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quarta-feira, 19 de julho de 2023

A diplomacia das ideias mortas - J. R.Guzzo

Revista Oeste

Lula não tem 'política externa'; tem uma agenda de turismo para encher o álbum de fotos da mulher e fugir dos problemas que nem ele nem o seu governo têm a menor ideia de como resolver



Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, embarcando para Letícia, na fronteira entre Brasil e Colômbia | Foto: Cláudio Kbene/PR

Não há em cartaz no planeta, neste momento, nenhuma exibição mais rasa de subdesenvolvimento, de palhaçada típica do pobre diabo que quer entrar de penetra na festa e de cafajestismo em estado bruto do que o programa de volta ao mundo que Lula e a mulher fazem há seis meses. Desde que pegaram a chave do Tesouro Nacional para sair por aí detonando o dinheiro do pagador de impostos brasileiro, sem controle de ninguém, não pararam mais. 
É um dos sonhos de consumo mais recorrentes do brega-padrão: viajar pelo mundo “sem pagar um tostão”, com hospedagem em hotéis que cobram diária de R$ 40 mil e jato pessoal equipado com dormitório exclusivo para o casal — ou na base do “vamo gastá, que o governo paga tudo”
Quem paga é você, claro, mas eles estão pouco se lixando para você. 
O que querem é a viagem de paxá, carregando junto, e por conta do Erário, um cardume gigante de bajuladores-raiz e de jornalistas extasiados com a visão divina do presidente.  
Acham, ou fazem de conta que acham, que estão realizando algo importantíssimo para a geopolítica mundial. 
São apenas um bando de suburbanos deslumbrados com mais uma “viagem grátis”
Vão a Paris, Londres ou Roma para ficar falando entre si em português e torrando dinheiro que não é deles. É cômico. Também é uma lástima.

Lula e o cardume descrevem o que estão fazendo como diplomacia e, pior ainda, como “diplomacia de Terceiro Mundo”, para mostrar aos países ricos (e brancos, e imperialistas, e etc. e tal) que os pobres, unidos, jamais serão vencidos. 
Lula exibe-se como líder mundial e acha que estão lhe devendo há muito tempo o Prêmio Nobel da Paz embora nunca tenha tido capacidade, estatura ou o mínimo de competência para pacificar uma briga de botequim. A Rede Globo e o resto da mídia de “consórcio” e de opinião única descrevem essa comédia como “intensa atividade internacional”. 
 
Alguns, mais agitados, discutem com caras sérias e palavras difíceis, em suas mesas-redondas depois do horário nobre, o que imaginam ser a “política externa” de Lula. A sua “estratégia” seria essa. As suas “opções” seriam aquelas. A sua “leitura” da situação internacional seria sabe-se lá o que, e assim por diante. Lula não tem “política externa”; tem uma agenda de turismo para encher o álbum de fotos da mulher e fugir dos problemas que nem ele nem o seu governo têm a menor ideia de como resolver. Tornou-se, com suas viagens, um exportador de ignorância — apenas isso.

Se Lula fala sem parar dos “pobres”, e que precisa de mais impostos para socorrer os “pobres”, então por que não dá para os pobres as fortunas que gasta nessas viagens todas?

A ciranda alucinada de Lula já foi para Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Portugal, Espanha, China, Abu Dhabi, Japão, Itália (para tirar foto com o Papa), França e Colômbia e está de viagem marcada para a Bélgica é, mais do que tudo, uma coisa ridícula.  
Nenhum outro chefe de Estado do mundo faz algo parecido — não faz hoje e nem fez nunca. Ele, Janja e a mídia não percebem, mas o presidente que se acredita uma nova voz no cenário internacional está apenas fazendo papel de bobo, ou de figura exótica de Terceiro Mundo como foi um dia o Xá da Pérsia, ou como são hoje esses ditadorezinhos africanos que pousam nos aeroportos da Europa com o peito carregado de medalhas, agendas sem um único minuto de trabalho real e comitivas tamanho XXXXX-L. Desfilam diante da guarda. Vão a banquetes. (O presidente do Brasil, inclusive, reclama da comida que lhe deram nos palácios do Quirinale e do Élysée, em Roma e Paris. Quer se fazer de “homem simples”, que gosta de “um arrozinho com feijão”; consegue apenas ser mal-educado.) Gastam como xeiques das Arábias. 
 
Perturbam o trânsito. É um alívio quando vão embora. Lula, no fundo, é apenas um deles
As coisas sérias que os estrangeiros têm para tratar com o Brasil são conversadas em outros lugares, em outras ocasiões e com outras pessoas. Do presidente brasileiro, o que fica é a imagem do subdesenvolvimento arrogante, burro, perdulário e sem noção — como ocupar 57 quartos de um dos hotéis mais caros de Londres para ir à coroação do rei. 
Por que raios seria preciso levar essa multidão para assistir a uma cerimônia?
 Assinaram algum tratado? 
Discutiram exportações ou problemas de legislação internacional? Não. Só passearam e gastaram dinheiro público como em Portugal, onde conseguiram montar (e pagar) uma comitiva oficial de 22 carros para levar Lula daqui até ali.
 
Os países ricos que recebem Lula tomam nota dessas coisas; a principal sensação que têm é de desprezo. Dão os sorrisos, fazem os rapapés e tiram as fotos que o protocolo diplomático exige. Nas conversas que têm entre si registram o despropósito ofensivo que é torrar, em viagens patéticas, milhões de dólares de um país pobre. 
Será que está sobrando dinheiro no Brasil? 
Se Lula fala sem parar dos “pobres”, e que precisa de mais impostos para socorrer os “pobres”, então por que não dá para os pobres as fortunas que gasta nessas viagens todas? 
 
Ele conseguiria citar uma viagem indispensável, só uma, entre todas as que fez, ou que fosse necessária, ou que tivesse servido para alguma coisa de útil? É claro que não.  
Há, também, a desmoralização do Brasil no exterior. 
Estrangeiro se dá conta, na hora, do desperdício deslumbrado de chefete de país pobre — acha um insulto ver um presidente como Lula, que diz haver “33 milhões” de pessoas passando fome no Brasil, passear e gastar como um sultão nas suas capitais. 
Os jornalistas se esforçam para demonstrar que Lula está se “projetando no Exterior”, ou “ocupando espaços para o Brasil” e influindo em assuntos sérios. Falam de “influência”, de “alianças”, de “eixos” e repetem bobagens que ouvem, sem entender direito, no Itamaraty. Não é nada disso. 
É apenas mais uma farsa, como a picanha geral, o Ministério do Namoro e outros truques de quem não sabe e não quer governar.

Ainda não caiu, para Lula, a Rede Globo e a esquerda brasileira, uma ficha elementar: o valor de mercado da Apple, divulgado outro dia, é 50% superior ao PIB inteirinho do Brasil.                                              São US$ 3 trilhões para eles, ante US$ 2 trilhões para nós. Que tal?    É o tipo de coisa que faz qualquer um baixar o facho. Não se trata de achar que o Brasil é uma mixaria, porque o Brasil não é uma mixaria. Trata-se apenas de ter um pouco de consciência do tamanho real do país — o Brasil é o que as realidades mostram, e não o que Lula quer. 

O presidente e o seu sistema não têm ideia disso. Puseram na cabeça que os “países ricos” estão preocupadíssimos com a influência decisiva do Brasil no mundo e no resto do sistema solar — e acham que podem mudar os destinos da humanidade, que irá para onde Lula for. É a fórmula ideal para dividir a política externa brasileira de hoje em dois pedaços, e apenas dois: o inútil e o nocivo. 

No pedaço inútil estão tolices de 24 quilates, como o “Parlamento Amazônico”, que Lula acaba de propor na Colômbia, a “moeda comum” do Mercosul, a “parceria” em inteligência artificial com Abu Dhabi (não com os Estados Unidos; com Abu Dhabi) ou a troca de “tecnologia” com a Venezuela — e daí para baixo. No pedaço nocivo não é mais, apenas, o embusteiro falando de coisas que não entende. Aí já é a ação direta contra os interesses concretos do Brasil e dos brasileiros.

O veneno básico está na procura permanente, há seis meses, de um conflito com os Estados Unidos, com os países europeus e com o “imperialismo” mundial, em obediência às doutrinas que encantam o governo Lula. O plano-mestre, nessa toada, é ser amigo político da Rússia, da China e, como regra geral, de qualquer ditadura que se declare vítima do sistema capitalista. Tem sido um desastre, é claro. O grande momento, nesse “alinhamento” com a Rússia, foi a declaração de que a Ucrânia é responsável pela invasão do seu próprio território. Conseguiu, de imediato, ofender diretamente aliados vitais do Brasil; não ganhou nada em troca. Para a “política externa” de Lula, a Europa e os Estados Unidos são culpados por “fragilizarem” a Rússia. O que significa isso? É óbvio que europeus e norte-americanos querem dar apoio à Ucrânia contra a Rússia; estão, a propósito, fazendo há mais de um ano um boicote econômico aberto contra os russos. 
 
 O que Lula propõe: que o Brasil boicote, em represália, os Estados Unidos e a União Europeia? A diplomacia brasileira permite que navios de guerra do Irã, que tanto americanos como europeus declararam oficialmente uma nação terrorista, ancorem no Porto do Rio de Janeiro. Recebe no território nacional, com todas as honras, o ditador da Venezuela — que está com a cabeça a prêmio pelo Departamento de Estado americano, a US$ 15 milhões, por tráfico internacional de drogas. O Exército Brasileiro faz “manobras conjuntas” com a Nicarágua. 
O governo gosta da “Palestina” e dos seus terroristas. 
Não gosta de Israel, que é a única democracia da região. Em suma: é alguma coisa contra o “Ocidente”? Então o Brasil é a favor.

Não pode haver nada mais nocivo aos interesses brasileiros, ao mesmo tempo, do que a insistência de Lula em dar dinheiro para as economias mais fracassadas do mundo — lugares como Venezuela, Cuba ou Argentina. Para Lula, a culpa da ruína econômica da Venezuela não é da ditadura de Chávez e de Maduro — é dos Estados Unidos, que não compram os produtos venezuelanos. Não faz sentido. 
Para começar: que produtos? A Venezuela não produz nem um prego. Não tem papel higiênico. Não tem nada para vender. É um Saara econômico. Para concluir: a ditadura da Venezuela passa o tempo todo fazendo declarações de guerra aos Estados Unidos. 
Por que raios os Estados Unidos deveriam ajudar a Venezuela? 
 
É a mesma coisa com Cuba. A miséria cubana, segundo Lula, não foi provocada pelo regime comunista; na sua opinião, Cuba seria “uma Holanda” se não fosse pela falta de colaboração dos norte-americanos. Lula quer ajudar também a Argentina — o maior caloteiro da economia mundial. Pede “compreensão” dos credores etc. É claro que ninguém no exterior dá a menor atenção ao que ele diz. Nem o Banco do Brics, onde arrumou emprego para Dilma Rousseff; chinês empresta, mas quer receber o dinheiro de volta, e a Argentina não paga ninguém. Mas aqui no Brasil ele tem acesso aos recursos da população. Vai fazer o que puder para arrancar dinheiro do BNDES, e de outros caixas, para doar à Argentina, Venezuela e quem mais se apresentar como país “progressista”.

Nada disso vai melhorar o Brasil em absolutamente nada — e, no fundo, a “política externa de Lula” talvez nem seja mesmo de Lula. Pelo cheiro da brilhantina, é coisa do companheiro que ocupa, no mundo dos fatos, o cargo de ministro das Relações Estrangeiras. Não é o funcionário que dá expediente no Itamaraty. É o assessor externo Celso Amorim. Lula, basicamente, repete o que ouve de Amorim; é ele quem realmente está por trás do que Lula fica falando por aí, e da estratégia diplomática genial que os dois pensam estar executando. A cabeça de Amorim está congelada num momento qualquer entre 1955 e 1960; ele continua a pensar, hoje, como se pensava durante a guerra fria entre a Rússia e os Estados Unidos. Não parece ter notado que a Rússia perdeu essa guerra, nem que houve algumas mudanças tecnológicas de lá para cá, todas elas geradas pelos norte-americanos. 
 
Continua festejando o lançamento do Sputnik, torcendo contra os “trustes internacionais” e dizendo que a Rússia comunista pode até ter umas falhas aqui ou ali, mas precisa ter o apoio de todos para nos salvar dos horrores do capitalismo. Parecem ser fruto do seu sistema cerebral ideias tais quais a eliminação do dólar como meio de pagamento das transações do comércio mundial — e tantos outros dos momentos-chave da diplomacia de Lula. O resultado é que o Brasil não tem mais quem defenda os interesses nacionais no exterior. A diplomacia brasileira se transformou num serviço de apoio a ideias mortas.

Leia também “Amorim é o passarinho de Lula”
 
 
Coluna J. R. Guzzo - colunista - Revista Oeste
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Supremo desarmamentista toma lugar do Congresso - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia

Parabéns, radialistas! 21 de setembro é o nosso dia. Essa é a minha origem: desde os 7 anos estou no microfone, porque meu pai também era de rádio e me chamava para fazer papel infantil em novela, que era ao vivo. Um abraço a todos os colegas!

Partidos conseguem no Supremo o que não têm voto para conseguir no Congresso

  •  O placar ficou em 9 a 2 em favor da decisão de Fachin, que suspendeu trechos dos decretos de armas editados por Bolsonaro.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo [alguém tinha alguma dúvida sobre o veredito? é identificar o lado que está com o presidente Bolsonaro e ter a certeza que o outro lado será o vencedor. Como é notório, os partidecos SEM NADA sempre ganham na Justiça.]

    O Supremochegou à maioria para derrubar decretos de 2019 do presidente da República que garantem compra e propriedade de armas. Em 2005, no referendo, o povo brasileiro foi perguntado se queria a proibição do comércio de armas e respondeu com um rotundo “não”, de 64%. Essa é a vontade popular. 
    Arma em casa, na loja, na propriedade, é um poder dissuasório. As pessoas vão pensar dez vezes antes de querer entrar na sua casa, na sua loja, na sua propriedade. 
    É por isso, que, desde então, vêm despencando os homicídios no Brasil. 
    Uma queda de 30 homicídios por 100 mil habitantes em 2017 para 19 hoje em dia.
     
    O que está ocorrendo, então, é o contrário do que os desarmamentistas alegam. Mas o Supremo é desarmamentista. Apressado, quer fazer isso antes das eleições, porque o PSB e o PT pediram e o ministro Fachin estava dando liminares contra os decretos.  
    O ministro Nunes Marques pediu vista, não havia prazo para devolver, mas ele foi atropelado, os outros votaram e já existe maioria para derrubar os decretos.
     
    Por que PT e PSB foram ao Supremo? 
    Porque eles não têm voto no Congresso para derrubar esses decretos do presidente sobre armas e munições, e aí vão para o STF. 
    Onde é que está a representatividade popular? 
    Quem não tem voto não pode pedir enxerto, pedir que o Supremo ponha um dedo na balança do poder e a altere, dando poder à minoria
    Quando a minoria legislativa consegue reforço no Supremo, isso não é democracia. 
    Até porque derrubar decreto presidencial, segundo o artigo 49, V da Constituição, é competência exclusiva do Congresso Nacional: sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”
    O Legislativo, aliás, tem a obrigação de defender suas competências e impedir coisas como essas. 
    A alínea XI do mesmo artigo 49 diz que compete ao Congresso Nacional zelar pela preservação de sua competência legislativa”. Pois não está zelando.
     
    Viram como é que funciona? O Supremo é uma espécie de reforço, de alavanca, para partido que não tem voto no Congresso. 
    Foi isso que Luiz Fux quis dizer quando tomou posse na presidência do Supremo, pedindo aos seus pares para não aceitarem coisas assim, mas não adianta, lá cada cabeça é uma sentença.
     
    Bolsonaro fez discurso de estadista na ONU
    Se alguém me perguntasse como eu resumiria os 20 minutos de discurso do presidente do Brasil na ONU, eu diria que me chamou a atenção o elogio que Bolsonaro fez ao Alysson Paolinelli, que é o candidato do Brasil ao Prêmio Nobel da Paz pela revolução no agro.  
    O presidente mostrou que o agro brasileiro está em condições de alimentar o mundo; que o Brasil está em condições de ser modelo de proteção ambiental; 
    que o Brasil tem energia, além de alimento, para fornecer ao mundo, com todo esse potencial. 
    Mostrou que o Brasil tem uma inflação que é das menores do mundo, mais baixa que a dos Estados Unidos, da Alemanha, da França.
     
    Bolsonaro ainda disse que o brasileiro está de portas abertas para receber os religiosos perseguidos pela ditadura Ortega, de esquerda, na Nicarágua; que o Brasil mostrou serviço e tem direito a um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas que a ONU precisa ser reformada para ser mais ativa em casos de guerra como esta entre a Rússia e a Ucrânia
    Bolsonaro pediu um cessar-fogo, que não fechem os canais de diálogo; e mostrou que a Europa está punindo a si mesma quando quis punir a Rússia, porque está sem energia, petróleo e gás
    o inverno está chegando e os europeus estão usando fontes sujas de energia – ao contrário do Brasil, que tem 84% de energia limpa.
     
    O presidente falou de liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito de protestar, repudiou a ideologia de gênero, defendeu o direito à vida desde a concepção e o apoio à incolumidade da mulher. 
     E mostrou que os homicídios vêm despencando aqui no Brasil, dando segurança para todo mundo. 
    Mencionou a corrupção ocorrida entre 2003 e 2015 – mas que isso é questão do passado. Se fosse para resumir, eu diria que foi um discurso de estadista.
     
    Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
     
    Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Campanha de Bolsonaro usa fala sobre aborto para atacar Lula

Propaganda também tem declaração de Madre Teresa de Calcutá contra a interrupção da gravidez

A campanha de Jair Bolsonaro pôs no ar nesta quinta-feira uma propaganda eleitoral que usa trechos de uma fala do ex-presidente Lula, de abril deste ano, para dizer que ele defende o aborto. A inserção de 30 segundos que será exibida ao longo da programação na TV começa com uma declaração de Madre Teresa de Calcutá contra a interrupção da gravidez.

“Madre Teresa de Calcutá nos ensinou sobre o aborto”, diz o narrador. “E se uma mãe pode assassinar seu próprio filho em seu próprio ventre, o que falta a nós para matarmos uns aos outros?”, diz a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979, em fala dublada.

“Já Lula, defende o aborto”, continua o narrador. Nesse momento, são exibidos três trechos de um pronunciamento do petista: “E a madame ela pode fazer um aborto em Paris […] Aqui no Brasil ela não faz porque é proibido. Quando, na verdade, deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito […] Essa pauta da família, a pauta dos valores é uma coisa muito atrasada”.

A fala em questãoque na época causou polêmica entre os próprios petistas e virou munição para os bolsonaristas e evangélicos, em particular —  ocorreu durante um debate promovido pela Fundação Perseu Abramo, do PT, e a fundação alemã Friedrich Ebert, sobre desafios progressistas e parcerias estratégicas com a União Europeia. O evento teve a participação de Martin Schulz, presidente da entidade e ex-presidente do Parlamento Europeu.


 Madre Teresa de Calcutá - contra o aborto

 Caso o Vídeo se torne indisponível, clique aqui = é chato, já que você terá que ouvir o descondenado petista falando m... ,   por mais de duas horas.

Lula se referia aos europeus quando disse que “é preciso estabelecer um padrão que seja mínimo para que todo mundo possa viver bem”. E citou  o exemplo do Brasil com relação ao aborto. “Aqui no Brasil, por exemplo, Martin, as mulheres pobres elas morrem tentando fazer aborto porque é proibido o aborto, é ilegal. Então uma mulher pobre ela fica cutucando o seu útero com uma agulha de crochê, ela fica tomando chá de qualquer coisa… Numa cidade chamada Jaguaquara, na Bahia, eu conheci uma mulher que utilizava fuligem do fogão a lenha, aquela fumaça, aquelas coisas que grudam, sabe?, colocando na vagina para ver se ela abortava”, relatou o ex-presidente.

Coluna Radar - Robson Bonin - VEJA


terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A caricatura de Paulo Freire, o 'energúmeno' - Bernardo Mello Franco

O Globo

BOLSONARO ATACA PAULO FREIRE - Energúmeno

“Freire nunca defendeu uma educação partidária. Defendia que os alunos pudessem discutir seus problemas na escola, o que assustava as elites conservadoras da época”, esclarece Haddad. “Agora que estamos vivendo outro momento de intolerância, ele passou a ser usado como bode expiatório para nossos fracassos no setor. Isso faz parte do universo das fake news”.

O dicionário “Houaiss” define “energúmeno” como “pessoa que age com violência, de forma irracional, brutal; desequilibrado, desatinado; indivíduo ignorante, boçal, imbecil”. A palavra não se aplica a quem dedicou a vida à causa da alfabetização. Combina melhor com políticos que desprezam a educação, a cultura e o conhecimento.

Bernardo M. Franco, colunista - O Globo


sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Um espanto! - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

Negros contra negros, índios contra índios, aparelhamento da cultura, Funai e Ambiente

Um negro que nega o racismo, uma índia contrária aos movimentos indígenas, um diretor da Funai aliado aos ruralistas, a estrutura de Meio Ambiente descolada do Meio Ambiente, um secretário de Cultura que xinga Fernanda Montenegro, uma secretária de Audiovisual distante do cinema e da televisão. Sem falar em ministros.[a regra é simples, diria o ex-juiz de de futebol e vamos a ela:
- o presidente da República, JAIR BOLSONARO, no de suas atribuições constitucionais, nomeia um ministro. Por óbvio, ele procura saber o pensamento do nomeado, para concretizar o ato;
- o nomeado, tem todo o direito de recusar, mas, ao aceitar tem o DEVER de trabalhar de modo afinado com o governo que integra e que é regido pelo presidente Bolsonaro.
O ministro que não concordar, pede para sair - e os que querem um ministro ao seu gosto, esperem as próximas eleições e se candidatem ao cargo de presidente da República.]

O que que é isso, minha gente? O presidente Jair Bolsonaro vive criticando os antecessores pelo “excesso de ideologia” e rejeita indicações de políticos eleitos tão democraticamente quanto ele próprio, mas não faz outra coisa senão nomear pessoas que simplesmente se classificam “de direita”, mesmo que não tenham nada a ver com os cargos. Boa governança? O que dizer de Sérgio Camargo, que foi nomeado para a Fundação Palmares, apesar de negar o racismo, atacar a “negrada militante” e reduzir a injustiça e as humilhações contra os negros a um “racismo nutella?” Até o próprio irmão desse senhor, o músico e produtor cultural Oswaldo Camargo Júnior, abriu um abaixo-assinado contra a nomeação. Para Oswaldo, Sérgio é um “capitão do mato”. Um capitão do mato na Fundação Palmares...

Assim como pinçou um negro para desqualificar os movimentos negros, Bolsonaro levou para a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, a youtuber índia Ysani Kalapalo, que vive entre São Paulo e sua aldeia no Xingu (MT). Isso tem nome: “Lugar de fala”. Brancos não podem atacar os movimentos, mas um negro contra negros e uma índia contra índios faz toda a diferença. [os movimentos que condenam o presidente Bolsonaro levar para Assembleia-Geral da ONU, são, certamente, os mesmo que apoiam Raoni - que vive mais fora do Brasil, da aldeia da qual diz ser cacique - para o Nobel da Paz.]


Tratada como troféu, a jovem se diz “80% de direita”, considera as queimadas “um acidente” e ataca os líderes como “índios esquerdistas que fazem baderna em Brasília”. Exultante, Bolsonaro decretou o fim do “monopólio do sr. Raoni”. Referia-se a um ícone, indicado para o Prêmio Nobel da Paz. Famoso por chamar Fernanda Montenegro de “sórdida e mentirosa”, o diretor de teatro Roberto Alvim foi nomeado secretário de Cultura e não apenas define a política cultural como nomeia direitistas por serem direitistas. Exemplo: Katiane Gouveia, da Cúpula Conservadora das Américas, manda na estratégica área de audiovisual.

No prestigiado ICMBio, o PM Homero de Giorge Cerqueira. Na resistente Funai, o delegado da PF Marcelo Augusto Xavier, com apoio da bancada ruralista – amiga de Bolsonaro, inimiga das comunidades indígenas. Ele substituiu o general Franklimberg Freitas, que é indígena. O embaixador júnior Ernesto Araújo virou chanceler depois de sabatinado pelo filho do presidente e jurar que é a favor de Deus, da família e de Trump e contra o “globalismo” e a China (que, segundo ele, quer destruir os valores cristãos do Ocidente).

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi escolhido por conhecer pouco o setor, não saber nada de Amazônia e se comprometer a entupir o ministério de militares da reserva, escanteando ambientalistas atuando há décadas em mares, rios, florestas e reservas. Ruralistas e parte do empresariado estão felizes. Não se pode dizer o mesmo de especialistas e da comunidade internacional. Damares Alves deu um salto de uma obscura assessoria do Congresso para um ministério que reúne Direitos Humanos, família, mulher e sei lá mais o quê. Assim, roda o mundo com visões muito peculiares, não raro estranhas, sobre família, gênero, educação infantil. Todos eles têm a mesma credencial poderosa: são “de direita”.

Na era Lula e PT, “nós contra eles”, “cumpanheirismo”, ideologia e aparelhamento do Estado, que deu no que deu: desmandos, incompetência, corrupção. Saiu o aparelhamento de esquerda, entrou o de direita. A esquerda pela esquerda, a direita pela direita. Pobre Brasil. 

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo


domingo, 10 de março de 2019

O apodrecimento do PT

Projeto ‘Lula Livre’ inibe o movimento ‘PT Livre’


Um partido não apodrece por cair na lama. Ele apodrece por permanecer lá. O Partido dos Trabalhadores parece ter desenvolvido uma certa afeição pelo lodo. Não se pode dizer que a decadência do PT seja vocacional. Se perguntassem a Lula na década de 80 o que o partido dele seria quando crescesse, o então líder sindical jamais responderia: "Seremos a ética que caiu na vida." O apodrecimento do PT não foi planejado. Simplesmente aconteceu. Mas a permanência do PT na lama é um erro que os petistas cultivam com método. No momento, o PT se divide em dois grupos. 

Um se esforça para manter o partido acorrentado ao slogan "Lula Livre". Outro tenta convencer Lula a aderir a um movimento novo: o "PT Livre". O primeiro grupo, liderado por Gleisi Hoffmann, acalenta a ilusão de que Lula pode ser agraciado com o próximo Prêmio Nobel da Paz. O segundo grupo sonha em obter de Lula uma espécie de habeas-PT, que libere a legenda para retirar a ré Gleisi Hoffmann de sua presidência.

O grupo anti-Gleisi empina o nome de Fernando Haddad como substituto ideal. Em privado, o presidenciável derrotado do PT até admite a hipótese de colocar sua cara a serviço de um esforço para melhorar a imagem da legenda. Mas não convive pacificamente com a ideia de ter que presidir a luta interna do PT consigo mesmo. É como se Haddad quisesse retocar a radiografia sem cuidar do paciente. Embora sonhem com coisas diferentes, a turma do "Lula Livre" e a banda do "PT Livre" têm algo em comum: os dois grupos estão irremediavelmente acorrentados a Lula. Ainda não apareceu petista com autonomia para mover um dedo sem obter autorização do presidiário de Curitiba. E Lula, extasiado com a fantasia de que pode virar um Prêmio Nobel, revela-se um personagem capaz de tudo, menos de livrar o PT de sua bola de ferro.


Assim, o futuro do PT está atrelado à coleção de sentenças criminais de Lula. Duas vezes não é coincidência. Três vezes não será mistério. A quarta vez será um destino. O dedo do destino não costuma deixar impressão digital. Mas o apodrecimento do PT tem as digitais de Lula.



 

Projeto ‘Lula Livre’ inibe o movimento ‘PT Livre’ ... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/projeto-lula-livre-inibe-o-movimento-pt-livre/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/projeto-lula-livre-inibe-o-movimento-pt-livre/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/projeto-lula-livre-inibe-o-movimento-pt-livre/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/projeto-lula-livre-inibe-o-movimento-pt-livre/?cmpid=copiaecola... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/projeto-lula-livre-inibe-o-movimento-pt-livre/?cmpid=copiaecola