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domingo, 6 de novembro de 2022

Ladeira abaixo rumo a Praça Vermelha - Dartagnan Zanela

Nós não estamos no fim da história. Esse momento turbulento, que agora testemunhamos, é apenas um capítulo de uma jornada que está muito longe de terminar. Penso que é imprescindível que não nos esqueçamos disso.

A jornada humana não é linear, como um documentário cafona, nem retilínea, como um livro de história escrito com letras deselegantes. O traçado da mestra da vida é sinuoso, com avanços rápidos e regressos abruptos e repentinos. Ou, dito de forma lacônica e entojada: o devir humano através do tempo é dialético.

É importante nunca esquecermos que a história é forjada por tensões, boleiras de tensões. Ignorar a presença delas é a receita mais do que perfeita para não compreendermos as correntezas que movem a vida em sociedade.

Para captarmos essas tensões e compreendê-las é imprescindível que sejamos capazes de enxergar a realidade histórica não apenas por meio de nossos olhos, mas também, através do olhar do outro, por meio das razões contrárias às nossas. Dentro das tensões que a movem e forjam a história, nós podemos vislumbrar as possibilidades que estão se desenhando em uma conjuntura e as probabilidades latentes num dado momento.

Diante do exposto, vejamos essa sequência de fatos: 
(1) surgiu um relatório questionando a integridade do pleito. 
(2) O deputado mais votado do país pede que o assunto seja investigado. (3) O deputado é silenciado. 
(4) Os dados do pleito ficam fora do ar.

Frente a esses fatos, podemos perguntar: não. Não podemos perguntar.

Pois é. E se voltarmos os nossos olhos para os regimes políticos que são incensados por aqueles que consideram o ato de levantar uma dúvida como sendo um crime imperdoável, veremos, com clareza apolínea, para que direção os [supostos] defensores da democracia querem empurrar todos nós e, pela audácia e petulância expressa recentemente, tudo indica que será um tremendo de um empurrão ladeira abaixo.

E quando chegarmos lá no fundo, os vencidos serão calados e não mais poderão escrever a lauda da história que lhes caberia, porque serão considerados "cristofascistas" e "anti-democráticos".

Dartagnan Zanela - Autor 

 

terça-feira, 1 de março de 2022

Putin recorre à ameaça nuclear porque vai mal, e não porque vai bem - Mundialista - VEJA

 Vilma Gryzinski

Ele é cínico ou fanático? Fatos apontam para a primeira opção, o que traz algum alívio para o mundo num momento de tanta tensão que faz pensar no impensável

Exibicionismo: míssil que pode transportar ogiva nuclear desfila na Praça Vermelha, como prova de força - Mikhail Svetlov/Getty Images  

Não vai haver guerra nuclear. Por incrível que pareça, é preciso dizer isso diante do estado de ansiedade que Vladimir Putin provocou com insinuações de uso de armas nucleares.

Só de colocar a carta nuclear na mesa, Putin já está criando uma situação sem precedentes. Nem nos piores momentos da Guerra Fria líderes soviéticos usaram do mais extremo recurso retórico. Putin e seus asseclas estão falando grosso porque a invasão da Ucrânia e as sanções mais fortes do que o previsto colocam o regime russo em situação ruim.

O caso da Suíça, com seu histórico de neutralidade até durante a II Guerra mundial, já virou um exemplo da repulsa que a invasão de um país inocente está provocando ao aderir às sanções decretadas pela União Europeia. Da Shell à Fifa, os boicotes se multiplicam, atingindo interesses que pareciam inamovíveis.

Putin insinuou um estado de tensão pré-nuclear no domingo, dizendo que os responsáveis pelo arsenal nuclear russo haviam sido colocados em “prontidão especial de combate”. Com o puro ato de vocalizar estas palavras, ele exigiu que os Estados Unidos também subam o nível de alerta – o que foi desmentido pela Casa Branca, com o objetivo específico de não alimentar as tensões.

Ontem, o porta-voz Dmitri Peskov disse, sem citar nomes, que a escalada era culpa da secretária das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss. A ministra quer ser vista como uma nova Margaret Thatcher, mas não falou nada de excepcional. Disse que se o expansionismo de Putin não for tolhido na Ucrânia, “vamos ver outros sendo ameaçados – Bálticos, Polônia, Moldova, e isso pode terminar num conflito com a Otan”.

É tudo verdade, embora a linguagem seja pouco diplomática, uma exceção compreensível diante de circunstâncias extremas como uma guerra anexacionista. Explorar declarações de líderes estrangeiros para escalar o tom de confronto entre países ocidentais e Rússia é uma das provas de cinismo em que Putin é mestre. O perigo verdadeiro seria ele ter se fanatizado ao longo de 22 anos no poder, a ponto de imaginar uma situação em que a Rússia, atacada, reagiria com as “armas do fim do mundo”, a tríade de ogivas nucleares em mísseis, aviões e submarinos. Ou até tomaria a iniciativa – a essa altura, todas as especulações são possíveis. 

O discurso inacreditavelmente belicoso de Putin – é a segunda vez em uma semana em que ele evoca o uso potencial de armas nucleares – contradiz os princípios do “equilíbrio do terror”,  a admissão recíproca das duas superpotências da Guerra Fria de que a destruição mútua garantida (MAD, em inglês) seria o resultado inevitável de um conflito nuclear. Mesmo que uma das partes atacasse primeiro, a outra disporia de formas de reagir, levando a hecatombe nuclear ao adversário. Diversos tratados de controle dessas armas estabeleceram tetos para seu número, mas mantiveram a múltipla capacidade de destruição do planeta.

A Rússia ficou com todo o arsenal soviético depois do fim da URSS – inclusive os mísseis que eram baseados na Ucrânia antes que ela se tornasse um país independente. Herdou também a tradição de desfilar mísseis com capacidade nuclear na Praça Vermelha – uma exibição de força que os Estados Unidos nunca fizeram.

Hoje, são 6 200 ogivas nucleares, das quais 1 456 em vetores estratégicos, ou seja, com capacidade de atingir os Estados Unidos, que tem  5 600 dessas armas de destruição em massa.

Existe uma espécie de consenso entre especialistas de que Putin está falando em arsenal nuclear como uma medida preventiva: quer garantir que não haverá nenhuma intervenção militar estrangeira na Ucrânia, um princípio declarado especificamente por Joe Biden, apesar da grande quantidade de material bélico que está sendo enviada para a Ucrânia.

Mas o que aconteceria se a guerra entrasse numa escala muito maior, com grande número de civis mortos, o presidente Volodimir Zelenski – a esta altura, um herói global [a classificação nos dá a certeza que o mundo anda carente de heróis!!! notório que o presidente ucraniano arrumou uma guerra que esperava fosse realizada por outros... e ferrou o povo ucraniano...]fuzilado e outras atrocidades, como o uso armas de grande capacidade de destruição, mesmo convencionais?

É importante notar que, até agora, as tropas invasoras estão tendo um comportamento contido, sem recorrer à tática de terra arrasada e bombardeios indiscriminados, muito provavelmente para passar uma imagem menos maligna.  Tudo isso pode mudar com uma única ordem de Putin, se vislumbrar algum sinal de que o exército russo está sendo desmoralizado. “Eu hoje estou mais preocupado do que há uma semana”, resumiu para o Vox o diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos, Hans Kristensen.

“Nada na doutrina nuclear da Rússia justifica isso”, acrescentou, falando sobre o estado de alerta das forças nucleares. Ben Wallace, oficial da reserva que hoje é secretário da Defesa do Reino Unido, disse como explicou a seu filho de doze anos que “não vai haver guerra nuclear”.“O presidente Putin que distrair atenções do que está dando errado na Ucrânia e quer lembrar a todos nós que tem um poder nuclear dissuasivo”.

Há uma semana, ninguém estava tendo que explicar isso para os filhos.

[o conflito Rússia x Ucrânia está ocorrendo da forma padrão em qualquer conflito; todos sabem que não vai haver guerra nuclear - Putin não pretende usar armas atômicas, nem a Otan (Estados Unidos e companhia). Ousamos afirmar com segurança que NÃO HAVERÁ GUERRA NUCLEAR pela mais simples das razões = minutos após iniciada, não haverá mais mundo = até os silos nucleares serão destruídos - são resistentes, mas os locais onde estão serão destruídos. Destruição que inclui o planeta Terra e tudo sobre ele.
Crimes que Putin cometeu: (segundo a mídia militante) = ter recebido o presidente Bolsonaro - recepção de um estadista a um igual - e os dois terem bom relacionamento. ]

Vilma Gryzinski - Blog Mundialista - VEJA 

 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

De máscara e testado para Covid, Bolsonaro desembarca em Moscou - O Globo

Jussara Soares

Presidente brasileiro inicia visita em meio à tensão sobre Ucrânia

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou na Rússia nesta terça-feira pouco depois das 10h, horário de Brasília. Ele saiu do avião presidencial usando máscara, acessório que costuma ignorar quando está no Brasil. Bolsonaro vai se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira e, para isso, teve de se submeter a teste de Covid-19, atendendo as exigências sanitárias do governo local. 

Presidente Bolsonaro chega a Moscou Foto: Reprodução                                              
 Presidente Bolsonaro chega a Moscou Foto: Reprodução

Bolsonaro foi recebido pelo vice-ministro das Relações Exteriores, embaixador Sergey Ryabkov, e pelo diretor do Departamento de Protocolo Estatal, embaixador Igor Bogdashev. Ele foi do aeroporto ao hotel Four Seasons, na Praça Vermelha, aonde chegou pouco antes das 11h de Brasília, tendo entrado por uma porta lateral.

Na manhã desta terça, o governo russo anunciou a retirada de parte das tropas militares na fronteira com a Ucrânia. Não está claro, porém, quantos soldados serão retirados. A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças.

Artigo:Bolsonaro na Rússia é ruim para o Brasil, mas bom para sua campanha

Além disso, pouco depois do anúncio, o Ministério da Defesa russo anunciou planos de realizar exercícios navais no Mediterrâneo, com o envio de bombardeiros e jatos equipados com mísseis hipersônicos para a base do país na Síria.

Por causa das tensões e dos alertas emitidos pelos EUA e por outros países do risco de uma invasão iminente da Rússia na Ucrânia, a visita de Bolsonaro foi alvo de críticas. Como havia um temor de auxiliares da Presidência de que a agenda bilateral com Putin pudesse ser mal avaliada pela Casa Branca, Bolsonaro foi aconselhado a pregar a paz e uma solução diplomática em todas suas declarações durante a estada em Moscou.

Diplomatas brasileiros argumentam que o convite de Putin foi feito antes mesmo da crise ganhar maiores proporções, lembrando repetidamente que os dois países têm relações comerciais que justificam o encontro com Putin, previsto para ocorrer na quarta-feira entre 13h e 15h no horário local.

Nas redes sociais, Bolsonaro publicou, pouco antes das 8h, que já estava no espaço aéreo russo. Ele também divulgou uma imagem mostrando a notícia de que a Rússia anunciou o retorno de algumas tropas que tinham sido enviadas para a fronteira com a Ucrânia.

'Todo mundo tem problemas'
Na segunda-feira, Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão minimizaram a tensão entre Rússia e Ucrânia, e defenderam a realização da viagem. Em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que quer a paz, mas disse que "o mundo todo tem seus problemas" e citou vários exemplos históricos de um país anexando terras de outro. Bolsonaro não mencionou a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, mas citou outros episódios:

— O mundo todo tem seus problemas. Se você começar a querer resolver o problema dos outros... O que for possível, a palavra lá é de paz para ajudar, tudo bem. Mas sabe o que está em jogo, não vou entrar em detalhes aqui. Temos problemas. A Argentina tem problemas com as Malvinas. No passado tivemos problemas, perdemos o Uruguai, ganhamos o Acre. Hoje a Venezuela quer a região de Essequibo, na Guiana. O americano mesmo pegou alguns estados do México no passado. A gente quer a paz, mas tem que entender que todo mundo é ser humano. Vamos torcer. Se depender de uma palavra minha, o mundo teria a paz — disse Bolsonaro.

O presidente reconheceu o "momento difícil" na região, mas defendeu a realização da viagem: — Temos a viagem à Rússia. Sabemos do momento difícil que existe naquela região. Temos negócios com eles, comerciais. Em grande parte, o nosso agronegócio depende dos fertilizantes deles. Temos assunto para tratar sobre defesa, sobre energia. Muita coisa para tratar. O Brasil é um país soberano. Vamos torcer pela paz lá, que dê tudo certo.

Também na segunda, Mourão disse não ver problemas na viagem de Bolsonaro. Segundo ele, o que há na região é um "jogo de pressão" envolvendo Rússia, Ucrânia e a Otan, que é a aliança militar com os Estados Unidos à frente. O vice-presidente avalia que o cenário vai ficar apenas nesse jogo de pressão.

Semana passada, o presidente da Argentina [Alberto Fernández] esteve lá [na Rússia]. Zero trauma. Não vejo problema. Essa tensão que está ocorrendo é fruto aí das pressões de ambos lados, entre a Rússia, a própria Ucrânia que está imprensada, e óbvio o pessoal da Otan, com os Estados Unidos à frente. Na minha opinião, vai ficar nesse jogo de pressão. Então a viagem do presidente lá é só um dia. Sem maiores problemas — disse Mourão.

Mundo - O Globo


sexta-feira, 15 de junho de 2018

O ópio do povo

Apropriando-se de uma máxima do idealizador do comunismo Karl Marx, que dizia que a religião é o ópio do povo, o genial Nelson Rodrigues acusava os esquerdistas modernos de acharem que o futebol, sim, é o ópio do do povo. Bem quisera Vladimir Putin que a frase de Nelson, não a de Marx, fosse verdadeira na Rússia de hoje, quando começa para valer a última etapa do seu projeto de “soft power” em relação à Copa do Mundo de futebol.

Sem grandes expectativas por parte da população, descrente da seleção depois de uma série de derrotas, Putin sabe que o objetivo não pode ser entregar a Taça ao capitão russo Akinfeev, já considerado o pior goleiro da Liga dos Campeões, mas sim entregar ao mundo uma Copa bem organizada e sem problemas de violência, comuns aos torcedores russos, e riscos para a segurança das delegações e de milhares de autoridades e turistas que vão chegando à Rússia.

O fracasso da seleção russa é tamanho que um famoso jornalista de televisão iniciou campanha de autoestima denominada “o bigode da esperança” com base no bigode do técnico Stanislav Cherchesov.  Atribui-se a Putin uma improvável manobra no sorteio das chaves da Copa para que o jogo inicial fosse contra um time inofensivo. Deu Rússia e Arábia Saudita, a única seleção que tem piores resultados que os dos anfitriões. 

Coincidência ou não, esta será apenas uma das três Copas em que o jogo de abertura não tem um país campeão em campo. Em se tratando de FIFA e de Putin, tudo é possível, no entanto. Além da Arábia Saudita, a chave dos anfitriões tem ainda o Egito, dois países de maioria muçulmana que se encontram em posições distintas na guerra da Síria em relação à Rússia, que apóia a Bashar Al Assad: enquanto a Arábia Saudita opõe-se ao líder sírio, o Egito tem posição mais cautelosa. O Egito, no entanto, pode causar danos irreversíveis a Putin na Copa do Mundo. Como uma das duas vagas do grupo deve ficar com o Uruguai, a disputa da segunda ficará provavelmente entre Rússia e Egito, que tem no jogador Salah um diferencial que pode eliminar a seleção anfitriã ainda nas oitavas. [Atualizando: Egito perdeu para o Uruguai, 1 a 0 e a Rússia venceu a Arábia Saudita por 5 a 1.]

Cercado de símbolos capitalistas, o passado comunista da União Soviética que Putin ajudou a enterrar cisma de estar presente, como em frente ao estádio de Lujiniki, onde uma estátua de Lenin tem que conviver com uma grande propaganda da Coca-Cola. Em tudo semelhante ao filme alemão “Adeus Lenin”, que conta as dificuldades de um filho que tenta mudar a realidade para proteger a mãe, uma comunista radical que sai do coma após um ano, e não suportaria visões chocantes para ela, como a queda do Muro de Berlim e um grande cartaz da Coca-Cola em frente a seu prédio.

Na Rússia de hoje, essa convivência não é evitada, ao contrário, tornou-se mais um atrativo turístico. Foi-se a época em que Yeltsin queria retirar da Praça Vermelha o mausoléu de Lenin, para enterrar literalmente esse passado. Putin, ao contrário, mandou restaurar a múmia e a recolocou novamente onde os turistas possam visitá-la. A festa de abertura da Copa terá a presença de Ronaldo Fenômeno, na impossibilidade de Pelé comparecer devido a problemas no quadril. Putin, aliás, apostava muito na presença de Pelé, com quem se abraçou na cerimonia de sorteio das chaves da Copa do Mundo. A abertura será a cerimonia mais breve das últimas Copas no estádio de Lujiniki, reformado ao custo de R$ 1,4 bilhão, com acusações de superfaturamento. O mesmo que aconteceu com o nosso Maracanã.


Merval Pereira - O Globo



sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Rússia: o imenso poder da FSB, a nova KGB sob o comando de Putin

Em reportagem, o The Guardian descreve a polícia de Vladimir Putin – a FSB – como sendo muito mais do que um simples órgão de segurança, pois combina funções de polícia e de rede de espionagem, com um poder talvez superior ao das antigas Checa de Lênin, NKVD de Stalin e  o KGB.

Putin é o verdadeiro restaurador do poder das antigas polícias secretas, agora sob a sigla FSB. Muitos de seus colegas no ex-KGB estão hoje no coração da Nomenklatura de oligarcas que governam as imensas empresas do Estado. Os espiões que agem no exterior prestam conta a uma agência especial: a SVR, na qual a FSB tem um poder extraordinário, segundo confessaram agentes pegos pela contraespionagem americana.

As fronteiras estão desde 2003 sob o controle da FSB, com poderes arbitrários. A FSB também está encarregada de combater os “crimes econômicos”, assediando os suspeitos de contatos com o exterior.

 A agência ainda tem seu quartel-general exatamente no famoso Lubyanka, o prédio central de Moscou sinistramente notório por conta da repressão e dos assassinatos praticados pelo KGB na era soviética.  O número de agentes é um segredo de Estado, mas o especialista Andrei Soldatov estima que sejam pelo menos 200 mil.

Para The Guardian, as histórias da NKVD, a polícia política de Stalin, ajudam a compreender o jeito de governar de Vladimir Putin, admirador de Stalin.  Hoje nenhum manual escolar russo fala dos “crimes” de Stalin, só se mencionam os “erros”.  O anúncio de construir um monumento a essas vítimas em Moscou desencadeou um terremoto nas esferas oficiais, pois é raro algum russo não ter um antepassado morto ou deportado.
“O problema é que Putin não pode admitir que o Estado russo é um Estado criminoso”, disse Yan Rachinsky, co-presidente da Memorial, a maior organização independente que estuda os crimes do socialismo soviético.

Há alguma chance de que poucos nomeados na lista de Andrei Zhukov ainda estejam vivos.
“Nós não vamos chamar a todos de criminosos, mas precisamos reconhecer a natureza criminosa da organização e a natureza criminosa do Estado naquela época”, disse Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sobre a NKVD e a URSS.

Um deputado nacionalista ligado a Putin tenta levar a Memorial ante os tribunais sob a alegação de que promove a inimizade social.  A descoberta em um porão de Moscou de 34 esqueletos mortos com um tiro na nuca durante o Grande Terror produziu o primeiro choque em 2007, segundo o The GuardianA descoberta foi feita durante a reforma de uma mansão aristocrática na Rua Nikolskaya 8/1, entre a Praça Vermelha e o Lubianka.

Em 1937, a NKVD mandava matar uma média de mil pessoas por dia, incluindo antigos bolchevistas, chefes de partidos, oficiais do exército, “elementos etnicamente perigosos” e proprietários.  Putin não quer que isso seja bem conhecido. A incógnita é: o que ele, admirador dos métodos pragmáticos de Stalin, fará se perceber que o povo russo não o acompanha em suas aventuras? Como pensa usar a fabulosa máquina repressiva da FSB em caso de necessidade para se manter no poder?

https://flagelorusso.blogspot.com.br/

Nota do Editor: Para mais informações sobre a FSB, leia também KGB é o Estado, de Carlos Azambuja, e demais artigos da categoria Desinformação.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Como fisgar um multimilionário russo

Escolas de sedução na Rússia cobram até €2 mil para ensinar mulheres a conquistarem um marido rico 

O único que quer a russa Helena Poriovska é um marido multimilionário. Pouco importa se é velho, calvo, alcoólatra, obeso. Não é o amor que interessa a essa belíssima loira de 24 anos. Ela quer estabilidade. — Se é capaz e usar com inteligência seus atributos, conseguirá o que todas as jovens russas procuram desde que desapareceu a União Soviética, um oligarca — afirma Vladimir Rasa, “professor de amor” que dá aulas de sexo e sedução em Moscou.

Carro de luxo na Praça Vermelha, em Moscou - Andrey Rudakov / Bloomberg/22-12-2014

Como Helena, são milhares em todo o país. E estão dispostas a tudo para conseguir o homem que vai tirá-las da mediocridade. Segundo Rasa, na nova Rússia capitalista, um país consumido pela obsessão pelo dinheiro e busca por status, “pescar” um candidato ideal é uma aventura cada vez mais complicada.— As mulheres querem um marido que tenha avião privado, iate e um poço de petróleo. Não é impossível, mas para conseguir necessitam qualidades superfantásticas diz Verushka, também professora. 

No subsolo onde trabalham Vladimir e Verushka, perto da Praça Vermelha, as candidatas seguem cursos de “como casar em três meses” ou “sexo oral para especialistas”. “Contraiam os músculos da vagina. Isso provoca a dilatação das pupilas e as deixará mais sexys“, são alguns dos conselhos que a russas anotam.

Como Helena, 40 jovens desembolsaram €300 por seis semanas de cursos noturnos para aprender entre outras coisas como manipular um homem rico. As escolas de sedução são uma das novas — e lucrativas — atividades comerciais para ajudar mulheres a encontrar um lugar na Rússia pós-comunismo.

Desde a época em que Mikhail Gorbachov aplicou sua famosa política de glasnost (transparência), não só floresceram escolas como as de Vladimir e Verushka; também filmes, shows de televisão e livros. A Internet está cheia de ofertas de escolas, de Moscou à Sibéria, com tarifas que vão de €200 a €2 mil.

O machismo russo também contribuiu para as mulheres buscarem a estabilidade no casamento. Na Rússia, muitos empresários não querem empregar mulheres, convencidos de que as obrigações familiares impedem as mulheres de trabalhar corretamente. E aquelas que têm a sorte de obter um trabalho recebem um salário 60% inferior aos dos homens, de acordo com um informe da ONG russa Human Rights House. A atividade de uma bela amante se cotiza em € 4 mil mensais, um apartamento novo, um carro e finais de semana na Turquia ou Egito. Em troca, a escort girl deve estar disponível e sempre feliz.

A contracapa de um popular manual de auto-ajuda, coescrito pela it-girl russa Ksenia Sobchak, diz: — Há suficientes oligarcas na Rússia para conquistar. O equipamento necessário: um sorriso, sentido do humor, otimismo e fervor. Casar com um príncipe? É fácil.

Provavelmente Ksenia exagera. Na última década, o presidente russo, Vladimir Putin, perseguiu, prendeu e exilou muitos dos homens mais ricos do país. Mas segundo Rasa, ainda existem uns 50 multimilionários e 120 mil milionários e alguns senhores com boa situação financeira. A Rússia tem inclusive seu mago oficial para formar casais fora do comum: Piotr Listerman, um personagem meio guru, meio mafioso, organizador de encontros nas esferas mais altas da oligarquia pós-soviética.

Quando não está em bares ou estações de esqui, Listerman atua num programa de televisão chamado As belas e fera. Ele afirma que recebe uns 200 e-mails por dia de mulheres que pedem para ser apresentadas a algum magnata. Seria Listerman o responsável pelo casamento de Ilya Golubovich, filho de um magnata do petróleo com a bela estudante ucraniana Helena, em 2011. Um ano e meio depois se separaram e a Corte de Londres pronunciou a sentença de divórcio concedendo a Helena quase três milhões de libras.

Helena se transformou em ídolo absoluto das pretendentes a gueixa, como Ilena Kurkova, loira, 1,78 de altura.  — No primeiro encontro há algumas regras fundamentais: jamais falar de si mesma e estudar seus passatempos.

E como fazer para conseguir que o candidato comece a dar presentes?
— Quando há algo que te interessa se coloque a sua esquerda, que é o lado emocional. O da direita é o racional — diz Ilena. Mas se as escolas de gueixas russas vendem sonhos, também tentam alertar suas alunas que nem tudo é cor de rosa no duro caminho até os diamantes. Pode ser cansativo — adverte Vladimir. — Os milionários são exigentes. Se ele paga pela sua vida de rainha espera coisas em troca. Pode estar cansada e querer dormir cedo. Mas se ele quer sair terá que subir em teus Louboutin, colocar o melhor sorriso e acompanhá-lo.

Para Listerman “o problema principal são as outras mulheres”.

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