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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Partido Comunista Chinês inaugura plano de resgate da masculinidade - Madeleine Lackso

Gazeta do Povo

O governo culpa professoras e a cultura pop pela geração de homens mimados e não assume os resultados da política de filho único.

Com toda certeza você já ouviu por aí reclamações de que a cultura pop e os avanços sociais das últimas décadas deixaram os homens "efeminados" e que precisamos urgentemente de um resgate da masculinidade. Agora descobrimos de onde vem essa ideia, diretamente do coração do Partido Comunista Chinês. O Ministério da Educação da China criou até um programa de fortalecimento da masculinidade nas escolas. A ideia é aumentar o número de professores homens e de atividades físicas dos meninos.

O Ministério da Educação da China acredita que o país passa por uma "crise de masculinidade", tema que foi abordado em maio na Conferência Consultiva do Partido Comunista Chinês. É de lá que saiu a ideia de um programa oficial para "prevenção da feminização de homens jovens". Os culpados agora são a cultura pop e mulheres professoras. Em outras ocasiões, já foram videogames, masturbação e falta de exercícios físicos.

Não é só na China que existe o fenômeno da instrumentalização política de características como masculinidade ou feminilidade, trata-se de algo comum em grupos autoritários de todos os tipos. Controlar a sexualidade alheia impondo padrões de certo e errado é uma fórmula certeira para manipular pessoas. É óbvio que o problema não é uma crise de masculinidade, é uma crise de gente querendo entrar para o exército chinês.

Os influencers aliados do governo fizeram publicações na rede social Weibo defendendo a ideia, mas até a mídia do próprio governo, a Xinhua News trouxe reportagens críticas. É difícil imaginar que meninos tão afeminados possam defender seu país quando uma invasão externa se aproxima”, postaram vários influencers. Foi criada até uma hashtag para debater o tema. Já faz alguns anos que o governo tem visto o fitness como boa alternativa de esporte nas escolas porque fortalece os jovens.

A China está colhendo frutos inesperados da política do filho único. O controle populacional foi o racionalmente esperado, mas o lado emocional das pessoas não foi levado em conta. A situação esdrúxula de poder ter apenas um filho mudou os relacionamentos familiares, criou pais apegados demais e filhos que os próprios chineses chamam de "geração mimada". Há, por exemplo, universidades que providenciam quartos para os pais ficarem hospedados ao lado dos filhos no campus.

 As aulas particulares de masculinidade, coaches de masculinidade e até acampamentos para aprender masculinidade já existem há tempos na China. Em Beijing, há até um acampamento que promete trazer a masculinidade perdida em até 7 dias. O modelo se espalhou pelo país e é especialmente popular entre os homens considerados mais mimados. Nem os especialistas chineses, que vivem num regime comunista rígido, têm coragem de chancelar a pataquada.

O que as famílias e os próprios jovens apontam objetivamente como sinônimo de "falta de masculinidade" é, por exemplo, ser lento para fazer lição de casa. Aliás, principalmente isso e preguiça de trabalhar. Uma pesquisa feita pelo governo em 2014 com 20 mil crianças mostrou que 2/3 dos meninos estavam abaixo da média acadêmica. Entre as meninas, a taxa é de 1/3. A diferença de performance pode ter relação também com as distorções da política de filho único.

Na cultura chinesa, é muito mais status ter um menino do que uma menina. Enquanto houve a lei restringindo o número de filhos a um por casal, eram muito comuns os abortos quando se sabia que era menina e até mesmo o abandono ou morte da criança recém-nascida. Existe um desequilíbrio no número de homens e mulheres na China, tendo muito mais homens, ao contrário de toda a história da humanidade, em que há uma pequena diferença de mulheres a mais. Mesmo assim, as mulheres são maioria nas universidades, 52%. Há 40 anos, eram 23% dos alunos.

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Homens mimados acham ser melhores do que realmente são, o Partido Comunista já sabe disso. O Exército chinês tem agora a geração mais mimada que já passou por lá, fruto de uma longa linhagem sob a política do filho único. Um regime populista sabe bem como lidar com homem mimado: finge que ele está certo e diz que o problema é um ataque generalizado à masculinidade. Por se achar melhor que os outros, o homem mimado vai espalhar a ideia e fazer de tudo para mostrar que ele é exceção, tem masculinidade sim.

As aulas no Beijing Real Boy's Club custam US$ 2 mil por semestre. Os meninos fazem atividades coletivas ao ar livre, lutam, cantam o hino nacional, louvam o partido comunista e entoam mantras como: "Eu sou um homem de verdade! O principal portador da família e da responsabilidade social no futuro! A espinha dorsal do povo chinês!". Também há jogos de palavras entre aluno e professor, como:
- Quem é o melhor? - grita o professor.
- Eu sou o melhor! - responde o aluno.
- Quem é o mais forte?
- Eu sou o mais forte!
- Quem você é?
- Um homem de verdade.

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Madeleine Lacsko, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES  - MATÉRIA COMPLETA

 

terça-feira, 5 de maio de 2020

Os cuidados na vida sexual em tempos de Covid-19 - Veja - Letra de médico




E se o vírus escolheu o sêmen ou a secreção vaginal como um dos seus habitats?

De repente, uma ameaça de morte no ar.

Máscara! “Por favor, use máscara para preservar sua vida e a dos demais” é uma das frases que mais tem sido pronunciada no mundo inteiro, só perdendo para “Fique em casa!”

O vírus mata. Usar máscara e ficar em casa protegem do vírus mortal, desde que ele não tenha aderido à máscara ou invadido a casa. No inicio de 2020, um surto de pneumonia, causada pelo novo coronavírus, foi declarado pela Organização Mundial de Saúde como uma emergência global e uma pandemia, pois a doença relatada , em dezembro passado, pela primeira vez na cidade de Wuhan (China) se alastrou para dezenas de outros países. Esse vírus, como sabemos, é transmitido principalmente pelo contato direto e por gotículas respiratórias.

Num ritmo extenuante, pesquisadores de todo o planeta se lançaram na complexa e meticulosa missão de conhecer mais para fazer frente a essa guerra desigual, onde um lado ataca sem tréguas, enquanto o outro só tem armas para se defender, quando as têm. Confinado e, ao mesmo tempo, distante fisicamente das pessoas queridas, você tenta não sucumbir a esse paradoxo, apesar de todas as dúvidas e dos poucos indícios confiáveis que teimam em não se transformar em evidências. Nos supermercados, qualquer pessoa lhe parece um transmissor em potencial; aqueles que você encontra nas farmácias são supostos Covid positivo, ávidos como você por um remédio milagroso. O medo paralisa seu discernimento, enquanto acelera sua paranoia.

No intuito de manter a sanidade mental, você se afasta do noticiário e de todo tipo de contato com o mundo externo. Sai do confinamento e adentra o isolamento. Isolado, você tenta relaxar, faz exercícios físicos, yoga, meditação. Mas, sem o resultado desejado: ao invés do equilíbrio, consegue o tédio.  De repente, você se lembra: “sexo é vida”. Ficar em casa resulta em mais tempo livre, inclusive para a prática sexual: mais tempo para a vida. Você parte para a masturbação e para o sexo virtual. Porém falta alguma coisa. Você se lembra da relação sexual, abandonada há semanas, sem espaço no seu dia a dia, desde que o vírus tomou conta dos seus pensamentos. Você se anima por um instante. Até que uma dúvida perversa contra-ataca: e se o vírus escolheu o sêmen ou a secreção vaginal como um dos seus habitats? Você volta ao noticiário, aos WhatsApps recebidos, mas pouco encontra. Busca, então, pela literatura médica especializada para sanar sua preocupação.

A ciência informa que o Covid-19 foi encontrado nas fezes de pacientes, o que sugere outras possíveis vias de transmissão a serem investigadas. No que tange à prática sexual, esse achado restringe, até segunda ordem, o contato com o ânus, caso os parceiros não tenham absoluta certeza de que não foram contaminados, certeza essa impossível de se garantir, de forma definitiva. O contágio pode ocorrer de hoje para amanhã.

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Ainda em abril, uma pesquisa divulgada pela revista Biology of Reproduction relatou não haver vírus no sêmen e nos testículos de 12 homens infectados pelo Covid-19, testados nas fases aguda e de recuperação. Os autores concluíram ser improvável que esse vírus possa ser transmitido sexualmente pelos homens. Outra vez, sendo o tamanho da amostra relativamente pequeno, futuros estudos mais robustos confirmarão ou não esses achados. Além disso, o ideal seria que várias testagem do sêmen de cada paciente fossem feitas , durante o curso da doença. No entanto, essa múltipla coleta é impraticável, como se pode imaginar, enquanto os homens estão doentes. Assim, apesar dos dados sugerirem que o Covid-19 não infecta diretamente os testículos e o trato genital masculino, uma resposta definitiva a esse respeito ainda está por vir.

Em Veja - Letra de Médico - MATÉRIA COMPLETA

sábado, 14 de janeiro de 2017

Deputado anti-pornografia ataca discussão de gênero nas escolas

O deputado federal Marcelo Aguiar (DEM-SP) é autor de um projeto de lei que obriga as operadoras de internet a bloquear a pornografia on-line

 Marcelo Aguiar: “Tive a fase, como todo garoto, de olhar revista pornográfica”.

Qual o objetivo da proposta?
Quero trazer mais tranquilidade para os pais quanto à navegação de suas crianças. Li uma reportagem sobre pornografia na internet e fiquei horrorizado. Depois, vi casos, relatos e estudos assustadores. Há, por exemplo, um garoto de 15 anos que afirma ter se masturbado catorze vezes num só dia. Ao longo dos anos, ele se viu totalmente prejudicado, porque não sentia mais prazer em estar com alguém do sexo oposto. Isso é resultado da pornografia de graça na internet.

O senhor é da bancada evangélica e pertence à Igreja Renascer em Cristo. Não há motivação religiosa no seu projeto?  
Não, não tem nada a ver com interesses da Igreja. Eu me coloco no papel de pai, para mostrar a pior realidade do país. 
O senhor é contra a masturbação?  
De jeito nenhum. Não posso ser contra algo natural, que é do ser humano.
Barrar pornografia na internet não é censura?
Eu não falo em restringir o mundo em que a criança navega, pois isso é responsabilidade dos pais. Mas a porta de entrada para a pornografia é muito grande, e é uma preocupação que já existe em países desenvolvidos. Muitos perguntam: “Pô, o governo tem de se meter nisso?”. Tem, sim! E não acho que seja censura, não.
Como foi sua adolescência?
Tive a fase, como todo garoto, de olhar revista pornográfica. Tinha interesse.
Em seu site, o senhor instrui pais a processar escolas que ensinam “ideologia de gênero”. Por quê?  
As conquistas das minorias são reconhecidas pelo STF. Respeito, e é matéria vencida. Mas não precisa bater na mesma tecla e dizer “Temos de colocar nas escolas”. O Brasil, culturalmente, não está maduro para essa discussão. [a ideologia de gênero é uma pouca vergonha, um atentado contra a própria dignidade das crianças e adolescentes e deve ser combatida com rigor, incluindo entre as penas, no mínimo: multa para as escolas e prisão para os professores.
O rigor no combate a famigerada 'ideologia de gênero' deve ser superior ao utilizado para punir os que são acusados de 'apologia ao crime'., haja vista que defender a maldita ideologia é também um atentado contra a FAMÍLIA.]

O senhor atuou em Estrela de Fogo, novela da Record de 1998. Teve algum problema para trabalhar na emissora de uma igreja que faz concorrência com a sua?  
Nenhum. Inclusive, eu também canto, tenho um trabalho na música gospel. E outras igrejas me convidam para cantar.
 

Fonte: Revista VEJA 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

UFPel - Universidade Federal de Pelotas: nudez, maconha, álcool e masturbação no protesto feminista



Exigem respeito, mas não se respeitam. São contra a violência, no que estão certas, e a praticam contra si mesmas, contra a própria imagem.

No último dia 26 mudou de tom o repúdio à violência contra a mulher. O novo protagonismo foi assumido por alunas do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas. Concebido e produzido no ambiente acadêmico, era de se esperar algo que servisse como paradigma para futuras manifestações. Maior ainda a expectativa quando as acadêmicas são alunas de um curso de humanidades. No entanto, o que aconteceu na UFPel, como se verá a seguir, fez o respeito à dignidade humana decair inimagináveis funduras.

O repertório das manifestantes, além de condutas pouco higiênicas,
incluiu alcoolismo, maconha, seios à mostra, nudez total, atos libidinosos, masturbação no interior do prédio e na calçada do estabelecimento acadêmico.

No mesmo dia 26 recebi várias imagens do ocorrido. No entanto, diante do silêncio da imprensa estadual e da falta de qualquer referência em sites de pesquisa e redes sociais, prudentemente me abstive de escrever sobre o assunto. Era tudo demasiadamente inconcebível. Escrevo agora porque o site G1 finalmente, ontem, rompeu a barreira do silêncio atrás da qual, parece, se pretendeu evitar a repercussão que os fatos exigem. 

Segundo a matéria, redigida com a esterilidade de um par de luvas hospitalares, a farra dionisíaca se estendeu durante a tarde inteira, levando a universidade a suspender as aulas. Não foi, portanto, um simples momento de incontinência e lascívia cidadã das moçoilas humanistas. Estava bom demais para terminar logo.

Não é paradoxal? Exigem respeito, mas não se respeitam. São contra a violência, no que estão certas, e a praticam contra si mesmas, contra a própria imagem, contra a instituição universitária, contra o direito dos colegas a assistir suas aulas e contra a sociedade, que não pode ser obrigada a presenciar cenas públicas de degradação.

Essas mocinhas votam! E até o mais alienado cidadão é capaz de intuir em quais partidos e candidatos votam. Declararam, através de cartazes, que seu ato era "político". Algumas serão professoras de nossas crianças e adolescentes! E o que mais deve preocupar a comunidade: ninguém nasce assim. O veneno que as domina lhes foi ministrado gradualmente por gente de péssimo juízo e ainda pior leitura, como venho alertando há bom tempo.    
        
Fonte: Percival Puggina
www.puggina.org

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A Porta dos Fundos



Chega de política. Vou falar de sexo. Antes, havia a “sexpol”, bandeira da política sexual dos anos 1960. Hoje, temos no máximo a “polsex”, ou seja, como as ideologias dançaram, só a sexualidade explica muitos rumos do mundo e, claro, do Brasil, nosso grande motel das ilusões perdidas. Na verdade, falarei só sobre uma parte muito importante da sexualidade: a bunda.

Há um tempo, escreveram na internet um artigo com meu nome, onde meu “falso eu” dizia que mulher não precisa ter bunda dura e que as celulites eram bem-vindas. Na rua, veio uma senhora toda contente e me declarou: “Eu tenho bunda mole!” e saiu sorridente pelo artigo que eu “não” escrevi. Por isso, escrevo hoje sobre a “bunda”, a famosa “preferência nacional”, um dos poucos monumentos culturais que ainda nos restam. Por isso, e para esquecer nossa pornopolítica , escrevo, como um apócrifo de mim mesmo.  Vamos a isso. Visto de frente, o Brasil anda para trás, parece um ex-Brasil. Por isso, vou olhar pela porta dos fundos: a bunda. A palavra já soa imprópria, obscena, já traz um adjetivo acoplado. Por isso, desculpem-me os leitores, mas a palavra “bunda” é a única de que dispomos. Temos eufemismos com “nádegas”, doces apelidos como bumbum, mas o termo que usamos na vida diária é bunda mesmo, com a ressonância africana dos “bundos”, de onde vieram as vênus negras que nos miscigenaram.

A bunda não começou no descobrimento do Brasil; as índias, apesar de “oferecidas”, não as tinham avolumadas, mas escorridas “em pera” , barrigudinhas e frágeis. A bunda começou nas senzalas com senhores inflamados pelas negras, longe do tédio das sinhás.  Há uma espantosa separação entre a bunda e a dona da bunda. A bunda fica mais importante do que sua dona. Conheci uma moça que ficou meio paranoica por causa do lindo rabinho que portava. Quando conversávamos, não era a ela que servíamos, mas à “outra”. Ela vivia com ciúmes de si mesma, e sua bundinha parecia dizer: “prestem atenção nela; ela também é gente...”.

Reparem que as mulheres de bunda bonita, mesmo quando estão de frente, estão de costas para nossos olhos. As mulheres de frente são mais inquietantes, porque são “sujeitos” com rosto e alma. Já as mulheres de costas aparentam um caráter mais passivo, mais “objetal”, diriam os filósofos.  O desejo pelas costas é a defesa contra os perigos da vulva. A bunda é estéril; não inquieta como a vagina e seu mistério profundo. A bunda não procria — muito pelo contrário. Eu já vi belas bundinhas no passado, nas areias de Ipanema, e elas tinham uma florescência espontânea, inocente.

Naquele tempo, não havia muito estímulo à punhetinha; raras eram as revistas pornográficas. Hoje, tanta oferta sexual angustia-nos, mostra que nosso desejo é programado por indústrias masturbatórias, provocando tesão para vender satisfação.  Nunca vimos tanta publicidade movida a sexo. A propaganda nos promete uma suruba transcendental. Em nenhum lugar do mundo vemos esse apelo sexual nas ruas, nas roupas das meninas nosso feminismo resultou nisso. Quase todos os outdoors são de mulher nua — outro dia quase bati o carro por causa de um cartaz com uma lourinha nua da “Playboy”.

Hoje sexo é uma imagem farta e colorida. Na época, punheta era literatura; para nos excitar tínhamos de imaginar complicadas tramas de suspense com estrutura de filme policial e o que acendia o desejo eram justamente os obstáculos a vencer até a satisfação final.  Babávamos sim diante das vedetes do teatro rebolado, de Angelita Martinez, de Carmen Verônica, Luz del Fuego, mas elas eram pessoas verídicas, inteiras, e sua nudez tinha algo de transgressivo, de liberdade e luta. Hoje as mulheres travam uma competição frenética de bundas e seios e eu me pergunto: O que querem elas provar? Querem nos levar para o fundo do mar como sereias, querem destruir os lares, querem mostrar que o sexo sem limites resolverá os problemas do Brasil?

E agora, nesses tempos sinistros, surgiu a bunda industrial. Ela fatura milhões para as revistas de sacanagem. Elas programam nosso desejo e limitam a imaginação criadora dos praticantes do vicio solitário, como chamavam os padres no confessionário.

A bunda virou um instrumento de ascensão social. Mesmo nossas meninas mais românticas, sonhando com casamento e filhos, são obrigadas a rebolados cada vez mais desbragadas. Milhões de menininhas pelos grotões do país se olham no espelho e pensam: “Vou subir na vida”. A bunda é um capital. A pessoa não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele. O corpo e a pessoa são duas coisas diferentes; a menina mostra sua bunda como se fosse uma irmã siamesa.

Agora, com o surgimento da bunda digital na internet, a bunda perdeu aquela aura de objeto único, “erguida no altar de nosso desejo” (arggh!). Viraram bundas em streaming, olhadas com tédio por nossos garotos, como um videogame superado. Depois da bunda, o que virá, já que a indústria cultural pede sempre mais? Ânus luminosos, entranhas profundas, o avesso do corpo?

No século XXI, nasce a bunda distópica, a “pós-bunda”, pela fragmentação do desejo. Desejamos as partes, mas tememos o conjunto. O chamado “objeto total” de Melanie Klein (aquela mulher sem bunda e com seios enormes) foi substituído pelo objeto perverso, parcial, deliciosamente irresponsável, “da ordem do demônio”, ao contrário dos seios, “objetos de Deus”.

Hoje, com a sonda cósmica pousando em cometa, com robôs capinando em Marte, em meio à crise mundial, nós olhamos a bunda: a porta dos fundos, a entrada de serviço, em que talvez fiquemos para sempre. A bunda é nosso destino histórico.

Por: Arnaldo Jabor – O Globo