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terça-feira, 26 de julho de 2016

Por que o Rio de Janeiro está vulnerável a um atentado



Facilidade para obter armas e falta de cooperação entre órgãos que deviam agir em conjunto podem facilitar ataques durante a Rio 2016
Na manhã de segunda-feira (18), o esquadrão antibombas da polícia do Rio de Janeiro foi chamado para recolher uma granada na entrada da favela da Rocinha, a poucos metros de uma estação de metrô que leva para o Parque Olímpico, principal centro das competições da Rio 2016.


 FÚRIA - O general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do GSI. Uma sugestão de revisão na segurança dos Jogos irritou a Polícia Federal (Foto: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Duas semanas antes, uma criança de 3 anos perdera o braço depois de mexer com uma granada que encontrou numa das ruas do Complexo do Chapadão, o maior reduto de criminosos no Rio no momento. Explosivos largados nas ruas mostram a facilidade com que artefatos de guerra circulam pela cidade. Desde 2007, a polícia fluminense apreendeu 603 metralhadoras, 2.366 fuzis e 25.059 pistolas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. As apreensões dão uma ideia do tamanho do arsenal à disposição de bandidos e, eventualmente, de terroristas atraídos pela Olimpíada.

Era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”
Alexandre de Moraes, ministro da Justiça
São notórias as dificuldades do Rio de Janeiro com a segurança pública, assim como as do Brasil para conter a entrada de armamento pelas fronteiras. Em um quadro desse tipo, o trabalho tem de ser redobrado e devem-se seguir à risca os manuais internacionais de combate ao terrorismo. Esses guias ensinam que todas as instâncias encarregadas da prevenção e do combate precisam cooperar entre si. Chefe de contraterrorismo da polícia de Londres nos Jogos Olímpicos de 2012, Richard Walton considera a extinção de rivalidades entre agências e departamentos civis e militares fundamental para evitar falhas de monitoramento. Vigiar as comunicações por redes sociais não é suficiente para identificar suspeitos e neutralizar ameaças. “É preciso uma estratégia diferente. A ameaça não será identificada na interceptação de comunicações ou com monitoramento de extremistas já conhecidos. Isso requer engajamento com o público”, disse a ÉPOCA. Sem cooperação entre as autoridades, fica mais difícil combater o terror.

Desde que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo, em 2007 – o Rio de Janeiro foi escolhido sede da Olimpíada dois anos depois –, militares e civis disputam o comando e o protagonismo das atividades de segurança nesses grandes eventos esportivos. Para os envolvidos, as preocupações são comezinhas. É a chance de engordar os orçamentos de suas áreas e ganhar prestígio dentro e fora do país. Às vésperas dos Jogos, a Operação Hashtag evidenciou a confusão entre as autoridades. O que se viu na semana passada foi mais competição por holofotes do que cooperação.

A entrevista coletiva em que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, explicou a Operação Hashtag causou desconforto no Palácio do Planalto pelo amadorismo. Moraes começou a entrevista quando dois dos 12 alvos a ser presos ainda estavam foragidos. Pode ser algo irrelevante em casos de corrupção, pois o suspeito não representa perigo. Em casos de suspeita de terrorismo, é uma temeridade. A avaliação no Planalto é que Moraes passou mensagens conflitantes. Ao falar da operação que envolveu 130 policiais federais, ele inicialmente deu um ar de gigantismo ao trabalho. Em seguida, no entanto, passou a minimizar a importância do grupo suspeito de terrorismo. 

Disse que os presos não tinham um alvo específico na Olimpíada ou planos para ataques a bomba e que tampouco haviam feito contato direto com membros do Estado Islâmicoapenas um juramento on-line.Era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, disse, mostrando desconhecer os métodos do EI, para quem um juramento on-line é mais que suficiente para transformar alguém em um aguerrido terrorista. Ex-secretário de Segurança em São Paulo, Moraes é um dos poucos ministros que se recusam a fazer media training, o treinamento para aprender a dar entrevistas sugerido pelo governo. “Ele está fazendo aqui o que fazia em São Paulo”, diz um ministro. “Mas aqui é Brasília.” Outro ministro avalia que Moraes falava menos como ministro e mais como candidato – algo que aventou quando ainda era secretário.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi na mesma linha. “O vídeo deles é de um amadorismo...”, disse. “O grupo não tem nenhuma tradição.” O que Jungmann entende por “tradição” nesse caso é um mistério. O terrorismo não exige tradição, muito menos profissionais. Em Orlando, nos Estados Unidos, um atirador matou 50 pessoas numa boate. Precisou de uma pistola e um rifle – vendidos em lojas no estado da Flórida – e um tíquete de entrada no local. Em Nice, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel matou 84 pessoas dirigindo um caminhão. O Estado Islâmico é formado, em sua maioria, por “amadores” desse tipo.  

A área antiterrorismo do governo é o ambiente no qual a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, e a Polícia Federal, do Ministério da Justiça, disputam espaço. É uma rivalidade histórica. Como um serviço de inteligência, a Abin faz investigações para manter o governo informado, mas não pode produzir provas de crimes. A Polícia Federal pode investigar, produzir provas e, com autorização judicial, prender. As picuinhas entre civis da PF e militares, que comandam a Abin, são cada vez mais frequentes e incentivam a produção de fofocas, algo que nunca falta em Brasília, em vez de inteligência, algo cada vez mais necessário. Recentemente, a Polícia Federal ridicularizou a campanha da Abin sobre como identificar um terrorista

Com imagens de pessoas vestindo casaco e capuz escondendo o rosto, a Agência divulgou textos para identificar suspeitos como pessoas que “utilizam roupas, mochilas e bolsas destoantes com a situação e o clima”. A entrevista recente em que o ministro Sérgio Etchegoyen, chefe do GSI, disse que o Brasil precisaria revisar o protocolo de segurança para a Olimpíada, após o atentado de Nice, causou indignação na PF. Os policiais dizem que os militares não têm formação para lidar com terrorismo e fazem o país passar vergonha no cenário internacional. Um frequentador das reuniões rotineiras de segurança da Olimpíada afirma que PF e Abin travam uma “guerra de nervos” constante. A segurança da Olimpíada é a primeira vítima dessa guerra.

O que resume o novo tipo de terror é exatamente sua capacidade de não ser identificado. Em vez de ações espetaculares, ataques de menor ambição em série, contra alvos civis como cafés e supermercados, mais eficazes para infligir medo. “Este momento desafia doutrinas e táticas nas quais os serviços de inteligência confiaram nos últimos anos”, afirma Patrick Skinner, ex-agente de contraterrorismo da CIA e membro do Soufan Group, consultoria de segurança americana. Lidar com atos difusos, praticados por indivíduos isolados, é um desafio ainda sem resposta. “Para descobrir o que esses terroristas vão fazer é preciso ler suas mentes”, afirma James Woolsey, ex-diretor da CIA. “Só assim seria possível evitar o que aconteceu em Nice.”

A nova onda do terror faz parte da terceira geração do jihadismo. O Estado Islâmico bebe diretamente do salafismo – para seus seguidores, o único capaz de purificar a fé islâmica. Muitos salafistas se radicalizaram nas décadas de 1960 e 1970, seguindo Sayyid Qutb, pensador egípcio que criou as bases ideológicas para a violência contra quem não se enquadrasse no que considerava a prática correta do islã. Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, trouxe o wahabismo, vertente ultrarradical que acredita que a guerra contra os infiéis é essencial para a sobrevivência do islamismo. “Como defensores radicais do wahabismo, os membros do EI comprometem-se a purificar o mundo matando todos os que se desviarem da perfeição inicial do Alcorão, incluindo os muçulmanos”, afirma Bernard Haykel, professor de estudos do Oriente Médio na Universidade Princeton, nos Estados Unidos.

Pela internet, o EI exorta seus seguidores a atacar alvos em seus países de origem, usando métodos que não exigem grandes meios. O EI também elevou os atos de terrorismo a uma forma de “adoração” e liberou seus seguidores para cometer atentados por conta própria. Qualquer um pode jurar lealdade e atacar. Esse tipo de amadorismo é a ameaça. 

Fonte: Revista ÉPOCA

domingo, 3 de janeiro de 2016

Irã vê ‘vingança divina’ após sauditas executarem clérigo xiita

Incidente enfraquece frente unida contra Estado Islâmico

O principal líder xiita do Irã previu “vingança divina”" pela execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr na Arábia Saudita. Após um grupo de manifestantes iranianos ter destruído parte da embaixada da Arábia Saudita em Teerã no sábado em protesto contra a execução do líder religioso, 40 pessoas foram presas pela autoridades da cidade. 

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, criticando a Arábia Saudita pelo segundo dia consecutivo sobre a execução de Nimr, disse que os políticos do reino sunita enfrentariam um castigo divino pela morte dele. “O sangue derramado injustamente deste mártir oprimido, sem dúvida, em breve mostrará seu efeito e a divina vingança cairá sobre os políticos sauditas”, disse Khamenei à TV estatal iraniana. 

A Guarda Revolucionária do Irã havia prometido “vingança dura” contra a dinastia real sunita Arábia pela execução do Nimr no sábado, considerado um terrorista por Riad, mas saudado no Irã como um campeão dos direitos da minoria xiita marginalizados da Arábia Saudita. Nimr, o maior crítico da dinastia entre a minoria xiita, passou a ser visto como um líder de jovens ativistas da seita, que tinham se cansado da incapacidade dos líderes mais velhos.

Embora a maior parte dos 47 homens mortos na maior execução em massa do reino durante décadas tenha sido de sunitas condenados por ataques da Al Qaeda na Arábia Saudita uma década atrás, foram Nimr e três outros xiitas, todos acusados de envolvimento com ataques a tiro contra policiais, que atraíram mais atenção na região e em países como Paquistão e outros.

O movimento aparentemente acaba com qualquer esperança de que um inimigo — o Estado Islâmico — produziria reaproximação entre as principais potências muçulmanas sunitas e xiitas da região, que estão aliadas a lados opostos nas guerras atualmente em andamento na Síria e no Iêmen.

O site de Khamenei mostra uma imagem de um carrasco saudita próximo ao famoso carrasco do Estado Islâmico, ‘Jihadi John’, com a legenda “Alguma diferença entre esses dois?”. A Guarda Revolucionária disse que a “vingança dura” derrubaria “este regime pró-terrorista e anti-islâmico”.

IRAQUE TAMBÉM FURIOSO
No Iraque, cujo governo xiita está próximo ao Irã, figuras religiosas e políticas exigiram que os laços com Riad sejam cortados, prejudicando tentativas sauditas de forjar uma aliança regional contra o Estado islâmico, que controla faixas de Iraque e da Síria. “Recebemos com muita tristeza e pesar a notícia do martírio de um número de nossos irmãos crentes na região cujo sangue puro foi derramado em uma injusta agressão”, disse o principal clérigo xiita do Iraque, o Aiatolá Ali al-Sistani.


A opinião de Sistani, baseado na cidade sagrada xiita de Najaf ao sul de Bagdá, tem grande peso junto a milhões de xiitas no Iraque e em toda a região, incluindo na Arábia Saudita.
Apesar do foco regional sobre Nimr, as execuções pareciam principalmente destinadas a desencorajar o jihadismo na Arábia Saudita, onde dezenas morreram no ano passado em ataques de militantes sunitas.

Os Al Saud têm se mostrado cada vez mais preocupados como o tumulto no Oriente Médio — especialmente na Síria e no Iraque — que tem motivado jihadistas sunitas a derrubar a família real e a dar espaço para o Irã espalhar sua influência. Um acordo nuclear com o Irã apoiado pelos EUA, maior aliado e protetor da Arábia Saudita, tem feito pouco para acalmar os nervos em Riad.

Fonte: Reuters - EFE 
 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Mulher-bomba se explode e polícia prende suspeitos em Saint-Denis

Polícia fez uma incursão em um apartamento na busca pelo belga Abdelhamid Abaaoud, considerado o mentor da operação de sexta-feira

Três terroristas suspeitos foram mortos ao norte de Paris na madrugada desta quarta-feira (18), no subúrbio de Saint-Denis, durante uma operação de segurança da polícia francesa depois dos ataques terroristas que deixaram 129 mortos na noite da última sexta-feira (13). Entre os mortos, uma mulher-bomba se suicidou nas imediações da Rue de la République. A polícia prendeu sete suspeitos e mantém a concentração no local na busca de outros terroristas, conforme a CNN. 


De acordo com a imprensa internacional, a polícia fez uma incursão em um apartamento na busca pelo belga Abdelhamid Abaaoud, considerado o mentor da operação de sexta-feira e um dos principais recrutadores de jovens europeus para o jihadismo. A mulher que suicidou pode ser irmã de Abaaoud, que ainda é procurado. Ainda segundo a CNN, o suicídio da terrorista ocorreu por volta das 3h. 

Durante a madrugada, houve trocas de tiros e explosões. Cinco policiais ficaram feridos e um cão da polícia morreu. De acordo com a Associated Press (AP), funcionários do governo comunicaram que mais uma pessoa além dos terroristas Abaaoud e Salah Abdeslam, também belga, estaria foragida. Um inocente teria morrido, mas a informação é extraoficial. Ao todo, nove terroristas teriam participado do ataque coordenado em Paris. 

Segundo a Reuters, a polícia chegou ao apartamento com a suspeita de que terroristas estariam planejando outro atentado em Paris, deste vez em La Defense, um distrito comercial da capital francesa.

 


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ascensão do terror: presidente americano e líderes europeus ajudaram a depor tiranos asquerosos e permitiram a ascensão do mal maior

A culpa de Obama e aliados europeus na ascensão do terror: nunca houve “Primavera Árabe”

Potências ocidentais são, sim, em parte culpadas pela dimensão que tomou o terror, mas não pelas razões perturbadas apontadas pelas esquerdas, que pretendem voltar às Cruzadas para justificar os assassinos.

Eu sei o quanto apanhei neste blog e em alguns outros veículos porque chamei, desde o início, de terrorismo aquilo a que se assistia na Síria e na Líbia, por exemplo. Aliás, nunca cai no conto da Primavera Árabe — que primavera nunca foi. Aqueles que assistiram a um debate de que participei no clube Hebraica, em São Paulo, há mais de três anos, sabem disso.

No dia 18 de julho de 2012, por exemplo, depois de um atentando na Síria, escrevi aqui: “Eu não sou um entusiasta disso que chamam ‘Primavera Árabe’, vocês sabem. Acho que, infelizmente, é o radicalismo islâmico que está ganhando espaço nessa jornada. Custará caro. E espero, obviamente, estar errado. O fato de Bashar Al Assad ser um ditador asqueroso, a exemplo de outros que já caíram, não deve servir de pretexto para considerar aceitáveis certos métodos. Aquilo a que se assistiu na Síria nesta quarta-feira tem nome: atentado terrorista. Condescender com isso corresponde a aceitar qualquer método, inclusive os de Assad, ora essa!”.
 Dias antes da derrocada de Muamar Kadhafi, na Líbia, apontei os erros cometidos pela Otan, sob os auspícios de EUA e Reino Unido, que prepararam o caminho para que os terroristas derrubassem o ditador. Escrevi no dia 22 de agosto de 2011: “A Líbia de Kadafi foi, durante muitos anos, um celeiro de terroristas — aliás, era governado por um. Aí o homem se engraçou com o Ocidente, declarou inimigos os jihadistas e passou a colaborar efetivamente com o combate ao terrorismo, tanto que recebeu o afago dos governos dos EUA e da Grã-Bretanha. O jihadismo se alinhou com os rebeldes. Alguns de seus soldados são veteranos ainda da guerra do Afeganistão contra a… União Soviética! Quem dará o tom do novo governo? É uma tolice imaginar que toda a sociedade líbia repudia Kadafi.”

Há quem aposte na memória curta de leitores, de ouvintes, de telespectadores, de internautas. É claro que, naqueles dias, o mais difícil era defender a opinião de que EUA e Europa faziam muito mal em estimular a queda de, digamos, ditadores amigos, estimulando os defensores da suposta “Primavera”, que abriu caminho para o jihadismo. Mas era a coisa sensata a fazer.

Como o sensato, em dias recentes, não era, claro!, escorraçar os refugiados, mas, quando menos, criar critérios mais severos para a entrada deles na Europa. Ou alguém duvidava de que aquele movimento estivesse na mira do terror e de que se abria uma janela formidável para a entrada em massa de terroristas? Se o Estado islâmico blefa ou não quando anuncia que infiltrou milhares de seus militantes no continente, não sei. Basta, meus caros, que isso fosse possível — e é claro que era.

Mas o Ocidente gosta de se enganar. Gosta de pensar que a democracia é dessas coisas que fazem parte do ar que respiramos, como se ela não fosse uma construção humana, uma escolha, um conjunto de princípios volitivos. O mundo pagará caro, por muitos anos, pelos erros cometidos por Barack Obama e por seus aliados europeus quando, sob o pretexto de apoiar a Primavera Árabe, pavimentaram o caminho do terror.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


 

 

sábado, 24 de janeiro de 2015

Os dois condenados são bandidos e merecem a punição - o mundo ignorou a morte de mais de 2.000 nigerianos

"Pelotão de fuzilamento"

Passeio na Plaza Bolívar, em Bogotá. A prefeitura da cidade pontilhou-a de cartazes cilíndricos com o desenho de um lápis e a frase "Eu sou Charlie". No Brasil, nenhuma autoridade prestou homenagem aos cartunistas assassinados. [no Brasil e no resto do mundo a morte de mais de 2.000 nigerianos nada significou, não despertou nenhuma comoção popular.] Horas antes, apesar dos apelos reiterados de Dilma Rousseff, o brasileiro Marco Archer era fuzilado na Indonésia. Sob um sólido silêncio do Congresso e uma certa indiferença da opinião pública, o mesmo destino aguarda Rodrigo Gularte. [tanto o Archer quanto o Gularte são criminosos julgados, condenados e não merecem clemencia.]

Perdemos a capacidade de nos indignar com qualquer coisa que não seja o apagão, a torneira vazia, o crédito escasso ou o arrocho tributário. É que nossos governos falam demais em "soberania" e seus áulicos, na universidade e no jornalismo, não param de escrever a palavra "cultura". Os direitos humanos nasceram para desafiar a soberania absoluta dos Estados. Na solicitação de clemência ao presidente indonésio Joko Widodo, Dilma mencionou o respeito à "soberania" do país. Ela não tinha alternativa, naquelas circunstâncias, mas o mal já estava feito. Ao longo do ciclo de governos Lula e Dilma, o Brasil abusou da palavra mágica sempre que um ditador "amigo" violava os direitos de seus cidadãos – em Cuba, na Venezuela ou na Síria. Os fuzilamentos na Indonésia coincidem com o início da libertação de cerca de 300 jihadistas indonésios condenados por atos de terror entre 2002 e 2009. 

Uma democracia que fuzila traficantes comuns ou simples "mulas" zomba de princípios básicos de justiça e decência. Mas, prisioneiro de suas deploráveis convicções, o governo brasileiro não apresentará uma moção condenatória ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os direitos humanos foram declarados universais pois atravessam fronteiras nacionais e religiosas. Na Arábia Saudita, um blogueiro foi condenado a mil chibatadas por expressar suas opiniões. A monarquia de Riad justifica a pena repugnante em nome do imperativo da defesa do Islã. "Cultura" é a palavra que a Casa de Saud usa para ocultar as motivações políticas da repressão. A invocação da "cultura" repetiu-se vezes sem conta nos jornais e redes sociais do Brasil desde os atentados de Paris. 

Os nossos sábios inventaram um conto sobre o conflito entre os princípios da liberdade de expressão e do respeito à fé religiosa a fim de mascarar a lógica do jihadismo, que não precisa de charges para matar. Widodo sacou a "cultura" do bolso para responder aos protestos da Anistia Internacional. Os fuzilamentos, explicou, destinam-se a proteger a Indonésia da permissividade ocidental.[os criminosos traficantes são amplamente avisados de que o TRÁFICO DE DROGAS na Indonésia é punido com a PENA DE MORTE.
Nada é escondido. O criminoso sabe da sentença que receberá. Por que trafica?]

A soberania absoluta é, por direito histórico, um tema da extrema-direita, que define a nação nos termos do sangue e da raça. As narrativas xenófobas de Marine Le Pen, na França, do Pegida, na Alemanha, e do Ukip, na Grã-Bretanha, são manifestações atuais dessa tradição. Stálin e, mais tarde, os nacionalismos anti-imperialistas tomaram o conceito emprestado para envernizar a edificação de Estados que criminalizam a divergência política. O "direito soberano" de fuzilar traficantes, supliciar blogueiros ou aprisionar dissidentes deve ser condenado, ou admitido, em todos os lugares – na Indonésia, na Arábia Saudita e em Cuba. A fraqueza dos apelos de Dilma por Archer e Gularte decorre das oscilações do governo sobre essa encruzilhada política e moral. A cultura, escrita no singular, é uma invenção política do nacionalismo romântico.

Os discursos binários sobre Ocidente/Oriente e a fabricação de entidades totalizantes abstratas como "os muçulmanos" são artefatos destinados a submeter populações, organizar projetos de poder e justificar abusos de governos despóticos. No Brasil, essa falácia antropológica adquiriu uma estranha respeitabilidade acadêmica. Nossas praças não têm homenagens a cartunistas ou protestos contra o açoitamento de blogueiros. [nem cartazes sobre o massacre de mais de 2.000 nigerianos - tão seres humanos quanto os 17 franceses e mais dignos que os criminosos que Widodo negou clemência. ] Widodo pode fuzilar quem quiser.
 
Fonte: Demétrio Magnoli - Folha de São Paulo
 
 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Operação antiterror na Bélgica deixa vários mortos, diz imprensa local

Governo belga informou que ação está "vinculada ao jihadismo"

A polícia da Bélgica lançou, nesta quinta-feira, uma operação antiterrorista em Verviers (leste do país), que teria deixado, segundo a imprensa belga, várias vítimas.  "Há uma operação em curso", informou à AFP a prefeitura de Verviers. Fontes do governo belga indicaram que há uma operação em curso, que "está vinculada ao jihadismo".
A operação foi realizada em uma antiga padaria pela polícia antiterrorista. Segundo o jornal "De Standard", um grupo jihadista se preparava para cometer um ataque. Três jovens que partiram para combater na Síria e que retornaram à Bélgica há uma semana tiveram seus telefones grampeados pela polícia, que decidiu agir rapidamente. As escutas indicavam que eles se preparavam para cometer atos terroristas, segundo o canal de televisão belga RTBF.


Outras operações estariam em curso também em Bruxelas. A prefeita de Molenbeek-Saint-Jean, Françoise Schepmans, informou que buscas estavam sendo realizadas na região, que possui uma grande comunidade de imigrantes. Em Verviers, vários tiros e explosões foram ouvidos no centro da cidade por volta das 18h (15h de Brasília), no bairro da estação de trem, segundo testemunhas.

A área foi isolada e ambulâncias estavam no local. Os moradores foram instruídos pela polícia a permanecer em suas casas. A RTL-TVI reportou três mortes, e a televisão pública RTBF, duas. Nenhum balanço foi confirmado por fontes oficiais. De acordo com a RTBF, não há agentes feridos, e a polícia fez várias detenções.

Fonte: AFP