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terça-feira, 1 de novembro de 2022

O Brasil acaba de desperdiçar mais uma oportunidade - Alexndre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Eleições    

Eu costumava fazer uma palestra chamada “O país das oportunidades perdidas”. Eu contava que meu amigo Osni Branco, lá em Tóquio, me disse: “olha, aqui do outro lado do mundo, a gente percebe que Deus é brasileiro. Porque Deus põe as oportunidades na porta da frente da nossa casa, do nosso Brasil, e nós jogamos fora pela janela dos fundos. E Deus põe de novo, e nós jogamos fora de novo, e põe de novo, e a gente joga fora de novo. Só pode ser brasileiro para insistir tanto em nos dar oportunidades”.

Agora, nessa eleição, perdemos uma grande oportunidade. Nunca o país foi passar de um mandato presidencial para o outro tão “acertadinho”. O desemprego está em queda: já esteve em 14 milhões, está em 8,7%, e chegando a 6% estará perto do pleno emprego.

Além do desemprego, a inflação está em queda, menor que a dos Estados Unidos e da Europa.  
O PIB está em alta, pode crescer mais que o da China. 
A arrecadação está em alta, embora o governo tenha cancelado muitos impostos. 
Contas públicas em equilíbrio com o superávit primário, balança comercial com superávit, balanço de pagamentos com superávit. 
Obras em andamento por toda a parte, rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, pontes, condução de água para o Nordeste. 
E mais: saneamento de estatais que davam prejuízo e agora dão lucro. Ministérios sem a intervenção de partidos políticos, que usavam ministérios e estatais para se abastecer de verbas para fazer campanha política, de desvios, sem propinas, não é?
 
Então, o novo presidente recebe o país nesse ponto. Qual é a oportunidade? Se o outro candidato fosse reeleito, teria uma Câmara de Deputados 73% favorável, um Senado 67% favorável, a maioria dos governadores favoráveis. 
Era o ambiente ideal para fazer todas as reformas que ainda faltam e deixar esse país “acertadinho”. Era isso. Mas o povo decidiu diferente. Jogou fora a oportunidade. Foi por uma minoria, mas a maioria decidiu. O novo presidente já fez um discurso dizendo que vai reconstruir tudo, política, economia, gestão pública, relações internacionais, ou seja, vai refazer tudo. Provavelmente como era 14 anos atrás. Então, não sei se terá ambiente favorável no Congresso, que tem a maioria de centro-direita.
 
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Outra oportunidade era a de botar o Supremo nos trilhos. Agora também não dá mais porque, com o novo presidente, se o Senado, que tem maioria para “impichar” ministro do Supremo, afastar três, por exemplo, o novo presidente vai nomear mais três, além dos dois que ele já vai escolher para substituir Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que chegaram à idade limite. Então, foram oportunidades perdidas de tornar o país melhor.

O que estamos vendo pelo discurso do recém-eleito é que ele quer voltar a fazer aquilo que se fazia antigamente
E ficamos nos perguntando “por quê? O que foi que houve?” O próprio Judiciário foi acusado antes de fazer tudo para afastar o PT do poder. Agora, foi acusado de fazer tudo para afastar a direita do poder. 
 O ativismo do Judiciário só trabalha contra o próprio Judiciário. Foi o que identificou o ministro Fux quando assumiu a presidência do Supremo.

Mas vocês hão de perguntar “como é que aconteceu isso?” Bom, uma explicação é que 26 milhões de eleitores não votaram, se abstiveram. Outra é que 21 milhões de eleitores eram meninos no tempo da maior onda de corrupção do país. Uma loucura. Gente presa, gente condenada, discussões no Supremo sobre mensalão, sobre petrolão, propina, dinheiro de ministério para partido político, dinheiro da Petrobras para partido político, malas de dinheiro da Caixa Econômica... Eram meninos e, na hora de votar, parece que não têm memória disso que aconteceu. Então, se alguém quiser uma explicação, está aí. A diferença foi mínima entre um e outro, mas a maioria decidiu e está decidido. Ponto final.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Impeachment de oportunidade - William Waack

O Estado de S. Paulo

O cenário político não sugere riscos imediatos a Bolsonaro, mas a volatilidade é alta

Trazido por ele mesmo à discussão, o impeachment de Jair Bolsonaro é uma possibilidade de baixíssima probabilidade no momento.A razão está em linha com o principal aspecto da política no Brasil de longa data: o impeachment não é visto como uma questão de princípio, mas, sim, como de oportunidade. 
 
É a oportunidade percebida pelos agentes políticos que faz surgir os motivos, e não o contrário. Soa bastante cínico para quem acredita em princípios na política, e aí reside provavelmente a grande originalidade de Maquiavel: na política é impossível realizar princípios.
 [a pandemia acabando - muitos não querem reconhecer que a pandemia começa a estabilizar em um platô que os arautos do pessimismo consideram alto, esquecem propositadamente que a primeira queda começou com um platô mais alto - e a economia iniciando a recuperação ainda que lenta, Bolsonaro ficará mais firme do que está, consolidando sua popularidade.
Ao ensejo, perguntamos: já atentaram para a besteira que o prefeito paulistano e seu parceiro, 'bolsodoria', estão prestes a fazer?querem usar a segunda dose da CoronaVac, destinada aos que já receberam  a dose inicial, para vacinar outra leva. Se ocorrer algum contratempo e a vacina atrasar,os atualmente felizardos (por terei recebido a dose inicial) passarão ao status de semi vacinados.
Outro absurdo é o cabo eleitoral do Joãozinho Doria, aquele diretor do Instituto Butantan, pretender adaptar o conteúdo do contrato firmado entre aquela farmacêutica e o Governo Federal,às conveniências do governo paulista.
O contrato firmado  estabelece o prazo até maio/21 para o Ministério da Saúde definir se exerce a opção de compra, constante daquele contrato ou se adia.O diretor - Dimas Covas, lembramos - quer que o MS defina agora. Contrato sério ou do tipo 'em cima do muro'?]

Bolsonaro provavelmente tem consciência clara – pois se trata da própria sobrevivência política – de que os interessados em tirá-lo do poder não tem carência alguma de motivos sólidos para montar contra ele um processo político de impeachment. Cumpre, portanto, não criar a oportunidade.  Por enquanto ela está afastada diante do fato de Bolsonaro ter entregue ao Centrão o comando da política – exatamente as forças que ele prometeu nas eleições tirar do mapa. Como se trata de um governo com escasso comando de qualquer programa (qual, aliás?) e norteado apenas pelo princípio da sobrevivência política em nome da reeleição, o entendimento com forças políticas como as do Centrão é bastante conveniente, e fácil.

É o que está acontecendo. Escapar da oportunidade do impeachment não é a única preocupação do atual governo e seu chefe. A outra, igualmente importante, é assegurar algum tipo de continuidade em programas assistenciais num ambiente fiscal sufocante. Considerando o que sempre foi a política brasileira, é fácil prever o que virá.

Confrontados com escolhas políticas difíceis, porém incontornáveis, os governantes (aí entendido o Legislativo) seguirão o caminho do menor esforço. É o da renúncia fiscal para acomodar interesses setoriais (como reduzir impostos sobre combustíveis para agradar a uma plateia que considera importante, a dos caminhoneiros) e aumentar a arrecadação via aumento de tributos – algo que não só o governo federal pratica. 

Atacar a questão fiscal pelo lado do corte de despesas significa não só controlar os chicletes e latas de leite condensado adquiridos pelo governo federal. Significa enfrentar seu maior componente, as folhas de pagamento do funcionalismo, e esta é uma espinhosa questão política para um governo que só pensa em soluções mágicas e adocicadas. Significa mobilizar uma considerável energia política para pelo menos tentar uma reforma tributária que – inevitavelmente – vai bater em setores acostumados a defender seus (legítimos) interesses às custas dos cofres públicos.

Do jeito que a agenda eleitoral de Bolsonaro (assumindo que existisse alguma bem articulada) se deteriorou nos últimos dois anos, hoje não se sabe se o presidente repete um mantra verbalizado por Guedes ou se Guedes repete um mantra cunhado por Bolsonaro. Ambos mantêm discurso razoavelmente afinado, no qual cada vez menos gente acredita, segundo o qual, com a pandemia de alguma forma controlada, a economia se recupera de alguma forma, as reformas (só então) se concretizam de alguma forma e então a reeleição se dará de qualquer forma.

Não é uma aposta descabida, dados o ambiente da política brasileira e a incapacidade até aqui demonstrada pelas forças democráticas centristas de organizar um nome, uma agenda e uma estratégia de ação para substituir Bolsonaro e o que ele representa. [aproveitem para sonhar; logo terão pesadelos em vez dos sonhos idílicos.] Existe um componente enorme de volatilidade nesse cenário de precário equilíbrio. É o fato de que, até aqui, Bolsonaro foi o pior adversário de si mesmo. E a boa vontade de quem por ofício terá de denunciá-lo é muito menor do que as aparências sugerem.

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo 
 

 

domingo, 25 de junho de 2017

Oportunidade para meta de inflação mais baixa

Apesar da crise política, há expectativas bem ancoradas na economia que permitem este corte, chance que Lula teve há dez anos e não aproveitou

Com toda a turbulência política, diante da melhoria nas expectativas conseguida com o teto constitucional de limitação do crescimento dos gastos e uma atuação confiável do Banco Central, por exemplo, tem sido possível evitar-se maiores deteriorações do cenário, pelo menos até agora. Prova disso têm sido as projeções nada catastróficas do Boletim Focus, apuradas semanalmente pelo BC junto a analistas do mercado financeiro. O próprio Banco, no relatório trimestral de inflação, divulgado quinta, espera deflação em junho e taxa anual abaixo da meta de 4,5%. Mesmo com a reforma da Previdência parada na Câmara, a trabalhista está em fase final de tramitação no Senado.

É nesta perspectiva que o Conselho Monetário Nacional (CMN), em reunião marcada para o dia 29, quinta-feira próxima, deverá reduzir a meta de inflação dos atuais 4,5% para 4,25%, a vigorar no período de 2019 a 2021. Pode parecer pouco, mas a sinalização é mais importante que o valor do corte, dentro da missão do BC de ancorar as expectativas. 

Com uma política monetária suficientemente apertada e sinalizações mais claras dadas por seus comunicados periódicos, é que a autoridade monetária trouxe, num período relativamente curto, uma inflação de dois dígitos (10,67%) para abaixo da meta. Houve, é certo, a ajuda do desaquecimento econômico, mas o país passou há pouco, no governo Dilma, pelo pior dos mundos da recessão e desemprego convivendo com alta de preços.

Já passou muito da hora de haver um entendimento neste país para se acabar de vez com a tolerância com a anormalidade de juros altos e inflação, idem. O mundo está saindo com dificuldades de um ciclo de deflação, em que os juros chegaram a ser negativos em alguns países e próximos de zero em muitos outros. Como nos Estados Unidos. No Brasil, eles continuaram na estratosfera, e por falhas dos brasileiros.

Devido a certas mitologias e dogmas religiosos de algumas correntes de pensamento econômico, como as dominantes em Brasília a partir do segundo governo Lula, com Guido Mantega na Fazenda e Dilma Rousseff na Casa Civil. A tragédia que veio depois todos conhecem. Entre eles os mais de 14 milhões de desempregados.

A miopia de se permitir alguma inflação em nome de algum crescimento voltou a ser praticada no Brasil, no governo Dilma, quando ela, infelizmente, praticou o que defendia: interveio no BC, forçando-o a baixar os juros, e o resultado é que a inflação mudou de patamar para a fronteira do limite superior da meta (6,5%) e dali desgarrou de volta aos dois dígitos. E, como previsto, o PIB desacelerou.  Esta miopia, quase cegueira, é que impediu, no segundo governo Lula, em 2007, num momento como o atual, de inflação ancorada em expectativas benignas, que a meta fosse reduzida. Deu no que deu.

Fonte: Editorial - O Globo


segunda-feira, 4 de abril de 2016

O impeachment ou o caos

O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada

Embora o governo já tenha acabado, a presidente Dilma, Lula e o PT se agarram por todos os meios ao poder. Utilizando uma linguagem popular: não querem largar o osso de forma nenhuma!

Os meios são os mais diversos possíveis, apesar de terem uma denominação comum: a ausência de escrúpulos, a falta de pudor e a desconsideração de toda moralidade. Tudo vale, contanto que o aparelhamento partidário do Estado seja mantido e os seus “benefícios” conservados.

Os paparicados de ontem tornam-se os “golpistas” de hoje. A fábrica de destruição de imagens volta a funcionar a todo o vapor, tendo agora como alvos prediletos o vice-presidente Michel Temer e o PMDB. A estratégia é velha conhecida, tendo sido utilizada frequentemente pelo PT. Incapaz de se defender e de dar conta dos seus atos, volta-se para o ataque, atribuindo aos outros os seus próprios feitos.

Por exemplo, culpa o “neoliberalismo” e o “ajuste fiscal” (não realizado, aliás) por uma crise produzida por ele mesmo, graças a tal da “nova (vetusta) matriz econômica”, da irresponsabilidade fiscal, da destruição da Petrobras, do descontrole dos gastos públicos, da tolerância com a inflação e assim por diante. Em uma curiosa perversão, responsabilizam os outros por sua própria irresponsabilidade.

O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada. A corrupção tornou-se um meio de governar. Os escândalos mostram milhões e bilhões de reais sendo apropriados partidária e privadamente em conluio com empreiteiras inescrupulosas. O discurso, no entanto, é o de que, se corrupção há, seria igual em todos os partidos. A lama é atirada em todos para justificar a sua própria sujeira. E, embuste maior, a crise atual teria como responsável o “capitalismo” e a “direita”!

O país ruma para a crise social, com o desemprego aproximando-se de dez milhões de pessoas, em curva ascendente, a inflação próxima de dois dígitos e uma quebra geral de expectativas. A dita classe média ascendente, que acreditou na ficção política petista, está sendo arremessada de volta à sua condição anterior. Saborearam a mudança e, agora, tudo perderam. E qual é o discurso: o PT defende os pobres e o emprego! Haja cinismo!

Politicamente, o governo continua em seu persistente esforço de dividir o PMDB e de destruir a coesão de qualquer partido que se interponha em seu caminho. A hegemonia petista não permite nenhuma alternativa partidária.  Com a abandono amplamente majoritário do PMDB, com alguns fisiológicos mais extremados ainda resistindo, o governo Dilma partiu para uma “repactuação”. Nome bonito que significa apenas uma negociação ainda mais imoral com o baixo do baixo clero dos partidos, que ainda pretendem saquear um pouco mais os cofres públicos. Seria a sua última chance! É a fisiologia em estado puro, sem nenhum disfarce. Haja falta de vergonha!

Ideologicamente, a narrativa petista é a de “resistência ao golpe”, que é nada mais do que uma preparação para a passagem sua à oposição, caso, como tudo indica, o impeachment vingue. O desrespeito à Constituição é manifesto, pois o impeachment é um instituto constitucional. Aliás, o próprio PT saudou o rito deste instituto quando estabelecido pelo Supremo. No passado, defendeu o impeachment do ex-presidente Collor e propôs o impeachment do ex-presidente Fernando Henrique. Para eles, a Constituição é somente um papel descartável, cuja serventia depende unicamente do seu uso partidário.

Considere-se, contudo, a possibilidade de que o governo, em seu afã de sobrevivência e falta de escrúpulo com a coisa pública, consiga um quórum que lhe permita se salvar do impeachment. Imaginem a seguinte situação: graças às suas manobras fisiológicas e outras, o governo teria conseguido impedir que as oposições reúnam os 342 votos necessários, tendo chegado a 340.

Qual seria a legitimidade de um governo deste tipo? Como poderia governar? Como seria capaz de tirar o país do buraco em que ele mesmo o colocou? O amanhã seria de mais crise econômica, mais fisiologismo e corrupção, mais desemprego, mais indignação moral e, talvez, convulsão social. A crise, em suas mais diferentes facetas, só se acentuaria.

O governo Dilma, para além de sua incompetência, foi incapaz de reconhecer os seus próprios erros. O PT, aliás, tem como único mote a sua repetição. Até o ex-presidente Lula, que teve um primeiro mandato sensato do ponto de vista econômico, adotou a mesma bandeira do descalabro fiscal e de destruição das instituições. Hoje teme a prisão, assim como vários de seus companheiros. Se o impeachment não vingar, o país ruma para o caos.

Abre-se, porém, uma oportunidade, a de que o impeachment seja uma operação bem-sucedida, com deputados e senadores voltados para um bem maior que é o país. O desafio diante de nós seria enorme: tirar o Brasil do precipício no qual se encontra.
Trata-se de uma saída constitucional, que preservaria nossas instituições e oferecia aos cidadãos uma real alternativa, não apenas de poder, mas, sobretudo, de futuro. Urge que o país entre em um processo de pacificação e de unificação nacional. O governo atual já se mostrou claramente incapaz de um empreendimento deste tipo. Se ainda procura resgatar esse discurso, é apenas para encenar um fiapo de credibilidade.

Em caso de impeachment, assumiria o vice-presidente, que tem afirmado reiteradamente o seu compromisso com as instituições, com o prosseguimento da Lava-Jato e com um projeto de transformação do país, baseado, precisamente, em um grande pacto nacional.
Isto significa que todos os partidos deveriam ser chamados para colaborar com esse projeto de reunificação nacional. Todos os que ainda estiverem presos aoscargos” e às suas "benesses" deveriam ser deixados pelo caminho, pois escolheram o passado — que está passando rapidamente!

A oportunidade é única. Não podemos perdê-la!

Por: Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul