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sábado, 18 de março de 2023

Não existe imunidade parlamentar no Brasil - Revista Oeste

Silvio Navarro

Patrulha da esquerda, imposição do politicamente correto e superpoderes do Judiciário minam a liberdade no Congresso

 Deputado federal Nikolas Ferreira | Foto: Reprodução Redes Sociais

Deputado federal Nikolas Ferreira | Foto: Reprodução Redes Sociais 
 
No último dia 8 de março, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) subiu à tribuna da Câmara usando uma peruca loira. A sessão era comandada por representantes da ala feminista da Casa, filiadas a partidos de esquerda, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Campeão de votos nas últimas eleições, conhecido pelo estilo provocador, o jovem parlamentar resolveu tocar num dos temas mais sensíveis para a agenda dos “progressistas”: a ideologia de gênero.

“Hoje, no Dia Internacional da Mulher, a esquerda disse que eu não poderia falar, porque não estava no meu local de fala”, disse. “Então, eu solucionei esse problema. Hoje eu me sinto mulher, a deputada Nikole”.

As imagens do plenário mostram que a repulsa da esquerda começou antes mesmo de o deputado começar o discurso. Três minutos depois, ele já havia sido fuzilado nas redes sociais pela patrulha ideológica da esquerda. Uma integrante do programa Big Brother Brasil resolveu causar tumulto num voo, ao descobrir que ele estava a bordo. Os portais de notícias da velha imprensa sentenciaram que Nikolas deveria responder pelo crime de transfobia — que não existe em lei e foi equiparado ao racismo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

A menina-prodígio da esquerda, Tabata Amaral (PDT-SP), apoiada pelo empresário Jorge Paulo Lemann, comandou a gritaria na internet. O líder do Psol, Guilherme Boulos (SP), foi tirar a história a limpo cara a cara no plenário. O Psol acionou o Supremo. Nikolas ainda vai responder a um processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.

O que, afinal, irritou tanto a esquerda na fala do mineiro? Ele disse que as mulheres estão perdendo espaço para os homens que se sentem mulheres. “Ou você concorda com o que eles estão dizendo, ou, caso contrário, você é um transfóbico, homofóbico e preconceituoso”, disse.

No ápice da fala, já com a campainha acionada pela gaúcha Maria do Rosário (PT), que dirigia a sessão, deu um exemplo que acontece diariamente em vários estabelecimentos comerciais do país. “Defendo a liberdade de um pai recusar que um homem de 2 metros de altura, um marmanjo, entre no banheiro junto com sua filha sem você ser considerado um transfóbico”, disse. Ou ainda na participação de homens biológicos que desequilibram as disputas esportivas femininas.

Pressionado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que raramente se manifesta nas redes sociais, correu para o Twitter.


O jornal Folha de S.Paulo publicou uma charge na qual caracteriza o deputado como um personagem assassino — em nome da liberdade de expressão.

Ilustração: Reprodução/Folha de SP

O desfecho do caso de Nikolas ainda é incerto, tanto na Câmara quanto no Supremo, que analisa processos contra parlamentares por causa do foro. Mas o episódio joga luz para um problema crescente no Brasil: embora o texto constitucional seja claro, nos últimos anos, a imunidade parlamentar só existe no papel.

Diz o artigo 53 da Constituição, sem rodeios: “Os deputados e os senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

Interferência do Supremo
Quando um visitante chega a Brasília, para um tour guiado pelo Congresso Nacional, uma placa na entrada da Câmara dos Deputados diz: “Bem-vindo à Casa do povo”
Ali estão 513 parlamentares eleitos para representar todos os segmentos da sociedade. Logo, numa democracia plena, em tese, se a ideologia de gênero é um tema importante para o mundo atual, o foro para debatê-la deveria ser justamente a tribuna da Câmara, as comissões temáticas e até uma frente parlamentar dedicada ao assunto.

Mas tudo isso em tese. Porque a erosão da inviolabilidade parlamentar no Brasil também se deve porque outro artigo constitucional deixou de valer nas últimas décadas. Diz o artigo 2º: “Os Poderes da União são independentes e harmônicos entre si”. Refere-se ao Legislativo, Executivo e o Judiciário. Contudo, é o Supremo quem manda — prender, inclusive. E também quem decide o que pode ou não ser dito nas redes sociais ou em entrevistas.

A única exceção ocorreu em 2016, quando Renan Calheiros (MDB-AL) disse que não cumpriria uma decisão do ministro Marco Aurélio Mello para se afastar da presidência da Casa. Mas outros parlamentares não tiveram a mesma sorte: por exemplo, Eduardo Cunha (RJ), Aécio Neves (MG) e Delcídio Amaral (MS) tiveram os mandatos suspensos imediatamente.

Fotos: Wikimedia Commons
A prisão de Daniel Silveira foi amplamente revisitada por Oeste nos últimos meses. A inviolabilidade do mandato parlamentar foi desrespeitada. A prisão será lembrada no curso da história pelo ineditismo: o flagrante perpétuo. Ele foi punido pela publicação de um vídeo — de péssimo gosto — na internet com ataques ao Supremo. Os termos “quaisquer opinião ou palavras”, presentes no trecho da Constituição para assegurar ampla liberdade aos parlamentares, foram ignorados pelo Supremo.

O governo Lula tenta aproveitar a censura do Supremo no período eleitoral contra conservadores e liberais para cumprir o sonho da tutela definitiva dos meios de comunicação no país

No aspecto jurídico, o caso foi piorando ao longo dos meses: a Polícia Federal foi enviada à Câmara dos Deputados para instalar uma tornozeleira no deputado. Depois, em fevereiro, Alexandre de Moraes mandou prendê-lo outra vez, por uso irregular dela. Detalhe: Silveira foi beneficiado por um indulto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas o ministro decidiu ignorar o indulto, até que ele seja analisado pelo plenário da Corte, o que não tem data definida para ocorrer.

Segundo a última decisão de Moraes, Silveira deve cumprir pena em regime fechado, “por crimes de ameaça ao Estado Democrático de Direito”. O mau uso da tornozeleira foi classificado como “completo desrespeito e deboche” ao STF. Por fim, o agora ex-deputado terá de pagar uma multa no valor de R$ 4,3 milhões, dinheiro que ele já afirmou não ter guardado nem como levantar.

No ano passado, dezenas de parlamentares que apoiavam a reeleição de Jair Bolsonaro foram proibidos de dar opiniões em suas redes sociais, por decisão de Moraes. 
Eles foram punidos por comentar determinados temas censurados pelo STF. Na época, Bia Kicis (PL-DF) tentou argumentar usando a Constituição.

“Quando se censura um parlamentar não se trata apenas de censura — o que já é grave e inconstitucional —, mas de interferência na própria atividade parlamentar, o que é um atentado à democracia e à separação dos Poderes”

O futuro das redes sociais no Brasil parece ser o tema da vez. O governo Lula tenta aproveitar a censura do Supremo no período eleitoral contra conservadores e liberais para cumprir o sonho da tutela definitiva dos meios de comunicação no país, como ocorre nas ditaduras de esquerda. 
O Supremo, contudo, mantém as rédeas sobre o tema — além de Alexandre de Moraes, os ministros Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso estão à frente da operação. O resultado é incógnito.

O fato é que, no dia 8 de março, a fala mais alardeada contra Nikolas foi a de Tabata Amaral, “em nome de todas as mulheres”. Disse ela: “É um homem que, no Dia Internacional da Mulher, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta”. Curiosamente, Tabata recorreu justamente à inviolabilidade — seletiva — do mandato para justificar sua ira. “A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso, que é garantida pela imunidade parlamentar.”

A imunidade parlamentar, conforme um dia já definiu a Constituição, não existe mais no Brasil.

Leia também “Cortina de fumaça”

Silvio Navarro, colunista - Revista Época

 

sexta-feira, 17 de março de 2023

Woke, ainda mais autoritário do que o "politicamente correto”. - Valterlucio Bessa Campelo

        Está em plena evolução na última década, a partir dos EUA (sempre de lá), uma perspectiva que responde pela gíria Woke, que surgiu como sinônimo de “consciente”. 
Inicialmente aplicada à questão racial e à homofobia. 
O “Wokismo” como muitos o denominam, avançou para engolir “o politicamente correto” e se estabelecer como nova expressão de uma geração que se pretende justa, fraterna e igualitária (aonde já vimos isso?) com a superação de conceitos de certo e errado, de bom e mau, de pátria, de família, de religião, de propriedade etc.

Se o “politicamente correto” já enchia o saco de qualquer um com seu olhar inquisitório sobre cada palavra dita ou comportamento observado, firmando normas para a comunicação, o Wokismo se aprofunda como campo de luta ideológica contra o racismo, homofobia, machismo, ambientalismo, veganismo e todas as formas de discriminação reais ou imaginárias. No fundo se pretende instaurar como movimento de uma geração pós-2000 que luta pela justiça social e igualdade, a chave semântica que abre todas as mentes incautas, especialmente da juventude da facul. A diferença marcante é que, enquanto o primeiro era algo mais cosmético, que transitava entre a conveniência ou não de determinados termos ou comportamentos em certas condições, o Wokismo quer mesmo se estabelecer como movimento social protagonista do século XXI, colorindo e atualizando o velho socialismo.

Entre os planos que presidem o Wokismo está o de revolução moral e de costumes, abraçando todas as causas do presente e futuro condizentes com uma visão de mundo igualitária e progressista ao seu modo. 
A geração Woke, segundo seus acólitos, quer estabelecer uma espécie de novo guia da humanidade, fixando caminhos para os quais arrastam a todos. 
E há quem ceda facilmente à nova “religião”, sem freios lógicos, sem reflexão, sem personalidade, apenas seguindo uma onda que parece moderna, atual, como fez a loirinha no voo que virou meme em que estava o Deputado. Falou sozinha contra 200 passageiros. Entre os políticos aderentes, há o medo de não ser aceito, especialmente em temas sociais.
 
Essa introdução é para colocar em discussão o recente discurso do deputado federal, o jovem Nikolas Ferreira, mineiro campeão de votos que, em plena tribuna discursou em defesa das mulheres, no dia da mulher, usando, entretanto, para chamar a atenção, uma peruca loira emoldurando uma caricatura da ideologia de gênero que também faz parte do Wokismo antes referido. 
O mundo lhe caiu sobre a cabeça, levando-o a defender-se da forma mais óbvia possível, mas, como se trata de um dos inúmeros calcanhares Wokes, há até quem lhe queira cassar o mandato (mais de 1,5 milhões de votos). A mais estridente, a deputada Tábata Amaral, gerada no laboratório político financiado por banqueiros tipo Jorge Lemann, Armínio Fraga, Candido Bracher e uma penca de grandes empresários, quer a sua cabeça na comissão de ética. O motivo alegado é uma falsa "transfobia”, o real é político.

O ponto do Deputado Nikolas Ferreira é o seguinte: como pode comemorar e se dizer em defesa da mulher, quem advoga o direito de que um ser biologicamente nascido homem, crescido como tal, formado fisicamente como tal, possa, por decisão pessoal, se dar como mulher e, a partir daí, passar a frequentar livremente competições contra mulheres biológicas. Refere-se ele a competições em que o resultado é decorrente da força física, esta determinada, logicamente por diferenças hormonais e fisiológicas. Em síntese: os homens transformados em mulheres (mulheres trans), estão tomando das mulheres, na cara dura, os lugares no pódio em seus esportes e, com eles, patrocínios, publicidade, grana. Simples, obvio, ululante.

Sobre isso, ninguém melhor que Ana Paula Henkel , ex-campeã brasileira de vôlei expõe os motivos pelos quais essa parte do Wokismo é uma fraude evidente. É claro que nessas horas surgem “especialistas” de bancada para defenderem cinicamente que se trata de política inclusiva. É mesmo? 
Por que será que enquanto competia entre homens, William Thomas em sua melhor performance ficou em 18º lugar em uma universidade americana e, depois do tratamento hormonal através do qual se afirmou a mulher Lia Thomas, também na foto acima, virou recordista entre mulheres, mas o contrário (homem trans recordista) nunca acontece? Inclusão pela exclusão de semelhantes? 
 
Existem dezenas de casos, nas lutas, por exemplo, em que mulheres biológicas são literalmente surradas por ex-homens, digo, mulheres trans. Alana McLauglin, que antes pertencia às Forças Especiais do Exército Americano, mas achou melhor assumir a mulher que vivia nele, tomar hormônios, pintar o cabelo de roxo, raspar a barba, espancar outras mulheres e ganhar lutas seguidas.

Aproveito para dizer que em minha opinião pessoal, o sujeito adulto pode fazer do seu corpo o que quiser, ter a profissão que quiser, olhar no espelho e ver o que quiser, olhar pra dentro de si mesmo e ver o que quiser, agir como quiser, se divertir no parquinho que quiser. Quem acompanha esta coluna sabe quanto defendo a liberdade. Simplesmente não é da minha conta e seria intrusão ilegítima se, por acaso, me metesse a julgar quem quer que seja.

No fundo, não é de uma transfobia fantasiosa que estão acusando o jovem Deputado. Elas sabem. Na esteira do Wokismo de Tábata Amaral, que além do mais vê no Nikolas Ferreira um fenômeno político adversário a ser derrubado para que se viabilize seu projeto político, o que estão tentando defender é que a fluidez de gênero deva ser aceita nos esportes sem possibilidade de contestação, desprezando a biologia e adequando os campeonatos com restrições e regulamentos de dosagens hormonais, escala e tempo até que o errado caiba no certo. Wokes utilizam-se da elasticidade de conceitos para igualar desiguais. Um estudo científico publicado na Revista Mineira de Educação Física, (Universidade Federal de Viçosa) já no resumo declara em 2015 que:

“As diferenças relativas ao sexo no desempenho físico são explicadas, principalmente, pelas diferenças nas características fisiológicas e morfofuncionais de homens e mulheres. As respostas neuromusculares, metabólicas e morfológicas entre homens e mulheres refletem a ação de hormônios característicos. Um aspecto relacionado ao esforço físico em que são notadas diferenças entre os sexos diz respeito à instalação do quadro de fadiga. Estudos têm demonstrado que a fadiga da musculatura periférica em função do exercício é maior nas mulheres do que nos homens, o que resulta em menor rendimento delas em tarefas físicas. Em relação à força muscular absoluta, a da mulher média é 63,5% da força do homem. A força muscular da parte superior do corpo das mulheres é de 55,8% da força dos homens enquanto a da parte inferior é de 71,9%. Já em relação à capacidade aeróbia, a diferença em valores absolutos no consumo máximo de oxigênio é de aproximadamente 30%. Resultados relativos à capacidade anaeróbica e potência anaeróbica apresentam os mesmos resultados que nos correspondentes aeróbicos. Como conclusão, fica clara a desvantagem do sexo feminino em relação ao masculino para todas as valências físicas, com exceção da flexibilidade.”

Aqui também se pode ver conclusões semelhantes. Não parece simples, evidente? Para o leitor sim, mas não para o Wokismo tirânico e suas caronas que insistem em dobrar a ciência ao ponto de homem ser fisicamente mulher e vice-versa, sem mais nem menos. Felizmente, creio, essa tolice contra o deputado dará alguns holofotes, mas não avançará, afinal ainda há um mínimo de liberdade de expressão na Câmara dos Deputados. No máximo, servirá de teste para sabermos que o Wokismo já se encrusta no parlamento, seja por militância consciente e objetiva (deputada Tábata Amaral), seja por conveniência, e que precisamos conhecer a verdade dos fatos antes de sair macaqueando celebridades. Sugiro ao leitor que não se deu conta da obviedade do contrassenso, dar uma vista nos sites, pesquisas e estudos que tratam do tema, se for mulher a ler este breve texto, saiba que há um movimento crescente contrário a essa injustiça, ou seja, o Wokismo não está sozinho no ringue, embora tenha alguns torcedores na plateia.

Site - Valterlucio Bessa Campelo


domingo, 12 de março de 2023

Tabata Amaral não tem senso de humor - Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Todo revolucionário costuma ser taciturno, manter um ar de seriedade excessiva, levar-se a sério demais. Eles são, afinal, os instrumentos da transformação social, aqueles ungidos que trarão o paraíso terrestre, que pretendem empurrar a história. 
A arrogância tende a vir junto do autoritarismo: o revolucionário enxerga até em indivíduos apenas obstáculos para seus nobres fins.

Tabata Amaral é uma revolucionária. Com fala mansa e postura moderada, a deputada esquerdista nunca me enganou - mas enganou familiares meus, menos atentos à política, justamente pela forma com que prega suas ideias radicais. Cria do bilionário Jorge Paulo Lemann, Tabata fez o L para "salvar a democracia", e agora cobra a fatura: quer impor sua agenda woke.

O deputado Nikolas Ferreira, o mais votado do país com 1,5 milhão de eleitores, resolveu colocar uma peruca para sua fala na tribuna sobre o Dia Internacional da Mulher, mostrando como a militância trans tem prejudicado as mulheres. Um debate saudável, necessário.

A performance foi parte do todo, para justamente expor o ridículo do transgenderismo fanático, que diz que basta um homem "se sentir" mulher para se transformar numa. Sem ter como rebater seus argumentos, a patrulha woke saiu em conjunto contra o deputado, e Tabata pediu a sua cassação. Ele teria cometido o crime de transfobia, segundo ela.

Mas não poderia ser ela a cometer o crime, por não aceitar que Nikolas, naquele momento, sentia-se como Nikole?
Fica claro que a postura da deputada esquerdista é absurda e autoritária. Não é de hoje que ela se mostra intransigente e quer cortar cabeças.

O humorista Bruno Lambert, que no mês passado foi denunciado ao Ministério Público de São Paulo pela deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) por suposta discriminação contra deficientes físicos em uma de suas piadas, foi demitido nesta quarta-feira (9) de um emprego em um banco no qual estava há nove anos devido à repercussão do caso.

A representação criminal da parlamentar está relacionada a um vídeo de uma apresentação do humorista, que não é famoso e não vive exclusivamente da comédia, publicado em suas redes sociais no qual ele narrava um caso em que teria se relacionado sexualmente com uma mulher cadeirante.

Na denúncia, Tabata disse que Lambert cometeu capacitismo, que é a discriminação contra pessoas com deficiência, e que as falas do humorista denotaram “machismo latente" pela maneira "explícita" e "jocosa" como descreveu a narrativa da relação sexual.

À Gazeta do Povo, o humorista negou o suposto capacitismo e destacou que a piada foi contada num ambiente próprio para humor e que os mais diversos grupos são retratados em shows de stand-up. “As pessoas estão com uma dificuldade gigantesca de diferenciar o CPF do personagem que está ali no palco, de entender o que é piada e o que é realidade”, afirmou.

O humorista está certo, claro. Será que Tabata viu o especial de Chris Rock na Netflix, que foi ao ar esta semana? Será que ela vai defender sua censura também por inúmeras "ofensas" proferidas contra "minorias", inclusive os negros a quem ele, negro, se refere pela "n-word" proibida? Tabata não sabe o que é humor e qual a sua função. Talvez devesse ler o livro O Riso de Henry Bergson, para começar.

Arthur Lira, sob pressão da patota esquerdista, fez uma reprimenda ao deputado Nikolas Ferreira: "O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje. A todas e todos que se sentiram ofendidas e ofendidos minha solidariedade".

Não foi o suficiente para a militância woke. Vera Magalhães, colunista do Globo, escreveu: "Em 2023 um deputado homem e branco se sente seguro o bastante para usar a tribuna da Câmara no Dia da Mulher para vomitar transfobia, machismo e misoginia. Essa segurança vem da certeza de impunidade. Vai ser isso mesmo, Arthur Lira? A Câmara vai ser o vale-tudo do preconceito?"

Vera, como sabemos, tem preconceito contra conservadores, e sempre destila autoritarismo no esforço de censurar cada um deles. No mundo ideal de Tabata e Vera, ninguém mais pode fazer piada politicamente incorreta (i.e., piada), o Artigo 53 da Constituição, que garante a imunidade material parlamentar a quaisquer opiniões, deixa de existir para a direita, e todos seremos forçados a nos tornar pessoas "maravilhosas" como Tabata e Vera, enquanto o estado garante absorvente para todas as mulheres (ou melhor, "pessoas que menstruam").

É um mundo insuportável, claro. Mas felizmente esse autoritarismo está encontrando cada vez mais resistência, inclusive com o deboche. 
O deputado Nikolas atingiu seu objetivo, como Chris Rock. 
Ambos mostraram como gente woke revolucionária é desprovida de senso de humor e, por isso mesmo, perigosa e totalitária.

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

O Brasil afunda ou não? - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Todas as nações sob ditaduras comunistas acharam, em algum momento do processo, que poderiam evitar o pior. Até ser tarde demais 

Ilustração: mossolainen nikolai/Shutterstock

Ilustração: mossolainen nikolai/Shutterstock

O Brasil é como dejeto na água: boia, mas não afunda. Essa é a metáfora muito utilizada por algumas pessoas que lamentam as oportunidades perdidas em nosso país, mas acham que o pior também será sempre evitado. Não deslanchamos, mas tampouco naufragamos de vez. Eu mesmo já tive essa percepção quando o PT foi governo no passado, e brincava nas palestras que tinha de dizer baixinho a minha conclusão: o MDB salvaria o Brasil de Dilma!

Ocorre que não há nada escrito em pedra que o Brasil jamais será comunista. 
Para evitar essa praga é preciso ter instituições mais sólidas, uma cultura da liberdade mais disseminada, uma mídia atenta, grupos de interesse bastante organizados e coesos, Forças Armadas independentes e patriotas etc. 
Sim, nossa economia é complexa, tem o agronegócio que é uma potência, as indústrias, os bancos, o comércio e o varejo, muitos empresários parrudos. Mas nós vimos como foi fácil mandar a polícia na porta de alguns deles pelo “crime” de apoiar Bolsonaro. E quanto às Forças Armadas, melhor nem comentar…

O mais votado parlamentar do país sendo impedido de parlar na praça pública da era moderna sem ter cometido qualquer crime

O fato é que o comunismo segue avançando, e os comunistas corruptos estão de volta ao poder, com mais sede de poder ainda. E viram como foi fácil dobrar seus adversários, calar os “dissidentes” e inventar narrativas fajutas que a velha imprensa ajudou a divulgar com louvor. Em nome da “democracia”, as liberdades básicas foram destruídas num piscar de olhos. Muitos acharam que ficaria restrito aos mais “radicais” dos bolsonaristas, mas já está claro que o buraco é bem mais embaixo.

Nikolas Ferreira, o deputado mais votado do país, tem sido alvo de perseguição e censura, como tantos outros.  
O Telegram resolveu questionar uma decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender sua conta, alegando que falta embasamento na denúncia. 
Agora vamos pensar um pouco sobre isso: o mais votado parlamentar do país sendo impedido de parlar na praça pública da era moderna sem ter cometido qualquer crime! E a mídia em silêncio ou aplaudindo!
 
A crença de que essa turma será capaz de frear o ímpeto autoritário petista caso Lula abuse demais do poder e insista em sua agenda comunista do Foro de SP parece um tanto ingênua
Não resta dúvida de que o “sistema” tem seus ícones neste governo, que Alckmin não é vice-presidente por acaso, que Alexandre de Moraes nunca foi petista, que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco tampouco estão casados com a pauta vermelha. 
Mas depositar toda a esperança nessa gente é brincar com fogo e menosprezar a inteligência de figuras como Dirceu.

Meu intuito não é ser catastrofista ou alarmista, e cantar o fim do Brasil de imediato. Considero possível o “sistema” podre ser mais forte do que Lula, sim, e que numa eventual batalha entre titãs, o petista e o Foro de SP sejam os derrotados. Só estou dizendo que a possibilidade de resultado distinto é real, existe e não pode jamais ser ignorada. Todas as nações sob ditaduras comunistas acharam, em algum momento do processo, que poderiam evitar o pior. Até ser tarde demais.

O que mais me assusta é o esforço de tanta gente em normalizar Lula e seu governo
O presidente diz na cara dura que apoia os regimes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, mas os “democratas” se mostram decepcionados ou preocupados, com a esperança tola de que Lula resolva ser mais moderado e passe a condenar os regimes que apoiou a vida inteira. 
Não há qualquer base para essa crença ingênua. Lula está sendo Lula, e não é fingindo que ele é outra coisa que o risco comunista será afastado.

Quando vejo investidores gringos elogiando as falas de Fernando Haddad em Davos, fica mais claro ainda como há uma turma disposta a mergulhar na alienação em prol do conforto ou de lucros momentâneos. Agora Haddad virou um fiscalista responsável, por acaso?! É uma piada de mau gosto, de quem escolhe deliberadamente ignorar a essência petista.

Lenin teria dito que compraria a corda da burguesia que seria usada para enforcá-la
Às vezes acho que muitos capitalistas brasileiros agem dessa forma suicida. 
Eles aceitam participar desse teatro farsesco de que o Brasil continua vivendo uma normalidade institucional, para não se dar conta da real ameaça representada pelo PT e o Foro de SP.
 
Se os minúsculos Uruguai e Paraguai se levantam contra o absurdo, condenando o silêncio das esquerdas diante de abusos ditatoriais no continente, a gigante China aplaude a “integração regional” e incentiva a luta pela “paz, desenvolvimento e democracia” dos povos latino-americanos. 
Teremos a “paz” que ceifou a vida de milhares em protestos na Praça Celestial, o “desenvolvimento” que produziu só miséria na Venezuela e a “democracia” de Ortega na Nicarágua, que prendeu todos os opositores políticos.

É assustador ver a marcha vermelha da insensatez no continente. E mais assustador ainda é ver a grande quantidade de brasileiros disposta a fingir que, por algum motivo qualquer, não há a menor possibilidade de o Brasil seguir no mesmo destino rumo ao abismo comunista. Quem foi que disse que o Brasil não afunda?

Leia também “A essência elitista de Davos”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste