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segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

A surpreendente advertência de Putin - Fernão Lara Mesquita

Citado em artigo de Jordan Peterson,  que remete a tradução de discurso recente do ex-chefe da policia política soviética (NKVD) e presidente eterno da Rússia publicado no site http://MEMRI.org
“Os advogados do auto-proclamado ‘progresso social’ acreditam que estão empurrando a humanidade para um nível de conscientização novo e melhor. Benza Deus, hasteiem-se as bandeiras, toda a força à frente. A única coisa que eu quero lembrar é que não há nada de novo nisso. Pode ser surpresa para muita gente, mas a Rússia já esteve lá. 
Depois da revolução de 1917 os bolchevistas, confiando nos dogmas de Marx e Engels, também diziam que iam mudar todos os comportamentos e costumes, e não apenas os políticos e econômicos; queriam mudar a própria noção de moralidade e os fundamentos de uma sociedade saudável. 
A destruição de valores solidamente estabelecidos e das relações entre as pessoas até o limite da completa destruição da família (que nós também tivemos), o encorajamento para que as pessoas denunciassem seus entes queridos, tudo isso foi saudado como progresso e, por sinal, foi amplamente festejado pelo mundo afora; estava tão na moda quanto está hoje. 
E os bolchevistas, nunca é demais lembrar, também eram radicalmente intolerantes com quaisquer opiniões que não fossem as suas próprias.
Tudo isso deveria vir à nossa mente diante do que estamos vendo hoje. Olhando o que está acontecendo em tantos países do Ocidente fico embasbacado de ver de volta as práticas que eu espero que nós tenhamos abandonado para sempre num passado distante. A luta pela igualdade e contra a discriminação transformou-se numa forma agressiva de dogmatismo que beira o absurdo, quando as obras dos grandes autores do passado, como Shakespeare não podem mais ser ensinadas nas escolas e universidades porque suas ideias passaram a ser condenadas como atrasadas. Os clássicos agora são acusados de atraso e ignorância da importância do gênero ou da raça. 
Hollywood distribui panfletos decretando qual a forma correta de contar uma história e quantos personagens de cada raça e gênero deve haver em cada filme. 
Tudo isso vai muito mais longe do que foi, lá atras, o Departamento de Agitprop do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética”.

Fernão Lara Mesquita - O Vespeiro 

Transcrito por: Blog Prontidão Total


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Rússia: o imenso poder da FSB, a nova KGB sob o comando de Putin

Em reportagem, o The Guardian descreve a polícia de Vladimir Putin – a FSB – como sendo muito mais do que um simples órgão de segurança, pois combina funções de polícia e de rede de espionagem, com um poder talvez superior ao das antigas Checa de Lênin, NKVD de Stalin e  o KGB.

Putin é o verdadeiro restaurador do poder das antigas polícias secretas, agora sob a sigla FSB. Muitos de seus colegas no ex-KGB estão hoje no coração da Nomenklatura de oligarcas que governam as imensas empresas do Estado. Os espiões que agem no exterior prestam conta a uma agência especial: a SVR, na qual a FSB tem um poder extraordinário, segundo confessaram agentes pegos pela contraespionagem americana.

As fronteiras estão desde 2003 sob o controle da FSB, com poderes arbitrários. A FSB também está encarregada de combater os “crimes econômicos”, assediando os suspeitos de contatos com o exterior.

 A agência ainda tem seu quartel-general exatamente no famoso Lubyanka, o prédio central de Moscou sinistramente notório por conta da repressão e dos assassinatos praticados pelo KGB na era soviética.  O número de agentes é um segredo de Estado, mas o especialista Andrei Soldatov estima que sejam pelo menos 200 mil.

Para The Guardian, as histórias da NKVD, a polícia política de Stalin, ajudam a compreender o jeito de governar de Vladimir Putin, admirador de Stalin.  Hoje nenhum manual escolar russo fala dos “crimes” de Stalin, só se mencionam os “erros”.  O anúncio de construir um monumento a essas vítimas em Moscou desencadeou um terremoto nas esferas oficiais, pois é raro algum russo não ter um antepassado morto ou deportado.
“O problema é que Putin não pode admitir que o Estado russo é um Estado criminoso”, disse Yan Rachinsky, co-presidente da Memorial, a maior organização independente que estuda os crimes do socialismo soviético.

Há alguma chance de que poucos nomeados na lista de Andrei Zhukov ainda estejam vivos.
“Nós não vamos chamar a todos de criminosos, mas precisamos reconhecer a natureza criminosa da organização e a natureza criminosa do Estado naquela época”, disse Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sobre a NKVD e a URSS.

Um deputado nacionalista ligado a Putin tenta levar a Memorial ante os tribunais sob a alegação de que promove a inimizade social.  A descoberta em um porão de Moscou de 34 esqueletos mortos com um tiro na nuca durante o Grande Terror produziu o primeiro choque em 2007, segundo o The GuardianA descoberta foi feita durante a reforma de uma mansão aristocrática na Rua Nikolskaya 8/1, entre a Praça Vermelha e o Lubianka.

Em 1937, a NKVD mandava matar uma média de mil pessoas por dia, incluindo antigos bolchevistas, chefes de partidos, oficiais do exército, “elementos etnicamente perigosos” e proprietários.  Putin não quer que isso seja bem conhecido. A incógnita é: o que ele, admirador dos métodos pragmáticos de Stalin, fará se perceber que o povo russo não o acompanha em suas aventuras? Como pensa usar a fabulosa máquina repressiva da FSB em caso de necessidade para se manter no poder?

https://flagelorusso.blogspot.com.br/

Nota do Editor: Para mais informações sobre a FSB, leia também KGB é o Estado, de Carlos Azambuja, e demais artigos da categoria Desinformação.


domingo, 1 de outubro de 2017

NKVD: Assassinos chefiados por Stalin têm seus nomes divulgados


A partir de 1993, Andrei Zhukov percorreu, pelo menos três dias por semana durante duas décadas, os arquivos de Moscou, vasculhando hora após hora as pilhas de ordens emanadas pela NKVD, a polícia secreta de Joseph Stalin, continuada pela KGB onde se formou Vladimir Putin. Ele procurou e encontrou muitos nomes de oficiais e seus respectivos cargos hierárquicos na organização.


 Grupo de agentes da NKVD.

Foi a primeira pesquisa metódica sobre os homens que executaram oGrande Terror” de Stalin entre 1937 e 1938. Nesse período da ditadura socialista foram presas pelos menos 1,5 milhão de pessoas, 700 mil das quais foram friamente fuziladas.  Na verdade, não foi o primeiro estudo sobre os líderes da NKVD e seus monstruosos crimes. Mas sim o primeiro a identificar os investigadores e os algozes que cumpriram a sádica missão.
E na lista há mais de 40 mil nomes!

Zhukov disse que não agiu por motivações políticas: “Eu sempre fiquei interessado em coisas secretas ou difíceis de achar.”  “Comecei isto apenas com um instinto de colecionador”, disse, segundo o jornal  The Guardian, de Londres.”
Mas os historiadores perceberam a importância de seu trabalho. A organização Memorial, a mais importante em recuperar a lembrança das vítimas chacinadas e dos locais de horror onde passaram seus últimos dias, publicou um CD com o banco de dados dos nomes e o postou na Internet.  Foram anos de meticuloso trabalho porque a polícia secreta tinha uma ampla faixa de atividades além das prisões e execuções.
“Não todos na lista foram açougueiros, até alguns foram assassinados por não executarem os crimes ordenados.  “Mas a vasta maioria estava ligada ao terror”, comentou Yan Rachinsky, co-presidente de Memorial.


Vala comum de vítimas de Stalin em Levashovo, São Petersburgo.
Muitos russos querem saber o destino final de seus antepassados.

Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sublinhou que “trabalhar na NKVD era prestigioso.  “Nos inícios dos anos 1930, marcados pela pobreza e pela fome, recebia-se para comer bem e ganhava-se um belo uniforme.
“Aqueles que entravam não sabiam que dentro de cinco anos estariam sentenciando milhares de pessoas à morte”, acrescentou.

O banco de dados de Memorial sobre as vítimas da repressão socialista soviética contém por volta de 2.700.000 nomes e mais 600 mil devem ser acrescentados ao longo de 2017.
Rachinsky acha que uma lista completa somaria aproximadamente 12 milhões de nomes, incluindo os deportados ou sentenciados por razões políticas. Acrescenta-se que em algumas regiões os algozes locais nunca confeccionaram listagens das vítimas, enquanto em outras os arquivos permanecem fechados.
 Cenotáfio aos religiosos assassinados em Levashovo.

O jornalista Sergey Parkhomenko lançou a campanha Endereço Final, instalando alguns milhares de placas onde morreram vítimas do socialismo stalinista para lhes render uma derradeira homenagem. Dos 40 mil agentes registrados por Zhukov, cerca de 10% acabaram sendo executados, encarcerados ou enviados aos campos de concentração.
Alguns voltaram quando Stalin precisou de homens para combater na II Guerra Mundial. Até ganharam medalhas ou se dedicaram a cometer mais homicídios.

http://flagelorusso.blogspot.com