o STF tem o DEVER MORAL, ÉTICO e LEGAL de ANULAR tanto a sessão passada, quando cancelar a marcada para o próximo dia 5 de junho.
O motivo é simples: a sessão realizada cuidou e a futura dá continuidade ao julgamento de uma suposta omissão do Poder Legislativo em legislar sobre proibir ou não que as pessoas tenham o direito de não gostar de homossexuais, de ignorá-los.

Acontece que a alegada omissão NÃO EXISTE, tanto que horas antes do inicio da sessão passada em que a matéria foi analisada, o Supremo havia sido notificado pelo Senado Federal da existência de duas ações sobre a matéria tramitando, uma delas inclusive aprovada.

A existência de projetos de lei tramitando no Congresso sobre determinado assunto, impede que alegação de omissão em legislar prospere - se o projeto está tramitando, não está havendo omissão.
Demora na discussão de um assunto é normal no Congresso, casa política, em que o diálogo é norma, é praxe, é indispensável.

Não pode ser olvidado que o STF é campeão em travar processos, não decidir - basta um simples de vista de um ministro para parar um processo por anos e anos - veja um exemplo, clicando aqui e ninguém acusa o STF de omissão em julgar.]

Revista VEJA


 

domingo, 24 de março de 2019

Só 'vontade de Deus' não basta

Cada dia é um dia a menos para aprovar a reforma da Previdência, mas o Planalto e seus operadores parecem longe de compreender essa urgência

Cada dia que passa é um dia a menos que o governo tem para articular sua base com vista a aprovar a reforma da Previdência, mas o Palácio do Planalto e seus operadores políticos parecem longe de compreender a urgência do problema. As advertências de deputados e senadores ao governo deixaram de ser apenas murmuradas e passaram a frequentar discursos e entrevistas em que as queixas são expostas de maneira explícita. Hoje parece haver um consenso segundo o qual o presidente Jair Bolsonaro precisa mudar o modo como negocia o apoio para a reforma, sob o risco, cada vez mais concreto, de ser derrotado. 

A questão central é que os parlamentares que apoiam a reforma e se dispõem a liderar o esforço por sua aprovação estão cada vez mais descontentes com o fato de que o próprio Bolsonaro não se apresenta para defender com vigor a proposta. Não são poucos os que temem arcar sozinhos com o ônus político da reforma enquanto o presidente hesita ante a natural impopularidade do tema – quinta-feira passada, por exemplo, Bolsonaro disse que, “no fundo, não gostaria de fazer a reforma da Previdência”, embora reconheça que seja necessária. O fato é que Bolsonaro parece raciocinar ainda como deputado, condição que o tornaria mais suscetível à pressão de suas bases, e não como presidente, que deve governar para o conjunto da sociedade, com coragem para tomar medidas que podem eventualmente desagradar a seus eleitores. 

A julgar pela desorganização de sua articulação política – até mesmo um dos filhos do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, diz ter sido designado para fazer contatos com deputados em nome do pai –, soa otimista a previsão oficial de que a reforma da Previdência possa ser votada ainda no primeiro semestre e de que faltariam pouco menos de 50 votos para aprová-la, como disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. O governo dá a impressão de apostar que Bolsonaro, por ter sido eleito pela “vontade de Deus”, como disse na recente visita aos Estados Unidos, aprovará no Congresso todas as pautas de seu interesse sem necessidade de negociação. Não é o que pensam, contudo, os principais parlamentares empenhados na aprovação da reforma. Para esses políticos, só a “'vontade' de Deus” não basta quando se trata de convencer três quintos da Câmara a aprovar uma emenda constitucional, especialmente a que endurecerá as regras para a aposentadoria. 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por exemplo, alertou que a Casa “não tem 320 liberais” e que será preciso convencer até 280 deputados que não foram eleitos com a agenda da reforma da Previdência.   Se já não seria tarefa simples mesmo para experimentados articuladores, essa empreitada tende a ser muito mais complicada se o governo não se dispõe a fazer política. Até deputados da chamada bancada evangélica têm reclamado da falta de diálogo. Ademais, quando o presidente da República se reúne com parlamentares para ouvir reivindicações com vista a obter apoio à reforma e em seguida vai às redes sociais se queixar de que “a velha política” está “querendo nos puxar para fazer o que eles faziam antes”, manda uma mensagem ambígua sobre sua disposição para negociar.  

Ao dar a entender que todas as demandas dos parlamentares são fisiológicas, o presidente colabora para criar um clima de fricção com o Congresso. Não surpreenderá se alguns dos parlamentares que hoje colaboram abertamente com o governo para costurar apoio à reforma da Previdência passarem a ficar reticentes, à espera de um suporte mais explícito do presidente. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ameaça abandonar a articulação se continuar sob ataque das milícias virtuais bolsonaristas e dos filhos de Bolsonaro, sob o olhar complacente do pai. 

Não basta a Bolsonaro dizer que a aprovação da reforma da Previdência vai acontecer só porque seu governo adotou “uma maneira diferente de negociar”, em que “o sentimento patriótico e a busca do consenso são fundamentais”, como escreveu em artigo publicado no jornal Valor. Como deveria saber qualquer iniciante na vida política, apelos patrióticos podem até animar eleitores e militantes, mas não costumam ser suficientes para arregimentar apoio no Congresso, ainda mais quando o presidente da República pede votos a favor, mas age como se fosse contra.

Opinião -  O Estado de S. Paulo
 

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Ameaças externas podem unir o Supremo - discussão da ridícula proposta de criminalização da homofobia deve ser adiada

Deixa para depois
A bancada evangélica saiu do encontro com o presidente do Supremo ontem convencida de que algum ministro pedirá vista da ação sobre a criminalização da homofobia, retardando uma definição sobre o assunto.

Com o Supremo e o Judiciário na alça de mira de outro Poder e de movimentos organizados, o presidente Dias Toffoli acha que pode fazer dos limões a limonada. Quer utilizar o azedume em relação à Corte para criar um sentimento de corpo entre os ministros, seja para blindar o STF de investidas objetivas, como a criação da CPI da Lava Toga, seja para enfrentar pressões das ruas e redes sociais. Colegas dele concordam com a necessidade de aparentar união institucional, mesmo que, nos bastidores, certas divergências continuem irremediáveis.

Só Instagram
Hoje, Dias Toffoli recebe os colegas em almoço, prática recente na Corte. Servirá para mostrar, nem que seja na foto, um colegiado unido.
Continue assim. Nos bastidores, há quem gostaria de ver um Toffoli mais ligeiro e direto na defesa do Supremo, como ele foi nas céleres, indispensáveis e elogiadas notas lamentando o incêndio no CT do Flamengo e a morte do jornalista Ricardo Boechat.

Tá anotado
Não passou despercebido por integrantes do Supremo que senadores do PPS, Podemos e PSL não retiraram as assinaturas antes do arquivamento da CPI da Lava Toga.

Deixa para depois
A bancada evangélica saiu do encontro com o presidente do Supremo ontem convencida de que algum ministro pedirá vista da ação sobre a criminalização da homofobia, retardando uma definição sobre o assunto.

E o governo? A AGU, que representa o governo no Supremo, não vê omissão do Congresso ao não aprovar uma legislação sobre a homofobia. Será a primeira vez que o ministro André Mendonça defenderá a União em sessão plenária.
Modelo 1. A ministra Tereza Cristina (Agricultura) vai a MT para a colheita das cooperativas dos índios parecis, nambiquara e manoqui. Só os parecis plantaram 10 mil hectares de soja, milho e arroz, sem transgênicos e com controle biológico de pragas.
Modelo 2. Esse é o modelo que o governo deve apoiar para o setor. O dinheiro obtido com a safra é aplicado em projetos de piscicultura e turismo nas aldeias.


O Estado de S. Paulo
 

sábado, 19 de janeiro de 2019

Planalto age para que suspeita sobre Flávio Bolsonaro não se torne crise de governo

 [suspeitas que só existem na cabeça de alguns membros do MP - quando, e se, houver provas é outro caso.

Vocês devem lembrar das suspeitas que um tal de Mathias Spektor assacou contra o Governo militar - falava até em memorandos na CIA, o assunto por falta de provas, de pés e de cabeça caiu no esquecimento e seu autor, pretender a ser o subchefe do quarto ou quinto escalão do Itamarati, sumiu.]

Com o agravamento das suspeitas contra o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o Palácio do Planalto iniciou estratégia para evitar que o episódio se transforme em uma crise de governo.


A orientação recebida por integrantes da equipe ministerial é de que, a partir de agora, evitem comentar o tema em público, tratando-o como uma questão particular do filho do presidente Jair Bolsonaro. [por enquanto só do Queiroz, só o entendimento e o desejo  dos repórteres de uma determinada rede de TV é que pode levar incautos a pensar que existe mais que isso: 
SUSPEITAS das MOVIMENTAÇÕES ATÍPICAS serem ilegais e, eventualmente, envolver alguém da família Bolsonaro.]
 
A ideia é tentar, assim, blindar a gestão federal das suspeitas, reduzindo o risco delas contaminarem a imagem do presidente e afetarem a sua aprovação popular, ainda em alta no início da administração e à véspera da viagem do presidente ao Fórum Econômico Mundial, que se realizará na próxima semana em Davos, na Suíça.  Em outra frente, para tentar arrefecer as suspeitas, a equipe do Planalto sugerem que o senador eleito conceda novas entrevistas a veículos de imprensa, dando explicações sobre o episódio e municiando aliados com argumentos para que saiam em sua defesa.

Na sexta-feira (18), um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentações atípicas de Flávio. Ele recebeu em sua conta bancária 48 depósitos em dinheiro no valor total de R$ 96 mil, depositados apenas em cinco dias.  Eles foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) sempre no valor de R$ 2 mil. 
Segundo reportagem do Jornal Nacional, o documento afirma que o fato de terem sido feitos de forma fracionada desperta suspeita de ocultação da origem do dinheiro.
Na mesma noite, foi exibida uma entrevista de Flávio à Rede Record, na qual ele fez críticas ao Ministério Público e se defendeu das acusações.
Neste sábado (19), o presidente do PSL, Luciano Bivar, saiu em defesa de Flávio e disse ter "absoluta convicção" da retidão do senador eleito.
"Pelo o que eu conheço, ele (Flávio) é uma pessoa decente. O Jair teve sorte de ter três filhos que se fizeram pelas próprias competências", disse.

Apesar da declaração, a avaliação entre parlamentares do partido é de que o relatório do Coaf só aumenta o desgaste do episódio. Além disso, fragiliza uma das argumentações utilizadas pelo filho de presidente: a de que as movimentações atípicas eram um problema de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, e portanto caberia apenas a ele se explicar.  Parlamentares também avaliam, reservadamente, que toda a gestão do caso Coaf, da parte de Flávio, não conseguiu estancar o prejuízo para o governo. No curto prazo, o diagnóstico é de que o senador eleito chega fragilizado e enfraquecido para o início do seu mandato.

Para além disso, a divulgação do novo relatório fez com que alguns aliados cobrassem explicações do senador eleito. "Você tem um problema agora que já merece dele (Flávio) explicações claras. Ele vai ter que se explicar", diz o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), um dos expoentes da bancada evangélica.  "Agora, também tem que ser justo. Se houver ilícito, não é nenhum ilícito da prática de senador [seria anterior ao mandato]. Ele vai ter que responder como deputado estadual no exercício da função", acrescenta, argumentando que o caso deveria ser apurado pela Justiça estadual.

Para o deputado, no entanto, os novos indícios que afetam o senador eleito não podem ser utilizados para atingir o presidente. "Também não acho justo imputar um erro do filho ao pai, ou vice-versa. Cada um responde por si, cada um tem o seu CPF", ressaltou.  Na sexta-feira (18), antes mesmo da divulgação do relatório do Coaf, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o episódio é uma tentativa de minar o governo federal por meio do que ele classifica como um terceiro turno das eleições presidenciais.

Gustavo Uribe e Ricardo Della Colleta - FSP 

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

A hora e a vez de Silas Malafaia

Até onde vai Silas Malafaia no governo Bolsonaro

Um dos pilares da bancada evangélica, o pastor foi um dos principais apoiadores do presidente eleito mas redes sociais

Aos 60 anos, o eloquente, assertivo, rusguento e patusco Silas Lima Malafaia vem sendo visto como um interlocutor-chave  entre Bolsonaro e o meio evangélico. De acordo com pesquisas, o candidato do PSL foi eleito com mais de 70% de votos apenas nesse segmento religioso. Durante a campanha eleitoral, o pastor aparecia semanalmente ao seu lado em lives (transmissões ao vivo por meio da internet), ganhando espaço e mais fama junto ao eleitorado. 

Em corridas presidenciais passadas, o pastor já apoiou camaleonicamente Lula, Marina Silva, José Serra e Aécio Neves
(“Todos eles que apoiei fizeram cagada, e meti o pau. Não estou nem aí. Não devo nada.”). 

Pela primeira vez, contudo, foi protagonista de um projeto vitorioso rumo ao Palácio do Planalto. É um dos pilares da bancada evangélica, com mais de cem integrantes eleitos, e um dos grandes mobilizadores da opinião pública por meio das redes sociais. E por isso tem sido ouvido pelo presidente eleito sobre indicações políticas, relação com a imprensa, bastidores do que anda sendo falado por aí. 

Malafaia conta a ÉPOCA como essa relação com Bolsonaro foi construída – incluindo o rompimento em 2016 e a reconciliação no período pré-eleitoral. O pastor, que nunca se candidatou a nada e afirma que ser filiado a um partido já seria "o maior absurdo" para ele, comenta a formação do futuro governo, os núcleos de poder e as articulações políticas para governar. "São milhares de cargos e, meu filho, isso é política. Isso é em todo lugar do mundo. Dizer que não vai dar nada para ninguém, ele não vai governar."

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domingo, 25 de novembro de 2018

O ministério se revela nas manobras

O jogo do ministério, com seus balões de ensaio e boatos, é um divertimento que acaba no dia em que o Diário Oficial publica a lista dos nomeados

Bastidores das escolhas revelam a alma do governo 

Em setembro acreditava-se que o médico Henrique Prata, diretor do Hospital do Câncer de Barretos (SP), podia ser o ministro da Saúde num eventual governo de Jair Bolsonaro. Outra hipótese seria a ida do deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS). Nos dois meses seguintes, pelo menos dois renomados médicos passaram pelo balcão de apostas, e o jogo fechou com a nomeação de Mandetta. Há dois anos, o cirurgião Raul Cutait esteve com um pé na pasta, mas Michel Temer nomeou o deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O jogo do ministério, com seus balões de ensaio e boatos, é um divertimento que acaba no dia em que o Diário Oficial publica a lista dos nomeados. Contudo, os movimentos que ocorrem nos bastidores acabam revelando a alma do governo que se forma. Descontada a maneira silenciosa e cirúrgica com que Paulo Guedes forma sua equipe na área econômica, até agora a principal decisão de Bolsonaro foi a transferência do general da reserva Augusto Heleno para o Gabinete de Segurança Institucional. Ele estava designado para a Defesa e foi deslocado pouco depois da escolha de Sergio Moro para a Justiça. Trocou um ministério com gabinete fora do Planalto por outro a poucos metros da sala do presidente.

O Ministério da Educação de Bolsonaro tornou-se uma grelha. Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, foi vetado pela bancada evangélica sem ter sido convidado. O procurador Guilherme Schelb, da simpatia dos pastores, viu-se frito. Ao fim do dia, foi escolhido o professor Ricardo Vélez Rodriguez, da Federal de Juiz de Fora (MG), que lecionou na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Do episódio, resulta que Bolsonaro colocou no Ministério da Educação uma pessoa com quem nunca trocou duas palavras ou leu duas páginas.

A formação de um governo obedece a uma lógica própria. Um terço dos ministros é formado por pessoas que o presidente queria colocar exatamente onde ficaram, como Paulo Guedes. No segundo terço, o escolhido vai para a equipe, mas cai em outro lugar, como Augusto Heleno. No terceiro, entram pessoas que o presidente mal conhecia. A mecânica da formação da equipe acaba sendo tão significativa quanto as escolhas. Temer disse que nomearia notáveis. Armou sua equipe pelo velho método e estabeleceu uma marca na História universal: dois de seus ministros acabaram na cadeia (Geddel Vieira Lima e Henrique Alves). Outros dois tiveram os pais e padrinhos políticos encarcerados (Helder Barbalho e Leonardo Picciani). No governo Dilma, Joaquim Levy pensou que havia sido escolhido para o Ministério da Fazenda, mas caiu num comissariado, do qual fugiu.  Na competição que produz ministros, às vezes ganham relevo aqueles que decidem não sê-lo. Ilan Goldfajn deixou o Banco Central. Já o nome do general da reserva Oswaldo Ferreira para a área de infraestrutura era pedra cantada. Ele participou do planejamento da campanha de Bolsonaro e chegou a dar entrevistas sobre projetos. Decidiu ficar fora do governo.

O ‘imprevisto’ de Moro
O futuro ministro Sergio Moro defendeu a delegada Érika Marena, coordenadora da Operação Ouvidos Moucos, que em 2017 resultou na prisão do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Levado para uma penitenciária, ele vestiu uniforme laranja, foi algemado e lá dormiu uma noite. Sua prisão foi pedida pela delegada e a Justiça, que a autorizou, suspendeu-a no dia seguinte, pois não viu no pedido da delegada “fatos específicos dos quais se possa defluir a existência de ameaça à investigação.”


Livre, o professor matou-se, atirando-se do alto de um shopping de Florianópolis. Quando a Ouvidos Moucos foi espetacularizada, Cancellier e outros professores eram acusados de terem desviado R$ 80 milhões de um programa da UFSC. Essa informação revelou-se falsa e foi divulgada antes mesmo que Cancellier fosse ouvido. A cifra referia-se à verba total do programa.

A delegada Érika Marena é considerada uma policial competente e teve um relevante desempenho na fase inicial e decisiva da Operação Lava-Jato. Ao informar que ela assumiria o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Moro tratou do caso de Cancellier e disse o seguinte: “Foi uma tragédia, algo trágico e toda a solidariedade aos familiares do reitor, mas foi um infortúnio imprevisto na investigação. A delegada não tem responsabilidade quanto a isso”. Falta definir “infortúnio imprevisto na investigação”. Ou pelo menos, quais são os infortúnios que as investigações podem prever. Prisões desnecessárias, humilhações e espetacularizações talvez estejam entre eles.

OUTRO ESPETÁCULO
Há um ano, noutro caso espetacular, o empresário Ricardo Saud, da J&F dos irmãos Batista, contou que sua organização corrompia políticos e esfriava as propinas usando mais de cem escritórios de advocacia que simulavam serviços. Entre os políticos, estava o deputado Fábio Faria e, entre os escritórios, o do advogado Erick Pereira. (Na sua delação, Saud chamou-o de Erick Faria.) Passou-se um ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chamou Saud de “pretenso colaborador” e pediu o arquivamento do processo porque “não foi possível colher nenhum elemento probatório que demonstrasse que o investigado (deputado Fábio Faria) cometeu os referidos delitos”. E que “a documentação juntada aos autos pelo colaborador em nada demonstra que os eventos que narra ocorreram”. O pedido da procuradora foi atendido pela ministra Rosa Weber, do STF. 


Quanto ao advogado Erick Pereira, ele juntou aos autos as provas dos serviços prestados pelo escritório.  O distinto público foi enganado duas vezes, primeiro pela JBS fazendo-se passar por uma “campeã nacional”. Depois pelos seus donos e diretores enfiando cascalhos nas suas pretensas delações.

BEIJO DA MORTE
Na terça-feira, um veterano parlamentar ouviu um colega do PSOL saudando a possível escolha de Mozart Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, para o Ministério da Educação.
Foi rápido:  “Já era.”


FOGO AMIGO
Durante a campanha, o general Hamilton Mourão contou que estava lendo uma biografia de seu colega “Stonewall” Jackson. Ele foi um dos maiores generais do Sul rebelde na Guerra da Secessão (1861/1865). Ganhou o apelido de “Muralha” ao conter o inimigo, decidindo a primeira grande batalha do conflito. Era um tipo estranho. Cristão fervoroso, lutava pelo Sul, mas condenava a escravidão.


A vida de “Stonewall” pode inspirar Mourão. Primeiro, porque ele falava pouco e escondia tudo. Sempre ia para a linha de frente, mas numa noite tomou três tiros de sua própria tropa durante uma patrulha noturna. “Stonewall” tornou-se a mais famosa vítima de fogo amigo das forças militares americanas.

 Elio Gaspari - O Globo

domingo, 28 de outubro de 2018

E o PT criou Bolsonaro - [Foi na gestão de Haddad, na Prefeitura de São Paulo, que começou a reação a aumentos de passagens de ônibus, trem e metrô.]

O recado da sociedade é inequívoco: em busca do novo, tentando enterrar a política do compadrio, da corrupção e da mentira disseminada pelo lulopetismo, o País está prestes a eleger como presidente Jair Bolsonaro, antagonista que o próprio Lula gerou

 

Foi durante um pesadelo que a escritora inglesa Mary Shelley buscou a inspiração para, aos 19 anos, escrever a obra prima da literatura de horror. No livro, o médico Viktor Frankenstein ousa brincar de Deus recriando a vida a partir de uma criatura que constroi a partir de partes de corpos humanos. Logo, porém, o médico percebe que o ser que julgava ter criado era na verdade uma criatura que, logo no primeiro momento após a vida, se voltaria contra seu criador. Há um parentesco óbvio entre a obra de Mary Shelley e o desenlace da disputa presidencial. Em boa parte, foi o PT quem engrossou o caldo de cultura responsável pela provável eleição de Jair Bolsonaro, candidato do PSL. 

O ex-presidente Lula, que já se comparou a Jesus Cristo, fez de tudo para transformar o pleito numa eleição polarizada. Acabou gerando sua própria antítese, que se revelou nas urnas um líder de massas, como ele. Inicialmente, Lula imaginava que o eleitorado brasileiro iria ungí-lo novamente. Sabendo que não poderia ser candidato, com base na Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele mesmo quando presidente, considerou que conseguiria transferir sua popularidade para um preposto, como fez com Dilma Rousseff em 2010. Posaria de vítima, reafirmando que sua prisão era política. Ao final, apostava que essa narrativa seria consagrada nas urnas. Era a eleição plebiscitária com que sonhava. Ao contrário da Justiça, que o condenava, as urnas, acreditava, o absolveria. De roldão, viriam juntos absolvidos todos os demais petistas condenados e denunciados.

Armadilha
À medida em que avançava nesse projeto, o PT e Lula radicalizavam o discurso e a postura de vítimas. Afrontavam a Justiça e outras instituições na conformação da sua narrativa. Iam, assim, juntando as peças do seu Frankenstein político. Quando o Frankenstein acordou, revelou-se algo bem mais virulento do que previam. Como reação à radicalização do discurso petista, surgiu em contraposição Jair Bolsonaro, do PSL, um candidato radical, de discurso por vezes perigoso, mas que parece encarnar aos olhos do eleitor justamente a contraface do que, para ele, o PT representa. “Bolsonaro é uma armadilha que o PT inicialmente não previa”, considera o analista político Leopoldo Vieira, da empresa de consultoria IdealPolitik.

O que torna complicada a situação para o PT é que boa parte do eleitorado de Bolsonaro declara saber dos riscos que ele representa. Mas fez a escolha por rejeição ao PT. O efeito teflon migrou de Lula para Bolsonaro. Para o analista político, um dado importante desse fato incontestável é que alguns dos defeitos que o PT aponta em Bolsonaro, o próprio eleitor de Bolsonaro enxerga no PT. Se o aspirante do PSL ao Planalto, agora, é acusado de ter criado uma ampla rede na internet para propagar fake news, antes era o PT quem montava uma estrutura de disseminação de notícias e perfis falsos. Se Bolsonaro às vezes demonstra ter pendores antidemocráticos, expostos por diversas declarações suas e de seus filhos, Eduardo e Flávio, o PT foi além: financiou governos que em nada respeitavam os princípios básicos da democracia, como Cuba e Venezuela. Se o candidato do PSL provoca sobressaltos, capazes de pôr em vigília instituições como o Supremo Tribunal Federal, o PT assustava ao ameaçar levar a cabo atitudes revanchistas caso vencesse as eleições – consubstanciadas na frase do ex-ministro José Dirceu, para quem o partido não iria vencer a disputa, mas “tomar o poder”.

Embriagado pela ideia de reescrever a história e redimir Lula, o PT, portanto, não enxergou os sinais de que a história de radicalização que vinha construindo tinha grande chance de refluir para o nascimento de um contraponto igualmente radical. Atônitos para o que antes do domingo 28 parece já ser uma derrota inevitável, hoje integrantes do partido e de seus aliados, como PDT e PSB, admitem que deveriam ter prestado mais atenção ao que começou a transparecer no país a partir dos protestos de 2013, durante a Copa das Confederações. A gente pareceu esquecer que tudo começou como reação a aumentos de passagens de ônibus, trem e metrô na gestão do próprio Haddad na Prefeitura de São Paulo, observa agora um parlamentar do PT.

Em algum momento da trilha para o fracasso nas urnas, Lula tentou promover uma espécie de evangelização de seus aliados e correligionários. Foi quando comparou-se a Cristo. “Jesus Cristo foi condenado à morte sem dizer uma palavra, recém-nascido. E, se o José não corre, ele tinha sido morto. E olhe que não tinha empreiteira naquele tempo, não tinha Lava Jato”, disse. Às vésperas de ser preso, o petista autoproclamou-se uma “ideia”. “Eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia misturada com as ideias de vocês”, proclamou. “Minhas ideias já estão no ar e ninguém poderá encerrar. Vocês são milhões de Lulas”. No seu entender, ele havia ascendido à dimensão divina. Agora ele encontra no extremo oposto e “com a mão na faixa presidencial”, o antagonista gestado por ele próprio – embora nem Bolsonaro seja capaz de encarnar o “mito”, alardeado pelo seu séquito, nem Lula possa arvorar-se de ente divino, como querem crer os fanáticos petistas.

Dentro do próprio PT, integrantes da sigla admitem que o antipetismo chegou a um nível tão grande que dificilmente ele será dissipado nas próximas eleições. A grande questão é que esse antipetismo foi fomentado, justamente, por ações do próprio partido. A autocrítica cobrada por muitos, Fernando Haddad só começou a fazer, de forma tímida, na reta final da campanha eleitoral. Para um integrante da Executiva Nacional do PT, um grande equívoco agora seria o partido desistir de aprofundar essa revisão dos seus erros. Ainda que, no que parece hoje improvável, o PT venha a virar as eleições, a autocrítica precisará ser feita. E, no caso mais provável de derrota, será essencial para que o partido não acabe minguando nos próximos anos. Hoje, parte do PT ressente-se de não ter feito o que o ex-ministro Tarso Genro propôs quando presidia o partido logo após o escândalo do mensalão, uma revisão profunda, que chamava de “refundação”. “Éramos para ter cortado na própria carne enquanto havia tempo”, diz o petista.

Ao contrário, o PT não apenas renegou seus erros como passou a atacar todos aqueles que os explicitavam. A começar pela imprensa, passando pelo juiz Sérgio Moro, condutor da Operação Lava Jato, por todos os juízes em todas as instâncias, até chegar ao próprio Supremo Tribunal Federal (STF), e alguns de seus integrantes, como o ex-ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão. Para tanto, valeu-se de uma ampla rede de blogueiros e influenciadores digitais. No esforço para estabelecer uma narrativa distorcida da realidade, o PT acabou criando em contraposição outra realidade igualmente distorcida. Assim, a racionalidade foi ficando de lado e as paixões afloraram.

Outro sinal que hoje os petistas admitem ter ignorado foi a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Estava clara ali uma profunda divisão do país, a partir da constatação de que Dilma vencia o pleito com somente pouco mais da metade dos votos. Deveria ter sido feito, avaliam petistas hoje, um aceno de conciliação. Não foi feito. Nem cogitado. Dilma passou a campanha incutindo nas pessoas o temor de que perderiam suas conquistas sociais caso não fosse reeleita. E de que ela era a única alternativa para evitar a recessão e a crise. Mais uma mentira deslavada propagada pelo PT. Tão logo tomou posse, Dilma passou a fazer exatamente o que dizia que seus adversários fariam. Ali apareceu uma figura que, dizem, hoje Bolsonaro explora: a do petista arrependido. “Quando tentamos rever posições, ele cola na gente a ideia do petista arrependido”,diz um integrante do partido. Ou seja: estabelece uma falta de firmeza e de convicção, em vez de um reconhecimento de erro.

No processo de impeachment de Dilma, já parecia claro, pela falta de reação mais forte das ruas, que a narrativa do golpe não ganhava eco na sociedade. Foi outro sinal ignorado. Com efeito contrário, a manutenção de tal discurso reforçou o antipetismo. Na prisão de Lula, a intensidade só aumentou. Finalmente, o erro fatal: a manutenção da candidatura de Lula pelo máximo de tempo possível quando já se sabia da sua impossibilidade legal. A visão colhida até mesmo de petistas é que, ao insistir em uma candidatura que todos sabiam insustentável, Haddad ficou sem tempo de construir a sua própria identidade. Quando entrou, não era como um candidato próprio à eleição. Era como um reserva de Lula. “Lula é Haddad”, dizia o slogan da campanha. “Com o arrefecimento do antipetismo, Haddad herdou mais a rejeição de Lula do que os seus votos, observa o analista Leopoldo Vieira. Como disse Ciro Gomes, do PDT, era dançar “uma valsa à beira do abismo”. Às vésperas do segundo turno, o PT exibe o que chama de “face perigosa” de Bolsonaro. A essa altura, o eleitor parece decidido. Prefere correr o 'risco' com Bolsonaro, do que endossar a volta do PT ao poder, cujas práticas ele conhece bem e quer ver extirpadas do País.

STF sob ataques
Numa reação orquestrada, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram duros. Entenderam que precisavam se impor como instituição e deixar claro os limites democráticos de um presidente, por maior que seja sua popularidade. O vídeo que começou a circular no fim de semana, em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, fala que bastam “um cabo e um soldado” para fechar o STF chocou os ministros. “Eu já adverti o garoto”, desculpou-se Bolsonaro.

Em julho, durante uma palestra para estudantes, Eduardo Bolsonaro foi perguntado sobre o que aconteceria se o STF impugnasse a candidatura de seu pai. “Aí vai ter que pagar pra ver. Pessoal até brinca lá, cara, se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo”, disse Eduardo. Diversos ministros reagiram. Para o ministro Celso de Mello, a fala foi “inconsequente e golpista”. Para o presidente do STF, Dias Toffoli, “atacar o Judiciário é atacar a democracia”.


As reações mostram uma ação combinada de defesa da ordem institucional. Mas não foi a primeira vez que o STF foi atacado. Como reação à prisão de Lula, petistas também falaram em “fechar” o Supremo. Defendiam diminuir a importância da Suprema Corte. “Temos que redesenhar o papel do Poder Judiciário. Temos que fechar o STF. Fazê-lo virar corte constitucional”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ). Em entrevista a um portal do Piauí, o ex-ministro José Dirceu foi na mesma linha. “É preciso tirar poderes do STF para ser só corte constitucional”, disse. “Nossa Constituição estabeleceu três poderes, mas só existem dois, que são eleitos: o Legislativo e o Executivo”. Afrontar as instituições, bem como ameaçar a imprensa, é moda perigosa e precisa ser duramente combatida.

A criatura
De escândalo em escândalo, o chamado “quadrilhão do PT” termo usado pelo STF para investigar os petistas que comandaram o maior esquema de corrupção já desvendado no Brasil – acabou sendo responsável pelo empoderamento dos grupos que orbitavam em torno de Bolsonaro, como a bancada evangélica (que clamava contra a crise nos costumes), a bancada de bala (inconformada com a onda de violência) e a bancada ruralista (insatisfeita com o crescente desprestígio do agronegócio). Foi o rio caudaloso onde desaguou o capitão reformado. 

Rudolfo Lago e Wilson Lima - IstoÉ 



 

domingo, 12 de março de 2017

Bancada Evangélica no Distrito Federal e mais uma mutreta

Levantamento revela cabide de empregos com viés evangélico na CLDF

Dados levantados pelo Correio mostram que quatro distritais empregam pelo menos 36 funcionários ligados às respectivas igrejas. Especialistas condenam a prática e alertam para a contratação de pessoas sem formação adequada para tais cargos

Os gabinetes dos quatro distritais evangélicos que também desempenham a função de pastores e bispos viraram cabides de emprego destinados a fiéis. Bispo Renato Andrade (PR), Julio Cesar (PRB), Rodrigo Delmasso (Podemos) e Sandra Faraj (SD) empregam, no total, pelo menos 36 integrantes de suas respectivas igrejas, entre frequentadores, cantores e líderes religiosos. Todos ocupam cargos comissionados — de confiança — nas salas onde desempenham as atividades regulares. Há, ainda, outras dezenas de pessoas que compartilham da mesma religião nos escritórios. Remunerados com salários entre R$ 3 mil e R$ 18 mil, esses profissionais são a base de apoio que os elegeu, além de potenciais cabides eleitorais na corrida pelas eleições de 2018.

Conforme previsto na Constituição Federal, esses servidores desempenham funções de assessoria, direção e chefia. Cada parlamentar pode lotar até 23 comissionados no gabinete. Os distritais, inclusive, têm carta branca para escolher quem trabalha nesses postos: não há sequer critérios acadêmicos a serem seguidos.
Sandra Faraj (SD), acusada por um ex-comissionado do gabinete e membro da igreja na qual ministra cultos, o Ministério da Fé, de embolsar R$ 150 mil em verba indenizatória —  valor que deveria ser repassado à agência de comunicação e tecnologia Netpub pela prestação de serviços —, dá espaço a, pelo menos, nove integrantes do templo no gabinete. Kátia Siqueira é a funcionária com o maior salário: R$ 17.924,21. O pastor do Ministério da Fé Sandro Soares também está lotado ali. Ele recebe R$ 9.015,04 por mês.
 
[são tantas as fraudes na Câmara Legislativa do DF = 'casa do espanto' = CLDF (a propósito essas quatro letras formam também um outro nome para a Câmara Legislativa do DF e que tem muito a ver com a atividade paralela que a maior parte dos deputados distritais gostam de exercer.)

A inutilidade, a desonestidade, a incompetência da maior parte dos deputados distritais do DF é tamanha que justifica a pergunta: qual a razão da 'constituição cidadã',  a nossa Constituição Federal em que abundam os direitos e faltam os deveres,  ter optado por conceder autonomia política ao DF?

Permanecesse o esquema governador indicado e os assuntos legislativos cuidados por uma Comissão formada por três senadores, os contribuintes estariam livres de sustentar uma inutilidade que custa milhões e milhões e a quase totalidade do que legisla não tem serventia e sempre cria mais despesas.

Como bônus pela inexistência da CLDF os contribuintes teriam se livrado de ser governado por coisas como Agnelo, Rollemberg, Cristovão Buarque (Cristovão anda meio esquecido, mas ele está entre os primeiros governadores do DF e seu desempenho no exercício do cargo  mostrou que foi um erro conceder autonomia política ao DF; 

Cristovão não é lembrado só por ter sido demitido do ministério do Lula por telefone, mas, foi ele também que deixou a invasão chamada 'estrutural' crescer e se transformar no monstrengo que é hoje.) 

Além de todos os males que sua existência traz, a CLDF tem de destacado pela profusão de  deputados que usam o cargo em causa própria, para favorecer parentes, empregar pessoas pelo critério de pertencerem a mesma igreja - prática nojenta e que é monopólio dos parlamentares chamados 'evangélicos' - e a maior parte dos que usaram o cargo para se apropriar criminosamente do dinheiro público é formada por evangélicos - apenas um exemplo: Benedito Domingos, uma liderança evangélica até preso esteve por usar recursos públicos em seu beneficio e de familiares.

É tempo de algum deputado federal ou senador apresentar uma PEC cassando a autonomia política do DF e com isso cortando o mal pela raiz:
- se tirava dos ladrões uma oportunidade para assaltar o erário; e,
- se economizava milhões com salários de distritais e de centenas de funcionários da CLDF.]

Líder do governo no Legislativo local, Rodrigo Delmasso emprega, no gabinete parlamentar, situado no 2º andar da Casa, 15 membros da Sara Nossa Terra, onde costuma pregar. Desses, seis são pastores ou bispos nessa igreja e recebem vencimentos brutos entre R$ 3 mil e R$ 18 mil. San Thiago Rodrigues da Cunha, que coordena o gabinete itinerante, além de fiscalizar projetos, é remunerado com R$ 11.129, 69. A única a receber mais do que ele é Vanessa Ribeiro de Mattos Barbosa Malafaia, chefe de gabinete do distrital e também pastora no templo cristão, cujos vencimentos são de R$ 17.924,51.

Dois andares acima, no gabinete de Bispo Renato Andrade (PR), [é necessário colocar aspas em "bispo" já que esse evangélico nunca foi, não é e nunca será bispo; usa o título indevidamente. estão lotados, pelo menos, cinco bispos ou pastores, além de 10 fiéis que compartilham a religião evangélica. Desses, no entanto, apenas dois frequentam a igreja Abençoando as Nações, criada pelo parlamentar.  O distrital também é o fundador da Federação Nacional das Igrejas Cristãs (Fenaic). Com a remuneração mais alta do gabinete, o pastor Dionísio Martins de Melo embolsa, mensalmente, R$ 17.924,21 para cuidar da produção de materiais audiovisuais relativos ao deputado. O pastor Adilson Lopes da Luz angaria a mesma quantia, no posto de coordenador de equipe e do gabinete itinerante. [esse "bispo" é tão sem noção que cogitou de apresentar um estúpido projeto proibindo os ônibus urbanos do DF circularem com passageiros em pé; felizmente ele vomitou a excrescência em local apropriado e o projeto sumiu.]

O escritório do deputado Julio Cesar, pastor da Universal do Reino de Deus, concentra pelo menos 10 fiéis, entre pastores, bispos e assíduos frequentadores do templo. Depois do ex-presidente da Fundação Republicana do Brasil (FRB), filiada ao PRB, Joaquim Mauro da Silva, cuja remuneração chega a R$ 17.924,51, o mais bem pago do gabinete é o pastor Rusembergue Barbosa de Almeida, responsável pela análise de projetos da liderança. Os vencimentos dele chegam a R$ 10.016,52.

Justificativa
Ao Correio os quatro parlamentares asseguram a aptidão dos profissionais para as funções. Em nota, Sandra Faraj informou que os empregados cumprem critérios técnicos. “Naturalmente, com o convívio e a proximidade, identificamos essas pessoas na igreja”, alegou. Bispo Renato Andrade esclareceu que “nenhuma pessoa em seu gabinete foi contratada por credo religioso, raça ou etnia, e sim por competência para o exercício do cargo”.

O distrital Rodrigo Delmasso alegou que “todas as pessoas empregadas em seu gabinete possuem qualificação”. E ressaltou: “Prova de que os funcionários têm qualidade é o fato de o meu gabinete ser um dos mais produtivos da Câmara”. Em nota, a assessoria de Julio Cesar afirmou que, para nomear comissionados, o parlamentar analisa critérios técnicos, independentemente da crença religiosa. “Por ser evangélico, é normal que eu tenha profissionais que compartilhem da mesma ideologia. Porém, há diversos servidores de outras religiões no gabinete”, destacou.

Entre os funcionários citados, apenas três ocuparam cargos públicos sem a bênção de um dos quatro distritais. São eles: Rusembergue, Joaquim Mauro e Vanessa Malafaia.
[Esclarecimento aos nossos dois leitores, 'ninguém' e 'todo mundo':
Nada temos contra os seguidores de qualquer religião ou seita.
Os que colaboram com o Blog Prontidão Total se abstém de analisar a conduta das pessoas com base em critérios religiosos.
Mas, isso não nos desobriga do DEVER de apontar casos de desonestidade, incompetência - especialmente, sem limitar,  quando os autores são funcionários públicos, portanto, pagos pelos contribuintes - e não somos responsáveis pela  predominância de desonestos e incompetentes entre os ditos 'evangélicos'.
Lamentamos que a incompetência do eleitor na escolha dos seus governantes ou representantes somada a leniência com que a maior parte das igrejas evangélicas seleciona seus membros, quase sempre resulte em prejuízos para os contribuintes e na 'queima' da imagem das igrejas sob comento.]
Distrital: Bispo Renato Andrade (PR)
Igreja: Abençoando as Nações
Número de comissionados que frequentam o mesmo templo: 2
Distrital: Julio Cesar (PRB)
Igreja: Universal do Reino de Deus
Número de comissionados que frequentam o mesmo templo: 10
Distrital: Rodrigo Delmasso (Podemos)
Igreja: Sara Nossa Terra
Número de comissionados que frequentam o mesmo templo: 15
Distrital: Sandra Faraj (SD)
Igreja: Ministério da Fé
Número de comissionados que frequentam o mesmo templo: 9
Fonte: Correio Braziliense