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sexta-feira, 24 de março de 2023

Dilma Rousseff é aprovada como a nova presidente do banco do Brics - O Globo

Conselho de diretores do New Development Bank confirma eleição por unanimidade da ex-presidente. Seu mandato está previsto para durar até julho de 2025

[Importante:  a 'engarrafadora de vento', foi eleita por unanimidade - também foi CANDIDATA ÚNICA.
Sua eleição representa a terceira realização do DESgoverno Lula, em 83 dias e tudo indica [vai dar ,,, aliás, já fedeu!;
1ª - Reajustou o salário mínimo em R$ 18;
2ª - acabou com os EMPRÉSTIMOS consignados para aposentados do INSS - tentou tabelar os juros e os bancos não concordaram (começando pelo Banco do Brasil e CEF, ambos do governo) e suspenderam os empréstimos;
3ª - nomeou a Rousseff para presidir o banco do Brics.

Dilma Rousseff 

Dilma Rousseff MAURO PIMENTEL/AFP

O New Development Bank (NDB), banco dos Brics, confirmou há pouco que seu conselho de diretores elegeu por unanimidade a ex-presidente Dilma Rousseff para liderar a instituição. Dilma passa a ser presidente do banco imediatamente.

Bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brics tem no seu banco o principal instrumento de promoção de investimentos, para financiar obras e projetos em países parceiros. 
Dilma foi a única candidata, com indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
O mandato está previsto para durar até julho de 2025.

O anúncio ocorre pouco antes da viagem de Lula para a China - que precisou ser adiada por causa da pneumonia do presidente.

Dilma deve receber um salário de pelo menos R$ 290 mil no novo cargo. Segundo o último balanço anual divulgado pelo NBD, o total pago em salários e benefícios aos seis postos de chefia do banco formados pela presidência e cinco vice-presidências é de US$4 milhões por ano.

O NDB tem foco em financiamentos de projetos em duas grandes áreas: infraestrutura e sustentabilidade. Além dos integrantes dos Brics, o banco tem outros países emergentes entre seus membros: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

Segundo um integrante do banco, ouvido pelo GLOBO, a expectativa é que a instituição continue em trajetória de crescimento e expansão do aporte de investimentos no Brasil.

Dilma Rousseff substitui o então presidente Marcos Troyjo - que atuava no NDB desde julho de 2020 e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Economia - O Globo

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Artigo: O Telegram cedeu

Após ultimato do ministro Alexandre de Moraes, plataforma finalmente cumpriu uma decisão judicial brasileira

 Até então, o Telegram se negava sistematicamente a atender decisões judiciais no Brasil Foto: REUTERS/Dado Ruvic
Até então, o Telegram se negava sistematicamente a atender decisões judiciais no Brasil Foto: REUTERS/Dado Ruvic
Depois de muita especulação sobre o que fazer com o Telegram, o ministro Alexandre de Moraes deu um ultimato e a empresa finalmente cumpriu uma decisão judicial brasileira.Em sua decisão, o ministro determinou a suspensão do canal do ativista bolsonarista Allan dos Santos, sob pena de multa de R$ 100.000 diários e a suspensão do aplicativo de mensagens no país, inicialmente por 48 horas. [salvo engano o Telegram nunca se recusou a cumprir uma decisão judicial, seja qual a instância prolatora. Apenas se recusou, direito que possui, a atender a convites do TSE para discutir assuntos que tudo indica não são do seu interesse. No caso do blogueiro, ao que sabemos se tratou de uma decisão judicial,devidamente fundamentada, com destinatário certo, cabendo ao Telegram,empresa séria, cumprir bem e fielmente. 
Ao nosso entendimento,  determinação do tipo da em comento nada influi - exceto manter o blogueiro em evidencia  - visto que no dia seguinte ao cumprimento da decisão, Allan dos Santos realizava novas postagens usando de artifícios que parece conhecer muitos. 
A única solução que poderia conter o blogueiro seria sua prisão - impossível, por estar em solo americano, não sujeito à extradição - o pedido encaminhado aos "States" para prender e extraditar o blogueiro, dormita nos escaninhos da Justiça norte-americana, já que os atos dos quais é acusado não são considerados crimes pela Justiça americana - nem pela brasileira - o que impede que o assunto mereça atenção do Tio Sam.]

O Telegram, que sistematicamente se negava a atender decisões judiciais,[sic] cedeu e bloqueou no Brasil os canais de dos Santos. A mudança de postura da empresa terá grandes repercussões para o processo eleitoral no Brasil.

Desinformação: Contra fake news, pré-candidatos à Presidência já começam a montar equipes jurídicas

O Telegram é um aplicativo de mensagens criado pelo empresário russo Pavel Durov com o propósito declarado de proteger uma visão radical da liberdade de expressão. A empresa tomou algumas ações para isso: estabeleceu sua sede em uma jurisdição favorável e remota (Emirados Árabes Unidos) e distribuiu a guarda de dados dos seus usuários em servidores em diferentes países, de maneira que, para entregar dados íntegros, seriam necessárias decisões judiciais em diversas jurisdições. Além disso, o Telegram se notabilizou por não constituir representantes nos mercados nos quais operava e não atender decisões judiciais desses países.

Nos últimos anos, à medida que a base de usuários do aplicativo crescia, crescia também a pressão de autoridades policiais e judiciais para combater atividades ilícitas no aplicativo, que iam do terrorismo à pedofilia. Até o ano passado, o Telegram fez concessões pontuais a sua defesa radical da liberdade de expressão, colaborando pontualmente com a polícia europeia em processos que envolviam terrorismo e violência. Sua postura resistente em atender a justiça fez com que o aplicativo fosse bloqueado em muitos países, a maioria deles pouco democráticos.

Congresso:  Projeto aprovado na Câmara libera até 6 mil bingos e cassinos, e imposto sobre jogo vira alvo de disputa

No Brasil, o TSE tentou convidar o Telegram para planejar a aplicação das regras eleitorais e a empresa sequer se dignou a receber a correspondência. Depois disso, o ministro Luis Roberto Barroso começou a discutir em entrevistas o bloqueio do aplicativo e, no Congresso, o PL das Fake News retomou a tramitação com um artigo que obrigava empresas com muitos usuários a constituir representantes no Brasil, prevendo o bloqueio para quem não o fizesse.[entre tramitação de um projeto de lei e sua transformação, com a promulgação, em lei existe um espaço imenso.]

Nas últimas semanas discutiu-se muito no Brasil como fazer o Telegram acatar ordens judiciais sem efetivamente bloquear o uso do aplicativo no Brasil, uma medida extrema que prejudicaria milhões de usuários. Na Alemanha, a pressão parece ter funcionado com o Telegram finalmente bloqueando contas e canais por determinação das autoridades do país.

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A justiça brasileira estabeleceu contato com as autoridades alemãs e não se sabe, neste momento, o quanto isso colaborou para que o Telegram também atendesse a justiça brasileira. Além disso, descobriu-se, recentemente, que o Telegram tinha constituído advogados no país para proteger seus interesses em propriedade intelectual. Foi essa empresa de advogados que o ministro Alexandre de Moraes citou na sua decisão.

Em O Globo  - MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

O pior divórcio do mundo: a mulher traiu o xeque e ele pagará 700 milhões - Blog Mundialista

O pacote, recorde na Inglaterra, inclui segurança para proteger os filhos da princesa Haya do próprio pai, o emir de Dubai  

Nem os ex-casais russos que eventualmente disputam milhões nos tribunais ingleses conseguiram competir em matéria de revelações escandalosas – ou apenas estonteantes, pelas quantias envolvidas – com o divórcio da princesa Haya e do xeque Mohammed Bin Rashid Al-Makhtoum, que além de reinar sobre Dubai também é primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, a constelação de micro países do Golfo Pérsico movidos a petrodólares.

Não adiantou a cara feia: Al-Makhtoum tentou, mas não conseguiu escapar de um divórcio à inglesa Ali Haider/EFE

A decisão já saiu: o xeque vai ter que participar com 700 milhões de dólares para manter o padrão de vida de Haya e dos dois filhos menores, Jalila, de 14 anos, e Zayed, de nove. E que padrão. Um exemplo: durante umas férias em que as coisas ainda corriam bem, o casal gastou o equivalente a 2,6 milhões de dólares só em morangos.

Entre outros pertences, Haya, que é filha do falecido rei Hussein da Jordânia e deu um salto quântico em matéria de status financeiro quando se tornou a sexta mulher concomitante do xeque, pediu a devolução de suas roupas de alta costura avaliadas em 85 milhões de dólares. As joias são mais modestas: só 25 milhões de dólares. Empregados para servir mãe e filhos, 80. Mesada das crianças, 13 milhões de dólares por ano.

Haya saiu escondida de Dubai em 2019 e se instalou em seu palacete em Londres, dizendo temer o marido, acusado de mandar sequestrar duas de suas próprias filhas para impedir que escapassem de sua esfera de influência. Na época, o xeque, que faz poesia pela internet, insinuou deslealdades. Muito possivelmente já sabia que Haya havia tido um caso com um segurança da equipe inglesa, Russell Flowers, um ex-militar bonitão.Durante o processo, vieram à tona detalhes dolorosos. Haya foi chantageada pelos seguranças para que não revelassem o romance.

 “Amigos” de Flowers dizem que não foi exatamente assim: ele assinou um contrato de confidencialidade, equivalente a 1,6 milhão de dólares, para não falar sobre o assunto até o fim da vida.

O xeque, que é dono da maior rede de haras do mundo e através do mundo das corridas de cavalo se aproximou da família real inglesa, não ficou sentando, quietinho, enquanto corria o processo, obviamente com os mais caros advogados do mercado londrino. Mandou espionar, justamente, a chefe da equipe contratada por Haya, Fiona Shakleton, que é membro da Câmara dos Lordes. Seus agentes usaram tecnologia vendida pelo NSO Group, empresa israelense já enrolada na espionagem do saudita Jamal Khashoggi, morto e esquartejado no consulado em Istambul.

Os advogados do xeque tentaram evitar reiteradamente que a espionagem fosse revelada, invocando inclusive a condição de governante estrangeiro de Al-Makhtoum. Perderam. A própria NSO, através de seus representantes, informou ao tribunal que havia detectado um uso “não contratual” do Pegasus, o incrível software que invade qualquer celular no mundo e é vendido para combater terrorismo e outras ameaças à segurança de estado.

Outra revelação de derrubar o queixo: o emir de Dubai tentou comprar um palacete vizinho ao da ex-mulher só para espioná-la melhor. Por causa dessas manobras, Al-Makhtoum foi considerado uma ameaça aos próprios filhos e a enorme quantia destinada a segurança na sentença de divórcio visa a protegê-los do próprio pai.  O juiz Philip Moor disse que, de maneira “única”, a “maior ameaça” à princesa e às crianças provém do próprio xeque e “não de fontes externas”.

As varas de família são extremamente favoráveis às mulheres em processos de divórcio, em especial no que diz respeito à divisão meio a meio do patrimônio e à manutenção do padrão de vida que desfrutavam durante o casamento. Por isso, estrangeiras com residência no país recorrem às cortes de Sua Majestade. Existe até uma expressão, “turismo de divórcio”.

As esposas de oligarcas russos e milionários árabes pegam carona nesse sistema. No processo que era recorde até o de Haya, a mulher do magnata russo do gás Farkhad Arkhmedov, Tatiana, ganhou exatamente 41,5% do seu patrimônio de 1,3 bilhão de dólares. Ele não pagou e a mãe processou o próprio filho, Timur, por conspirar com o pai para esconder a fortuna, um caso de descrer na espécie humana, como tantos outros dessa esfera.

A fortuna pessoal de Al-Makhtoum é calculada em quatro bilhões de dólares, mas obviamente ele e a numerosa família desfrutam também das benesses de estado. O emir, um título equivalente ao de príncipe e comandante, construiu uma cidade-estado cheia de atrações turísticas mirabolantes e vantagens para empresas estrangeiras, um modelo afetado pela pandemia, mas que mira no longo prazo, num mundo pós-combustíveis fósseis.

A modernidade de Dubai convive com o estilo de vida bem tradicional dos muçulmanos mais conservadores, com estrita separação entre os sexos fora da família e mulheres cobertas por um manto negro da cabeça aos pés quando saem à rua. Nos velhos tempos, Haya poderia sofrer a pena capital reservada às mulheres infiéis. Se tivesse continuado em Dubai, provavelmente seria confinada em algum palácio sem nenhum acesso ao mundo exterior – como aconteceu com as filhas rebeldes do xeque, agora aparentemente “reformadas”.

Em Londres, estará livre para desfrutar o dinheiro que o ex-marido, muito contra a vontade, terá que dar. O pacote é vitalício e inclui até 7 milhões de dólares para que a princesa jordaniana, que já foi amazona competitiva, compre e mantenha cavalos de raça. Também vai dar para pagar os morangos, embora seja difícil imaginar como um ser humano gasta mais de dois milhões de dólares nisso numa temporada de férias.

Vilma Gryzinski - Blog Mundialista - VEJA

 

sábado, 15 de agosto de 2020

Enfim uma boa notícia no Oriente Médio, mas tem quem reclame - Blog Mundialista

Tudo de bom: acordo entre Israel e Emirados Árabes Unidos abre uma fase promissora e “tira da pauta” a anexação de territórios palestinos 

“Mensagem de amor de Telavive”. Assim a prefeitura da cidade ilustrou a fachada de luzes nas cores de Israel e dos Emirados Árabes Unidos – os Emirados, para simplificar. Uma semana antes, a  iluminação em forma da bandeira do Líbano, em solidariedade aos mortos na grande explosão do porto de Beirute, provocou reações furiosas. Israelenses de direita consideraram um ato de traição, uma vez que o Líbano continua a não aceitar um tratado de paz com Israel, e libaneses muito mais extremistas reagiram: “Vamos iluminar Telavive com nossos mísseis”. 

O clima completamente diferente que cerca a aproximação oficial entre Israel e os Emirados é um dos raros momentos em que o Oriente Médio produz uma notícia boa. A aproximação é produto de um longo processo de acerto entre interesses comuns. Israel não precisou pagar com a devolução de territórios, como aconteceu com o Sinai reintegrado ao Egito, em 1979.

O retorno de Yasser Arafat e a  transferência de territórios à Autoridade Palestina, em 1994, também envolveu essa “troca de paz por terra”. Foi uma experiência infeliz, fracassada ou condenada na opinião de muitos israelenses, decepcionados com a militarização e os atentados terroristas provocados pelos novos “aliados”. A maioria dos palestinos também se decepcionou por não conseguir o Estado independente que deveria estar na continuidade dos acordos.

Romper o tabu e se acertar com Israel sem ter o interesse premente de uma troca territorial é um passo muito importante não apenas pelo resultado presente como também pelo que antecipa como futuro: a aceitação de Israel como um país “normal”, não uma  entidade odiada a ser varrida do mapa ou, na falta de capacidade para fazer isso, hostilizada e rejeitada.

Por que o entendimento foi recebido com tanta má vontade em vários setores? Primeiro, porque é uma conquista de dois governantes abominados, Donald Trump e Benjamin Netanyahu. O terceiro integrante do acordo, o príncipe Mohammed Bin Zayed,  herdeiro de Abu Dabi e líder do pequeno e rico colar de emirados que foram uma entidade comum às margens do Golfo Pérsico, tampouco é uma flor da democracia e das liberdades fundamentais – ninguém é nessa região do mundo.

Segundo, porque nada é capaz de satisfazer as expectativas dos palestinos e de seus simpatizantes. [as expectativas dos palestinos são simples de satisfazer: querem apenas não ser estrangeiros em sua própria terra, vítimas de invasões de 'agricultores' - colônias de israelenses na Cisjordânia - 'agricultores' que contam com um apoio de um poderoso exército.
o número de mortos na explosão em Beirute, é muitas vezes inferior ao de civis palestinos mortos pelas chamadas Forças de Defesa de Israel - que utilizam aviões de última geração e poderosos blindados, para se 'defender'  de civis palestinos desarmados e em sua própria terra - ou migalhas que lhe foram concedidas.
Israel tem direito a um território, mas, não pode exercer tal direito tomando terras do mais fraco.]

O primeiro-ministro de Israel estava a poucos dias de anunciar a anexação das faixas de território palestino que, na prática, já são anexadas pela presença de enclaves residenciais habitados por judeus.
Como bom negociador, Bibi mais do que insinuou que anexaria também todo o lado ocidental do vale do rio Jordão.

Uma cartada que saiu rapidamente da mesaSobre a anexação das áreas sob controle total de Israel, Bibi sustenta que não foi eliminada  

Em Mundialista - Blog de Vilma Gryzinski - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Bolsonaro diz que tem ‘certa afinidade’ com príncipe da Arábia Saudita e Desrespeito às instituições - Ricardo Noblat - VEJA e

Mohammed bin Salman é acusado internacionalmente de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi



Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 29, que possui “certa afinidade” com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Segundo o presidente brasileiro, “todo mundo” gostaria de passar uma tarde com um príncipe, “principalmente as mulheres”.  Bin Salman, de 34 anos, é filho de rei Salman e é acusado internacionalmente de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.
“Acho que todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres. Vou ter essa oportunidade hoje. Nós dois temos certa afinidade”, disse Bolsonaro a jornalistas na saída do hotel onde está hospedado.

Embora o príncipe herdeiro tente mostrar ao exterior uma imagem de maior abertura nos costumes, as mulheres ainda enfrentam uma série de restrições no país, como a forma de se vestir.  No ano passado, a Arábia Saudita foi o último país a permitir que as mulheres possam dirigir automóveis. E foi somente em agosto deste ano que as sauditas passaram a ter a possibilidade legal de viajar sem a autorização de um homem, como era exigido até então.

Há cerca de um mês, o príncipe também assumiu “total responsabilidade” pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, mas negou ter dado a ordem para que ele fosse morto. “Este foi um crime hediondo. Assumo total responsabilidade como líder da Arábia Saudita”, afirmou durante uma entrevista exibida pela rede de TV americana CBS.
Porém, diversos países acusam Bin Salman pela morte e uma investigação da ONU concluiu que o príncipe herdeiro foi o mandante do assassinato. Crítico ao governo saudita, Khashoggi foi morto dentro do consulado de seu país em Istambul.

O regime da Arábia Saudita ainda é responsável por milhares de mortes no Iêmen, onde lidera uma coalizão regional de apoio às forças pró-governo contra os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos, a maioria civis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 3,3 milhões de pessoas continuam refugiadas, e 24,1 milhões (mais de dois terços da população) necessitam de assistência, afirma a ONU, classificando esta crise humanitária como a pior do mundo.
  Viagem internacional
Nesta terça, Jair Bolsonaro cumpre agenda de reuniões em Riad e participa de um jantar oferecido por Mohammed bin Salman.De acordo com Bolsonaro, que está no país em busca de investimentos, a defesa é a área mais importante nas conversas com os sauditas. “Eles querem investir maciçamente no Brasil”, afirmou.

Outro ponto em discussão envolve o agronegócio. Bolsonaro disse que os sauditas buscam maior segurança alimentar. “O Brasil é um mar de oportunidades e eles descobriram isso. É um novo governo que está transmitindo confiança para eles e que os encoraja a investir no Brasil. Estamos muito bem com a Arábia Saudita.”
A Arábia Saudita é a última parada da viagem oficial do presidente brasileiro pela Ásia, que já teve passagens por Japão, China, Emirados Árabes Unidos e Catar.
 
Estadão Conteúdo

O velho truque de usar o filho como laranja nas redes sociais



O que lhe vem à cabeça quando ouve falar de hienas? O som que emitem e que parece uma risada tétrica? A feiura e o tamanho da cabeça desproporcional ao corpo? Os dentes sempre à mostra? A ferocidade e o costume de atacar em bandos quase sempre à noite? O caráter dissimulado, traiçoeiro? O apetite por comida podre, de preferência roubada a outros animais?

Como você reagiria se fosse comparado a uma hiena? Em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro postou um vídeo que mostra um leão cercado por hienas. O leão é ele. Cada hiena carrega um selo na cabeça: Supremo Tribunal Federal, Ordem dos Advogados do Brasil, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, PT, PSDB, PSL, TV Globo, Folha de S. Paulo, VEJA.

Atacado, exausto, o leão acaba salvo por outro que entra em cena com o nome de “Conservador e Patriota”. Os dois leões confraternizam. A imagem deles cede a vez à imagem da bandeira brasileira. E do centro da bandeira emerge uma foto do presidente Jair Bolsonaro. Diminui o fundo musical para que se ouça a voz de Bolsonaro dizendo: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”.

Com menos de duas horas no ar, o vídeo foi acessado na conta de Bolsonaro pelo menos 1,2 milhão de vezes. Até que foi apagado. Fontes do governo informaram que Bolsonaro mandou apagar. E insinuaram que o vídeo havia sido postado por Carlos, o Zero Três, que tem acesso às senhas do pai. Bolsonaro não manda nos filhos. Mas quer que se acredite que sabe mandar no país. Pai e filho já se valeram do truque em outras ocasiões. Um finge que fez algo à revelia do outro. A depender da repercussão, o outro diz que mandou apagar. Por vezes, sob pressão dos ofendidos, é o pai que manda que o filho apague. Por vezes, é do filho a inciativa de apagar porque o objetivo foi alcançado. No caso do vídeo dos leões e das hienas, os objetivos foram pelo menos dois.

Primeiro, açular os bolsonaristas para que defendam um presidente cercado de inimigos e sob ataque. Segundo, distrair a atenção do país no momento em que são revelados áudios de Fabrício Queiroz, amigo há mais de 40 anos de Bolsonaro, sócio da família no esquema das rachadinhas. Mais um áudio foi conhecido ontem. Nele, Queiroz debocha do Ministério Público Federal
 
Para não dar gosto a Bolsonaro e ao filho vereador, as instituições identificadas como hienas preferiram calar-se. Mas o integrante de uma delas, o ministro Celso de Mello, não se conteve e reagiu à altura. Soltou uma nota onde disse que “o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções”.

A irritação do ministro com o presidente da República vem num crescendo. Antes da eleição de Bolsonaro, Celso de Mello cogitou aposentar-se este ano, embora só fosse obrigado a fazê-lo no próximo ao completar 75 anos. Depois que Bolsonaro tomou posse, Celso de Melo desistiu da ideia. Resistirá no cargo até o fim. E, quando necessário, atirando.




quinta-feira, 25 de julho de 2019

Toffoli determina que Petrobras abasteça navios iranianos no Paraná

Petroleira teme represálias dos Estados Unidos, já que os dois cargueiros parados estão na lista de sanções impostas pelo governo de Donald Trump



O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou em decisão na noite de quarta-feira 24 que a Petrobras deve fornecer combustível a dois navios iranianos que estão parados no litoral do Paraná, sem combustível, desde junho. A petroleira alegava que as embarcações são alvo de sanções dos Estados Unidos e que temia ser punida.

Mais cedo na quarta-feira, o Irã ameaçou cortar as importações do Brasil se a estatal não reabastecer os dois cargueiros. “Se não for resolvido [o problema], talvez as autoridades em Teerã tenham que tomar algumas decisões, porque isso é o livre-comércio e outros países estão disponíveis”, afirmou o embaixador do país em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan. Do outro lado, a Petrobras se recusa a abastecer temendo represálias dos Estados Unidos — ambas as embarcações estão na lista de restrições imposta pelo governo estadunidense.

Toffoli cassou a decisão dada anteriormente pelo STF. Na ocasião, ele mesmo pediu a suspensão da determinação do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), para que os cargueiros fossem abastecidos.  Na nova avaliação do ministro, a possibilidade de represália pelos Estados Unidos é improcedente pelo fato das embarcações iranianas estarem sob contrato com a empresa brasileira Eleva, que fretou os navios e não inclusa na lista de agentes sancionados pelo governo estadunidense. Procurada, a Petrobras informou que ainda não foi notificada sobre a decisão e que ainda tem que analisá-la.

O Irã é o principal parceiro comercial brasileiro no Oriente Médio e o principal importador do milho produzido no Brasil, segundo dados do Ministério da Economia. Somente entre janeiro e junho deste ano, Teerã foi responsável pela compra de 28% desta commodities — o maior porcentual entre todos os parceiros comerciais —, no que se traduz em 470 milhões de dólares.  Além do milho, o país persa foi o terceiro que mais comprou carne bovina brasileira em 2019, atrás somente da China e dos Emirados Árabes Unidos, totalizando 154 milhões de dólares em exportações. Em contrapartida, o Brasil importa apenas 26 milhões de dólares em produtos iranianos, o que representa uma balança superavitária em cerca de 1,3 bilhões de dólares a favor da economia brasileira.

Veja - Estadão Conteúdo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

A cruzada de Francisco

Encontro histórico do papa com dirigentes árabes no palácio presidencial dos Emirados Árabes Unidos foi uma cruzada de amabilidades


Olhando rapidamente, os senhores sentados nas poltronas parecem pertencer à mesma confraria. E, no entanto, um fosso milenar separa os sapatos fechados, o solidéu e, acima de tudo, o crucifixo no peito do papa Francisco das sandálias de couro e do lenço branco na cabeça do xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum (à esq.), governante de Dubai, e de Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi. O encontro histórico do chefe da Igreja Católica com dirigentes árabes no deslumbrante palácio presidencial dos Emirados Árabes Unidos — a primeira visita de um pontífice à Península Arábica, berço do Islã — foi uma cruzada de amabilidades.

A presença de Francisco corroborou o “ano da tolerância” instituído por um regime que está longe disso: acusações de “blasfêmia” e conversão de muçulmanos para outras religiões podem ser punidas com a morte. O papa não deixou de alfinetar os anfitriões: em discurso, disse que “guerra não cria nada a não ser miséria”. E acrescentou, didaticamente: “Penso sobretudo no Iêmen, Síria, Iraque e Líbia” sendo o Iêmen o país onde uma coalizão, da qual os Emirados participam, está matando civis e disseminando a fome. Na volta, em bate-papo com jornalistas no avião, veio a crítica de que o papa fez o jogo dos muçulmanos. “Só dos muçulmanos?”, perguntou ele, rindo e lembrando que sempre o acusam de ser manipulado. Na conversa, Francisco teve outra atitude inédita e corajosa: confirmou as denúncias de freiras atacadas sexualmente por sacerdotes, um tabu no Vaticano.

Publicado em VEJA de 13 de fevereiro de 2019, edição nº 2621

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Religião - Francisco faz primeira visita de um papa ao berço do islamismo

Emirados Árabes Unidos recebe o papa em visita histórica

Essa é a a primeira visita de um chefe da Igreja Católica ao berço do Islamismo



O papa Francisco chegou neste domingo, 3, aos Emirados Árabes Unidos, no que constitui a primeira visita de um chefe da Igreja Católica à Península Arábica, berço do Islamismo. Antes de empreender a viagem aos Emirados, Francisco pediu, ainda neste domingo, que “favoreçam com urgência o cumprimento dos acordos alcançados” para uma trégua na cidade portuária de Hodeida, no Iêmen, crucial para o acesso da ajuda humanitária. A guerra no Iêmen opõe as forças pró-governo, apoiadas no terreno desde 2015 pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, aos rebeldes huthis xiitas, respaldados pelo Irã e que controlam amplas zonas do país, incluindo a capital Sanaá.

O avião do chefe da Igreja Católica chegou ao Aeroporto de Abu Dhabi pouco antes das 22 horas locais (16 horas de Brasília). Antes de sair de Roma, Francisco escreveu no Twitter: “Estou partindo para os Emirados Árabes Unidos. Me dirijo a esse país como um irmão para escrevermos juntos uma página de diálogo e percorrermos juntos os caminhos de paz. Orem por mim!”. A bordo do avião, o papa disse que soube que estava chovendo em Abu Dhabi. “Nesses países é visto como um sinal de bênção”, destacou.

Segundo o programa, esta visita será dominada pelo diálogo entre as religiões. Um encontro inter-religioso internacional está previsto para segunda-feira, 4.
Neste domingo de manhã, ao redor da Catedral São José de Abu Dhabi, os fiéis se aglomeravam perto do local, decorado com as cores do Vaticano e dos Emirados, para conseguir os últimos lugares para a missa papal de terça-feira, 5, que se apresenta como a maior manifestação popular realizada neste país, com a presença de mais de 130 000 fiéis. Com a aproximação da visita, o padre Elie Hachem, que oficia na Catedral de São José, está em êxtase e fala de algo “histórico”. Segundo ele, o papa vem com “uma mensagem de paz”.
Há cerca de um milhão de católicos neste país, adepto a um Islamismo moderado e cuja sociedade é bastante aberta ao mundo exterior. A maioria são trabalhadores asiáticos, que podem praticar a sua religião em oito igrejas.

Os responsáveis da federação não deixaram de insistir no tema de “tolerância dos Emirados Árabes Unidos”, em particular pelo encontro previsto entre o papa e o imã de Al-Azhar, a principal instituição do Islamismo sunita que fica no Cairo, o xeque Ahmed al-Tayeb. Diferentemente do seu vizinho saudita, que proíbe a prática de outras religiões que não sejam o Islamismo, os Emirados Árabes Unidos querem projetar uma imagem de país tolerante.

Não obstante, as autoridades controlam as práticas religiosas e reprimem a contestação política e a exploração da religião, inclusive pelos adeptos de um Islamismo político, encarnado pela Irmandade Muçulmana. Anwar Gargash, ministro das Relações Exteriores, fez alusão a isso neste domingo em um tuíte no qual critica o Catar, boicotado por seu país e três de seus aliados, que o acusam de apoiar islamitas radicais, o que Doha desmente.  O ministro destacou a diferença entre o “mufti do terrorismo”, em referência ao religioso Yusef al-Qardaui, considerado chefe espiritual da Irmandade Muçulmana, que é protegida pelo Catar, e o seu país, que acolhe um dos símbolos de “tolerância e amor”, que são o papa e o imã de Al-Azhar.

A organização Anistia Internacional pediu ao papa que coloque sobre a mesa em Abu Dhabi a questão do respeito aos direitos humanos e criticou que muitos dissidentes permaneçam detidos no país. A Human Rights Watch também pediu neste domingo ao papa que aproveite a sua visita para falar da situação dos direitos humanos no Iêmen, onde os Emirados intervêm militarmente junto com a Arábia Saudita
Desde o início do seu pontificado, o papa viajou a vários países cuja população é majoritariamente muçulmana, como Egito, Azerbaijão, Bangladesh e Turquia. Em março viajará ao Marrocos.


Revista VEJA

domingo, 29 de novembro de 2015

O faroeste é global

“A indústria militar privada tornou-se global, legitimada pelos Estados Unidos” e a "contratação de latino-americanos sinaliza para onde caminham as guerras”

Pouca atenção se prestou à notícia divulgada esta semana sobre mercenários latino-americanos atuando no Iêmen a serviço dos Emirados Árabes Unidos (EAU). 
 Blackwater, a maior empresa militar privada dos EUA, foi contratada por governos do Golfo Pérsico para apoiar a luta dos rebeldes contra Bashar Al-Assad (Foto: Portal Forum)

Compreende-se. São guerras em demasia para acompanhar.  E com protagonistas bélicos da musculatura e retórica de um Vadimir Putin, François Hollande, Barack Obama ou Recep Erdogan, a existência de uma brigada de 1.800 latino-americanos suando no deserto empalidece.

Contudo, a notícia é relevante para se entender o faroeste global em que vivemos. Guerreiros de aluguel existem desde a Idade Média, contratados por monarcas ou cidades-estado, poderosos e papas. Só foram perdendo utilidade com a formação das nações-estado e a criação dos exércitos a serviço da pátria. Ressurgiram com força em tempos recentes depois que muitos países aboliram o serviço militar obrigatório.

Os Estados Unidos, por exemplo, foram buscar no setor militar privado metade do pessoal deslocado para a zona de combate no Iraque. No Afeganistão, essa proporção já está mais próxima dos 70%. Também a Nigéria recorre a mercenários para enfrentar o grupo terrorista Boko Haram e a Arábia Saudita paga sudaneses para lutar no Iêmen.

Há quem garanta a presença de combatentes de aluguel atuando na Ucrânia, sob contrato da Rússia. Além disso, a indústria militar privada protege oficialmente empresas petrolíferas em zonas de conflito e faz as vezes de escudo bélico ou policialesco em países onde forças regulares são omissas, escassas ou sem apetite para morrer.

É o caso dos sete Emirados Árabes Unidos, cuja população é rarefeita e tem em Abu Dhabi e Dubai as vitrines mais ofuscantes de seus petrodólares. Segundo o “New York Times”, data de 2010 a fundação da primeira base a abrigar e treinar tropas estrangeiras de aluguel.  Essa legião estrangeira incluiria panamenhos, salvadorenhos e chilenos, mas, ao que se saiba, nenhum brasileiro por enquanto. Os mais eficazes seriam os colombianos, pela experiência de décadas de enfrentamento com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias (Farc) de seu país. Egressos do Exército colombiano regular, embolsam nos Emirados um salário de cinco a dez vezes maior do que o soldo que recebiam em casa. “A indústria militar privada tornou-se global, legitimada pelos Estados Unidos”, explica o americano Sean McFade, autor de “O mercenário moderno”, “e a contratação de latino-americanos sinaliza para onde caminham as guerras”. McFade serviu na 82ª Divisão Aerotransportada do Exército americano antes de migrar para a Dyn Corporation International, uma das maiores do setor privado.

Conhece bem os dois lados, portanto, e se insurge contra a péssima reputação do setor. Meio ano atrás, quatro seguranças da temida Blackwater, cuja extensa folha corrida de abusos obrigou-a a mudar de nome para Academi, foram condenados a 30 anos de prisão por terem assassinado 17 civis iraquianos em Bagdá, no ano de 2007. Estavam a serviço das tropas americanas, e sua condenação nos tribunais dos Estados Unidos foi recebida com alívio pelos liberais.

Dois anos antes, porém, ocorrera outro tenebroso massacre, também no Iraque, só que praticado por um esquadrão da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais dos EUA. Eles teriam surtado com a morte de um companheiro explodido por uma mina em Haditha, e se puseram a vingá-lo. Ali, na hora. Primeiro fuzilaram os cinco pedestres mais próximos. Em seguida, foram de casa em casa e assassinaram outros 19 civis, alguns com vários disparos à queima-roupa. Entre as vítimas, de 3 a 76 anos de idade, havia um cadeirante.

Julgados em tribunais do Pentágono, todos os envolvidos no massacre foram inocentados exceto um, penalizado com redução da patente e corte no soldo. Conclusão do ex-soldado, ex-mercenário e ex-aluno de Harvard Sean McFate: decorridas quase duas décadas de guerras coalhadas de abusos, nenhum oficial americano até hoje recebeu pena severa.

Há, porém, um aspecto mais sombrio do que a aplicação de códigos de honra, justiça e ética distintos para membros das Forças Armadas e “terceirizados”: o fato de práticas comumente atribuídas a mercenários terem contaminado as fileiras dos exércitos regulares. Nesta guerra global contra o terrorismo que a revista “Foreign Policy” define como “custosa, autoperpetuante, sem rumo e sem fim”, os desvios só tendem a se multiplicar.

Na França recém-saída dos múltiplos atentados terroristas de duas semanas atrás, registra-se um surto de fervor patriótico. As filas de jovens nos postos de recrutamento quintuplicaram: a média de 300 voluntários antes da sexta-feira 13 saltou para 1.500 por dia. Afirmam que o inimigo a abater é o Estado Islâmico, mas poucos saberiam definir o que é, onde fica, o que quer e como vencer esse inimigo. Pior: seus comandantes e o chefe da nação também tateiam.

Saudade dos tempos igualmente ferozes, porém mais simples, da Guerra Civil espanhola. Quisera o mundo de hoje ser tão compreensível como o descrito por George Orwell em “Homenagem a Catalunha”, no qual o escritor relata seu engajamento naquele conflito de ideais do final dos anos 1930. Para lá acorreu uma legião estrangeira desarmada com apenas uma certeza na cabeça: a de se juntar à “luta do povo contra a tirania”. “Era a única coisa concebível a fazer”, escreveu o autor.

Eles vieram de todos os cantos do mundo, trazendo seus nomes consagrados — além de Orwell, Arthur Koestler, André Malraux, John dos Passos, Ernest Hemingway, entre tantos outros. Chegaram e pegaram em armas por uma causa. Todos, em graus variados, emergirem da luta profundamente desiludidos com o que testemunharam nas próprias fileiras. Orwell nunca se arrependeu de ter combatido, apesar da desilusão com o comunismo e do tiro que lhe furou a nuca e por pouco atingiu a carótida.

No atual faroeste de alianças letais e interesses mercenários, é torcer para que esse estado de guerra permanente e sem fronteiras não engula uma geração a mais da que já engoliu.

Fonte: Dorrit Harazim, O Globo


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Petróleo cai ainda mais e ameaça investimentos no pré-sal brasileiro

Baixa do barril ajuda no curto prazo a Petrobras, mas redução não deve chegar ao posto

[ tivemos o MENSALÃO - PT; o PETROLÃO - PT, está em curso mas não acabou. 

Falta ainda: ELETROLÃO - PT = Eletrobras

BRASILÃO - PT = Banco do Brasil

CAIXÃO - PT = Caixa Economica Federal.

anotem e cobrem]

As cotações do petróleo caíram a seus menores valores em quase seis anos. Ainda não se sabe qual será o impacto total da mudança no patamar dos preços para o Brasil, mas especialistas avaliam que o atual ciclo de baixa pode beneficiar o país e a Petrobras no curto prazo, mas não deve se refletir no preço do posto de gasolina. Pior: a queda pode trazer desdobramentos graves para os investimentos para explorar o pré-sal, as maiores reservas de petróleo brasileiras.


Os preços caíram ainda mais após os Emirados Árabes Unidos reforçarem a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não cortar produção para sustentar os valores do produto. Desde junho do ano passado, os preços do petróleo já acumulam queda de 60%. O barril tipo Brent, comercializado em Londres, que antes era cotado a 120 dólares, chegou a ser comercializado, no início desta terça-feira, a 45,25 dólares.

Por um lado, o preço mais baixo do petróleo e derivados alivia de imediato a balança comercial brasileira, já que importamos mais o produto do que o vendemos ao exterior.
Até 2016, o país vai ter um ganho porque temos uma balança comercial deficitária. Exportamos menos do que importamos o produto líquido, que agora vai ficar mais barato. Atualmente, a importação de petróleo e derivados está na ordem de 45 bilhões de dólares, enquanto a exportação não supera os 20 bilhões, gerando um déficit de cerca de 25 bilhões. "Para o próximo ano, projeta-se um déficit bem menor de 7 a 8 bilhões", afirma Walter De Vitto, da Tendências Consultoria.
 
Preço da gasolina
No caso da Petrobras, que domina a importação e distribuição do combustível no mercado doméstico, o benefício está ligado ao controle do preço de combustíveis pelo governo -- ou seja, os preços não flutuam livremente de acordo com o preço da commodity no mercado internacional.

Por anos, a Petrobras amargou perdas, já que a estatal comprava o produto pelo valor internacional e o vendia mais barato no Brasil. Agora, mesmo com a queda do barril do petróleo, o consumidor não deve sentir no bolso o valor dessa redução. Em novembro, quando a trajetória de queda já havia começado, a estatal aumentou os combustíveis nas refinarias. A gasolina teve alta de 3% e o diesel de 5%. De acordo com especialistas, a Petrobras aproveitará o novo preço para recompensar o período que precisou subsidiar o valor para o mercado interno. "A Petrobras aplicou preços do produto abaixo do internacional desde 2011. Agora precisam reforçar os caixas", explica De Vitto.

A longo prazo, porém, as consequências da queda do preço internacional podem alterar os planos de investimentos da petroleira. "A empresa vai ter menos lucro com os baixos preços e deve investir menos. O próprio cenário de problemas internos, com a empresa envolvida nos escândalos da Operação Lava Jato, também aumenta a dificuldade de captar recursos para investimentos. É provável que alguns projetos sejam postergados. Nesse momento, o cenário deve inviabilizar algumas explorações de campos do pré-sal e de outros campos não convencionais onde a produção é muito mais cara", avalia o coordenador do MBA de Petróleo e Gás da Fundação Getúlio Vargas, Alberto Machado.

A Petrobras comemorou neste mês ter se tornado a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo, ao produzir 2,209 milhões de barris/dia, mas o plano de dobrar esse volume até 2020 também deve ser adiado, explica De Vitto. "A expectativa é que a Petrobras corte investimento em exploração no novo plano. O ritmo de investimento será menor, não se sabe se vão abrir mão dessa área do pré-sal, mas é certo que haverá uma redução. Com menor produção, com o produto mais barato e menos investimentos, a arrecadação também será menor", explica.

De acordo com Machado Neto, a queda na arrecadação e produção também pode diminuir o repasse dos royalties do petróleo. "Estados e municípios vão receber menos verbas para os setores de educação e saúde", afirma o especialista.

Limite de queda
Para o coordenador da FGV, o atual ciclo de baixa deve durar ainda algum tempo, mas a queda terá um limite. "Existe um limite para a queda desse preço. Não é sustentável abaixar tanto, pois há uma queda de braços entre produtores e usuários. Há países que dependem da venda para sobreviver e outros da compra. Por isso, não é viável nem deixar subir muito, nem cair tanto", explica Machado Neto.

A desaceleração do crescimento mundial no segundo semestre do ano passado, o aumento da oferta mundial e a valorização do dólar foram algumas das razões para a forte queda do preço da commodity. Porém, o professor de finanças do Ibmec no Distrito Federal José Kobori destaca que a disputa de geopolítica também é um fator predominante na alteração dos valores do produto. "A Opep mudou a regra de apoiar o controle dos preços e fez com que os ofertantes cuidassem desse problemas. Os países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, que não têm grandes custos de extração, conseguirão se sustentar com preços baixos. Por outro lado países como a Venezuela, que tem grande dependência, podem quebrar. É uma briga de poderes", afirma.

Fonte: El País