O MUNDO SEGUNDO GRETA
Confesso-me impressionado com o poder da máquina publicitária
montada em torno do ambientalismo. De repente, como se tivessem recebido
uma revelação espiritual, pessoas de quem se espera discernimento
reverenciam uma adolescente de 16 anos que fala sobre um apocalíptico
fim do mundo. Com frêmitos de ira, chicoteia supostos vendilhões do
planeta expulsando do templo da mãe terra qualquer um que ouse acender
um lampião de querosene. [16 anos por ser a idade dedicada aos estudos, destacamos o único mérito da 'ativista': GAZETEAR aulas, a pretexto de protestas contra as agressões ao meio ambiente - na frente do parlamento sueco.
O destino dessa pirralha é logo ser esquecida, com a mesma rapidez que os misteriosos vazamentos de óleo nas costas brasileiras saíram do foco.
Nada contra a Suécia ou os suecos - foram excelentes anfitriões da Copa do Mundo de 58, época em que o Brasil tinha uma seleção, cujos integrantes eram selecionados por serem os melhores no futebol, hoje são selecionados os mais caros e os que dão vexame.]
Ela mesma, para dar exemplo, perdeu 21
dias de aula viajando de Lisboa a Nova Iorque a bordo de um veleiro.
Verdadeira multidão de repórteres a aguardava. Parecia uma tribo de
selvagens de i-phone recebendo a visita de uma navegadora vinda do
passado. Com Greta, chegava a redenção daquela turma motorizada. Com
ela, retomavam-se as Grandes Navegações e os sete mares se fariam
coloridos pelos velames da nova versão pop da marinha mercante. Milhões
de toneladas de alimentos embarcadas em tonéis. Uma nova logística para a
humanidade. Aleluia!
“How dare you!”. Essa expressão – “Como
vocês se atrevem!” – saída da boca de uma adolescente, impressionou o
mundo mesmo que não esteja muito claro de onde lhe vêm as credenciais se
não do discurso decorado. O mundo é muito impressionável. Greta tem uma
autoridade autorreferida, produto de um pânico implantado, endossado
por uma mídia pronta para abraçar qualquer tese que sirva aos grandes
negócios da agenda ambientalista e/ou aos interesses políticos da
esquerda. A inimizade dessa imprensa com o progresso, com o
desenvolvimento econômico e com a geração de empregos é mais do que
declarada. Contudo, na ausência da trinca – progresso, desenvolvimento e
empregos –, sobrevêm miséria e fome. [dizem que a ABORRESCENTE foi indicada para o Nobel da Paz - o presidiário Lula, temporariamente em prisão domiciliar, também foi, Raoni - o índio que não sabe andar na selva - também foi.
Com tais indicações, que valor resta ao Nobel da Paz?]
Com efeito, miséria e fome
são males que frequentam o fim da estrada para as dezenas de
experiências esquerdistas ao longo de um século inteiro. E eu não vejo
como não esperar por ambos num cenário econômico movido a vento, onde os
aeroportos (1), politicamente incorretos, todos, precisam esvaziar-se. O
aplaudido antagonismo com a livre iniciativa deveria disparar, isto
sim, um sinal de alerta, em direção inversa, a toda a humanidade. O ser
humano não é ecológico. Nem os índios o são plenamente. Ao contrário da
exclamação de Greta, nós é que deveríamos interpelar seus apoiadores:
“How dare you!”. Não a utilizem para tais fins!
Muito mais
realista do que o discurso que lhe ensinaram, longe do qual, sem a
prévia redação ela já deu sinal de ficar sem conteúdo, é saber que os
próprios navios da ONG Greenpeace se movem a óleo diesel e que,
portanto, essa histeria contra combustíveis fósseis tem boa dose de
hipocrisia. Faz o que eu digo, não faz o que eu faço.
Percival Puggina (74), membro da
Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e
titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites
no país.
(1) Há, na Suécia, um movimento com o intuito de criar constrangimento
ético a quem viaja de avião. Chama-se “Vergonha de voar” (em sueco
flygskam)...
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