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domingo, 10 de setembro de 2023

Condenados à morte - Revista Oeste

Cristyan Costa

Indígenas de São Gabriel da Cachoeira (AM) denunciam abusos e afirmam que ONGs ambientalistas não cumprem promessas

Rafael Castro, de 66 anos, com uma de suas netas, em Pari-Cachoeira (AM, 31/8/2023) | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

 Em 2008, os indígenas da aldeia Pari-Cachoeira, localizada no coração da Amazônia, vibraram com a notícia de que a ONG Instituto Socioambiental (ISA) conseguira o dinheiro necessário para construir naquelas terras um criadouro de peixes bem abastecido, uma granja espaçosa e um centro para ensinar atividades culturais, além de implementar outras benfeitorias, como o saneamento básico. A grana necessária para tudo isso realmente chegou ao ISA. Passados 15 anos, contudo, as obras ou não saíram do papel ou estão abandonadas. É o que contam os moradores da vila localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM), a mais de mil quilômetros de Manaus. Só se chega à tribo da etnia tucanos depois de sete dias de barco, partindo da capital, ou três horas de avião — e não há voos comerciais para aquele destino. 

O açude prometido pelo ISA, por exemplo, está prestes a se tornar um pântano. Os escassos peixes de pequeno porte que sobrevivem na água barrenta não garantem a subsistência dos 130 indígenas que moram ali. A vegetação proliferou ao redor, e até mesmo os nativos acostumados a andar naquele terreno tropeçam no matagal, cujo tamanho dificulta até mesmo que se enxergue a existência do local que deveria assegurar a atividade aquícola da aldeia.

(...)

Brandão conta que essas obras ajudariam a melhorar a qualidade de vida de uma aldeia que hoje depende de doações do Estado e pequenas roças, que também não são suficientes. Ao abrir a geladeira, o homem lamenta pela falta de alimentos, sobretudo de carne. Em vez de comida, panelas vazias amontoadas e poucos mantimentos, como mandioca, sacos de farinha, fubá e sal. “A maioria da nossa gente vive assim”, disse. Cabisbaixo, ele dirige o olhar para o chão de terra batida, salpicado pelos raios de sol que entram pelas frestas das paredes de barro. “As ONGs precisam sair para tomarmos o controle da nossa vida”, diz Brandão.

Parados no tempo
O cacique contou que a maioria dos moradores de Pari-Cachoeira ganha dinheiro do Bolsa Família. “Mas não queremos depender disso”, afirma. “Desejamos explorar o solo que armazena riquezas, como nióbio, ouro e diamantes. Precisamos de desenvolvimento.” A queixa de Brandão é a mesma do indígena Rafael Castro, de 66 anos, uma das lideranças dos tucanos. Coisas que para o homem da cidade são banais para os indígenas de São Gabriel da Cachoeira são um sonho inalcançável. Castro deseja um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário dentro de casa. Há mais de 20 anos, o ISA prometeu saneamento básico para a aldeia. “Minha família faz as necessidades na floresta”, contou. Ele reclama também da inexistência do centro cultural que, entre outras atividades, ensinaria pintura e dança. “Minhas netinhas passam a maior parte do tempo em casa, vendo desenhos na TV que comprei com muito esforço.[pela vontade do cacique a TV não seria comprada e sim doada; dificil de entender é que  os indígenas recebem doações do Estado, ganham dinheiro do Bolsa Família, as terras indígenas chegam a 176 hectares por indígena - seja criança, idoso, adulto, mulher, homem.
Já milhões de brasileiros não indígenas - porém, tão brasileiros quanto aqueles - grande parte ganhando um salário mínimo (pouco mais de mil reais, após o fantástico aumento de R$ 18,00, concedido pelo 'pai dos pobres'), a grande maioria não recebendo nenhum auxílio do ATUAL DESgoverno, precisam se virar para pagar em torno de R$ 500, 00  por um aluguel de um barraco na periferia da periferia, com no máximo 50m2.
Quanto as ONGs é pacífico que a quase totalidade delas estão a serviço de governos estrangeiros.]

Segundo Castro, as ONGs nem sequer pavimentaram as vias da aldeia, como haviam se comprometido. Para chegar à residência do homem, é preciso descer uma estrada de terra tortuosa que vira um lamaçal em dias de chuva. “Nesses tempos, fica bem difícil sair de casa”, conta Castro. Ele afirma ainda que, se tivesse esperado as ONGs para conseguir energia elétrica — promessa feita há 20 anos —, Pari-Cachoeira ainda estaria no escuro. A luz que hoje ilumina as residências veio dos governos federal e estadual. “As ONGs impedem nosso progresso”, salienta Castro. “Elas inclusive não gostam que façamos casas de alvenaria, porque supostamente prejudicam o meio ambiente. Querem que moremos em residências com paredes de barro. Sinto que as ONGs preferem nos ver congelados no tempo.”

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As reclamações sobre a atuação das ONGs, principalmente do ISA, não se restringem aos moradores de Pari-Cachoeira; elas atingem outras aldeias da região. Tule, um professor da etnia coripaco, afirmou que o ISA paga pouco pela pimenta produzida pelos indígenas e a revende por um preço muito maior a uma fábrica na Irlanda, sem dividir a participação nos lucros. “Ganham um bom dinheiro em cima do nosso conhecimento”, diz. O artesão Celestino Azevedo, de 63 anos, conta que fabrica peças de artesanato vendidas a ONGs que prometem fazer a mediação entre a aldeia e a cidade. Ele cobra R$ 500 por peça. Os objetos são comercializados no exterior por US$ 7,5 mil (cerca de R$ 37.500).


Nos Estados Unidos e no Canadá
Bem diferente do que acontece no Brasil,
tribos norte-americanas e canadenses há anos enriquecem com a extração de riquezas naturais do território onde vivem. É o caso da aldeia New Town, na Dakota do Norte, onde há correio, segurança policial, uma rede de hotéis, uma unidade de fast food Subway e até um cassino. Inspirado nos estabelecimentos de Las Vegas, esse negócio gerou empregos para a comunidade, tornou-se fonte de renda e foi, aos poucos, expandindo para incluir um restaurante e uma área de lazer com tobogã. Somando tudo o que é produzido na aldeia, a receita anual da reserva chega a US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões). Os moradores também passaram a usar energia solar, que é mais barata, e ergueram um museu para preservar a cultura ancestral local.

O desenvolvimento também é realidade na reserva indígena Fort McKay, no Canadá, onde a população tem permissão para retirar petróleo e minério de ferro. O dinheiro das vendas ajuda inclusive a manter as tradições indígenas — algo com que as ONGs juram se preocupar. Hoje, os 800 moradores da aldeia têm controle sobre US$ 45 bilhões em petróleo (R$ 225 bilhões). A abundância de recursos per capita permitiu à comunidade um nível de prosperidade inimaginável para os brasileiros — indígenas ou não. Cada criança nascida na comunidade tem direito a dividendos dos negócios mantidos pela tribo. O jovem atinge os 18 anos com uma poupança de aproximadamente US$ 100 mil canadenses (cerca de R$ 390 mil). Se fizer um curso de educação econômica, já pode sacar metade do valor. Aos 21, ele tem o direito de retirar a outra metade.

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CPI começa a abrir a ‘caixa-preta’ das ONGs
Conforme moradores, o ISA atua na região de São Gabriel da Cachoeira desde a década de 1990. Em razão da falta de transparência e de fiscalização do governo, não se sabe ao certo como o grupo funciona. Agora, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs da Amazônia, que promete abrir a “caixa-preta” do terceiro setor que atua na floresta, rastreou a origem de valores obtidos pelo ISA e uma fonte de recursos, o Fundo Amazônia, criado em 2008 e abastecido com 80% de capital estrangeiro. Noruega e Alemanha são os maiores doadores, enquanto o Brasil injeta o restante do dinheiro administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ainda em fase de investigação, a CPI revelou que, nos últimos anos, o ISA recebeu aproximadamente R$ 30 milhões do fundo para realizar projetos em Pari-Cachoeira. Recentemente, a comissão descobriu também que o ISA captou mais R$ 12 milhões do fundo, entre 2016 e 2022, para um “projeto de gestão em terras indígenas”. A comissão estranha o uso de termos considerados vagos e subjetivos. “O projeto estabelece a sistematização do conhecimento e o fortalecimento de estruturas de governança locais e das organizações indígenas”, informa um trecho do documento. A comunidade de Pari-Cachoeira assegurou nunca ter visto um centavo do que foi obtido pelo ISA, muito menos as benfeitorias prometidas. A CPI acredita que os valores são muito maiores que os descobertos até o momento. Por isso, vai convocar representantes do ISA e de outras ONGs.

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Leia também “Supremas diferenças”

 

 Coluna Crystian Costa, Revista Oeste

 

A reportagem da Revista Oeste viajou para São Gabriel da Cachoeira, em um voo da Força Aérea Brasileira, a convite da CPI das ONGs, que fez uma diligência na região.

 

 


sábado, 20 de agosto de 2022

Como o capitalismo populariza o que era luxo no passado - Luan Sperandio

Com um pequeno barco que comprou aos 16 anos com dinheiro da mãe, Cornelius Vanderbilt (1794 – 1877) começou navegando pelas águas do porto de Nova York e acabou formando um vasto império no crescente ramo de transportes. Aos 20 já era rico e, quando morreu, tinha acumulado uma fortuna de 105 milhões de dólares (ou, em valores corrigidos, quase 200 bilhões de dólares, mais do que o dobro do patrimônio de Bill Gates). Em contrapartida, o fundador da Microsoft usufrui amplamente os benefícios do capitalismo.

Afinal, Cornelius não chegou a experimentar a maior parte dos confortos modernos trazidos pela industrialização. Água corrente, vasos sanitários com descarga e ar-condicionado. Geladeira, microondas, remédios e anestesia. Isso sem falar nos telefones celulares, acesso à Internet e televisão por satélite. Apesar de o magnata da logística ter sido o homem mais rico de seu tempo, provavelmente trocaria toda a sua fortuna pela vida confortável de alguém de classe média hoje.

Tanto a história quanto os dados disponíveis mostram que, longe de produzir miséria, o capitalismo é uma magnífica máquina de geração de riqueza.   
Em primeiro lugar, porque a condição natural do homem é a pobreza, desde os primórdios da humanidade. Parece evidente dizer que, a princípio, há dezenas de milênios, não existia nada na Terra para o ser humano além de animais, plantas e demais recursos naturais.

Essa realidade foi transformada gradativamente, especialmente em virtude da acumulação de capitais, da expansão dos mercados e do empreendedorismo. A Revolução Industrial, que consolidou o processo de surgimento do modo de produção capitalista, foi uma combinação desses fatores.

Em suma, sob diversos aspectos, o mundo se desenvolveu mais, e de forma mais rápida, após o século XVIII: o crescimento da população mundial, a redução da pobreza, a melhora dos índices de desigualdade, a alfabetização, a queda da mortalidade infantil, o aumento da expectativa de vida, entre outros. Os parâmetros de avaliação são muitos. O resultado, contudo, é incontroverso: o mundo mudou para melhor.

Mais mercado, mais prosperidade
Pela primeira vez na história, segundo dados do Financial Times, há mais pessoas na classe média do que na pobreza. O mundo não está apenas mais rico; as pessoas estão migrando cada vez mais rápido para a classe média — que, por sua vez, também está enriquecendo. Tudo isso melhorou os índices de bem estar para patamares jamais alcançados na história.

Nesse sentido, os números podem nos deixar otimistas. De acordo com estimativas do Our World in Data, a taxa de pobreza extrema, que era de 94% em 1820, caiu para menos de 10% em 2015. Isso é ainda mais impressionante se considerarmos que a população mundial cresceu mais de sete vezes nesse período.

(...)

Como luxos de magnatas são popularizados
Bens luxuosos, antes restritos a nobres, donos de petrolíferas e grandes banqueiros, passaram a fazer parte da vida dos mais pobres. Com o aumento de produtividade proporcionado pelo capitalismo, bens e serviços antes restritos à elites ficaram mais acessíveis, tornando possível seu consumo pelas massas.

No Brasil colonial, por exemplo, até mesmo produtos que hoje encontramos em qualquer padaria da esquina, como queijos e azeites, eram restritos aos senhores de engenho, entre outras pessoas ricas, em virtude das dificuldades de importação. Além disso, naquela época, os ricos nem sonhavam com a conserva de alimentos em um refrigerador.

Em 1937, uma geladeira Frigidaire custava 15 milhões de réis, o equivalente a 62 salários mínimos na época. Hoje, mais de 98% dos brasileiros têm geladeira. As mais simples custam menos ou o mesmo valor do que um salário mínimo, segundo o IBGE.

(...)

Outros benefícios do capitalismo

Até 1750, 60% das pessoas trabalhavam produzindo alimentos, isto é, eram necessárias 60 pessoas produzindo para alimentar 100 habitantes. Sem tratores, controle de pragas ou adubos artificiais, trabalhavam muito para colher pouco. De lá para cá, o desenvolvimento da tecnologia e a mecanização da agricultura liberaram bilhões de pessoas do trabalho pesado no campo. Hoje, na Europa, só 3% das pessoas trabalham no setor. No Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, esse número é de 10%.

Estima-se que, em 1994, há pouco mais de 25 anos, um rodízio de carnes custava aproximadamente R$13, cerca de 20% de um salário mínimo. Hoje o mesmo salário mínimo paga rodízio para até seis pessoas em uma churrascaria tradicional.

Além disso, para comprar um carro popular em 1994, eram necessários, em média, 113 salários mínimos. Atualmente, é possível adquirir modelos novos de automóveis por cerca de 43 salários mínimos. E a gasolina? Em 1994, o salário mínimo comprava 117 litros de gasolina; hoje, compra 257 litros.

(...)

Considerações finais

Até mesmo o sal, hoje em dia tão acessível ao cidadão comum, já foi considerado uma espécie de “direito fundamental” em sociedades antigas. Inclusive, a extração foi monopolizada em diversos lugares, sendo o produto provido pelo Estado. 
Os romanos, embora não tivessem estabelecido um monopólio, subsidiavam o produto com o lema “Sal para todos”. Por fim, o que já motivou guerras, ergueu impérios e era uma obsessão até o final do século XIX, hoje custa menos de R$2/kg.

Como bem define a frase “o capitalismo transforma luxos em necessidades”, atribuída ao empresário americano Andrew Carnegie, eis a maior virtude desse sistema: criar confortos e torná-los parte do cotidiano.

Não é à toa que esse processo de desenvolvimento, que sempre aconteceu de forma lenta ao longo da humanidade, experimentou uma aceleração exponencial nos últimos 200 anos. De fato, os padrões de vida hoje são significativamente melhores do que os de um século atrás. Consequentemente, mais pessoas escapam da morte na infância e vivem o bastante para usufruir dessa prosperidade.

Agora, ao sacar o smartphone do bolso e assistir a um simples vídeo, você está desfrutando de algo com o que mesmo alguém poderoso e rico como Cornelius Vanderbilt provavelmente nunca foi capaz de sonhar.

O autor é Editor-chefe da casa de investimentos Apex Partners, analista político e colunista da Folha Vitória. Integra diversas organizações ligadas ao desenvolvimento de instituições com melhor ambiente de negócios, como o Ideias Radicais, o Instituto Mercado Popular e o Instituto Liberal, onde escreve desde 2014. É associado do Instituto Líderes do Amanhã.

Publicado originalmente em Instituto Liberal -  MATÉRIA COMPLETA


domingo, 20 de outubro de 2019

Crescer é preciso - O Estado de S.Paulo

Paulo Paiva

Emprego formal não virá sem crescimento econômico, que, por seu lado, não brotará espontaneamente

Estes tempos de incertezas e de excesso de informações virtuais, criando um senso de urgência e um estado de ansiedade, estão levando as pessoas à busca de soluções mágicas. Espera-se, por exemplo, que uma bala de prata faça a economia voltar a crescer rapidamente, restabelecendo o nível pré-crise de emprego formal. No entanto, crescimento econômico não é um processo natural, espontâneo; resulta de decisões corretas e coerentes dos agentes públicos e privados ao longo dos anos.

A história recentenada animadora – do crescimento brasileiro expõe, sem retoques, o pífio desempenho da economia nas últimas quatro décadas. Depois de crescer 7% ao ano entre 1950 e 1979, a economia perdeu fôlego. A média anual de crescimento de 1980 a 2019 ficará em 2,2%, e da renda per capita, em 1,5%. A produtividade média da economia permanece estagnada. Mas não é só. Outro fator perturbador do crescimento brasileiro é sua alta volatilidade. Nas últimas quatro décadas, a economia cresceu acima de 5% em sete anos e ficou abaixo de zero em oito anos. Nos demais 25 anos, a expansão variou no intervalo entre zero e 5%. Além de pífio, o crescimento é espasmódico.

Consequências desse padrão errático de crescimento, entre outras, são a queda da produção industrial e o aumento do emprego informal. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os impactos da recessão recente no mercado de trabalho formal não foram proporcionais à distribuição dos empregos pelos setores da economia. Dos 2,330 milhões líquidos de vagas fechadas, 955 mil foram na indústria de transformação e 866 mil, na construção civil, responsáveis juntas por 78% dos empregos perdidos, embora representem 24% do emprego formal. Ao contrário, os setores de comércio e serviços, que representam 68% do emprego formal, perderam 20% de todas as vagas fechadas.

O emprego no setor público ficou quase estável. Sua participação no total da queda dos empregos formais foi de 1,2%. O emprego público, protegido pela estabilidade, não sofre o impacto da retração econômica. A pequena redução deveu-se às aposentadorias cujas vagas não foram ainda preenchidas. No período de 2014 a 2018, apenas a agropecuária apresentou aumento no emprego formal, com acréscimo de 2,2%. Historicamente, esse setor tem sido o único a somar ganhos de produtividade e crescer nas crises. Aumentos de produtividade têm garantido expansão expressiva na produção e na competitividade da agropecuária.

No setor privado, no qual a produtividade cresce, o volume de emprego aumenta. No caso da indústria de transformação e da construção civil, em que há estagnação da produtividade e baixa competitividade, há também maior queda da produção e do emprego. Um novo ciclo de expansão econômica somente virá se houver profundas mudanças no Estado e nos processos produtivos, principalmente na indústria de transformação, com incorporação das novas tecnologias digitais. Os impactos dessas possíveis mudanças sobre o emprego são ainda imprevisíveis. Supõe-se que a demanda será seletiva, exigindo trabalhadores com maior qualificação técnica, emocional e adaptativa. Estes novos empregos não serão para todos.

Enfim, a expansão do emprego formal decorre do crescimento que depende da produtividade, que, por sua vez, depende de decisões coordenadas entre governo e setor privado. Não há alternativa. Emprego formal não virá sem crescimento, que, por seu lado, não brotará espontaneamente. Governo e sociedade devem fazer as escolhas certas para colocar o País no rumo. Políticas públicas de emprego e flexibilização da legislação trabalhista não gerarão empregos por si sós. Não há soluções mágicas.

Primeiro, crescer é preciso. Contudo, temo que falte um timoneiro neste barco.

Paulo Paiva, professor - O Estado de S. Paulo 
 
 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Mulher de Lula compra barco e manda entregar em sítio em Atibaia

Mulher de Lula comprou barco e pediu entrega em sítio de Atibaia, diz jornal

Em 2013, segundo a 'Folha de S. Paulo', ex-primeira-dama Marisa Letícia pagou R$ 4.126 reais por um barco de alumínio sem motor

Uma compra feita pela ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva confirma a proximidade entre o ex-presidente Lula e o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, cuja existência foi revelada por VEJA em abril do ano passado e que ontem Lula admitiu frequentar com a família "em dias de descanso"


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia(Ricardo Stuckert/Instituto Lula/VEJA)
Marisa 'botox' pode ser processada por ocultação de patrimônio e se igualar a segunda dama, Rosemary , também conhecida como amiga íntima

Segundo informações publicadas hoje pelo jornal Folha de S. Paulo, Marisa comprou um barco em 2013 e deu como endereço de entrega aos vendedores o sítio na cidade do interior paulista. O barco Squalus 600, modelo de seis metros de comprimento e sem motor da marca Levefort, foi comprado na loja Miami Náutica, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, por 4.126 reais, como mostra a nota fiscal e nome de Marisa obtida e publicada pelo jornal.  
A escritura de posse do sítio Santa Bárbara está em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar - ambos sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente. Suassuna e Bittar compraram o sítio em agosto de 2010, quatro meses antes de Lula deixar o cargo. Pagaram 1,5 milhão de reais pela propriedade.

Amigos e políticos, contudo, identificam o local como sendo do ex-presidente. VEJA revelou que, a pedido do próprio Lula, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro fez uma ampla reforma no local. A empreiteira é acusada pela Operação Lava Jato de ter desviado 6 bilhões de reais dos cofres da Petrobras.
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O caminhoneiro José dos Reis, que fez a entrega do barco comprado por Marisa Letícia, relatou à Folha de S. Paulo que reconhecera o nome da ex-primeira-dama na nota fiscal. Ao questionar um funcionário do sítio conhecido como "Baiano" se o barco se destinava à mulher de Lula, Reis teria ouvido que sim, mas que não deveria "falar nada para ninguém". Reportagem publicada ontem pela Folha de S. Paulo envolve mais uma empreiteira na reforma do sítio usado pelos Lula da Silva. A ex-dona de uma loja de materiais de construção e um prestador de serviço afirmam que a Odebrecht gastou cerca de 500.000 reais só em materiais para as obras.

À época da reforma, que teve início no fim de 2010, Patrícia era proprietária do Depósito Dias, loja que forneceu produtos para a reforma. "A gente diluía esse valor total em notas para várias empresas, mas para mim todas elas eram Odebrecht", disse Patrícia, que também admitiu ter comercializado parte dos materiais sem registro fiscal.

Fonte: Redação da VEJA