Rodrigo Constantino - VOZES
Todo revolucionário costuma ser taciturno, manter um ar de seriedade excessiva, levar-se a
sério demais. Eles são, afinal, os instrumentos da transformação
social, aqueles ungidos que trarão o paraíso terrestre, que pretendem
empurrar a história.
A arrogância tende a vir junto do autoritarismo: o
revolucionário enxerga até em indivíduos apenas obstáculos para seus
nobres fins.
Tabata Amaral é uma revolucionária. Com fala mansa e postura moderada, a deputada esquerdista nunca me enganou - mas enganou familiares meus, menos atentos à política, justamente pela forma
com que prega suas ideias radicais. Cria do bilionário Jorge Paulo
Lemann, Tabata fez o L para "salvar a democracia", e agora cobra a
fatura: quer impor sua agenda woke.
O deputado
Nikolas Ferreira, o mais votado do país com 1,5 milhão de eleitores,
resolveu colocar uma peruca para sua fala na tribuna sobre o Dia
Internacional da Mulher, mostrando como a militância trans tem
prejudicado as mulheres. Um debate saudável, necessário.
A
performance foi parte do todo, para justamente expor o ridículo do
transgenderismo fanático, que diz que basta um homem "se sentir" mulher
para se transformar numa. Sem ter como rebater seus argumentos, a
patrulha woke saiu em conjunto contra o deputado, e Tabata pediu a sua
cassação. Ele teria cometido o crime de transfobia, segundo ela.
Mas
não poderia ser ela a cometer o crime, por não aceitar que Nikolas,
naquele momento, sentia-se como Nikole?
Fica claro que a postura da
deputada esquerdista é absurda e autoritária. Não é de hoje que ela se
mostra intransigente e quer cortar cabeças.
O
humorista Bruno Lambert, que no mês passado foi denunciado ao Ministério
Público de São Paulo pela deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) por
suposta discriminação contra deficientes físicos em uma de suas piadas, foi demitido nesta quarta-feira (9) de um emprego em um banco no qual estava há nove anos devido à repercussão do caso.
A
representação criminal da parlamentar está relacionada a um vídeo de
uma apresentação do humorista, que não é famoso e não vive
exclusivamente da comédia, publicado em suas redes sociais no qual ele
narrava um caso em que teria se relacionado sexualmente com uma mulher
cadeirante.
Na denúncia, Tabata disse que Lambert
cometeu capacitismo, que é a discriminação contra pessoas com
deficiência, e que as falas do humorista denotaram “machismo latente"
pela maneira "explícita" e "jocosa" como descreveu a narrativa da
relação sexual.
À
Gazeta do Povo, o humorista negou o suposto capacitismo e destacou que a
piada foi contada num ambiente próprio para humor e que os mais
diversos grupos são retratados em shows de stand-up. “As pessoas estão
com uma dificuldade gigantesca de diferenciar o CPF do personagem que
está ali no palco, de entender o que é piada e o que é realidade”,
afirmou.
O humorista está certo, claro. Será que
Tabata viu o especial de Chris Rock na Netflix, que foi ao ar esta
semana? Será que ela vai defender sua censura também por inúmeras
"ofensas" proferidas contra "minorias", inclusive os negros a quem ele,
negro, se refere pela "n-word" proibida? Tabata não sabe o que é humor e
qual a sua função. Talvez devesse ler o livro O Riso de Henry Bergson, para começar.
Arthur
Lira, sob pressão da patota esquerdista, fez uma reprimenda ao deputado
Nikolas Ferreira: "O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para
exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o
desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha
reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje. A todas e todos que
se sentiram ofendidas e ofendidos minha solidariedade".
Não
foi o suficiente para a militância woke. Vera Magalhães, colunista do
Globo, escreveu: "Em 2023 um deputado homem e branco se sente seguro o
bastante para usar a tribuna da Câmara no Dia da Mulher para vomitar
transfobia, machismo e misoginia. Essa segurança vem da certeza de
impunidade. Vai ser isso mesmo, Arthur Lira? A Câmara vai ser o
vale-tudo do preconceito?"
Vera,
como sabemos, tem preconceito contra conservadores, e sempre destila
autoritarismo no esforço de censurar cada um deles. No mundo ideal de
Tabata e Vera, ninguém mais pode fazer piada politicamente incorreta
(i.e., piada), o Artigo 53 da Constituição, que garante a imunidade
material parlamentar a quaisquer opiniões, deixa de existir
para a direita, e todos seremos forçados a nos tornar pessoas
"maravilhosas" como Tabata e Vera, enquanto o estado garante absorvente
para todas as mulheres (ou melhor, "pessoas que menstruam").
É
um mundo insuportável, claro. Mas felizmente esse autoritarismo está
encontrando cada vez mais resistência, inclusive com o deboche.
O
deputado Nikolas atingiu seu objetivo, como Chris Rock.
Ambos mostraram
como gente woke revolucionária é desprovida de senso de humor e, por
isso mesmo, perigosa e totalitária.