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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Em evento do MST, Lewandowski chama movimento de “exemplo” e critica “democracia liberal burguesa” - República

Gazeta do Povo

Ministro do STF discursa observado por João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST| Foto: Sara Sulamita/Reprodução/MST

Em participação em evento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra neste sábado (11), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou que a democracia “liberal burguesa” está em crise e classificou as escolas do movimento como “um exemplo” do que “é capaz o povo organizado”.

Segundo o MST, também estiveram presentes em Guararema, na Região Metropolitana de São Paulo, representantes da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), do Sindicato dos Advogados de São Paulo, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Transforma MP, entre outras entidades. Outros participantes foram integrantes do governo federal e advogados ligados ao PT. “Quero começar dizendo que muitos me chamaram de excelência, mas quero dizer que excelência é o povo brasileiro. Visitando a Escola do MST [Escola Nacional Florestan Fernandes], percebi do que é capaz o povo organizado. E a escola é um exemplo disso”, afirmou Lewandowski, que vai se aposentar do STF compulsoriamente em maio, quando completará 75 anos.

Ao comentar o tema do evento, que o MST disse ser “reafirmar a defesa da democracia e da participação popular no Brasil”, o ministro do STF alegou que os participantes tinham “uma visão de mundo comum”. “Tudo muda, tudo se transforma, mas é preciso que tenhamos um norte, valores, princípios e uma visão de mundo, ou uma ideologia. O que nos une é uma visão de mundo comum. Uma visão na qual o povo é dono do seu destino, com o objetivo de construir uma sociedade mais justa, igualitária e mais fraterna”, afirmou Lewandowski. “Cada qual aqui tem sua trincheira e está lutando em prol da concretização do que acreditamos ser a democracia.”

O ministro do STF também defendeu que as reformas trabalhista e da Previdência deveriam ser submetidas a referendo e criticou o que chamou de democracia “liberal burguesa”. “A democracia está em crise, todos dizem isso. Mas o que está em crise, na verdade, é a democracia representativa, liberal burguesa, a democracia dos partidos, na qual, tenho certeza, nenhum de nós se sente representado adequadamente. Essas crises sucessivas têm uma raiz profunda, que é o sistema político que, de fato, não nos representa”, afirmou Lewandowski.

República - Gazeta do Povo 

 

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

O autor confessa - Percival Puggina

A quem interessar possa, confesso que sou portador de um pacote de anomalias que me fazem ser a favor da instituição familiar e contra os que a depreciam, a favor da liberdade e contra arreganhos totalitários, a favor da sociedade e contra a bandidagem. Podem me olhar de cara feia, mas é assim que sou.

Também sou pobre de mimcontra a miséria e, por isso, a favor do desenvolvimento econômico. Podem me chamar de porco capitalista, mas me sinto mal ao ver um miserável papeleiro fazendo tração animal, puxando carroça, porque o município não lhe proporciona outro modo de recolher papéis pela cidade, tendo preferindo zelar pelo cavalo e não pelo papeleiro. [um pequeno adendo: muitos dos que usavam animais para puxar carroças, maltratavam em demasia os animais e grande parte t economizava na manutenção do animal, reduzindo a comida. Sem contar os espancamentos para forçar os animais famintos, doentes, alguns já no final da vida, a puxarem com rapidez uma  carroça sobrecarregada em longas jornadas.

Pior é se ver em plena Capital da República, seres humanos - filhos de DEUS - revidando latas e sacos de lixo para colher alimentos estragados para se alimentar e aos seus familiares.]  Podem me chamar de direitista – não de fascista porque, como se sabe, fascista é a mãe de quem chama –,  no entanto, não consigo discutir sobre política com quem vive no mundo da lua.

A propósito, outro dia, disse-me alguém que a discussão entre esquerda e direita não define rigorosamente o quadro político brasileiro porque existe uma esquerda democrática e uma direita democrática e as duas posições são igualmente legítimas.  Aí já comecei a vislumbrar o cidadão sentado à borda de uma cratera lunar, balançando os pés e olhando a Terra azul. No mundo real, disse a ele, não existe esquerda e direita ideal. Existe uma direita real e uma esquerda real. Esta última, a que existe no Brasil, a que vai às urnas, a que faz voto e disputa o poder, é representada por dois ou três partidos que se definem como adversários da democracia liberal, representativa, que chamam “burguesa”, e querem promover mudanças para a, assim dita, “democracia popular”. Com esse mesmo rótulo, aliás, foram comercializados os regimes totalitários no leste da Europa e da Ásia, durante décadas, a partir de 1948.

Em toda democracia, mas de modo muito especial numa sociedade pluralista e de escassos consensos como a nossa, é preciso, sim, haver uma esquerda e uma direita democráticas. Acontece que a esquerda que governou o Brasil fez o que se sabe e o que se sabe é apenas parte do que fez. Por todos os modos tentou criar sua “democracia popular”, aparelhou toda a máquina pública com seus sovietes (conselhos), tomou conta das universidades, semeou discórdia onde havia união etc., etc., etc.. Não fez diferente no Rio Grande do Sul nas duas ocasiões em que governou o Estado causando catástrofes econômicas, fiscais e sociais.

Tenho 76 anos e nem um único minuto desse tempo todo estive em cima do muro.  Não me parece sensato instalar-me sobre  ele, como se a política fosse um jogo em que eu, neutro como uma biruta de aeroporto, me movimentaria segundo o vento das circunstâncias. Sou culpado? Quem sabe? Nesta terra, disparate é a sensatez. E vice-versa.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 6 de dezembro de 2020

Ricardo Kotscho quer povo atemorizado e políticos obedientes à mídia

Cristian Derosa

Em 2003, o auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a articular a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, que pretendia controlar a mídia. O Conselho foi barrado no Congresso Nacional, à epoca ainda levado a sério. Logo depois, começou o Mensalão de Lula e Kotscho... Em seguida, diante da cumplicidade do STF, o Petrolão... 

Os ensinamentos de Stalin, Hitler  e Mao seguem fazendo escola.

Em defesa do medo popular e da submissão política aos grandes grupos de comunicação, o jornalista Ricardo Kotscho inverte o sentido da expressão estelionato eleitoral, subvertendo, assim, a definição de democracia.

Em sua coluna no UOL, o jornalista diz ser melhor que o povo esteja atemorizado e que os políticos eleitos obedeçam cegamente ao tom das manchetes dos grandes jornais ao invés de seus eleitores. Ele culpa a falta de medo do povo sobre o vírus chinês e um certo medo político de desagradar eleitores pela segunda onda da doença que estampam as manchetes dos grandes jornais do país. Paradoxalmente, ele chama de “estelionato eleitoral” o fenômeno em que políticos teriam receio de desagradar aqueles que os elegeram.

Na concepção do 'jornalista' lulista, a função do político seria priorizar exatamente o que o seu eleitor não quer que ele faça, sob pena de parecer oportunista ou populista. Trata-se da desilusão jornalística com a democracia, que em nome de um elitismo social, considera a sociedade incapaz de decidir por si mesma. A liberdade do povo passa a ser aquela definida nos termos dos especialistas segundo a realidade impressa nos jornais. “O povo perdeu o medo da covid-19 e os governantes relaxaram, com medo de desagradar os eleitores com novas restrições. A junção desses dois fatores ameaça levar hospitais públicos e privados ao colapso”, diz o 'jornalista', que já foi secretário da Presidência de Lula, entre 2003 e 2004.

Imaginem a seriedade do indigitado! Assessor do maior ladrão da história do Brasil!

Kotscho, assim, culpa o povo por simplesmente viver, o que a partir da cobertura pandêmica de 2020, passou a designar crime de irresponsabilidade. A um 'jornalista' experiente como ele, não escapa a distinção entre realidade midiática e a realidade social. Ao contrário do que indica essa distinção elementar, o 'jornalista' subscreve a ideologia segundo a qual cabe ao jornalismo determinar a verdade segundo as suas próprias concepções de bem estar social, independente do que diga ou pense a sociedade, base da democracia.

Em 2003, Kotscho ajudou a articular por dentro do governo a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, que teria, segundo ele, a função de “zelar pela profissão, em defesa da própria profissão e em defesa da sociedade”.  Para ele, o jornalismo tem uma função ordenadora da sociedade, o que significa dizer que as crenças, ideologias ou concepções do universo devem ser determinadas pelo conteúdo dos jornais. Mais do que isso, do jornalismo depende o equilíbrio do universo.

Assim, o político ideal, neste sentido, seria aquele que não se preocupa com o voto de seu eleitor, aparentemente por independência, mas ao invés de seguir a própria consciência deve seguir o que está escrito nos jornais, reflexo da “inteligência nacional” manifestada pelo ídolo da “opinião pública” esclarecida. Este ideal faz parte da crença burguesa da sociedade esclarecida como guiadora moral do povo inculto e inferior. A doutrina da inferioridade popular ficou conhecida no século XX por sua relação com a eugenia, assim como o higienismo social.

Essa doutrina nunca foi tão agressiva, violenta e radicalizada ao encarnar-se na pressão política exercida pelos jornais como incentivo e suporte a condutas autoritárias da política.

A ideologia de Kotscho aparece em declarações como a do prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, no último Roda Viva, quando o político ameaçou fechar o comércio, fonte de sustento de milhares de pessoas, em um aparente ato de benevolência “independente”, que não leva em conta a opinião do seu próprio eleitor ou o interesse da sociedade, mas ao conteúdo sensacionalistas dos jornais. 

Busca encarnar, assim, o interesse máximo dos grandes grupos de comunicação e entidades internacionais em nome de uma doutrina neo-higienista a ser imposta à toda a sociedade. “Se estão achando que a doença acabou, eu fecho tudo de novo. E disse em alto e bom som lá na entrevista coletiva, se quando eu precisava de voto eu fechei, imagina agora que eu não preciso”, ameaçou o prefeito reeleito pelo povo de Belo Horizonte no programa transmitido ao vivo.

Estudos Nacionais - Cristian Derosa


sexta-feira, 1 de junho de 2018

O verdadeiro rosto do MTST

Para atingir seus objetivos, o MTST não hesita em prejudicar trabalhadores, com absoluta insensibilidade

A invasão de um terreno de 1 milhão de metros quadrados, em Sumaré, no interior do Estado, além de impressionar pelo tamanho da área ocupada, resume bem o modo de agir e pensar do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST): total e arrogante desprezo pela lei; indiferença pelos direitos de trabalhadores que têm indenizações a receber e dependem para isso da regularização da situação legal do terreno; manipulação sem escrúpulo dos milhares de invasores iludidos por promessas, vivendo em condições precárias e usados como massa de manobra para atingir fins políticos. A “Vila Soma”, resultante da invasão, é a verdadeira cara do MTST.

Os agitadores profissionais comandados por Guilherme Boulos cujo comportamento fora da lei não o constrange nem um pouco de ser candidato a presidente da República “burguesa criaram naquela vasta área em Sumaré uma gigantesca favela com 2,5 mil famílias, cerca de 10 mil pessoas, como mostra reportagem do Estado. Organização é o que não falta na área invadida em junho de 2012 a maior “ocupação” urbana de São Paulo, como convém aos militantes bem treinados classificar a invasão. São 32 ruas nas quais se misturam barracos e casas de alvenaria , com cerca de 70 pontos de comércio e serviço de vans escolares. Cada rua tem um “coordenador”, que tudo fiscaliza com a ajuda de uma rede de informantes que controlam a entrada e saída de pessoas catalogadas como elementos estranhos à comunidade. A presença dos considerados indesejáveis é imediatamente comunicada por celular aos líderes da invasão.

O que sobra nessa organização marcada por repressão e vigilância falta em condições mínimas de higiene e saúde pública, como fatalmente acontece nas invasões. Não só porque é muito difícil oferecer tais serviços nesses acampamentos precários o que os invasores sabem muito bem quando promovem suas ações ilegais , como porque essa não é prioridade do MTST. Os 10 mil habitantes da Vila Soma não dispõem de rede de água e esgoto nem de coleta de lixo. E a rede precária de luz, com riscos enormes, é feita só de “gatos”, como afirmam os moradores.  Água é fornecida por caminhões-pipa e custa caro para a população de baixa renda iludida pelo MTST com a promessa de ganhar um lote: R$ 60,00 por mês. Sem falar nas denúncias de aluguel e venda de lotes e casas, construídas ao longo dos mais de cinco anos que já dura a invasão. Segundo relatos colhidos pelo Ministério Público, os preços das casas variam de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Há denúncias também de que moradores são coagidos a se filiar ao MTST.

O juiz André Gonçalves Fernandes, da 2.ª Vara de Sumaré, responsável pelo processo da massa falida das empresas Melhoramentos Agrícolas Vifer e Soma Equipamentos Industriais, as proprietárias do terreno que quebraram em 1990, afirma que os invasores estão atropelando o direito dos empregados dessas empresas de receberem suas indenizações trabalhistas. Ou seja, para atingir seus objetivos, o MTST não hesita em prejudicar trabalhadores, com absoluta insensibilidade. Se usa descaradamente os ditos sem-teto como massa de manobra, não há surpresa em tratar trabalhadores com o mesmo desdém.

Em dezembro passado, o juiz Fernandes promoveu acordo com empresa que arrematou o terreno e assumiu o compromisso de depositar R$ 6 milhões para saldar as dívidas trabalhistas. Mas para que isso se torne realidade é preciso, evidentemente, que os invasores desocupem a área. Nela, a empresa tem projeto para a construção de 2.484 moradias sociais, o que deveria interessar ao MTST, se o seu objetivo fosse servir aos sem-teto. Nada disso, é claro, foi capaz de fazer a organização clandestina recuar um milímetro sequer.  O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde está à espera de uma solução há dois anos.

Editorial - O Estado de S. Paulo