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domingo, 6 de junho de 2021

PROGRESSISTAS OU RETRÓGRADOS? - Sérgio Alves de Oliveira

É preciso que se dê um basta nos corruptores dos dicionários de todas as línguas e países, os quais  têm por hábito se apropriar indevidamente de expressões que não só não correspondem à idéia  que tentam transmitir, mas que além disso  acabam significando  exatamente o oposto, o contrário do sentido que ardilosamente tentam impingir à desatenta “platéia”.

A esquerda, de modo especial, numa concepção com abrangência  histórica, tem sido  “doutora” em fazer uso  dessas “ginásticas” linguísticas que distorcem e corrompem completamente o exato sentido das palavras  e expressões  que emprega.

E tudo começa pela expressão “socialismo”,um substantivo “masculino”, que tecnicamente não deveria passar de uma mera referência ao  “social”, mas que na verdade não tem absolutamente nada a ver com o sentido que lhe emprestam os dicionários ,“ideologizados” em todas as línguas, que “incorporaram” nessa expressão, equivocadamente, uma doutrina política e econômica  que prega a coletivização dos meios de produção e distribuição de renda, mediante supressão da propriedade privada e eliminação  das classes sociais.

Mas a corrupção linguística da esquerda assumiu contornos fora de qualquer razoabilidade,   desde o momento em que  colheu dos dicionários a palavra “progressismo” para ser utilizada  como sinônimo de esquerdismo, socialismo,marxismo,comunismo, gramscismo, socialismo fabiano, marxismo cultural, e por aí afora. Isso porque não poderia jamais haver  “atraso” maior do que a modalidade de “progressismo” que eles inventaram.

Qual o “progresso” dos países, ou de um só país, onde a esquerda tenha se adonado do poder político, geralmente através de métodos violentos? Na verdade o único país do mundo que pode ser considerado “rico”,dentre os países com matriz socialista, é a República Popular da China,cuja população total  é de cerca de 1,4 bilhões de habitantes, dominada pelo Partido Comunista Chinês-PCC, que tem cerca de 80 milhões de filiados, e que se constituem nos privilegiados desse país, na sua “Nomenklatura”, a exemplo daquela que privilegiou os burocratas do regime comunista soviético.

É por esse motivo que a China pode ser tomada como o maior exemplo da mentira que os dicionários escrevem sobre a palavra “socialismo”. Que “socialismo”(chinês) seria esse que comporta   80 milhões de pessoas privilegiadas,a sua “Perestroika”,e uma “massa humana” de 1,32 bilhões de pessoas absolutamente miseráveis? E não seria exatamente  essa enorme população de miseráveis  da China,usada como  mão de obra “escrava”, a principal responsável pela enorme “poupança” acumulada pelo PCC, capaz de estar comprando  mais de metade do mundo,”quebrado”, em “liquidação”, depois  que tiveram suas economias praticamente arrasadas,  justamente pelos maldito vírus “made in China”? Essa “coisa” poderia ser considerada “socialismo”? Por que os dicionários mentem tanto?[quanto à origem do coronavírus, sugerimos a leitura atenta de:  O novo coronavírus veio de um laboratório nos EUA, sugere China - Revista Oeste, ou 

O novo coronavírus escapou do laboratório? As evidências que reforçam esta hipótese - Gazeta do Povo - VOZES

Resumidamente,o socialismo jamais conseguiu fazer em qualquer parte do mundo  um país razoavelmente próspero, desenvolvido,nem uma “justiça social”, como sempre prometeu. Na verdade a riqueza que o socialismo pretende usufruir, e gozar, não é exatamente aquela da qual tenha sido protagonista,responsável,”construtor”,mas aquela que foi erguida com o trabalho,com o esforço, dos “outros”, sejam pessoas, empresas,ou países. É por esse motivo que os nossos irmãos dos  Estados Unidos devem ficar atentos, pois correm o risco objetivo  de terem que entregar de “mão-beijada” o grande país que construiram  com muita luta através dos séculos aos ”parasitas” socialistas que recentemente venceram as eleições nesse país. “Eles” não sabem construir. Mas são  “especialistas” em destruir ou usufruir o que é dos outros. Joe Biden já mostrou a que veio. [Biden representa o mal personificado, encarnado; já adotou medidas favoráveis ao aborto, faz ameaças vãs, pretende adotar legislação que favoreça tudo o que não presta, tudo que é anormal, doentio; = Saddam Hussein, certamente o classificaria e, acertadamente, de o GRANDE SATÃ'.]

Mas tem uns “progressistas” por aí que chegaram a constituir um partido político no Brasil, e que antes usavam a sigla ARENA, que sustentou politicamente o Regime Militar,e depois  passou a ser PDS  (Partido Democrático Social),dentre outras denominações. É o  tal (partido) “PROGRESSISTAS”. Só fico na dúvida a que tipo de “progressistas” eles estariam se referindo.

Mas  pelo que enxergo,  não se tratam dos  “progressistas” de esquerda, como entendidos pelos dicionários,nem de “progressistas” verdadeiros, que  estariam voltados para a prosperidade política,social e econômica do país. Por isso mais parecem formar outra sigla qualquer para igualmente enganar o povo brasileiro.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


domingo, 15 de março de 2020

A esquerda tentando “comer o mundo pelas beiradas” - Sérgio Alves de Oliveira


Não me perdoo da bobagem que fiz, mas  que  na  época me “deu na telha”. Lá pelos anos 60,em plena juventude, especialmente após a “intervenção” dos militares, em 31 de março de 1964, que depôs  o Governo de Jango Goulart, e o  seu projeto comunista de poder , comecei a  ter curiosidade e a me aproximar da  linha ideológica de esquerda, ”pensando” que seria melhor, não só para o Brasil, mas também  para o mundo.   Cheguei a escrever um livro,em 1984, nesse sentido, sempre valorizando a esquerda, que levou o  título  “Que Rumo Tomar? Socialismo?Capitalismo?Ambos?

Mas apesar dos seus inúmeros feitos, enquanto governaram (de 1964 a 1985),  os militares acabaram devolvendo o poder aos políticos, em 1985, apesar dos prognósticos pessimistas, dos então Presidentes Ernesto Geisel, e por último  João Figueiredo,que acertaram “em cheio”, sobre a “tragédia” que iria acontecer com a devolução do poder a essa gente.

Pois “não deu outra”. Com a posse de José Sarney, na Presidência,em 1985 ,do MDB, em eleição indireta, que  na ocasião  era “vice” na chapa encabeçada por Tancredo Neves, que morreu antes de assumir, a esquerda, que estava  de  “quarentena”, durante o Regime Militar, começou a se agitar, retomando  a trajetória esquerdista/comunista , interrompida ,”parcialmente”, pelo episódio cívico-militar, de  31 de março de 1964. Muito espertamente,o Governo Sarney preparou uma grande   armadilha e fraude contra o povo brasileiro, na  busca dos  votos necessários  para eleger uma Assembléia Nacional Constituinte, que iria escrever uma  nova Constituição ,para que fizessem o que “eles” queriam,cujo objetivo  tinha inspiração nitidamente  esquerdista, estabelecendo muitos direitos e “assistencialismos” ,para poucas obrigações e “recursos”correspondentes , o que geraria, com certeza, uma “conta” absolutamente impagável, como realmente aconteceu.

A “armadilha” montada para captar os votos dos “incautos” chamou-se “Plano Cruzado”, de 1986, que foi uma “improvisação” econômica, que no máximo   conseguiu  colocar galinha  barata na mesa  do povo  durante alguns poucos meses. Ora, com isso a vitória do partido do Sarney ,o  MDB, foi estrondosa,elegendo a maioria dos constituintes que escreveram essa “merda”, que não passa de um “manual esquerdista ”, mas que  comanda  os brasileiros desde 1988, até hoje, 2022, [sic] e que ninguém teve tutano nem  coragem de mandar para o “quinto-dos-infernos”, como merecido, nem os “novos” militares no poder.

O desastre moral, político, social e econômico do Brasil  começou por aí, em 1985,prosseguindo com Itamar Franco (que  substitui o Presidente Collor, impichado), que “construiu” o FHC, dando-lhe o Ministério da Fazenda,  através do relativo sucesso do “Plano Real” (de 1994), que lhe oportunizou  assumir  a Presidência da República , por  dois mandatos consecutivos (1985 a 2003),e que, por sua vez ,“construiu” (às escondidas)  Lula da Silva, ”colega” de esquerda, que por seu turno , “pariu” Dilma Rousseff, prosseguindo  com Michel Temer, até 2018, ciclo maldito  esse só interrompido com a eleição e posse de Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019,mas que está “comendo o pão que o diabo amassou” com a oposição  desleal  do  PT e seus “comparsas”. [batalhas são perdidas, o que importar é ganhar a guerra.]

Mas observando a realidade do Brasil, e do mundo, hoje, abandonei  totalmente a  relativa  vocação “esquerdista” que eu tinha, não querendo nem mais  sentir o  “cheiro” dessa opção ideológica nojenta, de tantos estragos que ela   causou, e está  causando, no Brasil, e no  resto do mundo. A “gota d’água” da minha decepção  com a  esquerda se deu na sua  péssima governança do Brasil, somado à roubalheira que fez  de 10 trilhões de reais do erário.                                                                                                                                                        
Mas nem por isso me entrego de “corpo-e-alma” à chamada “direita”, com  a qual tenho imensas restrições, mas que ainda  seria, no mínimo, ”menos pior” que a sua antagônica, a  esquerda. Por isso , enquanto não surgir nada melhor, ainda prefiro a direita.  E o tal “centro” também não me serve. É pior que os outros dois,”somados”. Quem já ouviu falar no  “Centrão” lá do Congresso Nacional?  Existe “escória” pior que essa?

Trocando tudo em miúdos, a esquerda, sob todas as suas variantes e formas - comunismo,socialismo,marxismo cultural, social-democracia, gramscismo,progressismo,e  todos os  outros “ismos”-  jamais conseguiu construir um país  próspero e justo por onde passou. Só negou  bem estar e felicidade ao povo. As grandes potências socialistas, como Rússia e China, produziram  sim, muita riqueza, mas nada foi repartido com os  seus povos, que vivem na mais absoluta miséria, transformados que foram em “escravos” a serviço do Estado. Nesses países esquerdistas, só o Estado, e a “Nomenklatura  (elite dirigente ou “estamento burocrático”) , ficaram ricos. O povo continuou   pobre, muito pobre, mais pobre que os trabalhadores “explorados” no mundo capitalista.

Mas certamente  conscientes da sua incapacidade absoluta de   construír  países desenvolvidos, as esquerdas resolveram “investir” no mundo  livre, próspero ,“ já prontinho”, construído por “outros”, que não eles, esquerdistas, que jamais tiveram capacitação para construir coisa alguma, fora da  destruição , pobreza, e matança de mais de cem milhões de pessoas por onde passaram, superando o “holocausto”, onde os nazistas mataram seis milhões de judeus.

Nessa empreitada de tomar conta do mundo “rico”,dos “outros” - já que não teve capacitação  de fazer nada igual - a esquerda conta com o apoio indisfarçado das grandes organizações internacionais, como a ONU e a UNIÃO EUROPEIA, além de organizações privadas  que concentram os interesses das grandes fortunas mundiais ,como a NOVA ORDEM MUNDIAL ,e o CLUBE DE BILDERBERG, que fizeram uma aliança “secreta” com a esquerda, a quem prometem a entrega do  PODER POLÍTICO, em troca  da reserva para si mesmos do PODER ECONÔMICO.

E esse “consórcio”, da esquerda,com o Grande Capital, e  as maiores  organizações políticas internacionais, é que está patrocinando o enorme fluxo migratório  em todo o mundo, com multidões de gente humilde ,de países pobres, INVADINDO clandestinamente  os países mais  ricos, forçando-os a repartir  uma riqueza construída por eles,  da qual não participaram.

A Europa ,em grande parte, já foi vítima desse fluxo migratório predatório, mais acentuadamente, França e a Alemanha. Em pouco tempo, os migrantes ilegais acabam recebendo  título eleitoral, e se igualando em direitos e privilégios  aos  nacionais. E quando formam maioria, passam a mandar “politicamente” no respectivo país, dentro da regras democráticas vigentes.  Ou seja,  tomam o comando  do  país  para si mesmos.                                                                                              
Os Estados Unidos são  o “país da vez”. Já iniciaram, moderamente,  com Bill Clinton e Barack Obama, e  esse último, segundo  alguns  , “cria” do Clube de Bilderberg, que  teria patrocinado  a série de filmes americanos que tinha sempre  um negromocinho”, como Presidente dos Estados Unidos. Preparação do “terreno” eleitoral  para Obama?    E agora “ameaçam”, mais seriamente, com o candidato que for escolhido pelo PARTIDO DEMOCRATA, para concorrer com Donald Trump, do PARTIDO REPUBLICANO,   que inclusive  conta com um concorrente  “vermelhinho”  para ninguém “botar defeito” , Bernie Sanders.

Sérgio Alves de Oliveira -  Advogado e Sociólogo


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A esquerda e os privilégios - O Estado de S.Paulo

Denis Lerrer Rosenfield

Inadmissível que uma minoria use em seu proveito a maior fatia dos recursos públicos

A aprovação da reforma da Previdência é, sem dúvida, um marco na História do País. Apesar de seus percalços e atrasos, ela vem por bem operar uma grande transformação não somente do ponto de vista do equilíbrio fiscal, mas também tornar efetiva a luta contra os privilégios. Há uma dupla significação aí envolvida: econômica e política.

A significação econômica tem sido bem ressaltada, graças a um processo que, iniciado no governo Temer, ganha agora sua conclusão no governo Bolsonaro. Não seria mais possível o País continuar sangrando com os recursos gastos na conservação do sistema previdenciário, beneficiando uma minoria incrustada no Estado, enquanto o desemprego adquire proporções alarmantes, para além da falta de recursos em áreas fundamentais como segurança, saúde e educação. Se nada tivesse sido feito, o País estaria caminhando para a insolvência fiscal, com todas as consequências nocivas daí resultantes. O não investimento, nacional e estrangeiro, tão necessário, seria apenas um de seus efeitos.

A significação política reside em que os estamentos e as corporações do Estado foram enfrentadas. É bem verdade que o caminho começa apenas a ser percorrido, há muito a ser feito. Mas não era mais possível conviver com um grau tão alto de desigualdade entre os setores privado e público. Os privilégios de uma minoria, com aposentadorias polpudas em idade precoce – algumas corporações se aposentam com pouco mais de 50 anos, em média –, foram reduzidos e no que diz respeito à idade mínima, contidos.

Temos aqui uma espécie de paradoxo: um governo de corte liberal na área econômica, conduzida por um ultraliberal, o ministro Paulo Guedes, capitaneia uma reforma contra os privilégios, propugnando a igualdade entre todos os cidadãos, orientada por um espírito de universalidade entre os trabalhadores privados e públicos; e uma esquerda que defende os privilégios das corporações e dos estamentos estatais, contra o tratamento igualitário para todos os cidadãos, isto é, aferrada aos benefícios particulares desses setores. “A esquerda” é a favor dos privilégios, da particularidade e da desigualdade; a “direita” é a favor da eliminação dos privilégios, da universalidade e igualdade. [um  comentário incalável: discordamos da política de considerar privilégios, o tratamento recebido por funcionários públicos - funcionários, não nos referimos a MEMBROS do MP, Poder Judiciário e Poder  Legislativo -  mas, a reforma ocorreu e agora vamos para a frente, procurando bem informar.
 
Se existe uma opção política fanática por privilégios é exatamente a esquerda, seja os lulopetistas ou os comunistas = estes o rei dos privilégios, tanto que na extinta URSS existir a NOMENKLATURA = a elite da elite.
Apesar das mudanças realizadas na Rússia, a NOMENKLATURA não foi extinta, mudou pouco na generosidade e muito nos destinatários das benesses.]
.
Chegou-se a tal situação paradoxal graças a um trabalho de formação da opinião pública muito bem conduzido pela esquerda, que soube transmitir a mensagem de que sua posição era universal, quando esse aspecto era nada mais do que uma máscara a encobrir a particularidade de suas ideias e o tratamento desigual entre os cidadãos privados e públicos. Por décadas o País conviveu com tal condição, como se a direita fosse particularista, e não igualitária. Presa aos privilégios dos funcionários públicos, a esquerda conseguiu convencer durante muito tempo a sociedade de que estaria defendendo os trabalhadores em geral.

O véu só começou a ser rasgado no governo Temer, quando os privilégios começaram a ser expostos. A luta foi árdua com as corporações, que se mobilizaram fortemente contra a reforma da Previdência. Nesse contexto, convém não esquecer, duas denúncias foram oferecidas pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o então presidente, visando ao seu impeachment. Hoje se sabe que não tinham nenhum fundamento essas denúncias, baseadas num áudio truncado e numa frase inexistente no contexto em que foi apresentada. Infelizmente, não se pode voltar no tempo, então o estrago foi feito. A reforma da Previdência parou e os privilégios foram mantidos. Seus germes, porém, estavam solidamente implantados.

O presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica recuperaram e ampliaram o projeto de profunda mudança previdenciária, que chega agora a bom termo. A Câmara dos Deputados, sob a presidência de Rodrigo Maia, e o Senado, sob a presidência de David Alcolumbre, estiveram à altura do desafio, sabendo dialogar e fazer o melhor para o País, apesar da desarticulação política dominante. Souberam distinguir a política miúda dos verdadeiros interesses nacionais.

Nesse processo a esquerda ficou se contorcendo, desorientada e imersa em suas contradições e particularidades. Não aproveitou a ocasião para se renovar. Alguns deputados e senadores do PSB e do PDT viram a importância do que estava em jogo e não se submeteram às diretrizes partidárias. Agora enfrentam o problema das punições, quando deveriam ser vistos como a vanguarda de uma esquerda que pretende modernizar-se. O PT, como sempre, graças à sua orientação leninista, votou em bloco na defesa das desigualdades e a favor dos privilégios, tampouco soube tirar proveito da oportunidade política de revisar suas posições.

Note-se que a posição de Marx sempre foi de defesa dos trabalhadores em sua universalidade, não lhe ocorreu sustentar os interesses de funcionários públicos, que gozam de benefícios inalcançáveis e impossíveis para os trabalhadores em geral. O filósofo alemão lutava contra a desigualdade, assim como os anarquistas e socialistas de diversos matizes da época. Ora, a esquerda brasileira – e, de modo geral, a esquerda em outros países – abandona essa mensagem marxista/anarquista/socialista em proveito de uma defesa intransigente das corporações e dos estamentos estatais.

O combate político, atualmente, deveria ser, tanto do ponto de vista da “direita” quanto da “esquerda”, o de desaparelhar o Estado, capturado pelos seus estamentos e corporações. Não é moral nem politicamente admissível que uma minoria use em proveito próprio a maior fatia dos recursos públicos, enquanto a maioria vive em condições sociais das mais penosas, com desemprego, falta de esperança e baixa renda. A reforma da Previdência deve, nesse sentido, ser sucedida, em nova etapa, pela reforma administrativa, mais propriamente, do Estado.
 
 
Denis  Lerrer Rosenfield e-mail: DenisRosenfield@terra.com.br Professor de filosofia na UFGRS - Publicado no Estado de S. Paulo


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Rússia: o imenso poder da FSB, a nova KGB sob o comando de Putin

Em reportagem, o The Guardian descreve a polícia de Vladimir Putin – a FSB – como sendo muito mais do que um simples órgão de segurança, pois combina funções de polícia e de rede de espionagem, com um poder talvez superior ao das antigas Checa de Lênin, NKVD de Stalin e  o KGB.

Putin é o verdadeiro restaurador do poder das antigas polícias secretas, agora sob a sigla FSB. Muitos de seus colegas no ex-KGB estão hoje no coração da Nomenklatura de oligarcas que governam as imensas empresas do Estado. Os espiões que agem no exterior prestam conta a uma agência especial: a SVR, na qual a FSB tem um poder extraordinário, segundo confessaram agentes pegos pela contraespionagem americana.

As fronteiras estão desde 2003 sob o controle da FSB, com poderes arbitrários. A FSB também está encarregada de combater os “crimes econômicos”, assediando os suspeitos de contatos com o exterior.

 A agência ainda tem seu quartel-general exatamente no famoso Lubyanka, o prédio central de Moscou sinistramente notório por conta da repressão e dos assassinatos praticados pelo KGB na era soviética.  O número de agentes é um segredo de Estado, mas o especialista Andrei Soldatov estima que sejam pelo menos 200 mil.

Para The Guardian, as histórias da NKVD, a polícia política de Stalin, ajudam a compreender o jeito de governar de Vladimir Putin, admirador de Stalin.  Hoje nenhum manual escolar russo fala dos “crimes” de Stalin, só se mencionam os “erros”.  O anúncio de construir um monumento a essas vítimas em Moscou desencadeou um terremoto nas esferas oficiais, pois é raro algum russo não ter um antepassado morto ou deportado.
“O problema é que Putin não pode admitir que o Estado russo é um Estado criminoso”, disse Yan Rachinsky, co-presidente da Memorial, a maior organização independente que estuda os crimes do socialismo soviético.

Há alguma chance de que poucos nomeados na lista de Andrei Zhukov ainda estejam vivos.
“Nós não vamos chamar a todos de criminosos, mas precisamos reconhecer a natureza criminosa da organização e a natureza criminosa do Estado naquela época”, disse Nikita Petrov, outro historiador de Memorial, sobre a NKVD e a URSS.

Um deputado nacionalista ligado a Putin tenta levar a Memorial ante os tribunais sob a alegação de que promove a inimizade social.  A descoberta em um porão de Moscou de 34 esqueletos mortos com um tiro na nuca durante o Grande Terror produziu o primeiro choque em 2007, segundo o The GuardianA descoberta foi feita durante a reforma de uma mansão aristocrática na Rua Nikolskaya 8/1, entre a Praça Vermelha e o Lubianka.

Em 1937, a NKVD mandava matar uma média de mil pessoas por dia, incluindo antigos bolchevistas, chefes de partidos, oficiais do exército, “elementos etnicamente perigosos” e proprietários.  Putin não quer que isso seja bem conhecido. A incógnita é: o que ele, admirador dos métodos pragmáticos de Stalin, fará se perceber que o povo russo não o acompanha em suas aventuras? Como pensa usar a fabulosa máquina repressiva da FSB em caso de necessidade para se manter no poder?

https://flagelorusso.blogspot.com.br/

Nota do Editor: Para mais informações sobre a FSB, leia também KGB é o Estado, de Carlos Azambuja, e demais artigos da categoria Desinformação.


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Os empresários diante da lei

A prisão do banqueiro André Esteves, bem como a de outro jovem empreendedor brasileiro, o presidente da maior empreiteira nacional, Marcelo Odebrecht, são dois episódios que ilustram dramaticamente, por um lado, a ameaça representada pelo perigoso caminho pelo qual o ainda incipiente capitalismo brasileiro está enveredando e, por outro, como boa notícia, a surpreendente solidez das instituições democráticas de um país que ainda há 30 anos vivia sob regime de exceção.


Embora atuando em áreas distintas, André Esteves e Marcelo Odebrecht têm perfis semelhantes como empreendedores, caracterizados pela antevisão, autoconfiança e agressividade com que atuavam no mercado, não hesitando em enfrentar aquele que é certamente o maior desafio com que se depara o verdadeiro empreendedor – o de correr riscos.

Mas a trajetória de ambos, como os acontecimentos dos últimos tempos tristemente revelam, converge para o ponto em que a proatividade se confunde com a perda de escrúpulos, em que a ação do empreendedor intrépido se embaralha com a do negociante mesquinho que julga que o poder do dinheiro lhe confere o direito de se colocar acima da lei. 

Assim, em vez de servirem como exemplo e estímulo, como autênticos e modernos líderes da economia de mercado, Marcelo Odebrecht e André Esteves acabaram se revelando como forças do atraso. De dentro para fora da atividade empresarial, desmoralizam a iniciativa privada como força motriz do progresso num ambiente de liberdade garantido por instituições democráticas voltadas para a promoção da justiça e da paz social.
O maior desafio das sociedades modernas – em especial do ponto de vista de uma nação com as raízes históricas e culturais como as nossas – é encontrar o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o social, em transformar este em beneficiário daquele, sob o primado democrático da igualdade de direitos e de oportunidades.

Numa sociedade livre, a responsabilidade de promover o desenvolvimento, criando riqueza, não cabe primordialmente ao Estado, mas à ação empreendedora de homens e mulheres movidos pela ambição legítima e criadora e pela rara capacidade de atuar como mobilizadores e articuladores das complexas forças do mercado.  Tal ação, no entanto, deve estar claramente limitada pela lei, além de ser institucionalmente garantida. Essa é a grande responsabilidade pela qual o verdadeiro empreendedor deve ser reconhecido e recompensado.

Se sua atividade se pauta pelo rigoroso cumprimento de contratos, o verdadeiro empreendedor deve ser, antes e acima de tudo, um obediente servo da lei. A partir do instante em que se julga no direito de se prevalecer do poder econômico e do peso social de seu negócio para estabelecer as regras do jogo de acordo com suas próprias conveniências, o grande empreendedor se iguala, perante a lei, ao pequeno delinquente, que hipocritamente alega, como atenuante, a necessidade social de levar comida para casa.

Marcelo Odebrecht e André Esteves – principalmente este, que construiu ele próprio seu império financeiro deveriam ser heróis da economia de mercado e exemplos a serem seguidos por quem ambiciona vencer no mundo dos negócios. Não são. Não há mérito nenhum nos artifícios criminosos de que são acusados – e, no caso de Odebrecht, já condenado. Na verdade, pela posição que ocupavam na sociedade, eles são peças-chave da forte crise moral que se abate sobre o País.

O infortúnio de André Esteves e de Marcelo Odebrecht, que pouco tempo atrás eram considerados figuras intocáveis, revela ainda a enorme vantagem que a economia de mercado numa sociedade democraticamente organizada leva sobre o modelo estatizante que, tendo se demonstrado incompetente em todo o mundo, ainda embala o sonho de populistas. Na economia de mercado, os corruptos, qualquer que seja sua posição social, podem acabar atrás das grades. Nos regimes fechados, a nomenklatura está acima e além da lei, ao contrário dos cidadãos comuns, vigiados, controlados e amordaçados.

Fonte: Editorial - O Estado de São Paulo
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,os-empresarios-diante-da-lei,10000003238