Alexandre Garcia
Desde a antiga Grécia — se atribui a Ésquilo — diz-se que na guerra a
primeira vítima é a verdade.
Pois é o que estamos vendo, cada vez mais, à
medida em que se aproxima o dia decisivo, na guerra eleitoral. A
verdade é vitimada todos os dias. No debate na Band, foi uma enxurrada
de mentiras. A mitomania está em seu ponto alto. Pior que a mentira
deslavada, que todos percebem, é a mentira disfarçada de informação,
camuflada como se fato fosse.
César Maia criou o verbete factoide: tem
forma de fato, mas não é fato; é o fato deformado, adulterado, para
enganar quem simplesmente o engole passivamente, sem verificar se está
engolindo informação envenenada.
O TSE fez campanhas contra isso, mas, como estamos
vendo, não tiveram efeito desejado. Já participei de 24 eleições e vi
muitas outras, desde 1945 — a primeira depois da ditadura. Mas nunca
encontrei tanto baixo nível como agora. Portanto, as campanhas da
Justiça Eleitoral não deram resultado, anuladas pela alta temperatura
emocional da campanha.
Além disso, o TSE vem sendo mobilizado pelos
partidos todos os dias, não apenas contra calúnias, injúrias e
difamações, mas contra fatos do passado e do presente.
E a Justiça
apressada acaba fazendo censura, o que é proibido pela Constituição, no
art. 220. Por exemplo, na informação jornalística dos cumprimentos do
ditador Ortega a Lula, que é notícia e não fake news; ou o caso de um
documentário da Brasil Paralelo.
Agora, o baixo nível desceu mais, com os tiros contra o
veículo do candidato Tarcísio em Paraisópolis, São Paulo. Se foi
atentado planejado — e já estavam prevenidos para isso, ante indícios —
ou bloqueio para não entrar, não importa; acaso é que não foi.
Não foi o
caso de um tiroteio em que o candidato decidiu intrometer-se entre dois
fogos.
O fato é que, se o veículo não fosse blindado, Tarcísio poderia
estar ferido ou morto. O episódio faz lembrar do 6 de setembro de 2018,
quando Adélio Bispo enfiou uma faca na barriga do candidato Bolsonaro,
que só sobreviveu porque foi atendido imediatamente por cirurgiões
competentes da Santa Casa.
O triste é que o fato de Paraisópolis, que impediu a
entrada do candidato ao governo de São Paulo se junta ao do Complexo do
Alemão, visitado pelo candidato à Presidência Lula, dias antes.
Revela a
existência de territórios dominados pelo crime, em que a lei brasileira
não entra. O ministro Fachin e o Supremo contribuíram para agravar
isso, ao impedir a entrada da polícia em tempos de pandemia.
São
santuários do crime, territórios "liberados", em que o poder criminoso
permite a entrada de um candidato [caso do Complexo do Alemão, em que o descondenado petista entrou livremente e se jactando de não necessitar de colete para entrar em territórios dominados por criminosos - por falar em bandidos, o descondenado teve votação maciça em todos os presídios em que houve eleições.] bloqueia a entrada de outro.
Quer
dizer, é o crime participando ativamente da campanha eleitoral. Isso
levanta uma terrível pergunta: tem a Justiça Eleitoral o poder de
garantir voto livre aos eleitores que moram nessas comunidades dominadas
pelo crime?
Ou lhes será imposto o candidato que interessa às
organizações criminosas? [entendemos que que será imposto o candidato escolhido pelos criminosos - obedecendo cegamente a máxima que adotaram quando, nos presídios, votaram maciçamente no candidato do perda total = PT = ' bandido vota em bandido ..."]
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense