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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Para Ilan, Brasil venceu anomalia dos juros altos, mas tem outras barreiras para voltar a crescer - Miriam Leitão

O Globo

Para Ilan, ex-BC, país tem barreiras para voltar a crescer

Ilan assumiu o BC em junho de 2016

Os juros baixos vieram para ficar, avisa Ilan Goldfajn. Ele falou aos repórteres Claudia Safatle e Alex Ribeiro, do “Valor”, na primeira entrevista após deixar o BC, no início do ano. Ilan, no comando do Banco Central, ajudou o país a atravessar uma anomalia brasileira. "Os juros menores vieram para ficar", disse 

Ele assumiu o cargo com o país em recessão e juros de 14%, em meados de 2016. A inflação chegou a 10%. A política econômica no governo Temer conseguiu derrubar o IPCA para um patamar até abaixo do piso da meta. As taxas de juros puderam cair. É claro que a economia fria também influencia. Depois de dois anos de recessão, a atividade estagnou. Mas não se pode subestimar. O Brasil, mesmo em períodos de recessão, já registrou inflação alta. Aconteceu em 2015 e em 2016.

Especialistas não prevêem nenhum susto para a inflação no curto prazo. Os juros devem cair mais. Quando Ilan deixou o BC, a taxa havia caído para 6,5%. Hoje está em 5,5% e estima-se que cairá mais um ponto este ano.  O Brasil escapou dessa anomalia, mas precisa fazer todo o resto, que é escapar da “armadilha da renda média”, como dizem os economistas. O país não cresce suficientemente nem consegue aumentar a renda per capita e a produtividade. Não basta ter juros baixos. Mudanças têm que ser feitas para que a economia ganhe mais vigor. Ilan explica que a Selic em níveis baixos não garante o crescimento da economia. O BC sozinho não vai resolver sozinho o desafio atual, que é crescer e gerar emprego.

Uma boa notícia é que economistas de alguns bancos revisaram para cima a projeção de crescimento deste ano e dos próximos. O Itaú, que previa 0,8% para 2019, aumentou para 1%. O desempenho melhora nos anos seguintes. Em 2020, a estimativa é de alta de 2,2%. Apesar dessa melhora nas expectativas, em geral espera-se um crescimento melhor que o atual, mas ainda baixo.Ilan entende que o recuo nos juros começa a chegar a algumas linhas bancárias, voltadas a grandes empresas. O grande problema no setor bancário do Brasil é que a Selic, paga pelo governo, cai e não é acompanhada pelos juros dos bancos.  

LEIA TAMBÉM: Previsão de juros a 4,5% no fim do ano vira o padrão

 
Míriam Leitão - Economia, em O Globo



domingo, 20 de outubro de 2019

Crescer é preciso - O Estado de S.Paulo

Paulo Paiva

Emprego formal não virá sem crescimento econômico, que, por seu lado, não brotará espontaneamente

Estes tempos de incertezas e de excesso de informações virtuais, criando um senso de urgência e um estado de ansiedade, estão levando as pessoas à busca de soluções mágicas. Espera-se, por exemplo, que uma bala de prata faça a economia voltar a crescer rapidamente, restabelecendo o nível pré-crise de emprego formal. No entanto, crescimento econômico não é um processo natural, espontâneo; resulta de decisões corretas e coerentes dos agentes públicos e privados ao longo dos anos.

A história recentenada animadora – do crescimento brasileiro expõe, sem retoques, o pífio desempenho da economia nas últimas quatro décadas. Depois de crescer 7% ao ano entre 1950 e 1979, a economia perdeu fôlego. A média anual de crescimento de 1980 a 2019 ficará em 2,2%, e da renda per capita, em 1,5%. A produtividade média da economia permanece estagnada. Mas não é só. Outro fator perturbador do crescimento brasileiro é sua alta volatilidade. Nas últimas quatro décadas, a economia cresceu acima de 5% em sete anos e ficou abaixo de zero em oito anos. Nos demais 25 anos, a expansão variou no intervalo entre zero e 5%. Além de pífio, o crescimento é espasmódico.

Consequências desse padrão errático de crescimento, entre outras, são a queda da produção industrial e o aumento do emprego informal. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os impactos da recessão recente no mercado de trabalho formal não foram proporcionais à distribuição dos empregos pelos setores da economia. Dos 2,330 milhões líquidos de vagas fechadas, 955 mil foram na indústria de transformação e 866 mil, na construção civil, responsáveis juntas por 78% dos empregos perdidos, embora representem 24% do emprego formal. Ao contrário, os setores de comércio e serviços, que representam 68% do emprego formal, perderam 20% de todas as vagas fechadas.

O emprego no setor público ficou quase estável. Sua participação no total da queda dos empregos formais foi de 1,2%. O emprego público, protegido pela estabilidade, não sofre o impacto da retração econômica. A pequena redução deveu-se às aposentadorias cujas vagas não foram ainda preenchidas. No período de 2014 a 2018, apenas a agropecuária apresentou aumento no emprego formal, com acréscimo de 2,2%. Historicamente, esse setor tem sido o único a somar ganhos de produtividade e crescer nas crises. Aumentos de produtividade têm garantido expansão expressiva na produção e na competitividade da agropecuária.

No setor privado, no qual a produtividade cresce, o volume de emprego aumenta. No caso da indústria de transformação e da construção civil, em que há estagnação da produtividade e baixa competitividade, há também maior queda da produção e do emprego. Um novo ciclo de expansão econômica somente virá se houver profundas mudanças no Estado e nos processos produtivos, principalmente na indústria de transformação, com incorporação das novas tecnologias digitais. Os impactos dessas possíveis mudanças sobre o emprego são ainda imprevisíveis. Supõe-se que a demanda será seletiva, exigindo trabalhadores com maior qualificação técnica, emocional e adaptativa. Estes novos empregos não serão para todos.

Enfim, a expansão do emprego formal decorre do crescimento que depende da produtividade, que, por sua vez, depende de decisões coordenadas entre governo e setor privado. Não há alternativa. Emprego formal não virá sem crescimento, que, por seu lado, não brotará espontaneamente. Governo e sociedade devem fazer as escolhas certas para colocar o País no rumo. Políticas públicas de emprego e flexibilização da legislação trabalhista não gerarão empregos por si sós. Não há soluções mágicas.

Primeiro, crescer é preciso. Contudo, temo que falte um timoneiro neste barco.

Paulo Paiva, professor - O Estado de S. Paulo 
 
 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sete motivos explicam por que a gasolina é tão cara em Brasília



Formação de cartel, falta de concorrência e alto poder aquisitivo em Brasília são alguns fatores que impulsionam a cobrança de valores exorbitantes
Enquanto continua a queda de braço entre a Justiça e os postos de gasolina sobre os altos preços de combustíveis que são pagos no Distrito Federal, a população continua a se questionar por que a gasolina é tão cara na capital federal. Os valores elevados são alvo do Ministério Público do Distrito Federal, que vai entrar com uma ação para pedir o tabelamento da margem de lucros dos empresários do setor. Ao menos sete pontos ajudam a explicar:

Existência de um cartel
A Operação Dubai, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do DF, mostrou o que os brasilienses já sabiam: empresários do setor de combustíveis formaram um cartel para combinar preços e manter valor alto nas bombas. Escutas revelaram que donos de postos fazem acerto e ameaçam quem não integra o esquema.
Falta de concorrência
Nas últimas décadas, o cartel conseguiu barrar a aprovação de uma lei autorizando a instalação de postos de combustíveis em supermercados. Em outras cidades, isso ampliou a concorrência e derrubou os preços. Esta semana, a lei que libera a construção de postos nesses estabelecimentos foi sancionada pelo governador Rodrigo Rollemberg. Mas a legislação pode se tornar inócua diante da burocracia.
Força política do setor
Os empresários do setor de combustíveis fazem doações sistemáticas a candidatos em todas as eleições e, assim, mantêm o poder de interferir nas decisões políticas em todos os âmbitos. Onze deputados distritais e seis federais receberam recursos desses postos de combustíveis. Os empresários do setor ainda doaram a quatro candidatos ao governo.
Combinação de preços na distribuição
Investigações da ´Polícia Federal e do Ministério Público do DF apontam que a combinação de preços começava no âmbito da distribuição da gasolina, não apenas na revenda do produto. A Rede Cascol, segundo delegados da PF, tinha privilégios com a BR Distribuidora. Um dos presos da Operação Dubai era gerente da BR Distribuidora.

Alto poder aquisitivo dos brasilienses

O DF tem a maior renda per capita do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O índice é 2,4 vezes maior do que a média brasileira.  A exemplo do que ocorre em vários outros setores do comércio, isso estimula empresários a elevarem os preços de produtos.
Sindicato a serviço do cartel
Em vez de trabalhar em prol da maioria dos empresários do setor, o Sindicato do Comércio Varejistas de Combustíveis e de Lubrificantes do DF pautava a atuação em defesa dos interesses do grupo Cascol, o maior da capital. O presidente do Sindicato, José Carlos Ulhôa Fonseca, foi um dos presos na Operação Dubai.
Aumento do ICMS
Em fevereiro do ano passado, o governo propôs o reajuste do ICMS da gasolina de 25% para 28% e do diesel, de 12% para 15%. Os distritais aprovaram o projeto de lei, e as novas alíquotas entraram em vigor em 1° de janeiro. Os empresários repassaram o reajuste aos consumidores, mas ampliaram o preço muito acima da mudança de imposto.

Fonte: Correio Braziliense

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O Canadá para imitar

Canadenses foram mais eficientes e mais rápidos na exploração do petróleo — aberta aos capitais privados

E os canadenses, hein? Assinaram um cheque em branco para o governo aumentar seus gastos. Isso mesmo. Depois de dez anos de administração conservadora, os eleitores deram uma sólida e surpreendente maioria para um jovem político de 43 anos, Justin Trudeau, que prometeu aumentar o gasto público para estimular a economia. Também prometeu reduzir o imposto da classe média e aumentar o dos ricos. E, sim, liberal, Trudeau quer a legalizar a maconha. [ninguém é perfeito. Com a promessa de liberar a maconha - que esperamos Trudeau ao fazer tenha incorporado o costume dos políticos brasileiros.............. prometer.prometer.............mentir..........]
 
Bom, a maconha é um caso mais polêmico, mas isso de aumentar o gasto público certamente aparece como uma tentação para muita gente por aqui. Não admira se daqui a pouco o PT e o Instituto Lula chamarem Trudeau para dar uma palestra em Brasília.

O Canadá tem até uma semelhança econômica com o Brasil. O país encontrou enormes reservas de petróleo e beneficiou-se largamente do “boom das commodities” — a explosão de preços e volume de exportação de energia e matérias-primas. Como o Brasil também, o Canadá sofre hoje com a queda dos preços das commodities.

Infelizmente, porém, as semelhanças param por aí. O Canadá é rico. Sua economia industrializada, de alta tecnologia, tem um PIB na casa de US$ 1,5 trilhão, para uma população pequena, de 35 milhões. Dá mais ou menos uma renda per capita de US$ 42 mil/ano, quase quatro vezes a brasileira. É forte na indústria e serviços, além da mineração. Está no acordo de livre comércio com os EUA, tem amplo acesso ao maior mercado do mundo.

Outra diferença: os canadenses foram mais eficientes e mais rápidos na exploração do petróleo aberta aos capitais privados — enquanto o Brasil de Lula e Dilma ficou anos debatendo o modelo de exploração do pré-sal, para, afinal, escolher um sistema que trava a exploração.

Mas a diferença mais importante, para o caso, está no manejo das contas públicas. É verdade que o Canadá tem uma dívida pública elevada, coisa de 90% do PIB, maior que a brasileira. Mas é uma comparação prejudicada, pois a dívida canadense é mais abrangente. E, sobretudo, é financiada por uma ridícula taxa de juros de 1,4% ao ano contra os 14,25% que o governo brasileiro paga.

Perguntarão: como um país com dívida mais elevada paga juros tão mais baixos? A resposta é aquilo que não se entende no Brasil: anos, anos e anos de equilíbrio fiscal. Uma longa história de estabilidade. No final dos anos 90 e início deste século, foram 12 anos seguidos de superávit nas contas públicas. O governo foi para o déficit na crise de 2008, mas sob controle. Hoje, esse déficit está na casa de 1,8% do PIB abaixo do padrão internacional de prudência (3%).

No Brasil, o déficit equivalente, o nominal, que inclui a despesa financeira, passa dos 8%. A inflação canadense também é ridícula, 1,2% ao ano. (Brasil, 9,7%).  Tudo considerado, faz sentido quando Trudeau diz que o governo pode gastar um pouco mais, e tolerar um pouco mais de inflação, para tentar turbinar uma economia que cresce apenas 1,1% ao ano. (Outra diferença notável: o Brasil caminha para uma recessão de 3% neste ano).

Mesmo assim, o novo primeiro-ministro ressalva: serão três anos de déficit público controlado; os investimentos, de US$ 46 bilhões, vão para a infraestrutura. Ou seja, uma política de gastos com metas bem precisas orientando o mercado. Já por aqui, tem meta de inflação, mas não é cumprida. A meta fiscal muda toda hora e agora inventaram uma flexível, do tipo se der, deu; se não der, paciência.

O debate “ajuste fiscal versus gasto público para estimular a economia” caiu muito errado no Brasil. Uma coisa é turbinar o gasto em uma economia estável, com uma história de equilíbrio fiscal. Outra, em um país com histórico e prática de verdadeiros abusos com o dinheiro público. Além disso, tem gasto bom e gasto ruim. A verdade é que os governos Lula e Dilma já aumentaram fortemente o gasto e o déficit. Para isso? Inflação alta, recessão e juros nas alturas?

Pensando bem, era bom mesmo que Trudeau viesse dar uma palestra por aqui.

Por: Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - O Globo