Jerônimo Teixeira
Por que a CPI da Covid acertou ao criar esta semana uma frente para investigar declarações contrárias à ciência
Amparado em falsidades e distorções, sustentado por autoridades públicas
e disseminado pelas redes sociais, o negacionismo é o vírus informativo
que atrapalha o combate à Covid-19
[quando falamos a verdade e temos confiança no acerto dos nossos atos, , não temos a necessidade de explicar - quando começamos a justificar, explicar em demasia, o que apresentamos como fatos - as 'nossas verdades' - ... . Que credibilidade pode ter uma CPI presidida por Omar Aziz (gangues do Amazonas) , relatada pelo senador Calheiros e tendo como vice o senador Rodrigues? ]
Mas o negacionismo
científico assumiu formas mais insidiosas. Seus praticantes relativizam a
gravidade da crise sanitária e atacam instrumentos de eficiência
comprovada na sua contenção, como a máscara e o distanciamento social. E
os negacionistas ainda colocam em dúvida a segurança e a eficiência de
vacinas que seguiram todos os protocolos de pesquisa antes de chegar
(com atraso) ao braço dos brasileiros. [somos favoráveis às vacinas - posição manifestada em vários Posts deste Blog Prontidão Total. Mas na criação e uso de qualquer medicamento, há aspectos que só o tempo esclarece. As vacinas estão demonstrando eficiência, mas até quando garantirão a imunidade? Pergunta que só o tempo pode responder. Temos que aguardar que cesse a imunidade dos primeiros vacinados - algumas vacinas são dose única para toda vida, torcemos para que os imunizantes contra o coronavírus estejam entre elas; de quais cepas estamos protegidos? Resposta com o tempo. Possíveis efeitos colaterais? resposta também com o tempo.
Enquanto o tempo não responde, sugerimos aos ainda não imunizados que não percam tempo e se vacinem.] tAmparado em falsidades e
distorções, sustentado por autoridades públicas e disseminado pelas
redes sociais, o negacionismo é o vírus informativo que atrapalha o
combate à Covid-19.O negacionismo agrupa boatos e fake news, companheiros históricos de
todas as epidemias, em um sistema de crenças infundadas, abrangendo de
medicações milagrosas comprovadamente ineficientes — como a cloroquina,
que o presidente Jair Bolsonaro parece afinal ter abandonado em prol da
proxalutamida, droga ainda em fase inicial de testes — a ideias
conspiratórias sobre o “controle social” exercido por meio do lockdown.
Alguns postulados negacionistas são besteiras folclóricas, como a ideia
de que a vacina emite sinal de wi-fi. Em suas formas mais sofisticadas,
porém, pretende se amparar naquilo que ele nega — a ciência. —
Negacionista é aquele que afirma uma hipótese sem evidências suficientes
e sem métodos rigorosos — diz a cientista política Lorena Barberia, da
Universidade de São Paulo (USP), coordenadora científica da Rede de
Políticas Públicas e Sociedade, grupo interdisciplinar que estuda
questões relacionadas à pandemia.
É ciência, “sqn” Por vezes, o negacionista debruça-se sobre os mesmos dados brutos estudados por cientistas sérios, mas seleciona
(e distorce) só aqueles que servem a sua visão particular.
[a mídia militante, ou adestrada, é quem mais distorce os fatos, manipula, omite, faz narrativas - a explicação veiculada na matéria sob comento é um exemplo de narrativa criativa. Outro exemplo: o Luis Miranda, irmãozinho dileto do deputado Luis Miranda, declarou na PF que esqueceu de gravar a conversa dele e do mano com o presidente Bolsonaro; quando instado a apresentar provas das pressões que diz ter sofrido para comprar a vacina 'covaxin', declarou que trocou de telefone e esqueceu de fazer backup dos dados do telefone que usava.
A mídia amestrada divulgou os esquecimento do servidorzinho com o mínimo destaque possível.] Foi o que se viu, por exemplo, nas fake news sobre Serrana, cidade paulista onde se realizou um estudo de grande escala sobre a
eficiência da CoronaVac. Aproveitou-se um aumento de mortes por
Covid-19, em março, para afirmar que a imunização havia fracassado. Na
verdade, o programa de vacinação só foi concluído um mês depois. E com
sucesso: a queda no número de mortes chegou a 95%.
A partir do chão da realidade, o negacionista dá saltos
conspiratórios. É fato documentado que, no início da pandemia, em Wuhan,
autoridades chinesas reprimiram e censuraram médicos que tentaram soar o
alarme sobre o perigo da nova epidemia, o que retardou a resposta
global à nova ameaça. Essas circunstâncias serviram de base para teorias
delirantes sobre agentes patogênicos criados em laboratórios chineses e
espalhados de forma intencional. A hostilidade em relação à China, por
sua vez, alimentou a rejeição da CoronaVac, vacina que o Instituto
Butantan desenvolveu, no Brasil, em parceria com o laboratório chinês
Sinovac.
O elemento político é nítido: o negacionismo tornou-se
mais uma arma na “guerra cultural”, a disputa ideológica binária entre a
extrema-direita e a centro-esquerda. Não é por acaso que o negacionismo
vem sendo um tema central da CPI da Covid. Ainda que as suspeitas de
corrupção na compra de vacinas tenham tomado o centro dos debates, um
dos sete núcleos em que a CPI recentemente se dividiu será dedicado às
“ações anticiência” do governo.
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