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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Ricardo Lewandowski deveria ficar a quilômetros de qualquer cargo público - J. R. Guzzo

 Gazeta do Povo - VOZES

Se o governo Lula tivesse alguma preocupação, por menor que fosse, em manter as aparências em matéria de decoro, integridade e respeito à população em geral, o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski teria de ser mantido em quarentena perpétua diante de qualquer cargo da administração pública. 
Mas o governo Lula não tem a mais remota preocupação com nenhuma dessas coisas; nunca teve, e não dá sinais de que venha a ter um dia.

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O resultado é que Lewandowski, em vez de ser proibido de chegar a menos de 1.000 quilômetros de Brasília, por exigências mínimas do manual de decência, foi nomeado ministro da Justiça pelo presidente Lula. Seria o chamado “fundo do poço” se houvesse algum fundo no poço deste governo.

Se o governo Lula tivesse alguma preocupação em manter as aparências em matéria de decoro, o ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski teria de ser mantido em quarentena perpétua.

Lewandowski, acredite quem quiser, é advogado da J&F – a empresa que controla a JBS dos irmãos Batista. A JBS é a maior produtora de carne do mundo. 
Os irmãos Batista são veteranos frequentadores da justiça penal brasileira. Como é possível que um cidadão que até outro dia estava no Supremo Tribunal Federal possa se tornar, imediatamente depois de se aposentar do seu cargo, advogado de um cliente como a J&F?
 
A empresa dos irmãos Batista tem uma causa de 15 bilhões de reais na Justiça; só os honorários dos advogados da parte vendedora estão fixados em 600 milhões de reais. 
Em 2017, apertada pela obrigação de pagar 11 bilhões de reais ao Tesouro Nacional para se livrar de processos criminais por corrupção ativa, a J&F foi obrigada a vender propriedades. 
Uma delas foi a indústria de celulose Eldorado, no Mato Grosso do Sul – vendida pelos irmãos Batista à empresa indonésia Paper Excellence
O problema é que eles venderam, mas não entregaram.
A J&F, tempos depois de fechar o negócio, viu a sua situação penal e econômica melhorar. (Hoje, inclusive, estão no céu: o ministro Antonio Toffoli, outro dia, simplesmente anulou a sua obrigação de pagar a multa que devia pela leniência recebida nos processos de corrupção. Deu, para justificar sua decisão, uma das razões mais assombrosas da história judicial do Brasil: a J&F, segundo Toffoli, “não tinha certeza” de que realmente queria assinar o acordo que assinou com o MP.) 
Houve, também, um aumento nos preços internacionais da celulose. Somadas umas coisas às outras, os irmãos desmancharam a venda, convencidos de que com os advogados, os juízes e os políticos certos, iriam deitar e rolar na justiça contra um adversário estrangeiro.
 
É onde estamos: sete anos depois de vendida, a Eldorado não foi entregue. A situação do comprador, hoje, está mais difícil do que nunca. Qual a imparcialidade que se pode esperar do STF num caso desses? 
O advogado dos irmãos Batista circula ali dentro como em sua casa, depois de 17 anos no cargo de ministro e ligação próxima com os colegas que estão lá hoje. 
Melhor ainda que advogado, ele é hoje o novo ministro da Justiça – e íntimo do presidente as República, sem o qual nunca teria sido nada na vida. 
Soma-se o ministro Toffoli a isso tudo, e a coisa fica fechada pelos sete lados. 
É essa a democracia brasileira que o STF e Lula salvam todos os dias.
 
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES



quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Que Congresso é esse? - Percival Puggina

O ápice do desrespeito é a perda do respeito por si mesmo e, com sitiadas exceções individuais, membros das duas Casas acomodaram-se em poltronas nesse patamar. Que raios de Congresso foi esse que elegemos em 2018?        

Eleitos para representar a sociedade, como expressão de sua soberania, dedicam-se, em ampla maioria, a fazer negócios, cuidar de reeleições, usar recursos públicos para objetivos políticos pessoais e perenizar currais eleitorais. Não veem povo, sem alternativas, à porta dos quartéis pedindo aos militares que façam o que eles, detentores de mandato, não fazem? Veem, sim, mas não são freio nem contrapeso, não são coisa alguma e para nada servem, seja nas calmarias, seja nas tormentas.

Afundam com o navio ao som de um coral de puxa-sacos “lá nas bases”.

Que fracasso! Durante quatro anos, a nação, aos milhões, lhes falou desde os megafones e microfones, em extraordinárias jornadas cívicas. De nada valeram as advertências proclamadas pela voz das ruas! De nada. Nem mesmo para que protegessem as próprias prerrogativas! Ministros do STF usurpam-lhes o poder, escrituram em nome de 11 pessoas as vias digitais e nelas silenciam-lhes as vozes.

Não perceberam ainda? Privados os parlamentares das redes sociais, o plenário vira gaiola e a tribuna poleiro de onde deputados e senadores falam, uns aos outros, em circuito fechado. Como toleram isso?

Cada medida autocrática contra um congressista é um insulto ao parlamento. De tão frequente e tolerada, a situação faz lembrar o que escreveu Eça de Queiroz”, referindo-se às Cortes portuguesas em uma de suas Farpas: “É uma escola de humildade este parlamento! Nunca, em parte nenhuma, como ali, o insulto foi recebido com tão curvada paciência”.

Essa curvada paciência, porém, esgotou a tolerância do povo que não aceita a patrulha do pensamento nem a gradual, mas constante e crescente, perda de suas liberdades. Quem não entendeu isso não entendeu coisa alguma.

Que o próximo parlamento, com honra e dignidade, retome o verdadeiro sentido da representação popular, para volta da democracia e da liberdade.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Fux se reúne com líderes partidários para dialogar sobre relação entre os Poderes

Encontro aconteceu nesta quarta-feira (29/6), no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, ministro também se reuniu com o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco 

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, se reuniu na manhã desta quarta-feira (29/6), na sede da Corte, com lideranças da Câmara para discutir sobre a relação entre os Poderes. Além do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), participaram do encontro 21 parlamentares de diferentes partidos da base governista e da oposição.

Na saída, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) agradeceu os esforços das partes para que a audiência acontecesse. O político destacou que o encontro foi voltado para reiterar a defesa da democracia brasileira. “O ministro Fux foi muito atencioso, ele sinalizou que tem que tomar cuidado em não pautar temas no plenário da Câmara e no plenário do STF, que aumente a atenção dos Poderes”, disse.

“Foi uma reunião bem produtiva. Uma frase bem forte que ele falou para mim foi: ‘Luiz Fux é o mesmo que o de 8 de setembro’, mostrando que ele está atento às tensões que ele vive, e comprometido com que nós respeitamos a regra do jogo e a constituição, e a máxima autoridade”, destacou o deputado. [com todas as vênias cabíveis, entendemos que faltou no diálogo a presença da mais importante autoridade que vem sendo acusada de promover conflito entre os Poderes da República. Os atritos maiores ocorrem entre alguns ministros do STF que tem a pretensão de que o Presidente da República Federativa do Brasil é subordinado ao STF, - pretensão que se materializa em determinadas situações, sendo uma delas quando algum dos ministros da Suprema Corte profere decisão monocrática determinando que o presidente Bolsonaro = Presidente da República Federativa do Brasil - faça, ou deixe de fazer,  determinado ato.
Decisões impositivas sobre outros Poderes deveriam ser sempre tomadas pelo Plenário do STF. 
Outro complicador, ao que nos parece, de um diálogo com a participação do capitão é que a conversa, ou conversar, ocorrem no Supremo, o que deixa a ideia de que os participantes dos Poderes Executivo e das duas Casas Legislativas estão sendo convocados. É o que pensamos.]

O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a reunião não teve pauta específica e serviu para aproximar as instituições. “A conversa foi o mais informal possível, com os assuntos que a Câmara tem preocupação, que estão tramitando no Supremo. Foi uma conversa para manter o respeito entre os Poderes, o respeito nas eleições”, disse. “Todos os assuntos foram abordados em um café da manhã muito informal, onde todos os líderes tiveram a oportunidade de se posicionar, e o presidente Fux também”, completou.

 Política - Correio Braziliense


terça-feira, 26 de abril de 2022

Barroso errou… e o general errou ainda mais [errou??? por responder críticas fake news?]

 O ministro da Defesa se defende de um ataque que não recebeu, e os generais continuam ignorando o risco que as Forças Armadas correm

O ministro do STF Luiz Roberto Barroso afirmou que as Forças Armadas têm sido “orientadas a atacar e desacreditar” as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. Sua crítica, por óbvio, não foi aos militares (os quais elogiou pelo “comportamento exemplar”) mas a um sujeito oculto que todos sabemos ser o presidente Bolsonaro. 

Apesar de não fazer crítica aos militares, Barroso cometeu um erro crasso. O ministro entrou no “varejo da política” (justamente o terreno que recomendou aos militares evitar), fez uma acusação vaga sem apresentar prova e tocou no assunto tabu que são as Forças Armadas. Ministro do Supremo não deve falar, nunca, das Forças Armadas. Por vários motivos:

1) Muitos generais alimentam a visão de que as Forças Armadas seriam uma espécie de Poder Moderador, se ressentem de o Supremo ter a última palavra em tudo, e acham um desplante que alguém do tribunal se arvore a lhes dar conselhos.

2) De uns tempos para cá, os generais se incomodam com o Supremo porque entendem em grande medida com razão que o tribunal destruiu a Lava Jato, gera insegurança jurídico-política e invade competências do Presidente da República.

3) Por fim, as Forças Armadas são uma instituição cheia de não-me-toques. Qualquer coisa que se diga sobre a corporação é recebida como uma ofensa profunda e imperdoável que se estende a todos os militares no nível pessoal. Todos se sentem na obrigação de defendê-la (os generais da ativa de hoje eram adolescentes na época da tortura, mas mesmo assim negam um fato histórico indiscutível só para defender antecessores criminosos). [considerar fato histórico uma versão de acontecimentos, apresentada por guerrilheiros, terroristas, comunistas e coisas do tipo?]E quem é general tem que fake news responder. Responderam os generais Luiz Eduardo Ramos, Sergio Etchegoyen e, claro, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. 

O ministro emitiu uma nota dura que escala o mal estar entre as Forças Armadas e o Supremo. A nota é meio sem pé nem cabeça, pois defende a corporação de um ataque que não ocorreu.[houve o ensaio de um ataque, se as Forças Armadas silenciassem,  o ataque seria repetido mais forte, de pontos variados e mais mentiroso.]  Há também certo humor involuntário na nota, que diz que as Forças Armadas “têm uma história de dedicação a bem servir à Pátria e ao Povo brasileiro” e sempre foram “instituições respeitadas pela população”. Desde a quartelada que derrubou a monarquia em 1889, os militares se envolveram em pelo menos uma dúzia de golpes e tentativas de golpes contra governantes eleitos pelo voto.[sempre as ações militares buscaram a manutenção da Ordem, da Soberania,  do Respeito e Preservação de  valores caros ao povo brasileiro.]

Como assinalou o ministro Barroso, desde a redemocratização, os militares tiveram um “comportamento exemplar” e recuperaram o prestígio destruído na ditadura. Mas esse prestígio vem se deteriorando rapidamente desde que os militares se aproximaram de Jair Bolsonaro. Barroso pode ter errado na forma e na política, mas acertou no mérito: se os militares permitirem que Bolsonaro os oriente para atacar o processo eleitoral — o que já vimos acontecer várias vezes — o que resta do prestígio vai acabar antes da eleição. [será?]

Ricardo Rangel - Coluna em VEJA


A Constituição é clara sobre o poder presidencial para conceder indulto - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia

 
Caso Daniel Silveira

Constituição indulto
Artigo 84 da Constituição Federal diz que concessão de indulto é uma atividade privativa do presidente da República.

Dois advogados do Distrito Federal, acho que para aparecer, recorreram à 12ª Vara Federal do Rio de Janeiro contra o indulto que o presidente Jair Bolsonaro deu ao deputado Daniel Silveira. Eu suponho que eles não tenham lido a Constituição. Mas o juiz é obrigado a aceitar a ação, ele não pode recusar. Ele, então, deu um prazo de 72 horas para o governo explicar o indulto.

Em Ribeirão Preto (SP), onde prestigiou a Agrishow, Bolsonaro disse que o indulto é constitucional e é para valer, ou seja, o decreto será cumprido.

O ministro Marco Aurélio Mello, aposentado do Supremo Tribunal Federal, disse a mesma coisa: que o presidente praticou um ato soberano que não está sujeito à impugnação do Judiciário. A própria ministra Rosa Weber e o ministro Luis Roberto Barroso já tinham dito isso a respeito de outros réus indultados por outros presidentes, que é um ato privativo do chefe do Planalto.

Como reação da Defesa à fala de Barroso aprofunda desgaste entre militares e Judiciário

 Ordem no STF e no TSE é de recuo após indulto a Silveira e nota dura da Defesa

Agora, não interessa o que diz Bolsonaro, Marco Aurélio, Barroso, Rosa Weber, os advogados ou seja lá quem for. O que interessa é o que diz a Constituição e é fácil de ler. O artigo 84 diz o seguinte: "Compete privativamente ao presidente da República conceder indulto". É uma prerrogativa dele. Ele concede indulto e ninguém pode se meter. Está na Constituição, é palavra final e não a palavra de quem a interpreta.

A Constituição não precisa de tradutor. Foram 559 constituintes que trabalharam 600 dias para fazer essa Constituição. Eles foram eleitos para isso. E tem gente que não foi eleita e quer reescrever a Constituição. É impossível!

Acusação sem provas
O ministro Luis Roberto Barroso, que já falou mal do presidente Bolsonaro em Boston, agora fez o mesmo com as Forças Armadas, desta vez em Berlim, dizendo que elas estão orientadas para atacar o processo eleitoral. Isso mexeu com o brio dos militares.

Coube então ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, falar por eles, inclusive para acalmar a tropa. Ele disse: "afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem apresentação de qualquer prova ou evidência, é irresponsável, se constitui em ofensa grave às instituições nacionais permanente do Estado brasileiro. A fala do ministro do Supremo afeta a ética, a harmonia e o respeito entre as instituições".

Eu também acho muito grave um ministro do STF que faz acusações sem provas. Aliás, quando fala mal do presidente no exterior, Barroso também infringe o segundo artigo da Constituição, que diz que os poderes são harmônicos entre si.

Penso que quando convidou as Forças Armadas para participar da Comissão da Transparência das Eleições, o ministro pensou que elas ficariam como meros ouvintes passivos a endossar e avalizar todo processo. Mas as Forças Armadas foram proativas, apresentaram 712 questões, porque elas entendem do assunto, já que as guerras hoje são cibernéticas.

Isso deve ter frustrado o ministro Barroso, que esperava o endosso. Os militares estão preocupados com a soberania nacional, com a democracia, porque eleição é o fulcro da democracia e da soberania.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

COLABORAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA - Edésio Reichert

Pela divulgação do livro PROFESSOR NÃO É EDUCADOR iniciada em fins de 2011, com a observação de fatos ocorridos no ambiente que nos cerca e por leituras diversas, torna-se notório que muita gente está preocupada com os seguintes problemas: quais são as responsabilidades da Família e da Escola na Educação e na Instrução dos alunos? Até que ponto podem a Escola e a Família colaborar na instrução e na educação dos alunos?

De um lado, há professores reclamando porque os pais estão terceirizando a educação dos filhos, exigindo que professores e diretores gastem muito tempo “educando” alunos. De outro, há professores exagerando na cobrança dos pais, para que estes participem mais do processo de ensino – ensinar a ler, acompanhar o fazer das tarefas de casa, etc. E o resultado é bem conhecido: analfabetos funcionais - pessoa que lê e não entende o que leu - e pessoas mal-educadas, por todos os lados.

Façamos, a seguir, uma distribuição de responsabilidades entre escola e família.
1 – Educação, isto é, valores morais (honestidade, respeito, cooperação, religiosidade, etc) é responsabilidade da família. Nesta área os professores podem colaborar com a família, fazendo com que alguns destes valores sejam reforçados pelo ambiente escolar. Ao exigirem respeito e disciplina, por exemplo, estarão colaborando na fixação destes valores – até porque, sem isto, não pode uma escola funcionar bem.

2 – Instrução – promoção de conhecimentos e de habilidades – é responsabilidade da escola. Os pais podem colaborar para que os filhos, após participarem da aula, estudem as matérias do dia (conforme recomenda o Professor Pier). Pais que leem em casa, incentivam os filhos a adquirir o hábito da leitura.

Tratando de responsabilidade, é possível analisar e cobrar com mais clareza, para que cada uma das duas partes cumpra essa obrigação. Já quanto à colaboração, a questão deve ser tratada com muita prudência, pois não seria justo – nem possível – exigir de todos igualmente.

A clara compreensão destes conceitos especialmente pelos profissionais do ensino – permite-lhes agir com tranquilidade e segurança, quando é preciso tratar, com pais e alunos, questões ligadas à disciplina. Assunto nunca fácil de tratar, posto que nem toda a comunidade escolar entende que a disciplina deve ser exigida pelos professores, mas imposta pelos diretores.

Influenciar os alunos para que estudem melhor e adquiram o hábito da leitura é responsabilidade da escola, mas deve ser feito todo o esforço possível na conquista dos pais para colaborar nesta difícil tarefa. Levar um aluno a se tornar estudante (como diz, o Prof. Pier), isto é, a se tornar autodidata, é tarefa em que todos se devem envolver, uns como responsáveis, outros como colaboradores.

Edésio Reichert - Transcrito site Percival Puggina

 

domingo, 11 de julho de 2021

Citando "crime de responsabilidade", STF responde a ataques de Bolsonaro

Em resposta às agressões e ofensas disparadas pelo presidente da República, ministros da Corte mencionam "crime de responsabilidade", além de "respeito às instituições" e à "honra de seus integrantes". 

Em uma escalada de acusações e ameaças de atos autoritários, o presidente Jair Bolsonaro vem desafiando o Poder Judiciário. Ao longo da semana passada, o chefe do Executivo afirmou reiteradas vezes que ocorreram fraudes nas eleições de 2014, e alega que Aécio Neves venceu o pleito. No entanto, convocado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apresentar provas do que diz, Bolsonaro ainda não se manifestou e ameaça atuar para aplicar um golpe, barrando as eleições de 2022. O comportamento do presidente é visto no Supremo Tribunal Federal como um ato de desespero diante da queda de sua popularidade. [queda de popularidade? desespero, se houver, é da parte dos inimigos do Brasil, dos que querem afastar o presidente Bolsonaro do cargo para o qual foi eleito pela vontade soberana de quase 60.000.000 de eleitores.
O desespero deles é tamanho, que fingem ignorar que a queda de popularidade do capitão é passageira, com o fim da PANDEMIA - que,  para desespero dos que são contra o presidente e o Brasil, está indo embora - e a volta do crescimento econômico, redução do desemprego e outras benesses que cairão sobre o Brasil e os brasileiros, logo a popularidade do presidente retornará aos níveis anteriores. Sugerimos que esqueçam o restante do mandato do presidente e concentrem suas preocupações em impedir que ele seja reeleito em 2022. 
Imagine... ter que engolir Bolsonaro por mais quatro anos a parte de 2023.]

Entre os ministros do Supremo, as ameaças de que “pode não ter eleição em 2022” caso não seja implantado o voto impresso situam-se no limite entre a liberdade de manifestação e a conduta criminosa, que enseja crime de responsabilidade. O custo da impressão das cédulas seria de R$ 2,5 bilhões ao longo de 10 anos, além dos riscos para o sigilo do voto. Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, que vai conduzir o TSE durante as eleições gerais do ano que vem, reagiu de maneira contundente. “Os brasileiros podem confiar nas Instituições, na certeza de que, soberanamente, escolherão seus dirigentes nas eleições de 2022, com liberdade e sigilo do voto. Não serão admitidos atos contra a Democracia e o Estado de Direito, por configurar crimes comum e de responsabilidade”, escreveu ele nas redes sociais. [a escolha soberana, com liberdade e sigilo do voto, já existe - o que preocupa é se o que o eleitor escolhe soberanamente e sob sigilo,  no momento do voto, é computado sem desvios = só o voto impresso pode garantir que o voto que seguiu para o cômputo digital é cópia fiel do que o eleitor digitou.]

O presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, respondeu aos ataques com um tom mais institucional, mas deixou claro que excessos não serão tolerados. Em nota, afirmou que o tribunal “rejeita posicionamentos que extrapolam a crítica construtiva e questionam indevidamente a idoneidade das juízas e dos juízes da Corte”. O presidente do STF demarcou, ainda, os limites da convivência entre os Poderes da República. “O Supremo Tribunal Federal ressalta que a liberdade de expressão, assegurada pela Constituição a qualquer brasileiro, deve conviver com o respeito às instituições e à honra de seus integrantes, como decorrência imediata da harmonia e da independência entre os Poderes”, escreveu.

Além de provocar desgaste institucional, as declarações do presidente Jair Bolsonaro podem gerar desdobramentos, inclusive na Justiça. O capitão da reserva do Exército chegou a dizer que o ministro Barroso se articula pessoalmente contra o voto impresso, e acusou-o de defender a prática de pedofilia, além de chamá-lo de “idiota” e “imbecil”. “Se nós queremos uma maneira a mais para mostrar transparência, por que o Barroso é contra? Ministro do Supremo Tribunal Federal, uma vergonha um cara desses estar lá. Não é porque ele defende aborto não, não é porque ele quer defender redução da maioridade por estupro de vulnerável. Com 12 anos de idade, tenho uma de 10 em casa, isso não é estupro, pode ser consentindo, segundo a cabeça dele. Um cara que quer liberar as drogas, um cara que defendeu um terrorista assassino italiano, Cesare Battisti. Esse é o perfil de Barroso que está à frente das eleições”, disparou o presidente. [o direito de ser contra o voto impresso e de apontar eventuais articulações realizadas por ministros do TSE, que podem prejudicar a imparcialidade que se espera dos magistrados, deve ser respeitado. (IMPORTANTE: O presidente Bolsonaro pode até ser acusado de ter se excedido, só que causa estranheza é que o criminoso Lula disse com todas as letras que o Supremo estava acovardado. E, ninguém protestou, o silêncio foi total. Já o excesso verbal do presidente Bolsonaro é criticado de forma implacável.) Mas, é INADMISSÍVEL, REPROVÁVEL, que ofensas pessoais sejam feitas contra ministros, juízes,magistrados e a qualquer pessoa. O ofendido tem o DIREITO, até mesmo o DEVER, buscar reparação junto ao Poder Judiciário, cabendo ao OFENSOR o DEVER, a obrigação inarredável,  de provar o que afirmou ou suportar as consequências.]

Barroso respondeu com ironia, ao postar na rede social um poema, falando sobre “insulto”, “mal” e recomendando a música Cálice, de Chico Buarque. No entanto, Rodolfo Tamanaha, professor de direito constitucional do Ibmec Brasília, afirma que o magistrado pode inclusive reagir na Justiça. “As declarações contra o ministro Barroso, por exemplo, poderiam caracterizar crime contra a honra, como calúnia, difamação, injúria, e o ministro poderia propor uma ação contra o presidente Bolsonaro por este tipo de crime. Mas seria inusitado, pois seria julgado pelo próprio Supremo, em razão da natureza do cargo envolvido”, diz.

Ele destaca que, em relação às acusações de fraude, o TSE pode responder como instituição. “Quanto ao voto impresso, o TSE tem função ativa, fiscalizatória e jurisdicional. Ele julga, normatiza as resoluções sobre as eleições e tem ação fiscalizatória por monitorar crimes eleitorais. Ele pode trazer para a opinião pública que o sistema eletrônico não tem falhas relevantes”, completa.

Eduardo Galvão, analista político, aponta que as relações entre os Poderes frequentemente passam por situações de crise, o que não representa rompimento democrático. Ataques de presidentes ao STF não são exclusividades do nosso momento atual. O ex-presidente Lula disse, quando estava no governo, que o Supremo estava acovardado. A harmonia entre os Poderes sempre é tensa. Os poderes democráticos têm suas funções típicas e atípicas, como fiscalizar os excessos dos demais. É uma relação em que sempre há uma observância. Isso não quer dizer, de forma alguma, que exista risco para as eleições. As eleições são base do sistema democrático, com instituições fortes”, destaca.

Novo ministro
A série de críticas ao sistema eleitoral disparadas por Jair Bolsonaro ocorrem na iminência da indicação de um substituto para o ministro Marco Aurélio Mello, que deixa a Corte nesta segunda-feira, ao completar 75 anos de idade. A tendência é de que o próximo indicado à Corte seja o atual advogado-geral da União, André Mendonça. Apesar de ter se envolvido em polêmicas, ao usar a Polícia Federal e a Lei de Segurança Nacional para perseguir opositores do governo, [Mendonça se limitou a cumprir o principio basilar do 'estado democrático de direito' de que as LEIS se aplicam a todos  e a LSN é uma LEI em PLENA VIGÊNCIA e qualquer pessoa que a desobedeça, opositor ou apoiador do Governo deve ser investigada, processada e julgada. Mendonça tem a OBRIGAÇÃO de cumprir a LSN e qualquer outra lei e, por ser uma autoridade constituída tem o DEVER de fazer cumprir toda e qualquer lei vigente.] Mendonça tem boa aceitação entre os integrantes do Supremo. “A avaliação é de que ele sempre atuou para reduzir o impacto das declarações e colocar panos quentes no que o presidente fala”, diz um interlocutor de magistrados do Supremo.

O próprio ministro Marco Aurélio declarou publicamente apoio ao ingresso de Mendonça na vaga que ele deixa na Corte. As ações do presidente até agora eram interpretadas como “bravata” para tentar manter o apoio de eleitores mais radicais e discurso político de inovação. Ele foi eleito declarando oposição ao que chamou de “velha política”. No entanto, ao ser eleito, além de manter alianças com o Centrão, derrapou em suas propostas e protagoniza uma agenda de escândalos de corrupção, como supostas fraudes envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19. As alegações de irregularidades nas eleições seriam uma maneira de manter apoio dos eleitores.

Correio Braziliense 


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Bolsonaro decepciona os generais - William Waack

O Estado de S. Paulo

O desabafo do ex-porta-voz do presidente não é a voz isolada de um fardado

Foi já para lá da metade de 2018 que os altos oficiais das Forças Armadas encantaram-se com a popularidade de alguém que surfava a onda disruptiva, que oferecia a oportunidade de se alterar os rumos do País. Hoje levanta-se a tese se houve mesmo uma alternância entre “esquerda” e “direita” em 2018, pois o que se percebe é a prevalência de um sistema pelo qual os donos do poder descritos já há tantos anos continuam acomodando interesses setoriais e corporativos às custas dos cofres públicos, sem visão de conjunto ou de Nação – tanto faz o nome ou o partido.

Além da bem amarrada ou não agenda econômica proposta por Paulo Guedes, foram os militares formados em academias de primeira linha que trouxeram para Bolsonaro o que se poderia chamar, com boa vontade, de “elementos de planejamento” num governo que, logo de saída, titubeou entre entregar a coordenação dos ministérios para uma ala “política” (enquanto se recusava a praticar a “velha” política) ou depositá-la no que era a esperança dos generais: um dos seus como chefe de “Estado-Maior” (a Casa Civil). Hoje se constata que era o primeiro sinal inequívoco do que acabou virando a marca do governo: sem eixo, sem saber como adequar os meios aos fins (supondo que “mudar o Brasil” seja o objetivo final) num espaço de tempo definido (um mandato? Dois mandatos?). [Dois mandatos já era o mínimo necessário - classificação que a pandemia substituiu por indispensável.]

Os militares de alta patente no governo carregaram consigo uma aura de respeito e credibilidade e, em alguns ministérios, de eficiência e competência, mas não estão usufruindo disso. Ao contrário, a reputação deles como grupo está sendo moída em casos como o da Saúde, área na qual o presidente interfere como se entendesse alguma coisa disso, e da Amazônia, com um “governo do B” entregue a quem conhece a área (o general Hamilton Mourão) enquanto o enciumado Bolsonaro deixa que Meio Ambiente e Relações Exteriores pratiquem o “fogo amigo”.

Dois fatores políticos levaram os militares à “confortável mudez” à qual se refere o ex-porta-voz do governo, general Rêgo Barros, na destruidora descrição que fez do esfarelamento da autoridade dos militares num governo que eles nunca controlaram. É “subserviência”, diz o ex-porta-voz, que impede a prática da “discordância leal” (coisa de fato complicada para quem cresceu em hierarquias). O primeiro fator político era a consolidada noção de que governar o Brasil se tornara impossível por culpa de outros Poderes, como Legislativo e Judiciário. Caberia ao grupo militar “defender” o Executivo. [pela constituição cidadã, em plena vigência, cabe não ao grupo militar e sim à Instituição Forças Armadas moderar em situações especiais os Poderes - moderação que inclui, sem limitar, defender um Poder da interferência excessiva de um outro Poder.] 

O segundo componente político é mais amplo e difuso. Tem a ver com 2018 e o medo do esgarçamento do tecido social. Os militares “compraram” em boa medida o mantra repetido por Bolsonaro, segundo o qual “as esquerdas”, sorrateiramente postadas atrás da esquina, só estão esperando maus resultados econômicos, crise ainda maior de saúde pública e aumento de criminalidade para promover a baderna que colocará de joelhos o governo e, portanto, o projeto de “mudar o Brasil”. Fugiria tudo ao controle.

Ironicamente, Bolsonaro acabou encontrando seu porto seguro não tanto nos militares, de cuja coesão e capacidade de articulação desconfia (como desconfia de tudo ao redor). O presidente acomodou-se no conforto do Centrão e na capilaridade que esse conjunto de correntes políticas, desde sempre empenhadas em controlar o cofre e a máquina pública, exibe em todas as instâncias decisivas no Legislativo e também do Judiciário, onde acaba de ser colocado no topo um ministro para o Centrão chamar de seu.

“Jair preocupou-se mais com seus filhos e reeleição do que com o País”, queixou-se, confidencialmente, um dos militares que chamam o presidente pelo primeiro nome. O desabafo do general Rêgo Barros [o poder 'inebria, corrompe e destrói'] não é simplesmente o de um indivíduo decepcionado. É de um grupo desarticulado.

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo 


quinta-feira, 30 de julho de 2020

Nosso modo de noticiar - Carlos Alberto Sardenberg

Coluna publicada em O Globo - 30 de julho de 2020

 Um veículo independente tem princípios: liberdade, democracia, direitos individuais, respeito à diversidade 

Os 95 anos de O Globo sugerem retomar aqui alguns temas sobre a imprensa, tratados ao longo destes anos de coluna. Por exemplo, o que é notícia?
A informação verdadeira, diziam muitos, o que não resolvia a questão. Ao contrário, suscitava dúvidas. A gente, incluindo o jornalista, sempre vê as coisas de maneira subjetiva, uma visão parcial , portanto. 
Logo, de qual verdade se está falando?
Ou, por outro lado, é possível a informação objetiva?

Paralelamente, foram surgindo outras respostas – versões – para a natureza da notícia. Por exemplo, do velho Times de Londres: notícia é tudo aquilo que alguém não quer ver publicado, o resto é propaganda.
É bacana, jornalistas adoram. Mas a melhor manchete para o mundo, hoje, seria uma que todos querem ver publicada: saiu a vacina do coronavirus.
Em 1896, o New York Times, para se diferenciar da imprensa marrom da época, criou o slogan: “All the news that`s fit to print”. Queria dizer que o leitor encontraria ali a notícia que estava pronta ou merecia ou deveria ser publicada.
O próprio jornal, hoje, tem dúvidas, depois de tantas notícias que, depois de publicadas, se revelaram equivocadas. Ou de notícias que deveriam e não foram publicadas. Mas o debate hoje é sobre racismo, diversidade e o viés que atravessa as matérias.

Tudo considerado, O Globo resolveu adotar esta definição: “jornalismo é o conjunto de atividades que, seguindo certas regras e princípios, produz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas. Qualquer fato e qualquer pessoa: uma crise política grave, decisões governamentais com grande impacto na sociedade, uma guerra, uma descoberta científica, um desastre ambiental, mas também a narrativa de um atropelamento numa esquina movimentada, o surgimento de um buraco na rua, a descrição de um assalto à loja da esquina, um casamento real na Europa, as novas regras para a declaração do Imposto de Renda ou mesmo a biografia das celebridades instantâneas. O jornalismo é aquela atividade que permite um primeiro conhecimento de todos esses fenômenos, os complexos e os simples, com um grau aceitável de fidedignidade e correção, levando-se em conta o momento e as circunstâncias em que ocorrem. É, portanto, uma forma de apreensão da realidade”.

Está nos Princípios Editoriais e faz sentido. Chamo a atenção que faz referência a “regras e princípios”. Regras de apuração e publicação profissionais – não “o que se ouve por aí”. E princípios, não programas. Partidos políticos, grupos, setores têm programas. Um veículo independente tem princípios: liberdade, democracia, direitos individuais, respeito à diversidade. E assim vamos. Não pode ter censura prévia, aliás, censura nenhuma, mas o jornalista e o veículo são responsáveis pelo que publicam. Podem ser processados, como qualquer cidadão, mesmo sendo autoridade.

O governo, as instituições não podem pretender regular a imprensa a pretexto de garantir que ela seja boa. [conheça a opinião do ministro Dias Toffoli, sobre ser função do Poder Judiciário agir como o editor de um povo inteiro, clicando aqui.] Quem decide isso é o público. Por que as emissoras governamentais não dão audiência? 
Por que os veículos vendidos, chapa-branca, só interessam aos seus fiéis?
O público sabe que ali não se encontra notícia, mas propaganda ou, pior, fake news. Aliás, fake news requer uma boa definição penal, para apoiar processos e investigações.
Enfim, quando a situação esquenta, sobe a audiência dos veículos independentes e profissionais – é a prova de que o público não é bobo.

Excesso de investigação
No processo sobre a chapa Dilma/Temer, no Tribunal Superior Eleitoral, o ministro relator, Herman Benjamin, que votou pela cassação, e perdeu, saiu com esta: a chapa foi absolvida por excesso de provas. [lembrando o óbvio: provas não ser apenas para condenar, também são fatores de absolvição.
Quanto à Lava Jato o grande problema é que muitos querem transformar a operação - exitosa, mas com tempo para ser reformulada - em instituição.]
Pois o procurador geral da república, Augusto Aras, quer acabar com a Lava Jato por excesso de investigação. Disse que os arquivos de Curitiba têm 9 vezes mais informações que a Procuradoria Geral e por isso a Lava Jato tem que ser contida.
Perceberam? Investigar demais é errado. Pior. Aras sugeriu que há excessos, chantagens.
Foi música para os ouvidos dos advogados criminalistas que estavam na live – e que havia tempo estavam aborrecidos com as derrotas que tomaram dos procuradores da Lava Jato.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista


domingo, 7 de junho de 2020

Uma nota acima do tom (por Gaudêncio Torquato) - VEJA

O presidente é um incontrolável rebelde

Basta apurar os sentidos para perceber que há uma nota acima do tom na orquestração política. O presidente é um incontrolável rebelde no uso de substantivos ácidos e adjetivos ferinos para animar suas galeras e atacar adversários. Magistrados, incluindo os de grande bagagem, extravasam e abrem polêmica. Dos políticos, situação ou oposição, o tiroteio virtual não arrefeceu como seria de se esperar durante a pandemia.

Tudo sinaliza para uma sobrecarga de energia acumulada, como se o alvo não fosse o Covid-19 e sim os interlocutores das nossas instituições. Até os generais, antes comedidos no uso do verbo, extrapolam os limites. [será que os generais não estão deixando o comedimento pelo fato dos magistrados, incluindo e especialmente os que exercem suas funções na Suprema Corte, extrapolarem suas funções, usarem termos inadequados?] Razoável pensar que esses comportamentos oxigenam nossa democracia, pois o debate desperta a sociedade. Mas há uma questão de fundo nesse jogo em temas como intervenção militar, golpe, impeachment, rebelião social, entre outros. É preciso cuidado com a banalização.

Entremos nos temas. A retórica de conflitos se impregna de interesses estratégicos eleitorais. Bolsonaro estica a campanha até hoje. Os 30% de apoiadores montam na garupa do azarão. O PT, destroçado depois de afundar o país, só pensa em voltar ao primeiro plano. Basta ver Lula. Condenado em duas instâncias, defende agora a primazia do PT, negando-se a assinar manifestos em favor da democracia. Grandes partidos já apontam eventuais candidatos em 2022. Médios e pequenos se atrelam às recompensas, como entes do Centrão aboletados no governo.

A polarização política agita chefes e lideranças de todos os setores. Para acirrar, enfrentamos uma das maiores epidemias da história, tragédia expandida com a reversão da economia. Bolso vazio de milhões de pessoas e empobrecimento das classes sociais podem até gerar convulsões, abrindo caminho para o caos social.

Sob esse risco, estariam criadas as condições para a arrebentação da maré política e eventos graves no Congresso Nacional. Portanto, a ideia de impeachment só se fundamenta na base da mobilização social. Improvável pensar em afastamento do presidente como ato unilateral do Parlamento. Só mesmo uma onda das margens para o centro poderia dar xeque mortal no tabuleiro da política.

Da mesma forma, é irrazoável a alternativa de intervenção militar. As Forças Armadas, graças ao profissionalismo, firmaram uma imagem de respeito, credibilidade e seriedade. Não entrariam numa aventura pela tomada do poder na marra. Excepcionalmente, podem ir às ruas para garantir a lei e a ordem. As Forças sabem que estão diante de uma sociedade mais atenta, crítica e solidária. Essa imensa classe média tende a rejeitar extremos ideológicos. Apenas um minúsculo grupo – nem 10% da população – apoiaria um golpe autoritário.

Portanto, baixem a bola, senhores guerreiros. O momento exige foco no combate ao coronavírus e não no tiroteio verbal, como a lenha que se joga nas redes sociais. Quanto aos magistrados, generais e mandatários, a mensagem vem dos romanos: homo loquax, homo mendax – homem falador é homem mentiroso. Ou acaba se transformando em mentiroso.

Blog do Noblat - VEJA - Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político

sábado, 14 de setembro de 2019

Cuidado! Silvio Santos vem aí - Isto É

Dono do SBT transforma comentários sexistas e atitudes machistas em rotina do seu programa dominical e dá a impressão de que pode falar o que quer sem ser incomodado 

Há algum tempo, o empresário Silvio Santos, de 88 anos, dono do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), está demonstrando posturas sexistas, machistas, racistas e assediando mulheres livremente no palco de seu programa. Sem freios, o apresentador não faz distinção de idade e nem se importa se a pessoa agredida gosta ou não de seus comentários. Seu último abuso ocorreu no domingo 8, tendo como alvo sua assistente de palco Lívia Andrade. “Isso é roupa de vir ao programa?”, perguntou para Lívia. “Você vem aqui só para me provocar. Você está me provocando com essa roupa. Olha a sua roupa aberta desse lado. Isso é roupa que se vista?”, prosseguiu, para, em seguida, tocar no decote da assistente. O constrangimento, claro, foi geral.

Na frente das câmeras, Silvio tem ultrapassado os limites não é de hoje. A impressão que dá é que, por causa da idade e do poder econômico, pode fazer e falar o que quer na TV. Há uma evidente conivência com seus atos, explicável pelo fato de ele ser o patrão do SBT. “Essa postura de Silvio Santos é misógina e rebaixa a condição da mulher, dentro de um ciclo de cultura de violência, preconceito e objetificação do corpo, deixando-a, simplesmente, como um objeto de prazer para o homem”, afirma a advogada Vivian Lopez Valle, professora da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Ele presta um desserviço à sociedade ao dar esse tipo de incentivo, prejudicando a luta pela igualdade e a valorização da mulher” Segundo ela, o artigo 220 da Constituição, que regula a comunicação social, traz valores que são incompatíveis com a conduta de Silvio. Em alguns casos, como quando fez comentários depreciativos para a apresentadora infantil Maisa Silva, em 2017, as palavras do dono do SBT feriram, inclusive, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Comparando a menina Maisa, que acabava de completar 15 anos com uma foto de uma mulher adulta, ele disparou: “Quando você vai ter um corpão desses?”.



[apesar da presente matéria não ser tema do Blog Prontidão Total, optamos por transcrevê-la e ao mesmo tempo apresentar fundadas razões para o comportamento inadequado do conhecido apresentador, ser tolerado;

1º - inexiste no Brasil a CENSURA que é algo necessário, especialmente para programas de grande audiência, exibidos em horários vespertinos ou no inicio da noite, o que faz com que sejam vistos por crianças. A CF 88 - a constituição 'cidadã' , a constituição dos direitos sem sem a contrapartida dos deveres proibiu a censura e com isso liberou geral.
Nos dias atuais se tornou comum que qualquer lixo, qualquer pornografia, qualquer programa inconveniente, possa ser veiculado, vendido, doado, imposto nas escolas, sem nenhum freio;
Faz falta no Brasil um órgão nos moldes do saudoso DCDP/DPF - Divisão de Censura e Diversões Públicas, vinculado ao Departamento de Polícia Federal.

2º - as emissoras de TV e outros meios de diversão, incluindo teatros, no afã de faturar e para tanto índices elevados de audiência/frequência são essenciais, se valem do fato de que são as TVs, teatros, casas de show, etc, que estabelecem os limites de idade e horário para os seus programas, eles apelam para horários e faixas de idade que representam uma permissividade total - se alguma autoridade tentar impor limites, é execrada, a Justiça (sujeita às normas constitucionais) libera geral e com isso os mais caros VALORES são pisoteados;

3º - no caso específico do Silvio Santos, conforme citado no segundo parágrafo da matéria, por ter 88 anos, nos parece que suas inconveniências são consideradas mero folclore - apesar de ser responsabilidade da direção da emissora conter os ímpetos dos seus apresentadores, ainda que sejam os proprietários - mas o dito no primeiro comentário (inexistência de limites, de censura) libera geral.
Jovens com idade inferior a 18 anos não podem dirigir, tirar CNH,  e um dos motivos é que são inimputáveis.
Se indivíduos com mais de 85 anos são também inimputáveis, não se pode permitir que tenham acesso a qualquer forma de cometer crimes;

4º - aqui, se dissesse em um palco, certamente me linchariam: não estou entre os que atribuem a culpa do estupro às mulheres pela forma como se vestem ou devido ao comportamento, mas, se a pessoa sabe que ao comparecer a determinado programa de TV, corre risco de ser humilhada, desacatada, não vá - já que o autor das inconveniências, é o dono da emissora, e por não existir ordenamento legal no Brasil que controle o que é veiculado em programa de auditório, ele não é punido.
Se vão, além do constrangimento, devem estar ganhando alguma coisa.]

Ofensa a crianças
Em outra ocasião, Silvio trouxe ao palco crianças acompanhadas de suas mães para uma competição de um quadro do programa. Ao premiar uma criança com dinheiro, proferiu mais um impropério. “O que você prefere: dinheiro, poder ou sexo?”, perguntou. A menina e sua mãe ficaram sem ação. Num programa anterior também com crianças, desta vez que iriam participar de um concurso de calouros, ele teceu uma observação com clara conotação racista. Dirigindo-se a uma das integrantes de um trio musical, uma menina negra, perguntou o que ela queria ser quando crescer. A resposta foi básica. “Quero ser cantora”, respondeu. Silvio Santos não se deu por satisfeito: “mas com esse cabelo?”. As declarações do patrão arrancaram aplausos da platéia e risadas múltiplas. “No geral, ele presta um desserviço a população brasileira. Tudo isso fere o ordenamento jurídico em diferentes aspectos. O Ministério Público deveria agir”, diz Vivian.

A falta de cuidado, respeito e empatia e tantos outros sentimentos na postura do apresentador e dos que o rodeiam é clara. O fato de a programação televisiva influenciar diretamente a sociedade, gerar debates e discussões intermináveis, torna a responsabilidade do apresentador muito maior. Mas Silvio elegeu o sexo, tratado de forma grosseira, como seu assunto preferido. A modelo e apresentadora Fernanda Lima, que está à frente do programa Amor e Sexo, na rede Globo, foi caracterizada por Silvio como uma mulher de “pernas finas e cara de gripe". As funcionárias do SBT, como Lívia e Helen Ganzarolli, são alvos frequentes da fúria libidinosa do apresentador. A velhice, o show de palco, o fato de ser considerado um mito da televisão lhe dão uma espécie de salvo conduto para fazer o que bem entende.

Os vitupérios do apresentador
Helen Ganzarolli
“Quantos anos você foi amante do Gugu? Estou no crepúsculo da minha vida, a coisa que eu mais quero antes de entrar pro buraco é ter você como a última das minhas pulações de cerca.

Annita
Ao ser convidado a dançar pela cantora, Silvio Santos afirmou, “não vou dançar com você porque vou ficar muito excitado”


Maísa Silva
“Quando você vai ter um corpão desses?” Isso foi dito em comparação com uma foto de uma mulher adulta. Maísa estava sendo homenageada. Na época ela completava 15 anos


Claudia Leite
“Esse negócio de ficar dando abraço me excita e eu não gosto de ficar excitado”. O comentário foi proferido durante a apresentação do programa especial Teleton


Simaria
Depois de analisar o bumbum e a vestimenta das cantoras Simone e Simaria, Silvio afirmou: “estou desconfiado de que isso é um travesseiro”


Fernanda Lima
Quando tomou conhecimento do programa apresentado por Lima, Amor e Sexo, Silvio Santos teceu esse comentário: “Com essas pernas finas e essa cara de gripe, ela não teria nem amor nem sexo”


Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA, incluindo fotos




 

segunda-feira, 22 de abril de 2019

As próximas jogadas supremas

O Supremo Tribunal Federal não vai parar apenas na permissão para que o prisioneiro Lula conceda entrevistas (afinal, ficou decidido, consensualmente com o jogo de pressão da sociedade, que a liberdade de expressão vale para todos, inclusive para o chefão petista). Preparem a alma para as próximas ousadias e travessuras supremas. O bicho vai pegar e vai ser pego... É dialético...

O STF tem grandes chances de conceder um habeas corpus para Lula, antes mesmo de definir se segue valendo, ou não, a prisão após decisão de órgão colegiado em segunda instância judicial. Vários condenados da Lava Jato estão no privilegiado regime de prisão domiciliar. Por isso, tem ministro no STF indagando: por que Lula (também) não pode ficar “preso” em casa?

E a entrevista de Lula? Pode ser interessante. Ele tem uma chance de encenar uma oposição ao governo, fazendo cobranças ao Presidente Jair Bolsonaro. Se Lula não fizer isso, aí sim, vai se condenar ao cantinho mais medíocre da História. Se fizer críticas construtivas ou destrutivas, ajudará Bolsonaro a governar privando-o da solidão dos elogios dos puxa-sacos (que, quase sempre, conduzem um governante ao desastre). Assim, quem sabe, a gente escapa, definitivamente, do risco de sofrer repetições do modo Dilma ou Temer de governar...

Tudo que a cúpula do STF fez até agora – gerando polêmicas dentro e fora do Judiciário indica que a Corte entrará em uma fase de “liberou geral”. A casa vai cair para quem não tiver capacidade, sensibilidade e poder para suportar a subida infernal de pressão na guerra de todos contra todos. Quem sobreviver verá... Quem não agüentar poderá “pedir para sair”... A Gestapo que se cuide, pois será forçada a experimentar do próprio veneno... A previsão é de clima de Estado de emergência...
Mas é bom ficar esperto, porque a tendência libertadora também dará lugar a uma onda repressora. Se pau que der em Chico também der em Francisco, muito malandro que hoje está soltinho da silva tende a ser preso. A Polícia Federal nunca investigou tanto. Os delatores premiados devem ganhar mais protagonismo, revelando provas objetivas que justifiquem novas prisões e algumas solturas.

O jogo brutal é para águia e não para pombinho... É missão para samurai e não para gueixa... A estratégia é para ideólogo e não para 171 acadêmico... A tática é para quem tem coragem e honra para agir com respeito, disciplina e ordem. A guerra de todos contra todos vai longe... Só vai valer chute do pescoço para cima... Na guerra, no entanto, temos lances dialéticos... O Instituto de Gilmar Mendes promove a sétima edição de seu Fórum Jurídico em Portugal, e a maior estrela é Sérgio Moro. Curiosamente, o Ministro da Justiça de Bolsonaro é uma das figuras mais criticadas pelo polêmico supremo magistrado... Sabe o que isto significa? 

Pensa...
No mais, o Flamengo conquistou seu 35º título de Campeão Carioca, e o Corinthians faturou seu 30º Paulista. Além da alegria das grandes torcidas, sabe o que isto significa politicamente? Nada...

Releia o artigo de domingo: O Supremo Coelhinho da Páscoa

 

 

domingo, 10 de março de 2019

#SanatórioGeral: Respeito é isso aí

Lula assassina acentos e vírgulas para avisar que sempre teve muito respeito pelas mulheres, entre elas Marisa Letícia e Rosemary Noronha

“Oito de março é dia de lembrar a luta das mulheres, que vivem um exercício de resistência diário, desde o momento que vem (sic) ao mundo. Dia de marcar posição frente aqueles (sic) que hoje no poder tentam deslegitimar a luta de quem tem como ideal a igualdade de direitos”. 
(Lula, numa carta em homenagem ao Dia das Mulheres, assassinando acentos, crases e vírgulas para jurar que sempre teve muito respeito pelas mulheres, entre elas Marisa Letícia e Rosemary Noronha)

Blog do Augusto Nunes - Veja
 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A hora do capitão

As dificuldades de articulação política do Planalto vão testar a estratégia dos militares

Levava um tempão antigamente até que conversas confidenciais envolvendo um presidente e seus principais ministros aparecessem transcritas em algum arquivo. Agora é quase em “real time”. Como sempre, são elucidativas.
A audionovela envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o exonerado ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno – um de seus colaboradores mais próximos – confirma um vencedor ainda em clima de campanha eleitoral, totalmente preso ao círculo mais próximo familiar e subordinando temas centrais às rusgas pessoais. Ou seja, Bolsonaro está muito distante ainda de “institucionalizar” seu papel, talvez nunca o consiga.
Ao dar entrevistas comentando a audionovela que ajudou a divulgar (o episódio confirma que não existe lealdade em política), Bebianno forneceu uma importante radiografia do papel dos militares em todas as fases do processo que levou Bolsonaro ao Palácio. Sabe-se publicamente agora que os militares forneceram os planos estratégicos de governo. E os quadros para executá-los. Sem eles, o presidente provavelmente não tem condições de sobreviver no cargo, tal como a situação se coloca agora.
Cabe recordar que a entrada de algumas principais cabeças entre os militares (então fardados ou não) na campanha de Bolsonaro ocorreu de forma relativamente tardia. Deu-se em grande parte por uma leitura angustiada com a possibilidade de o País resvalar para uma situação incontrolável. Esse temor se agravou entre lideranças militares durante a semianarquia da greve dos caminhoneiros. E foi exacerbado pela bagunça institucional no domingo em que Lula saía e ficava na cadeia de hora em hora por causa de uma canetada de um desembargador.

Os líderes militares acolheram Bolsonaro também como instrumento eficaz na “guerra cultural” – os militares usavam a expressão “frear a esquerdização do País” – e como personagem político de apelo à estabilidade e à ordem. Não cabe na cabeça deles um Bolsonaro como agente de caos político, seja pela influência do clã familiar, seja pela dificuldade em impor um sentido e disciplina ao próprio partido pelo qual se elegeu, seja por estapafúrdia ideologia – e às vésperas de seu grande desafio do momento, a reforma da Previdência. Essa mesma reforma, com o projeto apresentado ontem, vai testar, talvez precocemente (pela confusão política inicial), a “grande estratégia” de juntar a uma onda disruptiva e abrangente (a que levou Bolsonaro à Presidência) os méritos e o preparo de um grupo treinado para administrar e coordenar coisa que os oficiais-generais aprenderam nas escolas de Estado-Maior. Esse lado eles, os militares, entendem bem. O que os deixa inseguros, pois não têm treino nisso nem experiência direta, é a política.

Bolsonaro pretende agora ser o articulador político dele mesmo. O teste é severo, e muito mais abrangente do que conseguir os 308 votos mínimos necessários na Câmara dos Deputados para aprovar a reforma da Previdência (sem a qual a economia não destrava) e fazer andar o pacote anticrime de Moro (importante medida de sucesso do governo). Requer um jogo de cintura que as hostes esbravejantes em redes sociais confundem com tibieza. E a inevitável colaboração de profissionais (como a do ex-ministro de Dilma agora na função de líder do governo no Senado) que a mesma turma da lacração carimba de “política desprezível”.
Bebianno diz que chamava Bolsonaro sempre de “capitão”. É um título de forte apelo positivo. O capitão do avião, do navio, do time. A figura da autoridade, comando e respeito. Na acepção puramente militar do termo, capitão ainda é um oficial júnior que, por mais brilhante que seja, não tem o sentido de direção e a visão abrangentes dos oficiais superiores.
 
William Waack - O Estado de S. Paulo