Está em plena evolução na última década, a partir dos EUA (sempre de
lá), uma perspectiva que responde pela gíria Woke, que surgiu como
sinônimo de “consciente”.
Inicialmente aplicada à questão racial e à
homofobia.
O “Wokismo” como muitos o denominam, avançou para engolir “o
politicamente correto” e se estabelecer como nova expressão de uma
geração que se pretende justa, fraterna e igualitária (aonde já vimos
isso?) com a superação de conceitos de certo e errado, de bom e mau, de
pátria, de família, de religião, de propriedade etc.
Se o
“politicamente correto” já enchia o saco de qualquer um com seu olhar
inquisitório sobre cada palavra dita ou comportamento observado,
firmando normas para a comunicação, o Wokismo se aprofunda como campo de
luta ideológica contra o racismo, homofobia, machismo, ambientalismo,
veganismo e todas as formas de discriminação reais ou imaginárias. No
fundo se pretende instaurar como movimento de uma geração pós-2000 que
luta pela justiça social e igualdade, a chave semântica que abre todas
as mentes incautas, especialmente da juventude da facul. A diferença
marcante é que, enquanto o primeiro era algo mais cosmético, que
transitava entre a conveniência ou não de determinados termos ou
comportamentos em certas condições, o Wokismo quer mesmo se estabelecer
como movimento social protagonista do século XXI, colorindo e
atualizando o velho socialismo.
Entre os
planos que presidem o Wokismo está o de revolução moral e de costumes,
abraçando todas as causas do presente e futuro condizentes com uma visão
de mundo igualitária e progressista ao seu modo.
A geração Woke,
segundo seus acólitos, quer estabelecer uma espécie de novo guia da
humanidade, fixando caminhos para os quais arrastam a todos.
E há quem
ceda facilmente à nova “religião”, sem freios lógicos, sem reflexão, sem
personalidade, apenas seguindo uma onda que parece moderna, atual, como
fez a loirinha no voo que virou meme em que estava o Deputado. Falou
sozinha contra 200 passageiros. Entre os políticos aderentes, há o medo
de não ser aceito, especialmente em temas sociais.
Essa
introdução é para colocar em discussão o recente discurso do deputado
federal, o jovem Nikolas Ferreira, mineiro campeão de votos que, em
plena tribuna discursou em defesa das mulheres, no dia da mulher,
usando, entretanto, para chamar a atenção, uma peruca loira emoldurando
uma caricatura da ideologia de gênero que também faz parte do Wokismo
antes referido.
O mundo lhe caiu sobre a cabeça, levando-o a defender-se
da forma mais óbvia possível, mas, como se trata de um dos inúmeros
calcanhares Wokes, há até quem lhe queira cassar o mandato (mais de 1,5
milhões de votos). A mais estridente, a deputada Tábata Amaral, gerada
no laboratório político financiado por banqueiros tipo Jorge Lemann,
Armínio Fraga, Candido Bracher e uma penca de grandes empresários, quer a
sua cabeça na comissão de ética. O motivo alegado é uma falsa "transfobia”, o real é político.
O ponto do
Deputado Nikolas Ferreira é o seguinte: como pode comemorar e se dizer
em defesa da mulher, quem advoga o direito de que um ser biologicamente
nascido homem, crescido como tal, formado fisicamente como tal, possa,
por decisão pessoal, se dar como mulher e, a partir daí, passar a
frequentar livremente competições contra mulheres biológicas. Refere-se
ele a competições em que o resultado é decorrente da força física, esta
determinada, logicamente por diferenças hormonais e fisiológicas. Em
síntese: os homens transformados em mulheres (mulheres trans), estão
tomando das mulheres, na cara dura, os lugares no pódio em seus esportes
e, com eles, patrocínios, publicidade, grana. Simples, obvio, ululante.
Sobre isso, ninguém melhor que Ana Paula Henkel ,
ex-campeã brasileira de vôlei expõe os motivos pelos quais essa parte
do Wokismo é uma fraude evidente. É claro que nessas horas surgem
“especialistas” de bancada para defenderem cinicamente que se trata de
política inclusiva. É mesmo? Por que será que enquanto competia entre
homens, William Thomas em sua melhor performance ficou em 18º lugar em
uma universidade americana e, depois do tratamento hormonal através do
qual se afirmou a mulher Lia Thomas, também na foto acima, virou
recordista entre mulheres, mas o contrário (homem trans recordista)
nunca acontece? Inclusão pela exclusão de semelhantes?
Existem dezenas
de casos, nas lutas, por exemplo, em que mulheres biológicas são
literalmente surradas por ex-homens, digo, mulheres trans. Alana McLauglin, que antes pertencia às Forças Especiais do Exército
Americano, mas achou melhor assumir a mulher que vivia nele, tomar
hormônios, pintar o cabelo de roxo, raspar a barba, espancar outras
mulheres e ganhar lutas seguidas.
Aproveito
para dizer que em minha opinião pessoal, o sujeito adulto pode fazer do
seu corpo o que quiser, ter a profissão que quiser, olhar no espelho e
ver o que quiser, olhar pra dentro de si mesmo e ver o que quiser, agir
como quiser, se divertir no parquinho que quiser. Quem acompanha esta
coluna sabe quanto defendo a liberdade. Simplesmente não é da minha
conta e seria intrusão ilegítima se, por acaso, me metesse a julgar quem
quer que seja.
No fundo,
não é de uma transfobia fantasiosa que estão acusando o jovem Deputado.
Elas sabem. Na esteira do Wokismo de Tábata Amaral, que além do mais vê
no Nikolas Ferreira um fenômeno político adversário a ser derrubado para
que se viabilize seu projeto político, o que estão tentando defender é
que a fluidez de gênero deva ser aceita nos esportes sem possibilidade
de contestação, desprezando a biologia e adequando os campeonatos com
restrições e regulamentos de dosagens hormonais, escala e tempo até que o
errado caiba no certo. Wokes utilizam-se da elasticidade de conceitos
para igualar desiguais. Um estudo científico publicado na Revista Mineira de Educação Física, (Universidade Federal de Viçosa) já no resumo declara em 2015 que:
“As
diferenças relativas ao sexo no desempenho físico são explicadas,
principalmente, pelas diferenças nas características fisiológicas e
morfofuncionais de homens e mulheres. As respostas neuromusculares,
metabólicas e morfológicas entre homens e mulheres refletem a ação de
hormônios característicos. Um aspecto relacionado ao esforço físico em
que são notadas diferenças entre os sexos diz respeito à instalação do
quadro de fadiga. Estudos têm demonstrado que a fadiga da musculatura
periférica em função do exercício é maior nas mulheres do que nos
homens, o que resulta em menor rendimento delas em tarefas físicas. Em
relação à força muscular absoluta, a da mulher média é 63,5% da força do
homem. A força muscular da parte superior do corpo das mulheres é de
55,8% da força dos homens enquanto a da parte inferior é de 71,9%. Já em
relação à capacidade aeróbia, a diferença em valores absolutos no
consumo máximo de oxigênio é de aproximadamente 30%. Resultados
relativos à capacidade anaeróbica e potência anaeróbica apresentam os
mesmos resultados que nos correspondentes aeróbicos. Como conclusão,
fica clara a desvantagem do sexo feminino em relação ao masculino para
todas as valências físicas, com exceção da flexibilidade.”
Aqui
também se pode ver conclusões semelhantes. Não parece simples,
evidente? Para o leitor sim, mas não para o Wokismo tirânico e suas
caronas que insistem em dobrar a ciência ao ponto de homem ser
fisicamente mulher e vice-versa, sem mais nem menos. Felizmente, creio,
essa tolice contra o deputado dará alguns holofotes, mas não avançará,
afinal ainda há um mínimo de liberdade de expressão na Câmara dos
Deputados. No máximo, servirá de teste para sabermos que o Wokismo já se
encrusta no parlamento, seja por militância consciente e objetiva
(deputada Tábata Amaral), seja por conveniência, e que precisamos
conhecer a verdade dos fatos antes de sair macaqueando celebridades.
Sugiro ao leitor que não se deu conta da obviedade do contrassenso, dar
uma vista nos sites, pesquisas e estudos que tratam do tema, se for
mulher a ler este breve texto, saiba que há um movimento crescente
contrário a essa injustiça, ou seja, o Wokismo não está sozinho no
ringue, embora tenha alguns torcedores na plateia.
Site - Valterlucio Bessa Campelo