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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Alexandre de Moraes vê 'tentativa Tabajara' de golpe - O Globo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, se manifestou pela primeira vez desde a divulgação de um plano para gravá-lo e com isso possibilitar a anulação das eleições. Questionado, durante palestra na Brazil Conference, do Lide, em Lisboa, a respeito do episódio, ele confirmou que o senador Marcos Do Val (ES) solicitou uma audiência com ele em dezembro e não adiantou qual seria a conversa."O que ele disse foi que o deputado Daniel Silveira o teria procurado e que teria participado de uma reunião com o então presidente da República e a ideia genial que tiveram foi colocar uma escuta para que o senador me gravasse e, a partir dessa gravação, pudessem solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos", relatou.

Moraes, que participa da conferência remotamente, a partir do Brasil, disse que Do Val afirmou que se tratava de uma questão de "inteligência", e que não estava disposto a tornar o relato oficial por meio de um depoimento. "É essa exatamente a operação tabajara que mostra o ridículo a que chegamos na tentativa de um golpe de Estado no Brasil", afirmou.

O ministro negou a nova versão de Marcos do Val de que teria conversado com ele antes do encontro com Bolsonaro e Daniel Silveira em 9 de dezembro. Afirmou que a única conversa que teve com o senador foi no Salão Branco do STF.

Antes de se referir especificamente ao último episódio da escalada golpista no Brasil, Moraes havia defendido, em sua fala, a adoção de uma legislação nacional e outra global para conter os arroubos autoritários de líderes populistas. "Esta é uma das questões mais importantes para os países que defendem as democracias liberais. Nós estamos num impasse, gastando muita energia para defender algo que todos nós achávamos consolidado, as instituições democráticas", afirmou.[a ilustre jornalista, autora da matéria, é conhecida por suas posições pró esquerda e não nos surpreende que tenha adaptado sua 'narrativa' como balão de ensaio para um governo global = quando se cogita uma legislação global se abre espaço de para um governo global; será que já tem algum brasileiro candidato a possível futuro governo global?]

Esses dispositivos seriam para proteger a democracia e responsabilizar as plataformas digitais pelos conteúdos que elas propagam. Para o ministro, elas não podem ser menos reguladas que veículos de mídia, que têm compromisso com aquilo que publicam. "Não só uma legislação mais moderna, que preveja mecanismos de proteção interna, mas acordos internacionais que permitam a responsabilização dessas plataformas", defendeu.

Para o ministro, o Brasil respondeu de forma mais rápida e mais firme que os Estados Unidos aos ataques de 8 de Janeiro. "A Justiça Brasileira aprendeu, ao longo de dois anos de ataques extremistas, a atuar de forma rápida e eficaz."

Moraes vê "ataques coordenados" da extrema-direita global à democracia, e afirmou que esses grupos se inspiraram na mobilização digital espontânea da Primavera Árabe para usar as redes sociais para pregar discursos extremistas e de ódio e fanatizar parcelas das sociedades. "O que surgiu de maneira democrática foi capturado", notou.

A mudança de legislação defendida pelo ministro visaria criar instrumentos para que o país se defenda de ameaças internas à democracia, uma vez que os mecanismos vigentes acabam por dar mais poderes ao Executivo para responder a ameaças externas, e são justamente líderes populistas no governo que tentam conspurcar o estado democrático de direito.

Vera Magalhães, colunista - O Globo 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Tentaram colocar palavras na boca do Ministério da Defesa - Gazeta do Povo

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Vozes - Alexandre Garcia

Relatório sobre urnas

Relatório do Ministério da Defesa não conclui nem que houve fraude, nem que o processo é totalmente inviolável. - Foto: José Cruz/Agência Brasil

As fake news continuam. Vejam só: o Ministério da Defesa, na quarta-feira, soltou uma nota explicando, em resumo, que durante a eleição houve acesso à rede na hora que estavam distribuindo o código-fonte e gerações de códigos binários. 

Portanto, não é possível assegurar que o sistema está isento de códigos maliciosos e, por isso, o Ministério da Defesa recomenda investigar o ocorrido com o código-fonte e analisar códigos binários que foram executados nas urnas. Mas o jornalismo de hoje em dia abriu manchete dizendo: “o Ministério da Defesa confirma que não houve fraude”.

Então, o Ministério da Defesa teve de soltar outra nota para repetir o que havia dito na primeira nota. Parece que não entenderam; é claro que não quiseram entender. “O Ministério da Defesa não descartou a possibilidade de fraude, porque o TSE restringiu o acesso ao código-fonte dos aparelhos e às bibliotecas do software das urnas. Não é possível, então, assegurar que os programas executados nas urnas estão livres de inserções maliciosas que alterem seu funcionamento”, diz o ministério, que pediu uma comissão para estudar isso.  Só que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, parece que cortou o barato; já disse que este assunto se encerrou, usando o passado.

Enquanto isso, o presidente eleito Lula, antes de visitar o Supremo, fez um discurso dizendo que o presidente Bolsonaro humilhou as Forças Armadas ao pô-las para fiscalizar as eleições, quando quem devia fiscalizar era a sociedade civil. [na grafia do eleito: sossiedade çivil] Ele sabe, você sabe, eu sei que não foi o presidente Bolsonaro quem fez isso; foi o TSE que pediu para as Forças Armadas integrarem aquele mutirão de fiscalizadores que tinha OAB, partidos políticos, TCU etc. Então, o que o futuro presidente fez foi tentar jogar as Forças Armadas contra Bolsonaro.  

Como assim? Já estamos nas tentativas de jogar uns contra os outros? Estranho...

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A Constituição é maior que as pessoas

O Brasil acaba de desperdiçar mais uma oportunidade

MDB na transição e Lula no Egito

A transição tem mais duas pessoas importantes, notáveis, e que você conhece. O MDB anunciou, para integrar a equipe de transição – que agora tem 13 partidos –, dois grandes nomes do partido: Renan Calheiros e Jader Barbalho. [o primeiro  a folha corrida que o acompanha e seu desempenho medíocre na CPI = Circo Parlamentar de Inquérito dispensa apresentações; 
 - o segundo, este Blog Prontidão Total tem fotos do mesmo algemado, condição que o tornou o primeiro ex-senador da República a portar algemas prendendo seus braços.] Pois é... enquanto isso, Lula vai para o Egito, a Sharm El Sheikh, numa pontinha do para a conferência mundial do clima. Vão com ele Janja, Marina Silva, Simone Tebet, Celso Amorim, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e mais 20 deputados e 13 senadores, inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o mesmo que vem segurando os requerimentos sobre ministros do Supremo. [Pacheco, o omisso,  se destaca pelo enorme talento que possui para não causar problemas.]  
A ex-corregedora do Superior Tribunal de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse na Jovem Pan, em entrevista da qual eu participei, que o Supremo segura inquéritos envolvendo parlamentares, e os parlamentares seguram os requerimentos do Supremo.
 Aquela história de uma mão lava a outra.

Mas falando em Egito, vocês todos lembram que em 2011 o povo foi para a rua e não saiu de lá até que, no 18.º dia de protesto, caiu o ditador Hosni Mubarak, que estava havia 30 anos do poder. Foi parte da Primavera Árabe. [no Brasil também estamos na Primavera.] 

Recomendamos ler: Alexandre Garcia e as palavras certas.  Percival Puggina

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 13 de junho de 2022

Cem dias de guerra - Revista Oeste

Flavio Morgenstern

A pior notícia para a Ucrânia é o alento para o mundo: ela hoje está sozinha, implorando ajuda 

Não é chocante dizer que o mundo mudou mais nos últimos dez ou mesmo cinco anos do que no período compreendido entre a década de 1910 e a Guerra Fria. O século 21, inaugurado em seu primeiro cataclismo no 11 de setembro de 2001, foi abalado por reiterados eventos que mudaram a configuração, a cultura ou ao menos o clima político de países bem afastados de seu epicentro: a crise de 2008, a Primavera Árabe se espalhando como fogo numa floresta seca, a eleição de Trump (e mesmo de Bolsonaro), a pandemia do covid e, agora, a guerra na Ucrânia.

Pessoas atravessam uma ponte destruída ao evacuar a cidade de Irpin, a noroeste de Kyev, durante bombardeios | Foto: Shutterstock
Pessoas atravessam uma ponte destruída ao evacuar a cidade de Irpin, a noroeste de Kyev, durante bombardeios -  Foto: Shutterstock

Algo une esses eventos: o quase integral desconhecimento dos formadores de opinião sobre seu desenvolvimento — ainda que a onda conservadora eleitoral só não tenha sido compreendida pelas elites. Se a crise do mercado financeiro era um assunto técnico, a guerra na Ucrânia se destaca pelo seu exotismo. É curioso pensar o que se sabia sobre a Ucrânia no Ocidente até o fim do ano passado, quando Vladimir Putin começou a ameaçar o país de maneira mais ostensiva. Passados cem dias de conflito, ainda é difícil a ocidentais aprender algo dos destroços, mas algo podemos tatear sobre o futuro geopolítico a partir destes cem dias de destruição.

Provokatsiya: dois métodos de guerra
Uma das palavras russas que se parecem com o português é a especialidade dos autocratas russos, sejam os tsares, os ditadores socialistas, sejam os autocratas da nova Rússia: a provokatsiya como gestão de vizinhos, negócios e, sobretudo, inimigos. 
A Rússia, imponente como território e de mentalidade militar desde as reformas de Pedro I, o Grande, e seus anseios por uma Marinha russa pujante, pode constantemente provocar seus inimigos a se moverem, apenas por defesa.

Foram exatamente mobilizações russas na sua imensa fronteira que esquentaram o clima militar na crise de julho, que culminou com a Primeira Guerra Mundial. Putin fez exercícios militares constantes na fronteira ucraniana, e na Geórgia, e em direção à Polônia, antes de finalmente invadir a Ucrânia.

E os movimentos militares russos ainda confundem o Ocidente: o equipamento militar russo do primeiro cerco a Kiev parecia obsoleto, mas ao mesmo tempo possui aviões supersônicos e um conjunto ofensivo de mísseis que rompe barreiras antimísseis com frequência assustadora (e os testes continuam, como na costa japonesa).

A forma russa de fazer guerra, até mesmo na Segunda Guerra Mundial, já envolveu mandar soldados aos pares para o front com apenas um fuzil: quando o primeiro morresse, o segundo tomava a arma e seguia adiante.  
Usar vidas humanas como peões de xadrez ainda é uma constante: contingentes terrestres de soldados aparecem aos montes, sem parecer haver muita preocupação com proteção. A ofensiva é pelo enxame, desnorteando a defesa — mas após destruição aérea e com amplo suporte.

O resultado parece confuso, com dois generais russos sendo mortos em um único dia, totalizando 52 coronéis mortos, ou com a perda de algumas cidades e muitas tropas (e dinheiro), dando a impressão de que Putin perde o controle em algumas ofensivas, ao mesmo tempo em que também parece ter uma vitória esmagadora em Donbass e domina o lado oriental da Ucrânia, já tendo domínio sobre 20% do país. A um só tempo, a Otan fica confusa em saber se retiradas são mesmo retiradas ou novas mobilizações que pareçam até contraditórias.

Se os carros, os tanques e, sobretudo, a munição russas não parecem em bom estado para as tropas terrestres, o mesmo não se pode dizer do armamento de ponta. No fim de maio, russos testaram o míssil hipersônico Zircon, de lançamento marítimo. O receio para o Ocidente é a utilização de armamento inédito, como bombas eletromagnéticas, nunca testadas contra alvos humanos, ou artefatos como a “maior bomba não nuclear” do mundo, o que poderia causar o efeito de uma bomba nuclear sem o risco de um ataque nuclear em um vizinho.

Putin tem se saído um exímio vencedor, sem que o Ocidente consiga nem ao menos entender o que testemunha

Na Ucrânia, cidades foram cercadas, como Kiev, Slovyansk, Kramatorsk, seguindo-se tal paradigma. Com seu contingente, russos podem obrigar o inimigo a gastar tempo se movimentando, mesmo que de forma inútil ou contraditória, apenas para evitar o risco de serem atacados. 
O modelo de luta da Otan é quase invertido: intervenções pontuais, com o mínimo possível de baixas dos próprios exércitos, com retratações rápidas para reagrupamento e realocação. O que os russos consideram um modelo “marítimo” (talassocrático) de guerrear. Determinar quem está ganhando ou perdendo neste novo modelo é tarefa quase impossível.

Mudanças temporais
A mesma incompreensão se dá na dinâmica temporal.
O Ocidente já se meteu em guerras nas quais não fazia a menor ideia do que estava fazendo: Coreia, Vietnã, Afeganistão (crendo que armar um guerreiro muçulmano seria uma forma de enfraquecer o “inimigo ateu” soviético), Iraque. Putin, possivelmente com câncer, não pensa no tempo de sua vida: está em um conflito armado com a Ucrânia, a “Pequena Rússia”, há mais de três séculos, e não pretende resolvê-lo no tempo de sua vida. Valores como “defender o povo” valem mais para um russo do que nossa confusão entre esquerda e direita — e o legado que o autocrata pretende deixar com a guerra e com as mudanças no tabuleiro geopolítico não pode ser facilmente compreendido por nossa visão no máximo eleitoral, de quatro em quatro anos.

Putin pode enfraquecer a Ucrânia, criar governos de autóctones que possa controlar diretamente de Moscou em diversos países-satélites (já havia feito o mesmo com a Guerra Russo-Georgiana, em 2008, num país bem menor e mais facilmente controlável), demonstrar o poder russo para fazer a Otan se retrair e ganhar influência sobre a Europa, até começar a chegar à Polônia, à Alemanha e sabe-se lá mais onde. Em todos esses intentos, Putin tem se saído um exímio vencedor, sem que o Ocidente consiga nem ao menos entender o que testemunha.

Dois lados errados
Em relação à Ucrânia, a Otan vem testando os limites do poder de Putin desde pelo menos a era Obama — foi o ex-presidente que afirmou que convidaria a Ucrânia para a organização, o que nem sequer faz sentido: o estatuto da Otan impede o ingresso de países com conflitos territoriais.
 
Os membros da Otan não têm nenhuma clareza sobre a instituição, e seus dirigentes atuais são pouco instruídos sobre os problemas históricos que enfrentam. Exemplo paradigmático foi a exclusão da Rússia do sistema bancário Swift por Joe Biden. 
Ora, impedir que russos acessem o sistema bancário internacional parece ser uma medida tomada contra a Cuba de 1959, não contra um país patrocinado pela China, e que, ao transferir boa parte de suas reservas para o iuane, pode, pelo contrário, quebrar o dólar sem falar em criptomoedas e no mercado negro.

Mas a Suíça também é um novo paradigma do novo mundo, por aceitar o pedido — logo a neutra Suíça, que passou por duas Guerras Mundiais sem envolvimento, sendo usada quase como sinônimo de hospitalidade e não adesão. Caso este conflito escalone, além de mudanças em moedas, na balança comercial, na produção (na qual os fertilizantes brasileiros têm papel fundamental), veremos uma Europa que não reconhecemos, além de uma dependência cada vez maior das potências entre si, sem falar no risco de conflito com a também turbulenta China, que violou o espaço aéreo de Taiwan seis vezes na mesma manhã da declaração de guerra com a Ucrânia.

Vemos nesta guerra dois lados errados: a Otan com a instalação de bases militares, como a da Romênia, enquanto Putin quer instaurar um totalitarismo, com propaganda de ser um cruzado contra a “decadência” e a “nazificação” ucranianas.

As guerras mundiais começaram por fatores diversos, que entrelaçaram diversos países. A pior notícia para a Ucrânia é o alento para o mundo: ela hoje está sozinha, implorando ajuda. E o Ocidente não quer se comprometer. [Comentando: antes mesmo do primeiro disparo já antecipávamos que a Ucrânia seria a perdedora e alertávamos  que o ex-comediante que ainda preside aquele País, estava arrumando uma guerra na expectativa de seus 'aliados de discurso' aceitassem combater por eles e estes queriam testar o poderio militar russo sem se comprometerem - afinal, a última coisa que os 'líderes' da Otan querem é arrumar uma guerra contra a Rússia - ninguém tem dúvidas que se necessário a Rússia usará armamento nuclear, provavelmente tático, sem que a Otan revide = é bem mais fácil lançar bombas nucleares sobre um Japão moribundo - caso Nagasaki/Hiroshima - do que sobre uma Rússia com capacidade de revide = não esqueçamos que um revide levará a uma retaliação que resultará no fim do planeta Terra
Portanto,  é bem mais fácil dar corda a uma Ucrânia presidida por um 'estadista',  que pensa que uma guerra é uma comédia.]

Leia também “Luz em tempos de escuridão”

Flavio Morgenstern,m colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 31 de maio de 2019

Muita lenha para queimar

Oposição não sabe o tamanho da cela, mas está encarcerada


As manifestações de ontem, a julgar pelas informações preliminares, devem mostrar à oposição ao governo Bolsonaro seus limites. Tanto o lado azul quanto o vermelho mostraram capacidade de ocupar ruas, mas claro está que não se vive um clima de Primavera Árabe, ou de Junho de 2013. Os atos estão na equação política, mas não ganharam e nem devem ganhar no futuro próximo centralidade.  No de ontem, até o início da noite, houve manifestações em 131 cidades em 26 Estados e no Distrito Federal. Boa parte no Nordeste, como as registradas na Bahia (12 cidades), Paraíba (9), Pernambuco (6) e Ceará (6), mas em São Paulo os atos foram de Birigui a Ubatuba, em 17 municípios. Foram atos relevantes, que incomodam o governo, mas não criam uma dinâmica desestabilizadora. Até certo ponto favorecem a estratégia de Bolsonaro, a quem interessa manter um clima de radicalização pré-eleitoral.

Para um governo sem base no Congresso e ideias concretas para reativar uma economia em ponto morto, contar com uma oposição no estado em que está a brasileira não deixa de ser um conforto. Alguém duvida que os maiores desafios a serem ultrapassados por Bolsonaro estão entre os seus companheiros de trincheira, e não do outro lado?  Não se sabe ainda o tamanho da cela, mas a oposição está encarcerada. Sua maior esperança é por uma espécie de autofalência bolsonarista, seja por total inépcia administrativa do presidente, ou em caso de uma tentativa desastrada de golpe, como a feita por Jânio Quadros, em 1961.

A oposição alimenta-se da narrativa do golpe e da conspiração internacional e é só torcida: aguarda-se que o preço a ser cobrado pelo Centrão para aprovar as reformas seja insuportável; que Bolsonaro continue empurrando os estudantes para as ruas com o arrocho na educação; que o Ministério Público do Rio de Janeiro comprometa ainda mais a família presidencial com antigos e atuais milicianos, e por aí vai. Como Blanche Du Bois, a personagem da peça “Um bonde chamado desejo”, depende da bondade de estranhos. Para explicar a analogia, Blanche é uma senhora que vive fechada em suas ilusões de grandeza passada e refinamento, e é destruída mental e fisicamente ao entrar em atrito com o cunhado sociopata.

É evidente o cansaço da população do PT, como fica patente em pesquisas de opinião que apontam Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad como campeões de rejeição, mas bem ou mal são os petistas que estão na rua, são eles que tem um candidato pronto, em viagem pelo país e com recall para apresentar em 2022, que contam com capilaridade nacional e com governos estaduais de razoável porte nas mãos. É muito cedo para se projetar o quadro eleitoral de 2022, mas é certo que lá estará, entre os postulantes, o do PT.

O PDT, o PSB, o PCdoB, o Psol, podem divagar sobre projetos de união, mas não conseguem contornar o fato de que o PT é que tem a hegemonia deste campo e ao PT não interessa nada que signifique abrir mão desta hegemonia, mesmo que o preço para isso seja uma permanência de longo curso do bolsonarismo no poder. Esta semana, um governador oposicionista sorriu amarelo ao ser perguntado sobre a estratégia de 2022 e, em um gracejo, concordou que era melhor começar a falar na eleição de 2026. A próxima é melhor pular. A rejeição ao PT não se dissolverá, Ciro Gomes não consegue agregar o campo oposicionista, Marina Silva é passado e esperar por Joaquim Barbosa é contar com Dom Sebastião, reaparecendo em algum dia de muita névoa.

Este governador oposicionista vê com apreensão a eleição do próximo ano. Se fosse agora, mostraria um fortalecimento do bolsonarismo nas capitais, em que pese o desgaste do governo e a força das ruas. Ele não se ilude com a queda da popularidade do presidente. “Nas pesquisas qualitativas que realizamos, as pessoas atribuem os problemas pelos quais passam hoje, como a insegurança ou o desemprego, ao PT. Não atribuem ao Bolsonaro”, sentenciou. O presidente ainda tem muita lenha para queimar.

Histrionismo
O Brasil já teve ministro acusado de homicídio. Titulares do primeiro escalão que sustentaram que cadelas são seres humanos. Houve uma miríade de ministros fulminados por escândalos de toda natureza. Mas nunca houve nada parecido com Abraham Weintraub. Cumprem a ministros, em geral, um papel discreto, que não ofusque o presidente. Não é o caso, entretanto, do titular do MEC. Weintraub é um showman.


O ministro da Educação já provocara espanto ao aparecer nas redes sociais mostrando o torso nu, para evocar cicatrizes da adolescência que interferiram em seu desempenho universitário. Procurou explicar contingenciamento de verbas com chocolatinhos. E ontem, em um dia de protesto em sua área, eis que surge ao som de “singing in the rain”, rodopiando um guarda-chuva, apenas para desmentir que tenha cortado recursos para a reconstrução do Museu Nacional.

O assombroso vídeo foi curtido pelo presidente Bolsonaro no Twitter, o que mostra que a excentricidade está dentro de um método. O ministro da Educação teve o endosso do governo para gastar o tempo necessário na concepção e produção do vídeo em que mescla arrogância e deboche contra “os veículos de comunicação, das pessoas que estão de mal com a vida”.

Desde que assumiu o cargo, Weintraub se esforça em tratar os temas de sua pasta como caso de polícia e as críticas que recebe como perseguições odiosas. Cortes orçamentários de rotina foram caracterizados como reação a atividades impróprias cometidas em ambiente escolar, as já famosas “balbúrdias”. Seu histrionismo contrasta com o baixo perfil que cultivou durante a campanha eleitoral e sugere que o ministro cumpre um papel político ao fazer o que faz. Trata-se de uma pessoa sem nenhum receio do ridículo, o que é raro. O país ainda aguarda a apresentação de uma estratégia para a educação.

César Felício - Valor Econômico

sábado, 19 de maio de 2018

Análise: pressão sobre emergentes veio para ficar



Era do otimismo acabou. Alta de juros nos EUA e ausência de reformas provocam turbulência

Pelas minhas contas, as moedas de países emergentes estão sofrendo sua quinta maior leva de desvalorização desde 2011. As origens deste movimento são muito parecidas com as do quatro episódios anteriores: alta de juros nos Estados Unidos, mercado acionário fraco e aversão a risco são os culpados de sempre. A diferença, agora, é que esses fatores não devem se dissipar tão rapidamente.

O contágio dos juros altos para moedas emergentes é impressionante. Qualquer alta na rentabilidade dos títulos americanos desde 2011 enfraquece divisas em países com grandes deficits nas contas externas. Então, a não ser que uma recessão ou uma grave crise freie a alta nos juros americanos, a pressão sobre os emergentes vai continuar.
Os episódios de queda nas moedas emergentes de 2011 e 2015 foram provocados por crises de confiança — um “shutdown”, ou paralisia da máquina pública americana por conta de seu déficit orçamentário, em 2011; e a supresa com uma desvalorização do yuan pela China em 2015. Em 2013 e 2016, os movimentos de queda nas moedas emergentes ocorreram em meio à alta nos títulos americanos. 

Então, quais são os fatores que estão por trás do movimento atual?
1. Fim de um ciclo
A era do otimismo com os mercados emergentes, iniciada em 2000, terminou. Mas isso não quer dizer que as crises cambiais profundas da década de 1990 (quando houve a crise asiática, a crise russa e a maxidesvalorização do real) tenham voltado.
2. Diferenças entre emergentes
Há dois tipos de moedas de economias emergentes. Os países com grande déficit nas contas externas perdem terreno quando há estresse nos mercados e raramente conseguem restaurar sua estabilidade. As economias com superávit externo sofrem menos.
3. Pouco avanço nas reformas
É muito difícil encontrar uma história bem-sucedida de reformas nos países emergentes. Houve brechas de otimismo na Argentina, no Peru, no Brasil, no México e na Índia recentemente, mas os movimentos foram efêmeros. Houve esperança de que a Primavera Árabe fosse impulsionar a economia a reforma política. Mas esses esforços não avançaram. O apelo de governos autoritários tem crescido e o clima para reformas, piorado.
4. Países ricos não ajudam
As condições econômicas no G-10, grupo de países mais ricos do planeta, não são favoráveis. A partir do fim da década de 1990, as economias da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômica, conhecida como o “clube dos ricos”) vinham, em conjunto, registrado déficits nas contas externas cada vez maiores. O reverso da moeda desse movimento era um aumento no superávits externos dos países emergentes. Isso mudou desde 2008, com os países ricos, agora, apresentando superávit externo. É pouco provável que o ritmo de expansão dos países da OCDE permita às economias emergentes recuperarem, em conjunto, um superávit nas contas externas.
5. Novo padrão tecnológico
Fatores estruturais estão jogando contra os países emergentes. O cenário mais favorável para economias emergentes é quando os países ricos crescem rapidamente e esta expansão é intensa no consumo de commodities ou produtos de baixa ou média intensidade tecnológica. No entanto, a economia global tem migrado para os serviços ou a indústria baseada em serviços. Para países em desenvolvimento, seria muito melhor se o consumo nas nações ricas subisse pela compra de sapatos, camisetas ou televisores. Mas o aumento da demanda tem sido puxado por lazer, saúde e educação.
Houve um tempo em que se acredita que a reforma tributária e outros fatores estruturais levariam a um crescimento forte e baixa inflação nos EUA; a China abriria sua economia de forma mais intensa, e a Europa seguiria crescendo. Mas não há mais essa esperança. Havia um outro cenário que previa que reformas políticas e econômicas levariam a um crescimento orgânico nos países emergentes. Isso se tornou ainda mais distante. Se não contarmos com a sorte, tudo indica que as pressões sobre os emergentes vieram para ficar.


Steven Englander é chefe de pesquisas e estratégia da Rafiki Capital - O Globo

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Jovem mata 100 militantes do ISIS e tem recompensa de US$ 1 milhão por sua cabeça

Joanna Palani tem 23 anos e é estudante de política e filosofia da Dinamarca. 

Acontece que ela também tem uma recompensa de US$ 1 milhão (R$ 3,1 milhões) por sua cabeça. Por que? Bem, acredite ou não ela matou 100 militantes do Estado Islâmico enquanto lutava ao lado do grupo Kurdish Peshmerga, no Iraque e na Síria, segundo informações do Broadly. O caso foi destaque em diversos jornais, como The Mirror, The Independent, The Guardian e Daily Mail.

 

 Reprodução A jovem largou os estudos para lutar contra o Estado Islâmico e matou 100 militantes

Joanna, que tem descendência iraniana e curda, nasceu em um campo de refugiados em Ramadi, no Iraque, durante a Guerra do Golfo. A primeira vez que ela atirou foi aos nove anos de idade. Ela ainda era muito jovem, em 2014, quando largou os estudos e deixou Copenhague, onde foi morar, para ir para Síria.  Em um texto no Facebook, Joanna escreveu que foi inspirada a “lutar pelos direitos das mulheres, pela democracia – pelos valores europeus que aprendeu ao ser uma garota dinamarquesa”. Ela se juntou à revolta em curso contra o governo sírio no começo da Primavera Árabe, primeiro lutando contra o regime de Assad e, em seguida, contra o ISIS.


Joanna lutou contra eles em Kobane, uma cidade síria na fronteira com a Turquia, enquanto lutava com as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), e também ajudou a libertar as meninas Yazidi, que foram aprisionadas como escravas sexuais enquanto lutavam ao lado das forças de Peshmerga no Iraque.  

Suas ações heroicas chamaram a atenção das autoridades dinamarquesas, que a proibiram de viajar para a região quando voltou do combate em setembro de 2015. Ela foi presa em Vestre Fængsel, a maior prisão da Dinamarca, quando descobriram que ela iria furar a proibição para viajar para o Qatar.



Joanna passou três semanas atrás das grades antes de ser liberada e já teve seu passaporte confiscado. Ela acredita que é vista como uma terrorista em seu próprio país, e ela vive escondida e muda de local constantemente com medo de represálias.


 “Sinto muito por violar a lei, mas eu não tinha escolha na época”, disse ela. “Aqueles pelos quais arrisquei minha vida, agora estão tirando minha liberdade. Eu não esperava perder quase tudo por lutar por nossa liberdade e nossa segurança”, afirmou.

“Há uma recompensa de US $ 1 milhão pela minha cabeça. É possível que eu seja capturada e morta nestas circunstâncias que me encontro aqui na Dinamarca”, disse.

Fonte: UOL

 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Polícia corta água e luz de invasores no Paraná

Polícia corta água e luz de invasores no Paraná! Faz bem! Um jornal puxa o saco dos truculentos

“Gazeta do Povo” perde os parâmetros do Estado de Direito na sua luta cega contra o governo do Estado

Quando acuso a imprensa de, na prática, promover a invasão de escolas, não cometo nenhum exagero. As esquerdas xexelentas só reclamam do jornalismo porque já aprenderam que, quanto mais atacam a chamada “mídia”, mais subserviente aos “movimentos” esta se mostra. Ou por outra: os comandos das redações tentam provar a sua isenção mandando bater nos adversários dos brucutus, e os brucutus viram filósofos em textos da militância vermelha infiltrada nas redações. Vejam o caso da Musa de Los Hermanos, a tal Ana Júlia. É a moça que acha que “já que a escola é nossa, a gente ocupa; e quem quer estudar que se submeta ao coletivo”.

Por que digo isso?
Leio, com estupefação, o seguinte título no jornal a “Gazeta do Povo”, do Paraná, cuja militância anti-Beto Richa vai além de uma questão editorial para virar uma cegueira moral e legal: “Sem mandado, governo fecha entrada e corta energia e água do Núcleo de Educação”.
Como? Mandado?

Quer dizer, então, que os invasores já viraram agentes de direito? Se um grupo de descontentes com a linha editorial do jornal decidir invadir a redação, em vez de a direção do jornal chamar a polícia, vai fazer o quê? Apelar a um juiz? Se o doutor disser “não”, acontece o quê?

Ah, mas antevejo qual seria a reação, não? “A liberdade de imprensa foi agredida!” Ou ainda: “Só existe democracia com imprensa livre”. E olhem que concordo com as duas frases. Por isso mesmo, convido o jornal não a assumir um lado nessa questão, mas a assumir a lei, o mesmo Estado de Direito que garante a liberdade de informar.  Invasores não são agentes de direito. O Núcleo de Educação não é uma área que esteja sendo disputada por posseiros. Trata-se de um bem público que foi tomado por meia dúzia de autoritários. Se a Polícia Militar lá entrar e arrancar todo mundo na unha, não estará cometendo ilegalidade nenhuma — usando a força que for necessária.

Imaginar, agora, que toda invasão precisará da intermediação do Judiciário para ser resolvida corresponde a legitimar a força bruta e a jogar na lata de lixo as leis. Atenção! Abolir a propriedade pública não é diferente de abolir a propriedade privada. Insisto: se a sede da Gazeta for invadida, seus chefes chamarão ou não a polícia? Faz muito bem o governo. Recomendei aqui ontem que assim se procedesse. E assim tem de ser em todos os prédios invadidos: que se cortem água, luz, telefone, tudo. Quem está fora não entra. Nem pra levar água e comida. Aliás, consta que a Polícia Militar está procedendo assim. É o correto. Que os invasores vivam lá de suas fantasias autoritárias. Essa é a alternativa à pancadaria e bomba.

A própria reportagem informa que a OAB e o Conselho Tutelar estão à porta. Adivinhem se é para garantir o direito de milhares à educação. Que nada! São todos babás de invasores. Estão preocupados com a segurança dos fascistoides de esquerda que impõem a sua vontade na base do berro. As invasões estão esmorecendo. A despeito do apoio da imprensa, que, reitero, até inventou uma musa das invasões, a supostamente apartidária Ana Júlia, filha de um militante petista, que esteve ontem no Congresso e posou ao lado de Gleisi Hoffmann, a enrolada senadora do PT do… Paraná.

Ah, sim: leio este outro mimo na Gazeta: “O movimento Ocupa Paraná, também conhecido como Primavera Estudantil, ocupou o prédio do NRE, que fica na rua Inácio Lustosa, horas após o início do cumprimento das ordens de reintegração de posse de 25 escolas de Curitiba”. Como? Quem chama esse espetáculo de truculência de “Primavera Estudantil”? A primavera dá flores à luz. O movimento no Estado, até agora, só rendeu truculência e um cadáver.

A imprensa inventou a “Primavera Estudantil”. No mundo, os tontos inventaram a “Primavera Árabe”.  A gente viu o inverno que se abateu sobre o Oriente Médio, né? A “primavera” como metáfora sempre deu em merda. Até quando a associação fazia sentido. Ou se tratava de uma usurpação picareta da palavra (no caso do Oriente Médio) ou de uma inocência cretina, como a Primavera de Praga.

No fim das contas, essa gente toda, imprensa inclusive, precisa é estudar. A escola, submetida às regras da democracia e do Estado de Direito, pode ser uma boa ideia.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA