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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Isis Khorasan: o grupo islâmico ultrafundamentalista mais radical do mundo

Como se não bastassem todos os fatores de extrema instabilização do Oriente Médio, ainda tem os radicais que fizeram atentado no Irã

Irã funeral explosões

 Vítimas do duplo atentado: em ação, um grupo nascido do Estado Islâmico que trata os xiitas como hereges a serem eliminados (Mohammad Ali Mohammadian/Anadolu/Getty Images)

Só para dar uma ideia: os adeptos do Isis Khorasan acham que o Talibã é moderado demais. 
Também não mostram a menor sensibilidade pela aliança de interesses que permite que grupos fundamentalistas sunitas como o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina sejam nutridos, armados e, inevitavelmente, instruídos pelo regime xiita do Irã.

Para eles, os xiitas são “hereges” e está acabado. Merecem ser explodidos, como no terrível duplo atentado que matou quase cem pessoas durante uma homenagem póstuma ao general iraniano Qasem Suleimani na semana passada.

O grupo foi criado por remanescentes do Isis, ou Estado Islâmico, principalmente paquistaneses. Khorasan é o nome de uma região que abrange partes do Paquistão, do Afeganistão e do Irã. Abreviadamente, o grupo é chamado de Isis-K. O Estado Islâmico original também tinha um forte componente antixiita, refletindo numa situação limite a milenar tensão entre as duas principais correntes religiosas do Islã, os minoritários xiitas e a maioria sunita.

Esta tensão se manifesta hoje na rivalidade que países sunitas como a Arábia Saudita alimentam em relação ao Irã, embora disfarcem com reconciliações públicas. 
Note-se que foram poucas as manifestações de solidariedade ao regime iraniano depois do duplo atentado, o maior da história da república islâmica instalada em 1979. 
Os universitários pró-Hamas que se espalham pelo mundo ocidental e protestam contra tudo que Israel faz em Gaza também ficaram calados.
 
CALDEIRÃO INFERNAL
O assunto talvez seja complexo demais – e desconfortável
para quem tem uma visão simplificada em que todos os muçulmanos são colocados sob uma etiqueta só, e na condição de vítimas. 
Na verdade, muçulmanos matando outros muçulmanos são uma constante nas últimas décadas, com exceções episódicas como em Gaza.
 
O maior conflito intramuçulmano recente aconteceu na Síria, onde a rebelião contra o regime foi liderada por fundamentalistas sunitas alinhados com a ideologia da Fraternidade Muçulmana.  
O regime sírio, controlado por uma minoria mais desconhecida ainda, os alauítas, foi salvo pelo “eixo da resistência”: Irã e seus filiados libaneses do Hezbollah, além da ajuda da Rússia no bombardeio indiscriminado dos focos de resistência.

No auge da guerra civil, o Hamas ficou do lado dos rebeldes, por afinidades religiosas e ideológicas. Chegou a ser expulso da Síria. Mas o Irã, de quem todo mundo depende, promoveu a reconciliação depois do fim da guerra civil. Os horrores de uma guerra que matou um número literalmente incalculável – 500 mil pessoas, segundo algumas avaliações – nunca provocaram protestos como os que acontecem agora contra Israel.

O Estado Islâmico, originado no Iraque, floresceu nesse caldeirão infernal . Chegou a ter o controle de um território grande entre a Síria e o Iraque. Para combatê-lo houve uma aliança tácita que reuniu Estados Unidos e as forças xiitas iraquianas com grande influência do Irã.  
A perda do controle territorial e o altíssimo número de baixas obviamente não significaram o fim da ideologia do Isis. 
O Isis-K não tem a mesma força, mas se beneficia do abrigo fornecido pelas regiões montanhosas literalmente inalcançáveis do Afeganistão e do Paquistão.


PROVA DE VIDA
Num sinal de que considera o Talibã moderado demais,
o Isis-K foi o responsável pelo grande atentado no aeroporto de Cabul, quando as forças americanas estavam deixando o Afeganistão, com 170 mortos entre a multidão que tentava fugir do país e treze militares americanos – um dos maiores vexames do governo de Joe Biden.

O racha entre sunitas e xiitas remonta à época da sucessão do profeta Maomé. Os xiitas acreditam que Maomé designou especificamente seu genro (e primo), Ali, para conduzir os fieis. 
Muito sangue rolou desde então, embora os fundamentos religiosos sejam os mesmos: a revelação, o Corão, a adesão literal à sharia e o controle total da aparência feminina que provocou uma barbaridade recente como as 74 chibatadas a que foi submetida a curda iraniana Rosa Heshmati por não usar o pano na cabeça.

Além de divergirem sobre o passado, sunitas e xiitas também têm visões diferentes sobre o futuro. Os xiitas iranianos são mais messiânicos e aguardam a próxima volta de um imã histórico, numa espécie de juízo final.

Como minoria em todos os grandes países muçulmanos, com exceção do Irã, os xiitas sofreram perseguições históricas. 
No Afeganistão e no Paquistão, são frequentemente alvos de atentados pavorosos praticados pelo Isis-K em mesquitas e outros locais religiosos. De novo, com zero de protestos nas sensíveis universidades da elite ocidental.

É claro que o Irã tentou empurrar a culpa pelo duplo atentado para Israel, dizendo, ridiculamente, que a linguagem do documento em que o Isis-K assumia a responsabilidade era suspeita. Imagina-se que os serviços de inteligência de Israel saberiam imitar direitinho a linguagem do Isis-K, mas todo mundo entende que é uma encenação. A letal prova de vida do grupo mais radical de um universo em que o fundamentalismo extremo predomina acrescenta um elemento de desestabilização num cenário em que não faltam perigos de que tudo o que já está muito ruim fique pior ainda.

 Vilma Gryzinski, Mundialista - Revista VEJA

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

A China mostrou a Lula quem manda no Brics - O Estado De S. Paulo

William Waack1

Brasil vendeu fiado aos asiáticos ao aceitar entrada de países no bloco em troca de apoio para ter assento no Conselho de Segurança da ONU

O Brasil vendeu fiado para a China no sôfrega intenção de fazer os Brics funcionarem como um bloco anti-hegemonia dos Estados Unidos. Em troca da entrada no grupo de países que tornarão o grupo uma ferramenta chinesa para desafiar a ordem americana, o Brasil recebeu a promessa de ver o País mencionado como candidato a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

É a repetição de um erro de quase 20 anos atrás, quando o Brasil ajudou a China a obter a condição de economia de mercado - em troca do tal lugar no Conselho de Segurança. [precisamos dizer quem presidia o Brasil e, estupidamente, cismou que é um estadista, que tem liderança internacional?] É necessária uma ingenuidade muito grande em matéria de política externa - ou uma visão muito deturpada da realidade dos fatos internacionais - para imaginar que a China vá promover a entrada no Conselho de Segurança dos quatro aspirantes principais: Japão, Alemanha, Índia e Brasil. [uma certeza: dos quatro aspirantes,  podem ter a certeza que o Brasil é o ÚNICO que NÃO TEM CHANCE de entrar naquele Conselhos; no Brics, a única situação em que o Brasil está em primeiro lugar é no nome, que é forma em ordem alfabética.] 

Japão e Índia são hoje os principais rivais na área imediata de expansão e influência da China, a Ásia.  
E ambos têm sérias desconfianças em relação ao que Pequim pretende. 
A China é, sem dúvida, a grande vencedora da queda de braço no Brics, impondo ao Brasil a expansão de um grupo que tornará nossa diplomacia menos efetiva.
Para a China, incluir o Irã no grupo faz todo sentido, pois ela está desmontando o que foi a grande influência americana no Oriente Médio (e acaba de mediar um entendimento entre sunitas da Arábia Saudita e xiitas do Irã)
Para o Brasil, muito pouco: nossas vantagens comparativas estão em outro campo, o da bioeconomia, transição energética e economia verde, e bem menos no campo da proliferação de tecnologias nucleares.
 
A China surge agora como a condutora de um bloco que já foi chamado de terceiro mundo, países subdesenvolvidos, em desenvolvimento, mercados emergentes.  
Agora o nome da moda é “Global South”, que segue designando o mesmo fenômeno: seu grande número e interesses divergentes impedem que atuem como um “blocão” coeso, mas dão grande repercussão a quem, como a China, está empenhada na formação de uma heterogênea aliança antiamericana.
 
Onde o Brasil fica nisso não está claro
Depende de acesso à tecnologia, sistema financeiro internacional e mantém laços históricos e culturais com o “mundo ocidental”.  
Vende e tem grande parte do seu saldo comercial favorável atrelado à China, mas vale a pena lembrar que boa parte da tecnologia e insumos que fizeram da agroindústria brasileira uma superpotência na produção de alimentos está ligada ao Ocidente.
Lula pretende alterar uma ordem internacional que, segundo ele, reservou ao Brasil um lugar subalterno como fornecedor de matérias primas
Não foi imposição. Foi escolha.

William Waack, colunista - O Estado de S.Paulo

 

domingo, 3 de janeiro de 2016

Irã vê ‘vingança divina’ após sauditas executarem clérigo xiita

Incidente enfraquece frente unida contra Estado Islâmico

O principal líder xiita do Irã previu “vingança divina”" pela execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr na Arábia Saudita. Após um grupo de manifestantes iranianos ter destruído parte da embaixada da Arábia Saudita em Teerã no sábado em protesto contra a execução do líder religioso, 40 pessoas foram presas pela autoridades da cidade. 

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, criticando a Arábia Saudita pelo segundo dia consecutivo sobre a execução de Nimr, disse que os políticos do reino sunita enfrentariam um castigo divino pela morte dele. “O sangue derramado injustamente deste mártir oprimido, sem dúvida, em breve mostrará seu efeito e a divina vingança cairá sobre os políticos sauditas”, disse Khamenei à TV estatal iraniana. 

A Guarda Revolucionária do Irã havia prometido “vingança dura” contra a dinastia real sunita Arábia pela execução do Nimr no sábado, considerado um terrorista por Riad, mas saudado no Irã como um campeão dos direitos da minoria xiita marginalizados da Arábia Saudita. Nimr, o maior crítico da dinastia entre a minoria xiita, passou a ser visto como um líder de jovens ativistas da seita, que tinham se cansado da incapacidade dos líderes mais velhos.

Embora a maior parte dos 47 homens mortos na maior execução em massa do reino durante décadas tenha sido de sunitas condenados por ataques da Al Qaeda na Arábia Saudita uma década atrás, foram Nimr e três outros xiitas, todos acusados de envolvimento com ataques a tiro contra policiais, que atraíram mais atenção na região e em países como Paquistão e outros.

O movimento aparentemente acaba com qualquer esperança de que um inimigo — o Estado Islâmico — produziria reaproximação entre as principais potências muçulmanas sunitas e xiitas da região, que estão aliadas a lados opostos nas guerras atualmente em andamento na Síria e no Iêmen.

O site de Khamenei mostra uma imagem de um carrasco saudita próximo ao famoso carrasco do Estado Islâmico, ‘Jihadi John’, com a legenda “Alguma diferença entre esses dois?”. A Guarda Revolucionária disse que a “vingança dura” derrubaria “este regime pró-terrorista e anti-islâmico”.

IRAQUE TAMBÉM FURIOSO
No Iraque, cujo governo xiita está próximo ao Irã, figuras religiosas e políticas exigiram que os laços com Riad sejam cortados, prejudicando tentativas sauditas de forjar uma aliança regional contra o Estado islâmico, que controla faixas de Iraque e da Síria. “Recebemos com muita tristeza e pesar a notícia do martírio de um número de nossos irmãos crentes na região cujo sangue puro foi derramado em uma injusta agressão”, disse o principal clérigo xiita do Iraque, o Aiatolá Ali al-Sistani.


A opinião de Sistani, baseado na cidade sagrada xiita de Najaf ao sul de Bagdá, tem grande peso junto a milhões de xiitas no Iraque e em toda a região, incluindo na Arábia Saudita.
Apesar do foco regional sobre Nimr, as execuções pareciam principalmente destinadas a desencorajar o jihadismo na Arábia Saudita, onde dezenas morreram no ano passado em ataques de militantes sunitas.

Os Al Saud têm se mostrado cada vez mais preocupados como o tumulto no Oriente Médio — especialmente na Síria e no Iraque — que tem motivado jihadistas sunitas a derrubar a família real e a dar espaço para o Irã espalhar sua influência. Um acordo nuclear com o Irã apoiado pelos EUA, maior aliado e protetor da Arábia Saudita, tem feito pouco para acalmar os nervos em Riad.

Fonte: Reuters - EFE 
 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Estado Islâmico se aproveita do caos

Há alguns sauditas que ainda acham que os xiitas não são verdadeiros muçulmanos, e querem acabar com eles

A explosão de um jovem saudita na semana passada dentro de uma mesquita xiita na província de Qatif, no Leste da Arábia Saudita, além de matar 21 fieis que estavam acabando de rezar as preces semanais da sexta-feira e ferir cem pessoas, era uma mensagem do grupo Estado Islâmico (EI). 

Fotos postadas no Twitter mostraram o que restou do jovem homem-bomba: sua cabeça intacta, com barba e tudo, e um pouco dos seus ombros. Parecia uma cena de filme de terror. Dava para ver que era bem jovem, não passava dos 20 anos. E por que alguém tão jovem ia se matar de um jeito tão violento entre seus próprios compatriotas num lugar religioso e de reflexão espiritual?

O EI disse que o atentado foi para acabar com o que eles chamaram de os “politeístas xiitas”, e que eles não iam parar de matá-los até acabar com a sua presença na Península Arábica. Essa ação sangrenta e preconceituosa deixou muitos dos inimigos do reino felizes porque, na sua mente, os sauditas estavam finalmente provando do próprio veneno. Depois da intervenção militar da Arábia Saudita no Bahrein em 2011 para pôr fim ao levante predominantemente xiita da Primavera Árabe, e agora o bombardeio diário no Iêmen para tentar conter o avanço dos rebeldes houthis — mesmo sendo estes de uma vertente xiita que não tem muito em comum com os xiitas do Irã —, esses inimigos veem o atentado em Qatif como o resultado quase esperado do sectarismo saudita. É claro que os iranianos são igualmente culpados por defender seus interesses sectários em países árabes como o Iraque, a Síria, o Líbano e, de certa forma, até no Iêmen.

A reação do governo saudita foi imediata, prometendo capturar os demais terroristas responsáveis pelo atentado. Em poucos dias, seis suspeitos foram presos, e o príncipe herdeiro Muhammad bin Nayef visitou os feridos pelo atentado nos hospitais de Qatif e deu seus pêsames às famílias dos falecidos. Isso foi muito importante num país onde, infelizmente, ainda há líderes religiosos sunitas extremistas que pregam ódio contra os xiitas, que são uma minoria no país. Mas o rei Salman bin Abdul Aziz tem frisado que todos os sauditas, sejam de qualquer cor, origem étnica, ou seita, são iguais e gozam dos mesmos direitos e responsabilidades como cidadãos sauditas.

“Os autores destes atos homicidas são movidos por uma ideologia insana disseminada por clérigos e reformadores autonomeados. Por muito tempo, temos nos mantido quietos enquanto eles usaram as mesquitas, mídia e todas as outras formas de comunicação para espalhar a sua filosofia do mal. Não podemos permitir que esse ódio se espalhe mais. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto esses homens do mal continuam com seus atos destrutivos. (...) Não vamos permitir que os extremistas entre nós nos dividam”, desabafou o veterano jornalista saudita Khaled al-Maeena no diário “Saudi Gazette”.

A triste verdade é que há alguns sauditas que ainda acham que os xiitas não são verdadeiros muçulmanos, e querem acabar com eles. Essa divisão teológica entre sunitas e xiitas existe há séculos, mas, no fim das contas, todos são muçulmanos. É como as diferenças doutrinais entre os católicos e protestantes. No fim, todos eles acreditam em Jesus Cristo. Mesmo assim, ainda há aqueles que insistem no ódio e no preconceito. Depois do atentado em Qatif houve um apelo para a doação de sangue para ajudar os feridos que precisavam de transfusões. Alguns sauditas antixiitas disseram no Twitter que não iam doar sangue de jeito nenhum para eles.

Ao mesmo tempo, o EI estava fazendo mais avanços no Iraque e na Síria, invadindo e tomando controle das cidades de Ramadi e Palmira. Na antiga cidade síria de Palmira, os comentaristas pareciam mais preocupados com o que os zelotes do EI podiam fazer com as famosas ruínas romanas da região do que com os milhares de refugiados que fugiam da cidade a pé. Em Ramadi, há relatos de que uma força de apenas 150 combatentes do EI conseguiu derrotar 600 soldados do Exército iraquiano, que, depois de serem atacados por dias com tanques cheios de explosivos e ficar sem munição, foram obrigados a recuar. 

Isso provocou uma enxurrada de críticas de políticos iraquianos e americanos. O vice-primeiro-ministro iraquiano, Saleh al-Mutlaq, se queixou para a CNN, dizendo que a prontidão com que o Exército iraquiano deixou Ramadi cair nas mãos do EI “surpreendeu todos nós”. “Esse não é o Exército que queremos ver e não foi o que esperávamos ver”, acrescentou. Por sua vez, o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, disse que as tropas iraquianas em Ramadi não estavam em menor número e que, de fato, excederam amplamente em quantidade os combatentes do EI. “E mesmo assim, eles não lutaram, eles se retiraram do lugar,” disse Carter.

Mutlaq, que é sunita, culpou a falta de vontade de lutar contra o Estado Islâmico de muitos iraquianos sunitas sem esperança de ver um bom futuro para eles no Iraque depois de derrotar o EI. “Se não veem um futuro para eles no Iraque, eu não acho que vão lutar contra Daesh, do jeito que queremos,” disse ele à CNN. “O povo sunita não está com o EI, disso tenho certeza. Eles não têm certeza do que vem depois do EI. Será que eles vão morar numa área que vai ser reconstruída? Vai haver reconciliação? Eles vão ser incluídos no governo? Sem respostas para essas perguntas, vai ser muito difícil ver o fim do EI”, disse Mutlaq.

Na Síria, os sunitas rebeldes querem ver o fim do governo de Bashar al-Assad, mas o apoio da Rússia e do Irã o deixou até hoje no poder, mesmo num território bem menor do que antes. Há relatos de que Bashar pediu uma nova linha de credito de US$ 1 bilhão ao Irã, e é com a ajuda do grupo xiita Hezbollah e de combatentes xiitas vindos de Iraque, Irã, Paquistão e Afeganistão que Assad tem conseguido se manter vivo e mandando até agora.

De qualquer jeito, o EI tem inimigos de sobra para poder sobreviver por muito tempo. O problema é que tudo é muito complicado e misturado. Na Síria, os países do Golfo e a Turquia querem o fim de Assad; este quer o fim do EI e dos rebeldes sírios, que ele chama de “terroristas”. Os EUA querem o fim de Assad, mas o presidente Barack Obama e o povo americano, em geral, não desejam botar mais tropas no Oriente Médio; então, a coisa fica difícil. No Iraque, o Irã está ajudando os iraquianos a combater o EI, mas aí acirra as tensões sectárias. E para fazer a situação ainda mais estranha, há o acordo nuclear pendente entre o Irã e os EUA, que deixou os países do Golfo em pé de guerra, assustados por serem deixados de lado em uma possível reaproximação entre os americanos e iranianos

E, com tudo isso, o EI se aproveita e se expande.

Por: Rasheed Abou-Alsamh é jornalista