Com o chamado acordo que o governo celebrou com os supostos caminhoneiros, perderam o conjunto dos brasileiros e a eficiência econômica, e ganharam os cartorialismo grevista e a tática do locaute.
Atenção! Desde sempre, essa paralisação de caminhoneiros foi uma greve de patrões e de potentados do transporte de carga. Quando se olham os Itens do acordo, isso fica mais do que evidente. Nem é preciso ter tanta sagacidade.
Quando é
que se dá mesmo o locaute? Quando as empresas, e não os trabalhadores,
promovem a paralisação. Usam a sociedade como bucha de canhão para
chantagear o governo. E foi precisamente isso o que se viu. As perdas
são imensas, de todos os lados. E tudo porque um setor da economia
estava insatisfeito e percebeu uma janela política para encostar o
governo contra a parede. Antes que avance, vamos ao que diz o texto
legal, como de hábito. A Lei de
Greve em vigência, vejam vocês, foi votada em plena ditadura: é a 7.783,
de 28 de junho de 1989. Garante liberdade ampla para a paralisação do
trabalho, fazendo restrições aos serviços essenciais. Essas restrições
já foram revistas pelo Supremo. Se o Brasil se sustentasse sobre os
ombros de um Atlas, fiquem certos que ele teria direito à greve, ainda
que o país fosse largado à deriva, nas esferas. Somos um povo bonzinho,
certo?
Lembro:
este que escreve é contra o chamado “direito de greve” para servidores
públicos — qualquer servidor — e para quem presta serviços essenciais.
“Ah, não seja antidemocrático, Reinaldo!” Ora, claro que não! Vigorasse
meu ponto de vista, se o cara quisesse trabalhar com direito de greve,
bastaria não ser servidor nem prestar serviço essencial. E pronto! Ou
alguém o obriga a fazer tais escolhas? Acho que não. Você nem
precisa ligar o desconfiômetro no modo “hight” para perceber que fomos
vitimas de um locaute, com alguns caminhoneiros emprestando a cara para
maquiar a natureza da chantagem. No modo “Quiet”, a sua ficha vai cair.
Alguns caminhões, é verdade, bloquearam algumas estradas. Mas ninguém
viu filas quilométricas de veículos. Ora, eles nem mesmo saíram das
empresas, que cruzaram os braços. Suas respectivas associações não
recorreram à Justiça pelo seu, digamos, “direito de trabalhar”. Ao
contrário: apoiaram os grevistas. O locaute é proibido pelo Artigo 17 da
lei 7.783.
Olhem os
oito itens principais do acordo que pode suspender a greve, incialmente,
por 15 dias, depois dos quais se fará uma reunião. Lá está a manutenção
da desoneração da folha de pagamentos das empresas de transporte. A
quem interessa isso? A caminhoneiros autônomos? Ora… A matemática
elementar nos diz que os autônomos deveriam preferir que o custo das
grandes empresas, por unidade de caminhão, fosse maior do que o deles,
certo? Mais um: a
gigantesca Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) poderá licitar
junto a cooperativas e autônomos até 30% da demanda por frente sem
licitação. Isso é contra o país. Trata-se de uma licença para um ente
público contratar a preço maior o que pode ser a preço menor. Cooperativas e empresas vivem uma relação simbiótica. Aquelas fecharão os
contratos, e estas executarão o trabalho, rachando o sobrepreço.
Você, meu
bom brasileiro, que apoiou a greve, ainda que espiritualmente, porque
também não gosta do reajuste dos combustíveis vai pagar a conta de
empresas gigantescas que resolveram arrancar da sociedade a compensação
por seus investimentos pretéritos em caminhões, que andavam sem o devido
retorno em razão do baixo crescimento econômico. Você não tem de onde
arrancar a compensação. Elas têm: do seu bolso. E usaram algumas
auto-intituladas lideranças de caminhoneiros como fachada.
Esse foi um dos capítulos mais vergonhosos da história recente do país.
Blog do Reinaldo Azevedo
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