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quinta-feira, 3 de março de 2022

Tite [o ainda técnico do timinho de mercenários, que já foi a seleção brasileira de futebol] é réu em ação de imobiliária em caso envolvendo cobertura de R$ 10 milhões

O Globo - Blog do Ancelmo

Na Justiça do Rio

Começou a ser tratada no TJ do Rio agora em fevereiro ação de cobrança de corretagem apresentada pela Ativa Imobiliária LTDA contra o técnico Tite, da seleção brasileira masculina de futebol, e sua mulher, Rosmari.

Tudo gira em torno da compra feita por Tite, em março de 2021, de uma cobertura no Condomínio Waterways, na Barra, sem a participação da imobiliária como intermediária do negócio. A corretora acusa Tite de dívida de R$ 516.750,00 sobre a comissão de venda, equivalente a 5% do valor do imóvel, negociado por R$ 10.335.000,00 segundo escritura anexada ao processo.

Na petição apresentada à Justiça, os corretores reclamam que ofereceram a cobertura a Tite e sua mulher em 2020. Narram, também, a prestação de serviços anteriores, tendo intermediado a compra de dois imóveis e a locação de outro. Alegam, por fim, que o treinador teria adotado "conduta de má-fé", ao ser informado da existência do imóvel, negar sua compra à imobiliária e negociar a aquisição diretamente com o proprietário.

[a grande fraude do 'tite' é o seu péssimo trabalho junto ao timinho que, em um passado glorioso e já remoto, merecia ser chamado  Seleção Brasileira.
O ápice da fraude, que desmontará de vez o treinador e o timinho que incautos chamam de 'seleção', será quando ele ultrapassar outra fraude - devidamente desmascarada - o tal de 'felipão'. Os 7 a 1 da taca que o timinho, na ocasião comandado por 'felipão', levou da seleção germânica, serão ultrapassados em Qatar por 8 a 0, que o timinho vai levar. Anotem e confiram.
Quanto a fraude de agora, se comprovada, é  um golpe que desonestos tentam aplicar em imobiliárias - normalmente um conluio do vendedor com o comprador, os dois se unem, tentam dar uma banda na imobiliária e escapar do pagamento da comissão por corretagem - a conferir.]
 

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Metralhadora giratória

Os candidatos atiram uns nos outros, para sobreviver e enfrentar PT e Bolsonaro


Com o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, hoje dos candidatos aos governos, amanhã dos presidenciáveis, a eleição muda totalmente de figura. Vão-se os senhores e senhoras elegantes e propositivos e entram no ar verdadeiros digladiadores. Sem defender propostas objetivas até aqui, agora partem para o ataque.  Jair Bolsonaro já descartou vestir a fantasia de “Jairzinho Paz e Amor”, numa referência ao “Lulinha Paz e Amor” da eleição de 2002. E é ele, Bolsonaro, quem tem uma verdadeira metralhadora giratória contra PT, Marina, Alckmin, Ciro… Por quê? Porque é campeão simultaneamente de votos e de rejeição nos cenários sem Lula. Assim, ele tem fortes chances de chegar ao segundo turno e iguais chances de ser derrotado então por qualquer um dos demais. Assim, atira para todo lado.

Se chegar ao segundo turno contra Lula/Haddad, ele pode reunir todos contra ele e se tornar grande instrumento da vitória do PT. Seus eleitores atiram no que veem – Bolsonaro – e acertam no que não veem – o PT. Arriscam-se a conseguir o oposto do que pretendem: a volta do PT ao poder, na tentativa justamente de evitá-la.  Pelas pesquisas, Bolsonaro ainda bate Haddad, até porque ele nem candidato é ainda, mas perde de Alckmin, Marina, Ciro. Logo, mira Alckmin, Marina, Ciro, que, aliás, acusou o adversário de “Hitlerzinho tropical”, com uma diferença: Hitler, segundo ele, tinha mais recursos intelectuais. [Ciro é tão sem noção, tão desorientado,  que simplesmente ameaçou receber a bala o pessoal da Lava Jato, incluindo o juiz Moro - um cara desses tem condições de ser sequer síndico de condomínio?
Confira aqui: Ciro Gomes mira em Moro e acerta a própria testa.]

Se apanham do líder das pesquisas sem Lula, os demais se engalfinham entre eles, disputando quem consegue derrotar tanto Bolsonaro quanto o PT no segundo turno. Nos bastidores, entre um cafezinho e outro, todos têm um alvo prioritário. Enquanto Bolsonaro vai de vento em popa e Haddad tem enorme potencial, [o enorme potencial do Haddad é para perder já no primeiro turno (com ou sem o apoio do presidiário de Curitiba.)] os demais, aí incluídos João Amoedo, Alvaro Dias e Henrique Meirelles, parecem preocupados mesmo é com Alckmin.

Patinando nas pesquisas de primeiro turno, tirando o sono dos aliados, perdendo votos para Bolsonaro e Dias, por que se preocupar e gastar tempo, saliva e munição com o tucano? Pela percepção de que, com a coisa caminhando para um segundo turno entre Bolsonaro e PT, o tucano pode virar o principal beneficiário do voto útil contra os extremos.

A campanha de Alckmin, que não combina com tiro e guerra, parece cheia de dúvidas sobre como usar o imenso tempo de TV (40% do total). Contra o capitão, entrincheirado nas redes sociais? Ou contra o PT? Na estreia, partiu para cima de Bolsonaro e sua obsessão por armas. E ele reagiu.  Hoje, Marina Silva é quem se destaca no pelotão anti-PT e anti-Bolsonaro, mas ela, Ciro, Alckmin, Dias, Meirelles e Amoedo não parecem tirar votos dos dois, mas deles mesmos, estimulando uma corrida em círculo dos quase 40% de eleitores e eleitoras indefinidos, que pulam de um em um, sem saber em qual deles se fixar.

Marina e Ciro, com um risco adicional. Ambos lideram no Nordeste e dobram seus votos, ela para 16%, ele para 10%, quando Lula não está nas pesquisas. Mas, assim que o eleitor perceber que Haddad é Lula, eles tendem a perder esse diferencial e recuar, em vez de avançar.  Tudo somando, a eleição tem Bolsonaro consolidado de um lado, Haddad ameaçando de outro e o resto embolado e errando o alvo. Sem contar que Bolsonaro tem a turma da bala, do grito, da agressão, enquanto o PT não tem o menor prurido em acionar “aloprados” e já foi pego pagando mercenários para atirar mentiras nas redes contra adversários, jornalistas, analistas e eleitores anti-Lula/Haddad.

A propaganda eleitoral, portanto, começa em clima de guerra e sem limites. Salve-se quem puder! E salve-se a democracia!

Eliane Cantanhêde -  O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Fake News – Memórias de mercenários

A partir de relatos de três produtores de fake news, o Correio revela os detalhes da montagem das notícias falsas. 

Especializados em tecnologia e marketing político, esses homens, que chegam a ganhar mais de R$ 500 mil por candidato em períodos eleitorais, têm em comum a capacidade de não deixar rastros.


Com a garantia de anonimato, eles concordaram em contar segredos da guerra na rede — ou pelo menos parte deles. Um dos contatos foi feito em Brasília durante quase vinte horas, divididas em cinco conversas, o outro, numa cidade de Goiás. Um terceiro confirmou informações a partir de contatos telefônicos, mas preferiu evitar maiores encontros.

Ao longo da reportagem, eles serão chamados de mercenários e identificados a partir de letras (das primeiras letras de Fake News) e números. Todos rechaçam a alcunha, mais relacionada a combatentes que trabalham apenas por interesse financeiro.  Preferem ser associados a guerrilheiros, algo referente à luta ideológica. É a primeira das mentiras, num terreno virtual minado, em que os Estados parecem incapazes de reagir e desarmar os explosivos. Como se verá, não é o único problema das autoridades.

Correio também conversou com mais de 30 investigadores, policiais, marqueteiros, acadêmicos e políticos sobre o poder e a extensão das fake news nas eleições. Por Skype, entrevistou o escritor inglês Misha Glenny, autor de Mercado sombrio — o cibercrime e você e McMáfia — crime sem fronteiras, ambos editados no Brasil pela Companhia das Letras.

Os dois livros de Glenny detalham como criminosos especializados se aproveitam da rede de computadores para enganar pessoas comuns. Os métodos usados, como o anonimato e a técnica de apagar rastros, são parecidos com os da produção das fake news, numa guerra cada vez mais cara à democracia, em que a verdade é a primeira a desaparecer.

01 – Os recrutas

No minúsculo quarto de hotel da cidade de quase 100 mil habitantes na Argentina, fronteira com o Uruguai, o mercenário FN001 recebe a última chamada telefônica vinda de São Paulo. Depois da viagem de quase 2.000km, alternando trechos de avião e de ônibus, ele finalmente vai encontrar o homem que será o responsável pelos disparos de e-mails contendo notícias falsas contra um candidato a presidente do Brasil.

A primeira tarefa, ao abandonar a habitación e caminhar até uma sala comercial próxima dali, será testar a capacidade do contato local em enviar um lote de mensagens inverídicas para um milhão de e-mails. Os dois desconhecidos, com desconfianças mútuas, conseguem se entender a partir de um portunhol canhestro. O argentino contactado desde a capital paulista por um colega de trabalho do mercenário mostra eficiência na missão.

O que está em jogo é o tempo dos disparos das mensagens. Tal qual uma metralhadora, o equipamento do gringo é capaz de descarregar as notícias no lote de um milhão de e-mails entregues no pendrive. E, assim, o argentino é recrutado para um período de três meses, que, em terras brasileiras, corresponde ao da campanha eleitoral. 

Com um último aperto de mãos, restava a FN001 pegar o primeiro ônibus de volta ao aeroporto mais próximo e retornar ao bunker das fake news. Era agosto de 2010.
Dias antes, o mercenário estava no escritório da empresa de marketing que o havia contratado para fazer a guerrilha virtual. Ao redor da mesa, 18 integrantes de uma lista de cortes feita pelo Departamento de Recursos Humanos. O grupo era formado pelos mais irresponsáveis, o pessoal que não cumpria prazos e quase sempre estava atrasado para as reuniões.

Tenho uma notícia. Vocês estão demitidos.
Antes mesmo do desânimo geral, a proposta: “Posso recontratá-los caso algum de vocês queira trabalhar com contrainformação”. Sem saber ainda o que aquilo significava, os 18, mesmo apreensivos, toparam o trabalho e assinaram um termo de confidencialidade, que, na prática, não valia de nada, mas simbolizava o caráter sigiloso do trabalho a ser feito a partir dali.

 É preciso ter confiança na equipe, pois nesse negócio não se trabalha com freiras. O cara pode não ter a dimensão do estrago que pode causar na eleição, mas sabe que está fazendo algo delicado, suspeito.
Acomodado na cadeira espaçosa de uma cafeteria de Brasília, há duas semanas, FN001 continuou: “É preciso ser leal, pelo menos até os rastros serem apagados”. Os mercenários mais qualificados e mais bem pagos do país — aqui, falamos de, no máximo, 10 pessoas — têm alto conhecimento de informática, comunicação e, até mesmo, de psicologia. Mesmo que, neste último caso, algumas lições se misturem com exemplos rasteiros nas palavras de FN001.

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domingo, 29 de novembro de 2015

O faroeste é global

“A indústria militar privada tornou-se global, legitimada pelos Estados Unidos” e a "contratação de latino-americanos sinaliza para onde caminham as guerras”

Pouca atenção se prestou à notícia divulgada esta semana sobre mercenários latino-americanos atuando no Iêmen a serviço dos Emirados Árabes Unidos (EAU). 
 Blackwater, a maior empresa militar privada dos EUA, foi contratada por governos do Golfo Pérsico para apoiar a luta dos rebeldes contra Bashar Al-Assad (Foto: Portal Forum)

Compreende-se. São guerras em demasia para acompanhar.  E com protagonistas bélicos da musculatura e retórica de um Vadimir Putin, François Hollande, Barack Obama ou Recep Erdogan, a existência de uma brigada de 1.800 latino-americanos suando no deserto empalidece.

Contudo, a notícia é relevante para se entender o faroeste global em que vivemos. Guerreiros de aluguel existem desde a Idade Média, contratados por monarcas ou cidades-estado, poderosos e papas. Só foram perdendo utilidade com a formação das nações-estado e a criação dos exércitos a serviço da pátria. Ressurgiram com força em tempos recentes depois que muitos países aboliram o serviço militar obrigatório.

Os Estados Unidos, por exemplo, foram buscar no setor militar privado metade do pessoal deslocado para a zona de combate no Iraque. No Afeganistão, essa proporção já está mais próxima dos 70%. Também a Nigéria recorre a mercenários para enfrentar o grupo terrorista Boko Haram e a Arábia Saudita paga sudaneses para lutar no Iêmen.

Há quem garanta a presença de combatentes de aluguel atuando na Ucrânia, sob contrato da Rússia. Além disso, a indústria militar privada protege oficialmente empresas petrolíferas em zonas de conflito e faz as vezes de escudo bélico ou policialesco em países onde forças regulares são omissas, escassas ou sem apetite para morrer.

É o caso dos sete Emirados Árabes Unidos, cuja população é rarefeita e tem em Abu Dhabi e Dubai as vitrines mais ofuscantes de seus petrodólares. Segundo o “New York Times”, data de 2010 a fundação da primeira base a abrigar e treinar tropas estrangeiras de aluguel.  Essa legião estrangeira incluiria panamenhos, salvadorenhos e chilenos, mas, ao que se saiba, nenhum brasileiro por enquanto. Os mais eficazes seriam os colombianos, pela experiência de décadas de enfrentamento com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias (Farc) de seu país. Egressos do Exército colombiano regular, embolsam nos Emirados um salário de cinco a dez vezes maior do que o soldo que recebiam em casa. “A indústria militar privada tornou-se global, legitimada pelos Estados Unidos”, explica o americano Sean McFade, autor de “O mercenário moderno”, “e a contratação de latino-americanos sinaliza para onde caminham as guerras”. McFade serviu na 82ª Divisão Aerotransportada do Exército americano antes de migrar para a Dyn Corporation International, uma das maiores do setor privado.

Conhece bem os dois lados, portanto, e se insurge contra a péssima reputação do setor. Meio ano atrás, quatro seguranças da temida Blackwater, cuja extensa folha corrida de abusos obrigou-a a mudar de nome para Academi, foram condenados a 30 anos de prisão por terem assassinado 17 civis iraquianos em Bagdá, no ano de 2007. Estavam a serviço das tropas americanas, e sua condenação nos tribunais dos Estados Unidos foi recebida com alívio pelos liberais.

Dois anos antes, porém, ocorrera outro tenebroso massacre, também no Iraque, só que praticado por um esquadrão da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais dos EUA. Eles teriam surtado com a morte de um companheiro explodido por uma mina em Haditha, e se puseram a vingá-lo. Ali, na hora. Primeiro fuzilaram os cinco pedestres mais próximos. Em seguida, foram de casa em casa e assassinaram outros 19 civis, alguns com vários disparos à queima-roupa. Entre as vítimas, de 3 a 76 anos de idade, havia um cadeirante.

Julgados em tribunais do Pentágono, todos os envolvidos no massacre foram inocentados exceto um, penalizado com redução da patente e corte no soldo. Conclusão do ex-soldado, ex-mercenário e ex-aluno de Harvard Sean McFate: decorridas quase duas décadas de guerras coalhadas de abusos, nenhum oficial americano até hoje recebeu pena severa.

Há, porém, um aspecto mais sombrio do que a aplicação de códigos de honra, justiça e ética distintos para membros das Forças Armadas e “terceirizados”: o fato de práticas comumente atribuídas a mercenários terem contaminado as fileiras dos exércitos regulares. Nesta guerra global contra o terrorismo que a revista “Foreign Policy” define como “custosa, autoperpetuante, sem rumo e sem fim”, os desvios só tendem a se multiplicar.

Na França recém-saída dos múltiplos atentados terroristas de duas semanas atrás, registra-se um surto de fervor patriótico. As filas de jovens nos postos de recrutamento quintuplicaram: a média de 300 voluntários antes da sexta-feira 13 saltou para 1.500 por dia. Afirmam que o inimigo a abater é o Estado Islâmico, mas poucos saberiam definir o que é, onde fica, o que quer e como vencer esse inimigo. Pior: seus comandantes e o chefe da nação também tateiam.

Saudade dos tempos igualmente ferozes, porém mais simples, da Guerra Civil espanhola. Quisera o mundo de hoje ser tão compreensível como o descrito por George Orwell em “Homenagem a Catalunha”, no qual o escritor relata seu engajamento naquele conflito de ideais do final dos anos 1930. Para lá acorreu uma legião estrangeira desarmada com apenas uma certeza na cabeça: a de se juntar à “luta do povo contra a tirania”. “Era a única coisa concebível a fazer”, escreveu o autor.

Eles vieram de todos os cantos do mundo, trazendo seus nomes consagrados — além de Orwell, Arthur Koestler, André Malraux, John dos Passos, Ernest Hemingway, entre tantos outros. Chegaram e pegaram em armas por uma causa. Todos, em graus variados, emergirem da luta profundamente desiludidos com o que testemunharam nas próprias fileiras. Orwell nunca se arrependeu de ter combatido, apesar da desilusão com o comunismo e do tiro que lhe furou a nuca e por pouco atingiu a carótida.

No atual faroeste de alianças letais e interesses mercenários, é torcer para que esse estado de guerra permanente e sem fronteiras não engula uma geração a mais da que já engoliu.

Fonte: Dorrit Harazim, O Globo


sexta-feira, 20 de março de 2015

BADERNA: Lula mandou — e os mercenários do MST estão entrando em ação



Nada como uma crise política para tirar o MST da letargia e colocá-lo de volta nas ruas como instrumento do projeto de poder do PT. Na semana passada, o movimento, adestrado pelos milhões de reais recebidos em verba pública nos governos Lula e Dilma, lançou sua chamada Jornada Nacional de Lutas.

Em pelo menos 22 estados, os sem-terra fecharam rodovias, atacaram praças de pedágio, invadiram fazendas, depredaram e saquearam empresas privadas e interditaram prédios públicos. Em Sergipe, três pessoas morreram em decorrência de um acidente provocado pelo bloqueio feito por militantes numa estrada.  Oficialmente, a nova ofensiva do MST é mais um passo na caminhada por distribuição de renda e igualdade social. Reivindica-se acesso livre ao crédito de bancos estatais, como se as torneiras dos cofres públicos estivessem fechadas para a entidade.

Não, não estão. Desde 2004, apenas quarenta cooperativas e assentamentos embolsaram 300 milhões de reais. Parte desse dinheiro, conforme investigação da Polícia Federal e de órgãos de controle, trilhou caminhos ainda desconhecidos.  Mais do que brigar por recursos, o MST saiu às ruas para demonstrar força, como parte de uma estratégia destinada a intimidar o Ministério Público, a Justiça e a oposição. Respondeu, assim, a uma convocação do ex-presidente Lula e de dirigentes petistas preocupados com a possibilidade de o escândalo do petrolão abreviar ou inviabilizar o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Há duas semanas, quando a discussão sobre a possibilidade de um processo de impeachment contra Dilma ganhava ares públicos, Lula avisou que o governo e o PT usariam os sem-terra como soldados. Os incidentes da semana passada serviram para lembrar o país do potencial de estrago representado pelo movimento. “Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele na rua”, discursou Lula durante um protesto – veja só - em “defesa” da Petrobras.

Um dos fundadores do MST, João Pedro Stedile mantém relações umbilicais com o petismo e os parceiros do partido na América Latina, inclusive a turma truculenta do bolivarianismo do século XXI.  Há dias, Stedile discursou como se fosse um chefe de Estado numa cerimônia em homenagem a Hugo Chávez, presidente da Venezuela morto em 2013. Lá como cá, o companheiro atuou como joguete dos poderosos. Primeiro, Stedile mandou um abraço do “companheiro Lula” aos simpatizantes do “comandante Maduro”, referindo-se a Nicolás Maduro, sucessor de Chávez na Venezuela e responsável por aprofundar a crise econômica e a repressão à oposição no país vizinho.

Dado o recado, Stedile criticou duramente os brasileiros que defendem o impeachment de Dilma. Ele usou, como de costume, a retórica bolorenta dos esquerdistas que pararam no tempo. “Por isso, neste momento, estão atacando vocês, estão atacando o povo argentino, com Cristina (Kirchner), e estão nos atacando no Brasil, falando de impeachment contra a presidente Dilma”, disse o dirigente do MST. “E nós temos de compreender que somos um só povo e que temos de derrotá-los de uma forma unida. É nas ruas que vamos derrotar o império e toda a burguesia.”

O comandante, como se vê, está de prontidão para defender o Brasil e a América do Sul de uma conspiração internacional. Stedile nada mais é que um líder de uma tropa mercenária que ainda se aproveita da miséria e da ignorância. Além das verbas milionárias repassadas à entidade, ele desfila como um integrante informal do governo e tem acesso livre aos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios. Seus privilégios se estendem à seara dos pequenos favores pessoais.

Comandada até o ano passado pelo petista Gilberto Carvalho, outro amigo do peito do ex­-presidente Lula, a Secretaria-Geral da Presidência – responsável pela interlocução com os movimentos sociais – pagava até as diárias de viagem de Stedile nos seus deslocamentos pelo país. Tamanha generosidade tem preço. Foi por isso que o MST protestou na Praça dos Três Poderes contra a prisão da antiga cúpula do PT condenada no processo do mensalão. É por isso que agora se perfila para defender os companheiros que assaltaram a Petrobras, os mesmos que financiam a atuação do movimento e que também puseram milhares de trabalhadores no alçapão do desemprego.

Aliás, apoiando o MST está outra entidade adestrada com o dinheiro do contribuinte. Na sexta-feira passada, a CUT organizou um protesto no qual se equilibrou entre a cruz e a espada. Em respeito aos princípios norteadores de sua fundação e aos interesses de seus filiados, bradou contra o ajuste fiscal anunciado pelo governo. Em obediência a esse mesmo governo, que lubrifica seus cofres e dá poderes a seus dirigentes, defendeu a presidente Dilma Rousseff e o PT, alistando-se no exército que pode ser acionado, se necessário, contra um eventual processo de impeachment.

A parceria entre petistas e movimentos sociais tem sido bastante rentável para os dois lados. O MST é útil tanto para a defesa quanto para o ataque. No ano passado, o PT usou o movimento para garantir a vitória de Camilo Santana sobre o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, na disputa para o governo do Ceará.

Em agosto, dois meses antes da votação, um grupo de sem-terra invadiu uma fazenda do senador no interior de Goiás. As imagens do acampamento e das barracas de lona foram espalhadas pelos petistas no Ceará e viraram um trunfo eleitoral. Com elas, acusava-se Eunício, que até então liderava com folga as pesquisas, de manter trabalhadores da fazenda em condições análogas às de escravidão. O efeito foi devastador. O candidato petista venceu a eleição no segundo turno.

Há duas semanas, o senador e o vice-presidente Michel Temer trataram do assunto num jantar com Dilma. “Queria agradecer ao líder Eunício Oliveira, que deixou de viajar a Goiás para resolver o problema da invasão do MST na sua fazenda para atender ao meu pedido para estar aqui hoje”, disse Temer a Dilma, levando a conspirata à mesa. “Mas esse problema ainda não foi resolvido?”, reagiu a anfitriã.

Acossada pelo PMDB e disposta a reconquistar o partido, a presidente encarregou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de resolver o caso. A ordem para “resolver” foi repassada ao ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário. Já no dia seguinte, o governo negociou a saída do MST da fazenda do senador em troca da liberação de outra área de 60 hectares para as famílias invasoras.

A solução do impasse, que já se estendia por seis meses, não exigiu nem mesmo 24 horas. Faz sentido. O PT já não precisava mais de seus mercenários para conquistar o governo do Ceará.

Fonte: Revista VEJA – Blog do Reinaldo Azevedo