Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Eu costumava fazer uma palestra chamada “O país das oportunidades perdidas”. Eu contava que meu amigo Osni Branco, lá em Tóquio, me disse: “olha, aqui do outro lado do mundo, a gente percebe que Deus é brasileiro. Porque Deus põe as oportunidades na porta da frente da nossa casa, do nosso Brasil, e nós jogamos fora pela janela dos fundos. E Deus põe de novo, e nós jogamos fora de novo, e põe de novo, e a gente joga fora de novo. Só pode ser brasileiro para insistir tanto em nos dar oportunidades”.
Agora, nessa eleição, perdemos uma grande oportunidade. Nunca o país foi passar de um mandato presidencial para o outro tão “acertadinho”.O desemprego está em queda: já esteve em 14 milhões, está em 8,7%, e chegando a 6% estará perto do pleno emprego.
Além do desemprego, a inflação está em queda, menor que a dos Estados Unidos e da Europa.
O PIB está em alta, pode crescer mais que o da China.
A arrecadação está em alta, embora o governo tenha cancelado muitos impostos.
Contas públicas em equilíbrio com o superávit primário, balança comercial com superávit, balanço de pagamentos com superávit.
Obras em andamento por toda a parte, rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, pontes, condução de água para o Nordeste.
E mais: saneamento de estatais que davam prejuízo e agora dão lucro. Ministérios sem a intervenção de partidos políticos, que usavam ministérios e estatais para se abastecer de verbas para fazer campanha política, de desvios, sem propinas, não é?
Então, o novo presidente recebe o país nesse ponto. Qual é a oportunidade? Se o outro candidato fosse reeleito, teria uma Câmara de Deputados 73% favorável, um Senado 67% favorável, a maioria dos governadores favoráveis.
Era o ambiente ideal para fazer todas as reformas que ainda faltam e deixar esse país “acertadinho”.Era isso. Mas o povo decidiu diferente. Jogou fora a oportunidade. Foi por uma minoria, mas a maioria decidiu. O novo presidente já fez um discurso dizendo que vai reconstruir tudo, política, economia, gestão pública, relações internacionais, ou seja, vai refazer tudo. Provavelmente como era 14 anos atrás. Então, não sei se terá ambiente favorável no Congresso, que tem a maioria de centro-direita.
Outra oportunidade era a de botar o Supremo nos trilhos. Agora também não dá mais porque, com o novo presidente, se o Senado, que tem maioria para “impichar” ministro do Supremo, afastar três, por exemplo, o novo presidente vai nomear mais três, além dos dois que ele já vai escolher para substituir Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que chegaram à idade limite. Então, foram oportunidades perdidas de tornar o país melhor.
O que estamos vendo pelo discurso do recém-eleito é que ele quer voltar a fazer aquilo que se fazia antigamente.
E ficamos nos perguntando “por quê? O que foi que houve?” O próprio Judiciário foi acusado antes de fazer tudo para afastar o PT do poder. Agora, foi acusado de fazer tudo para afastar a direita do poder.
O ativismo do Judiciário só trabalha contra o próprio Judiciário. Foi o que identificou o ministro Fux quando assumiu a presidência do Supremo.
Mas vocês hão de perguntar “como é que aconteceu isso?” Bom, uma explicação é que 26 milhões de eleitores não votaram, se abstiveram. Outra é que 21 milhões de eleitores eram meninos no tempo da maior onda de corrupção do país. Uma loucura. Gente presa, gente condenada, discussões no Supremo sobre mensalão, sobre petrolão, propina, dinheiro de ministério para partido político, dinheiro da Petrobras para partido político, malas de dinheiro da Caixa Econômica... Eram meninos e, na hora de votar, parece que não têm memória disso que aconteceu. Então, se alguém quiser uma explicação, está aí. A diferença foi mínima entre um e outro, mas a maioria decidiu e está decidido. Ponto final.
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que
acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre
política, sociedade e a vida em geral
Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução
“Bolsonaro prepara a sua Grande Mentira no Brasil”, acaba de dizer em sua capa, dramaticamente, uma revista inglesa que já teve fama, no passado, de ser um dos mais potentes faróis do melhor jornalismo de linhagem anglo-saxônica — racional, objetivo e fiel, acima de tudo, à religião dos fatos.
Que tal a declaração acima, como julgamento jornalístico imparcial?
Este é o título do artigo de fundo; daí para a frente, até o ponto final, só piora.
Justamente no momento em que mais de 1 milhão de pessoas, ou só Deus sabe lá quantas, vão para as ruas de todo o Brasildizer, na mais perfeita paz, ordem e respeito à lei,que querem votar em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, a publicação informa que ele prepara um golpe de Estado.
Já está desenganado pelas pesquisas, afirma o texto e, sabendo que vai perder, levanta acusações “sem provas confiáveis” contra a integridade das apurações, com o objetivo de melar os resultados. “Os brasileiros temem”, segundo a revista, que ele incite uma “insurreição” no estilo da invasão do Capitólio por “seguidores de Donald Trump”, após as últimas eleições americanas, ou coisa “talvez pior”.
Que “brasileiros” com medo seriam esses? Não se informa. E como se faria essa “insurreição, na prática?Segundo diz o artigo, Bolsonaro está dando armas aos seus apoiadores. Com “2 milhões” de armas de fogo nas mãos da população em geral, “bolsonaristas poderiam atacar o tribunal eleitoral caso Lula seja declarado vencedor”; eles estão “mais bem armados do que nunca”, informa o texto. O presidente pode contar também com os“400.000” homens da polícia, gente que “gosta de atirar”; uma das razões para esse apoio é que ele “prometeu imunidade legal” aos policiais que “matarem suspeitos”.Essa polícia, de acordo com a revista, poderia se mostrar mais fiel a Bolsonaro “do que à Constituição”; o Exército também. Na mesma balada, revela-se um fato prodigioso, e até agora inteiramente desconhecido dos brasileiros, ou de quem quer que seja no resto do mundo: “45 políticos foram assassinados nos seis primeiros meses de 2022”no Brasil. É mesmo?
Quem são, exatamente, esses políticos assassinados?O artigo não dá nenhuma informação a respeito; apenas diz, imediatamente antes de mencionar essa onda de homicídios, que o presidente “rotineiramente incita à violência”.Conclusão: por tudo isso, e com a desordem, a insegurança e a matança em massa tomando conta das ruas, Bolsonaro vai invocar“poderes de emergência” para “adiar a transferência do governo” para Lula — que é considerado pela revista, é claro, o único ganhador possível e legítimo das eleições que estão aí.
O resto do texto segue na mesma linguagem e com a mesma inteligência de manifesto aprovado em assembleia geral de centro acadêmico estudantil. Bolsonaro é descrito como um possível seguidor do “livro de regras sem princípios” de Donald Trump. Ele “semeia divisão”; o “outro lado”, na sua visão, não é apenas errado — é o “mal”. É um político de “boca suja”,que se elegeu presidente copiando os “truques” de outro homem de “boca suja”, Donald Trump. É “desonesto” no “mau uso” das redes sociais. Constrói uma realidade “paralela”. É uma “ameaça à floresta amazônica”, que estaria sendo destruída a um ritmo “70% mais rápido” do que antes da sua passagem pela presidência. A crítica que Bolsonaro faz a Lula é condenada como sendo “absurda”.
Lula, por sinal, é definido no artigo como um político “pragmático”, que foi um presidente “razoavelmente bom” entre 2003 e 2010.
Não há detalhes sobre as sentenças da Justiça que o condenaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro,nem qualquer menção aos 20 meses que passou na cadeia cumprindo pena; tudo o que se diz a respeito é que ele “nega as acusações” e que o seu caso foi posto de lado pelos tribunais.
Mais: Lula é um “defensor da democracia” e Bolsonaro não é — “por instinto”. Reconhece-se que ele até pode jogar dentro das regras democráticas, mas vive “procurando meios de evadir” as suas exigências. “Os eleitores brasileiros deveriam resistir à atração de um populista desavergonhado”,conclui a revista.
Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as ilegais
Questão de opinião? Opinião não é isso. Opinião, de qualquer um, só vale alguma coisa se estiver baseada na realidade objetiva dos fatos. Senão é apenas repetição de palavras vadias que não preenchem as condições mínimas para serem qualificadas como pensamento — ou, então, é propaganda de maionese barata com pose de análise política. Não há, em todo o artigo, nenhuma tentativa de se aproximar dos fatos. Não se diz que Bolsonaro foi eleito por quase 58 milhões de eleitores — e não por “truques”.
Não há a mais vaga menção à recusa permanente de Lula e do PT em tratarem Bolsonaro como um adversário político — ele é chamado publicamente de “genocida”, de fora-da-lei ou de “inimigo”, na definição de um juiz da suprema corte que faz militância declarada contra a sua candidatura.
Não se menciona, por sinal, a atividade de um STF que usa diariamente a máquina judicial para combater Bolsonaro e seu governo —anula as suas decisões, impede que reduza impostos ou construa ferrovias, e exige, de meia em meia hora, que dê as “explicações” mais extravagantes, sobre qualquer coisa.
Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as claramente ilegais, sem nexo lógico ou de cunho político. Também não desobedeceu a nenhuma decisão do Congresso, nem a qualquer lei ora em vigência do país.
Não se diz que o Brasil tem presos políticos, todos eles aliados ao presidente; é público que um dos seus principais apoiadores está em prisão domiciliar, e que um deputado federal que o apoia ficou preso durante nove meses, além de ser condenado pelo STF a quase nove anos de cadeia.
Como, com todos esses fatos, o Brasil de hoje teria um governo autoritário?
Quem está sendo autoritário aí?
O artigo não menciona o inquérito policial aberto pelo STF contra um grupo de empresários pró-Bolsonaro cujo crime foi falar de política num grupo de WhatsApp— nem da clara e sistemática violação das leis e da Constituição pelo ministro Alexandre Moraes, há mais de três anos, na sua perseguição política a aliados do presidente.
Não há nenhuma referência à atuação repressora do TSE na atual campanha eleitoral — como, por exemplo, a proibição de se exibirem imagens das manifestações de massa do dia Sete de Setembro.
Lula, o homem “pragmático” que fez um governo “razoavelmente bom”, comparou as manifestações a uma “reunião da Ku Klux Klan” — mas é só Bolsonaro, e não ele, que busca a “divisão” do país e que define os oponentes como o “mal”.
O leitor só lê que o presidente destrói a Amazônia. Não é informado que o Brasil reduziu em 25% o total das suas queimadas nos dois últimos anos. Não são números do governo brasileiro;é o que mostra o satélite AQUA M-T da NASA americana, com fotos que estão disponíveis para o público em seu site na internet.
Não se diz que o Brasil vai fechar o ano de 2022 com inflação abaixo dos 7%, um dos melhores resultados na área, em qualquer economia do mundo — e nem que o crescimento estará entre os primeiros.
The Economistnão se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, quetem preguiça de pensar e que obedece a todos os mandamentos do “politicamente correto”
A questão central em tudo isso, obviamente, não são as atribulações atuais da revista The Economist, que publicou o artigo acima. Em quase 180 anos de vida, uma longevidade fora do comum para qualquer publicação deste mundo, o semanário inglês se tornou um monumento ao jornalismo de primeira classe e ao espírito humano. Era o veículo, pelo menos segundo o que sempre se acreditou, dos “tomadores de decisão” mundiais.
Cada parágrafo dos seus textos trazia um desafio intelectual genuíno para quem escrevia — e uma demonstração de tremendo respeito pela inteligência de quem lia.
Hoje não há nem uma coisa e nem outra.The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, entre tantas que há por aí, que tem preguiça de pensar e que obedece de olhos fechados a todos os mandamentos do “politicamente correto” — numa visão do mundo neurastênica, parcial e sem sinais de vida inteligente.
Não fica devendo nada, em termos de neurose e resistência à atividade de pensar, aos melhores editoriais do “consórcio nacional de órgãos de comunicação” a que se resume hoje a imprensa brasileira — ou, então, ao jornalismo do padrão CNN, que diz que o lema da bandeira do Brasil é “Independência ou Morte”, e parece se orgulhar disso. Pode ser triste que as coisas tenham se tornando assim — mas cada órgão de imprensa, em qualquer lugar do mundo, é livre para tomar o caminho que quer, ou que lhe é possível nas condições habituais de temperatura e pressão das sociedades de hoje.
O problema real é a descida de boa parte do jornalismo, através de todo o planeta, ao exercício aberto do totalitarismo.
Não há preocupação em relatar os fatos; ao contrário, danem-se todos os fatos, como neste texto sobre o Brasil.
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral.
Ou você baixa a cabeça para a “linha oficial” ou cai em desgraça.
É proibido achar, por exemplo, que só as mulheres ficam menstruadas, ou que o progresso social vem da liberdade econômica, ou que cada um tem direito a ter ideias individuais; se achar qualquer coisa dessas, o sujeito é um fascista.
Exercer a sua liberdade de ser a favor de alguém como Bolsonaro, então, é crime político, social e moral inafiançável. É obrigatório, ao mesmo tempo, achar que o celular, o carro elétrico e a tela Retina 4,5 Apple com “Touch ID” foram trazidos até você por Che Guevara ou pela luta de classes — e não pelo capitalismo que os deixa tão indignados. É o mundo da “despiora”, do “descondenado” e, no fim das contas, do “desjornalismo”.
É como querer se informar lendo o Pravda da ditadura comunista da Rússia de outros tempos.
O
empreendedorismo é o domínio do instinto. Não é para quem quer é para
quem é. A política e seu produto por excelência na democracia -- a lei
-- é a superação da que rege o instinto e manda todo bicho "usar sua
força para comer o mais possível sempre que a ocasião se apresentar", um
movimento concertado de defesa das presas contra os predadores que
acaba por ser acatado até por esses últimos quando a História os ensina a
pensar adiante da próxima refeição.
A informática
não mudou rigorosamente nada na essência das relações humanas que já
foi bem precisamente sintetizada no adágio de que "o homem é o lobo do
homem". Ela criou uma reprodução matemática do mundo real sujeita não
mais às velocidades e multiplicações do universo da História e do mundo
físico mas às próprias a essa ciência abstrata, o que subverteu
violentamente as noções de espaço e tempo, fundamentos do conhecimento
humano, com implicações altamente disruptivas nas aplicações que daí
decorrem, especialmente as ligadas à produção e à transação de bens e
riquezas e, mais que para todas as outras, para a capacidade de cada
nação de impor leis precisas, estáveis e bem delimitadas como têm de ser
as das raras democracias de fato existentes.
Como sempre,
desde o controle do fogo, do arco e da roda e da domesticação dos
animais, das plantas e dos metais, essa disrupção proporcionou aos
"predadores alfa" da política e da economia explorar os vazios de
regulamentação que se abriram com a violência e o oportunismo que o
instinto lhes pede. Sob a bandeira da "reforma da humanidade" de sempre,
o Google auto-atribuiu-se o direito de mudar as regras do ciclo de vida
da informação espionando, indexando e tornando acessíveis para todo o
sempre os pormenores das manifestações de preferência e trocas de
informações entre cada um dos seres humanos sem pedir licença a ninguém,
ato criminalizado em todas as legislações do mundo para todas as
tecnologias não baseadas em bits.
Em paralelo,
na melhor técnica do malandro que atrai a vítima sempre com a promessa
de benefícios impagáveis, copiou e indexou a informação coletada e
sistematizada por profissionais de todos os campos do saber em todos os
tempos sem pagar direitos a quem trabalhou para produzi-la, outro crime
tipificado para todos os meios anteriores, e entregou o produto desse
saque planetário como um "presente grátis" a quem antes tinha de pagar
por ele, "apenas" em troca da livre espionagem dos hábitos,
preferências, intimidades e roteiros dos consumidores desse "serviço". E
então amealhou uma fortuna indecente vendendo os segredos de cada
eleitor e cada consumidor aos tubarões da política e da economia.
Escancarada a
porta, por lá passaram as boiadas da Amazon e do Facebook, as
"ferrovias" de hoje com seu séquito de robber barons de vida curta,
comprados com baratos bilhões para colocarem-se à salvo sem incomodar ou
concorrer, e todo o resto das mazelas que conhecemos, com as Apples no
fim da fila, explorando nas chinas da vida o trabalho escravo pelo qual
seriam presas em casa e arrastando todos os seus concorrentes para o
mesmo atalho que matou, numa só cajadada, séculos de conquistas dos
trabalhadores nas democracias, tudo sob o silêncio cúmplice da política
podre que finge não entender a exata semelhança entre os crimes dos
donos das big techs e seus caronas de hoje e os dos robber barons de
ontem.
Agora,
montados nos trilhões de dólares amealhados com esse tipo de
"competência", já se sentem fortes o bastante para desafiar as maiorias
de frente com a censura explícita e a incineração virtual dos "hereges"
em autos-de-fé públicos mediante os quais ficam "cancelados" não só das
tribunas a partir das quais a política captura os votos necessários para
deter essa gigantesca falcatrua como também da vida econômica que
migrou totalmente para a reprodução virtual do mundo real.
Em maio de
2014, depois que a Agência de Proteção de Dados da Espanha reassegurou a
um professor o direito de ter o seu passado esquecido, a União Européia
como um todo, mais "freguesa" que proprietária das mega
multiplataformas da internet, restabeleceu o princípio de que o futuro
da vida digital deve ser estabelecido pelas pessoas, suas leis e suas
instituições democráticas e não por qualquer grupo de moleques montados
numa tecnologia nova o bastante para não ser imediatamente compreendida,
em seus meandros e processos, nem pelos seus usuários, nem muito menos
pelos legisladores, o que recoloca nos seus devidos termos a questão
decisiva deste início de 3º Milênio marcado pelo desvio do "capitalismo
de espionagem" (surveillance capitalism) que só pode prosperar com a
morte da democracia.
O atual
impasse prende-se mais à corrupção que às dificuldades técnicas
envolvidas. Não é preciso inventar nada de conceitual ou filosoficamente
novo, como querem fazer crer os enganadores de sempre, apenas submeter
as big techs e suas praças públicas virtuais às mesmas leis que
enquadraram os robber barons do passado e garantem o exercício dos
direitos fundamentais do homem nas praças públicas físicas (à
propriedade, à sua intimidade #ownyourdata, à liberdade de crença e
expressão, ao devido processo, etc.), impondo aos tecnólogos, como
condição para operar seus aplicativos, plataformas e redes, a busca das
soluções necessárias para implementar essas garantias.
Sim, conseguir são outros 500. Mas ser obrigado a tentar é tudo que sempre fez a humanidade andar para a frente...
Quanto ao
gigantismo que desenvolveram violando as leis que todos os seus
concorrentes eram obrigados a cumprir, vale o mesmo princípio. A
democracia se reapresentou ao mundo em 1787 com a missão de evitar a
criação de superpoderes no universo da política com a bandeira de que
somente cada indivíduo tinha o direito de escolher o seu modo de
alcançar a felicidade e definir o que era ou não "fake" para ele em
matéria de pensamentos e crenças, o que lhe deu um impulso inicial
brilhante mas não suficiente.
Na virada do
século 19 para o 20, refém da corrupção gerada pelo seu principal
"defeito de fabricação" que foi a blindagem, ainda que temporária, dos
mandatos dos representantes eleitos contra seus eleitores, acrescentou à
sua lista de objetivos prioritários, mediante o aparato antitruste que
só pôde impor armando a mão do eleitor para dar a palavra final sobre
cada ato dos seus representantes, a prevenção da criação de superpoderes
também na economia privada, o que pôs em cena o único "estado de bem
estar social" que jamais se materializou no mundo real: não o que o
socialismo prometia autorizando o governante de plantão a distribuir
dinheiro alheio entre seus amigos e correligionários mas aquele que
Theodore Roosevelt dotou do moto continuo naturalmente invulnerável à
politicagem da limitação da competência para açambarcar mercados pela
manutenção obrigatória do grau mínimo de competição necessário em cada
setor da economia para obrigar os empreendedores a disputar
trabalhadores aumentando salários e consumidores reduzindo preços, com o
Estado estritamente no papel de árbitro.
Foi esse o
truque simples que fez dos Estados Unidos o que são (estes em que o PIB
do estado de Nova York equivale ao do Brasil inteiro e o dos outros 49
estados é "lambuja" e não aquele que nossa imprensa mostra) e propiciou
que arrastassem a humanidade inteira atras de si para patamares mais
altos de liberdade, afluência e progresso da ciência ao longo de
escassos ¾ do século 20 que os alcançados na soma de todas as centenas
de séculos anteriores.
Agora quer a
horda dos reacionários a volta ao padrão anterior a 1787, com sua igreja
ditando o que é e o que não é "verdade" e calando quem discorda na
marra em nome da "defesa da democracia".
"FAKE"!
A
tergiversação em torno dessa empulhação, do gigantismo das big techs e
de todos os seus nefandos corolários explica-se pelos trilhões
acumulados pelos modernos robber barons, que engraxam tanto os que
correm atras do poder de explorar o próximo pela via da economia quanto
os especializados em faze-lo pela da política, muito mais que por
qualquer dificuldade técnica para corrigir o rumo e aplicar a elas
regulamentos honestos, democráticos e limpos.
Num momento de insegurança sobre a prorrogação da medida provisória do setor ferroviário, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, classificou o programa de autorizações de trilhos privados como o "maior boom ferroviário" da história brasileira. Desde que editou a MP, em agosto, o governo recebeu 23 requerimentos de empresas interessadas em construir e operar novos segmentos, com previsão de cerca de R$ 100 bilhões de investimentos. "Esperávamos num primeiro momento receber seis, sete pedidos de autorização, que imaginávamos estarem mais maduros. Superou muito nossas expectativas", afirmou o ministro durante fala em evento promovido pelo BTG Pactual nesta quarta-feira, 27.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, esse plano, por sua vez, corre o risco de ser inviabilizado até o fim desta semana, já que a MP perde sua validade na sexta-feira, 29. Para continuar em vigor, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, precisa autorizar a prorrogação da medida por mais 60 dias.
A renovação sempre foi considerada importante pelo governo porque a expectativa é de que, ao fim da vigência completa da MP, de 120 dias, a Câmara já tenha dado aval à proposta do novo marco legal das ferrovias, aprovada no Senado neste mês. Dessa forma, não existiria um vácuo na legislação, que geraria insegurança ao setor e as empresas que pediram para construir ferrovias com base na MP.
Ao falar na terça-feira, 26, sobre o assunto, Pacheco afirmou que o Senado busca uma "compatibilização" para que haja tempo para a Câmara apreciar o projeto dos senadores, dando "tempo para a MP, eventualmente com sua prorrogação".
Sem citar o imbróglio, Tarcísio afirmou que o Brasil tem capacidade de alcançar o cenário de ferrovias dos Estados Unidos, em que coexistem centenas de operadores de shortlines(trechos mais curtos de ferrovias, normalmente operados pelo regime de autorização). O ministro também voltou a dizer que, com o regime de autorização, as novas concessões e renovações antecipadas de ferrovias, a participação do modal ferroviário na matriz de transportes vai saltar de 20% a 40% em 2035.
No evento, Tarcísio também ressaltou a estratégia do governo para fortalecer a logística de Mato Grosso, grande produtor do agronegócio brasileiro. Atualmente, o plano envolve a Ferronorte, já em operação; o projeto da Rumo de extensão da malha até Lucas do Rio Verde (MT); a Ferrogrão, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), que o governo tenta tirar do papel; e a Ferrovia de Integração Centro-oeste (Fico). "Vai ter carga para todas essas ferrovias, sair com Fico, Ferronorte, Ferrogrão. Tem demanda para todo mundo", disse o ministro.[Clique e leia: caso FERROGRÃO.]
Complexo
produtivo que junta a agricultura e a pecuária é que segura o
capitalismo na economia brasileira – e por isso mesmo tem sido há anos o
alvo principal das ações mais destrutivas da esquerda nacional
Nenhum setor da economia brasileirafunciona tão bem hoje em dia quanto o complexo produtivo que junta a agricultura,
a pecuária e o mundo de atividades relacionadas à ambas.
É o único
lugar onde o Brasil cresce.
É onde estão os empregos e a renda.
É de
onde vêm as divisas que mantêm em bom estado os sinais vitais do
organismo econômico; é a garantia, há anos, de que não haverá as fatais
“crises de câmbio” e o pesadelo do “controle cambial”. É, direta e
indiretamente, uma fonte vital para a arrecadação de impostos.
O agronegócio,
em suma, é hoje o pau de circo que segura o capitalismo na economia
brasileira.
Por isso mesmo, tem sido há anos o alvo principal das ações
mais destrutivas, e mais deliberadas, da esquerda nacional – presente
nos partidos políticos, nas “organizações sociais” e na própria máquina
do Estado, largamente “aparelhada” em seus órgãos de controle à
atividade rural, no Ministério Público e no sistema judicial como um
todo.
Fora
dos focos habituais de histeria, ninguém mais, na esquerda brasileira,
quer fazer revolução para acabar com o capitalismo, nem promover a “luta
armada”. Um dos seus objetivos centrais, hoje, é destruir o agronegócio
– o grande motor da liberdade econômica, da livre iniciativa e dos
sistemas privados de produção no País.
O instrumento mais eficaz para
fazer isso deixou de ser oMST, ou as invasões de terra, ou o “exército do Stédile”, que o ex-presidente Lula
já ameaçou utilizar em seu benefício. Também não é o evangelho
ecológico, que faz sucesso na classe média das cidades, mas não chega na
colheita da soja. A estratégia atual é agredir a produção rural
brasileira com uma bateria de códigos, regras, leis, controles,
zoneamentos e o resto do arsenal burocrático-legal que pode ser
construído, desenvolvido e operado para travar a economia no campo.
No
momento, por exemplo, o maior produtor de cereais do País – o Estado do
Mato Grosso – está sendo vítima de repetidos ataques por parte dos
“zoneamentos”, tentativas de legislação que atacam diretamente não
apenas a liberdade de cultivar a terra, mas as ferrovias, estradas,
portos, armazéns e todo o resto do sistema econômico no campo.
Não se
pode plantar; se plantar não pode colher; se colher não pode
transportar, e assim por diante. Enquanto ficam falando de CPI,
canonização de Lula e genocídio, é aí que se trabalha de fato contra a
liberdade no País.
Cenário
pós-pandemia exige um novo Bretton Woods, diz a diretora-geral do Fundo
Monetário Internacional
Tempo
de reconstrução No pronunciamento desta quinta-feira, a diretora-gerente
doFundo Monetário Internacional (FMI),
a búlgara Kristalina Georgieva, pediu que a comunidade internacional encare os
problemas da hora com o espírito da Conferência de Bretton Woods. Esse
foi o grande acordo costurado em 1946 nessa minúscula localidade do Estado de
New Hampshire, nos Estados Unidos, em que 44
representantes dos principais países liderados pelos Estados Unidos definiram
as bases econômicas da reconstrução.
Em
1944, a economia mundial estava prostrada em consequência de duas enormes
devastações: a da Grande Depressão dos anos 1930 e a da 2.ª Grande Guerra, de
1939 a 1945. Bretton
Woods restabeleceu a ordem monetária global, ainda baseada no padrão ouro.
Também criou o Fundo Monetário Internacional, para socorrer os países nos casos
de incapacidade de pagamento no mercado internacional, e o Banco Mundial, para ajudar a financiar
o desenvolvimento econômico dos países pobres.
O
momento, disse Georgieva, é de um novo Bretton Woods. E ela enumera os estragos
de um ano de pandemia: “Mais de 1 milhão de mortos, encolhimento de 4,4% no PIB
global e nova queda de US$ 11 trilhões na produção no ano que vem”. E
acrescenta que, neste ano, a pobreza aumentou pela primeira vez em décadas. Apesar
das proporções do desastre, as tarefas de reconstrução são incomensuravelmente
menores do que as que existiam na segunda metade dos anos 1940,quando grande
extensão da infraestrutura e da capacidade de produção foi destruída pelos
bombardeios na Europa e na Ásia.
Não
dá para dizer que vem faltando ajuda. A própria Georgieva comemora a injeção de
US$ 12 trilhões em recursos fiscais por parte dos Tesouros nacionais e de mais
US$ 7,5 trilhões pelos grandes bancos centrais. Se
o momento é de ampla reconstrução, não vai ser preciso reerguer fábricas,
portos, ferrovias e estradas e recuperar tantos campos devastados. Mas é
preciso mais investimento, cuja função será ajudar a aumentar a produção de
riquezas e a criar postos de trabalho.
Se
o momento é de um novo Bretton Woods, também é o de uma mensagem, que na
ocasião foi proferida pelo maior economista do século 20, John Maynard Keynes.
Em 1944, ele pediu um grande esforço de cooperação global, capaz de assentar as
bases para uma nova irmandade entre os povos. Um
dos campos que podem alavancar os novos tempos é o encaminhamento de projetos
de substituição de energia fóssil por energia renovável. O mundo enfrenta hoje
um desastre econômico de natureza ambiental da ordem de US$ 1,3 trilhão. Mas
“podemos chegar a 2050 com zero de emissões de gás carbônico e ajudar a criar
milhões de empregos”, sugere Georgieva.
As
maiores limitações estão no campo fiscal. Em 2021, os países avançados terão
uma dívida acumulada de 125% do PIBe os países emergentes, de 65% do PIB. A
dívida bruta do Brasil se encaminha rapidamente para os 100% do PIB. Mas é
preciso enfrentar esses apertos não como problema incontornável, mas como
obstáculos adicionais a superar. O tempo dirá se esses apelos encontram algum
eco.
Além das incertezas vindas da Argentina, competitividade e meio ambiente estão em foco
Um
fato novo complica o entendimento entre os países do Mercosul. Em abril
a Argentina informou que não mais acompanharia Brasil, Paraguai e
Uruguai nas negociações em curso do Mercosul com outros países, como
Canadá, Cingapura, Coreia do Sul, Líbano e Índia. Mas manteria sua
participação nos acordos, já concluídos e não assinados, com a União
Europeia (UE) e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta). Na
semana passada o governo argentino voltou atrás, num confuso comunicado
em que ressalta ter decidido manter-se nas negociações conjuntamente,
mas sempre levando em conta as sensibilidades dos setores menos
competitivos (industriais).
Embora querendo participar de todos
os trabalhos e demandando a inclusão de cláusulas que resguardem os
interesses argentinos futuros, Buenos Aires não se compromete com a
conclusão das negociações em curso. O chanceler Felipe Solá diz
favorecer um regime de dupla velocidade, em que a Argentina não fica
fora dos acordos, mas quer ter a palavra final sobre como e quando
passaria a fazer parte deles.
Até meados do ano, o acordo
Mercosul-UE deve ser assinado. Como o governo argentino reagirá durante o
processo de ratificação, se forem solicitadas modificações no texto do
acordo, como foi no caso do tratado UE-Canadá? Nuestros hermanos querem
um Mercosul à la carte, o que aumenta a incerteza para todos, pela
insegurança jurídica na aplicação dos compromissos assumidos.
Flexibilização, se houver, tem de ser para todos.
Além dessa
incerteza, menciono duas questões do lado brasileiro para o acesso ao
mercado europeu: competitividade e meio ambiente. Para aproveitar
as preferências tarifárias, os produtos industriais deverão melhorar
significativamente sua competitividade e passar a receber tratamento
isonômico em relação ao produzido em outros países. Sem isso, apesar de a
UE abrir seu mercado com tarifa zero de imediato para 75% de suas
importações, será difícil competir no mercado europeu com produtos
importados de outras áreas, como EUA, China e Coreia. A aprovação da
reforma trabalhista e a da Previdência Social foram avanços importantes
no caminho da modernização do Estado brasileiro.
De modo a que o custo
Brasil seja reduzido, é imperativo serem aprovadas a reforma tributária,
a reforma do Estado e um amplo programa de desburocratização,
simplificação e facilitação de negócios e de melhoria na logística
(portos, estradas, ferrovias). Em paralelo, um eficiente programa de
inovação das empresas e de políticas públicas ajudaria a modernizar a
operação das companhias que produzem para o mercado doméstico e também
exportam. Estudo recente da Fiesp, mostra que a indústria nacional,
antes da pandemia, estava lenta na busca para alcançar o nível de 4.0 –
1,3% tinha investimento em 4.0 (em faturamento).
O segundo
desafio são os compromissos na área de meio ambiente que o Brasil deverá
cumprir. O capítulo de desenvolvimento sustentável, incluído no acordo,
talvez seja o mais desafiador, em vista da atual política de meio
ambiente e mudança de clima do governo brasileiro. A crescente força
política dos partidos verdes nos Parlamentos dos países europeus poderá
representar um obstáculo para a ratificação do acordo caso a atual
política ambiental brasileira não se modifique, como exemplificado pela
crise em relação ao Fundo Amazônico, que resultou na suspensão de
recursos financeiros recebidos da Alemanha e da Noruega. Os compromissos
assumidos pelos países-membros no tocante ao desenvolvimento
sustentável estão incluídos em 18 artigos, que cobrem acordos
relacionados a comércio e meio ambiente, comércio e biodiversidade,
comércio e preservação de florestas, da ONU, além de regras da
Organização Internacional do Trabalho, incluída a Resolução 169, que
trata da exploração de terras indígenas.
O descumprimento dos
dispositivos dos acordos poderá acarretar boicotes e mesmo restrição de
importação de produtos agrícola do Mercosul. São mencionados
explicitamente os principais acordos internacionais, como os derivados
da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da
Conferência Quadro da ONU sobre mudança do clima, da Convenção sobre
Diversidade Biológica, da Convenção da ONU de Combate à Desertificação,
do Acordo de Paris de 2015, de regras da OMC e resoluções de outros
organismos internacionais. Além disso, por insistência da UE, foi
aprovado o princípio da precaução, pelo qual o não cumprimento de
acordos de meio ambiente, energia ou trabalho forçado ou infantil pode
acarretar restrição à importação de determinado produto.
O mundo
mudou e as preocupações com o meio ambiente, a mudança do clima, a
preservação das florestas entraram definitivamente na agenda global. A
falta de informação interna objetiva dos compromissos internacionais
assumidos pelos diferentes governos nas últimas décadas e a crescente
percepção externa negativa sobre as políticas ambientais criam uma
incerteza adicional para o setor produtivo, em especial o do
agronegócio.
Com o fim da covid-19, as questões ambientais vão
ressurgir com toda a força e os governos do Mercosul não poderão ignorar
essa agenda incluída no acordo com a União Europeia.
“Bolsonaro mira não apenas a balança comercial com os
países asiáticos, abalada pela mudança de nossa política externa, mas
atrair investidores para o seu programa de privatizações”
O presidente Jair Bolsonaro embarcou ontem para a Ásia. Sua viagem
deve durar duas semanas e inclui Japão, China, Emirados Árabes, Catar e
Arábia Saudita, países com os quais o Brasil pretende intensificar
relações comerciais. As más-línguas dirão que a crise viajou no mesmo
avião, como costumava falar o então senador Fernando Henrique Cardoso
numa de suas maiores maledicências em relação ao ex-presidente José
Sarney (o que lhe custou sua inimizade), mas isso é uma tremenda
bobagem: Bolsonaro tenta reposicionar geopoliticamente o Brasil, para
melhorar o relacionamento com esses países, abalado por causa do seu
alinhamento automático com o presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump. O retorno a Brasília está previsto para o dia 31.
Além disso, com os mercados conectados on-line e a comunicação
instantânea nas redes sociais, o que pode acontecer é o Brasil amanhecer
com o mercado reagindo às declarações e tuitadas do presidente da
República da mesma forma como a Bovespa reage às bolsas de valores de
Xangai, Tóquio e Hong Kong. Crises já não viajam com o presidente da
República, elas se instalam e se propagam a partir de qualquer ponto,
pelas redes sociais. A viagem é muito importante porque a lógica
ideológica que levou Bolsonaro ao alinhamento com Trump e outros líderes
de direita no mundo, como o húngaro Viktor Orban, não é mais forte do
que os fundamentos da geopolítica. O fato objetivo é que o principal
parceiro comercial do Brasil hoje é a China; e os demais países a serem
visitados, são grandes compradores de nossas commodities. Todos fazemos
parte do que os chineses chamam de a nova Rota da Seda.
A Rota da Seda era uma série de rotas interconectadas pelo sul da
Ásia pelas quais se fazia o comércio da seda entre o Oriente e a Europa,
mas não somente: toda sorte de produtos e especiarias circulavam por
ali, por meio de caravanas de camelos e embarcações oceânicas. Surgiu a
partir do comércio entre as regiões de Chang’an, na China, e a
Antióquia, na Ásia Menor, região disputada por mongóis, turcos e
bizantinos na Idade Média, chegando à Coreia e ao Japão. Era o eixo de
comércio que fomentou a formação de impérios: Egito antigo, Mesopotâmia,
China, Pérsia, Índia e Roma.
De certa forma, teve um papel fundamental para expansão portuguesa e o
Descobrimento. Na Idade Média, o comércio entre Oriente e Ocidente
passava pela Rota de Champagne, que foi interrompida pela Guerra dos 100
anos (1337-1453), entre a Inglaterra e a França. Isso fomentou o
comércio por via marítima entre o Atlântico Norte e o Mediterrâneo, o
que possibilitou o desenvolvimento da indústria naval e do comércio em
Portugal. O resto da história todos conhecem: a expansão marítima
portuguesa, após a Revolução de Avis, com ascensão de sua burguesia
mercantil, levou os portugueses ao Brasil; por meio do périplo africano,
à Ásia: China, Pérsia, Japão e Índia. Veneza e outras cidades italianas
perderam o monopólio do comércio entre nações mercantilistas europeias e
o Oriente.
Infraestrutura Se comércio entre os países do Atlântico, desde então, foi o eixo da
economia mundial até o final do século passado, seu controle levou a
duas guerras mundiais, provocadas pela disputa entre uma potência
continental, a Alemanha, e uma marítima, a Inglaterra. Hoje, esse eixo
se deslocou para o Pacífico e provoca uma guerra comercial entre os
Estados Unidos, a maior potência marítima da atualidade, e a China, a
potência continental que emerge como segunda maior economia do mundo. Do
ponto de vista geoeconômico, o Brasil está no meio dessa disputa, com
um posicionamento robusto do ponto de vista da produção agrícola e
mineral, mas muito frágil em termos logísticos, porque nossa
infraestrutura é voltada para o Atlântico e está sucateada.
Nesse sentido, a viagem de Bolsonaro e sua comitiva mira não apenas
manter e expandir a nossa balança comercial com os países asiáticos,
abalada pela mudança disruptiva de nossa política externa, mas atrair
investidores desses países para o programa de concessões e privatizações
do governo. Os países asiáticos são grandes compradores de nossos
produtos agrícolas e siderúrgicos, além de equipamentos de defesa, como
carros blindados, lança-foguetes e aviões de combate e treinamento, sem
falar no interesse que o novo avião cargueiro multiúso KC-390 da Embraer
desperta entre esses países. Mas o que realmente pode fazer diferença
são os investimentos pesados em infraestrutura, principalmente na
modernização de portos, hidrovias e ferrovias.
[no trato com as 'centrais' o governo Bolsonaro acerta todas (área na qual os filhos não dão palpites). CUT, demais centrais, movimentos sociais e partidos de esquerda, devem ser ignorados, desconsiderados de forma ostensiva e, na sequência, 'neutralizados' por auto desmoralização.]
No dia 14 de novembro de 2018 o presidente da CUT, Vagner Freitas,
participou de ato de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, em
frente à carceragem da Polícia Federal onde o ex-presidente está preso
há dez meses. De camisa de manga comprida rosa claro com um jacaré
bordado no bolso, o dirigente sindical iniciou um jogral, recurso comum
em manifestações de improviso, em que as frases são amplificadas ao
serem repetidas pelo grupo mais próximo de pessoas.
No jogral, com a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffman, ao
seu lado, Freitas declarou: "O Brasil inteiro sabe que houve uma fraude
eleitoral. Bolsonaro foi eleito com 30% do povo brasileiro. Mancomunado
com Moro e com a mídia, mudaram o resultado da eleição. Todo mundo sabe
que Lula seria eleito no primeiro turno. Por isso está preso. Logo,
fique claro que não reconhecemos Bolsonaro como presidente da
República". Funcionário do Bradesco, Vagner foi, aos 46 anos, o primeiro
bancário a ser escolhido para comandar, em 2012, a central que nasceu
metalúrgica junto com o PT e hoje depende cada vez mais de suas bases no
funcionalismo público.
No dia da posse do novo governo, o nome do presidente da CUT encabeçaria
a lista de signatários da carta dirigida pelas seis centrais sindicais
ao presidente Jair Bolsonaro. Na carta, os dirigentes apresentavam suas
credenciais: "Faz parte do jogo democrático investir num amplo processo
de negociação política, que envolva o governo federal, o parlamento, a
sociedade civil e os segmentos organizados, como a via civilizada para
construção de consensos políticos, econômicos e sociais fundamentais ao
êxito de qualquer administração e do desenvolvimento do Brasil". O texto
dirigia-se, ao final, com um protocolo cortês ao presidente empossado:
"Receba nossas saudações classistas e sindicais".
Um mês depois, o presidente da CUT, o secretário-geral da entidade,
Sérgio Nobre, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo, Wagner Santana, seriam recebidos por Hamilton Mourão.
A audiência estava marcada para 11h40 e, no horário rigorosamente
marcado, o presidente em exercício abriu as portas do seu gabinete, no
anexo do Palácio do Planalto, para receber a comitiva. Os demais signatários da carta foram surpreendidos, especialmente porque
a CUT havia participado, três dias antes, de reunião com todas as
centrais para o lançamento de iniciativa conjunta de seus sindicatos de
metalúrgicos para enfrentar a pauta das empresas do setor de adesão às
novas regras trabalhistas. "Fomos tratados de maneira agressiva na
campanha e declarei, sim, que não o reconhecia, mas não é mais o que
penso. Cinquenta e sete milhões decidiram que Bolsonaro é o presidente e
temos que buscar interlocução. Até com a ditadura a CUT conversava".
A aproximação entre os dirigentes da CUT e o vice-presidente da
República foi feita por assessores parlamentares das Forças Armadas no
Congresso antes mesmo da interinidade de Mourão. O presidente da CUT diz
ter encontrado um "chefe de Estado" no exercício da Presidência. A
pauta dos sindicalistas foi da ameaça de Ford e General Motors deixarem o
país à reforma da Previdência. Mourão reconheceu o imbróglio das
montadoras, mas aconselhou os sindicalistas a se aclimatarem aos rumos
da capitalização na Previdência. Não manifestou concordância com nenhum
ponto da pauta, mas valeu-se do encontro para exibir sua diferença com o
titular do cargo no respeito à interlocução com os sindicatos. Na
semana seguinte, ao reconhecer a memória do seringalista Chico Mendes,
ignorado pelo ministro do Meio-Ambiente, Ricardo Salles, o
vice-presidente prosseguiria na toada.
O encontro com os sindicalistas da CUT havia sido marcado para o segundo
dia da interinidade de Mourão como presidente em exercício, mas a morte
de Genival Inácio da Silva, o irmão do ex-presidente, conhecido por
Vavá, adiou em uma semana a agenda. Representantes da central não eram
vistos no Palácio do Planalto desde o impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff. A exemplo do que viria a fazer com Bolsonaro, a CUT tampouco reconhecera
o ex-presidente Michel Temer,o que não evitou que seu governo
aprovasse a reforma trabalhista, que estraçalhou o financiamento
sindical e gerou 15% (298 mil) dos empregos formais prometidos. A
presença da entidade no gabinete de Mourão tampouco evitou que a GM
fosse bem-sucedida no intuito de reduzir benefícios trabalhistas em
troca da promessa de voltar a investir na fábrica.
Ideia de se permitir que empresas privadas toquem
projetos em troca da prorrogação de concessões pode viabilizar a expansão de um
setor estratégico em que o país é carente
Desde que
se rendeu ao rodoviarismo, a partir da década de 50, o Brasil passa por
momentos difíceis causados por este desbalanceamento na estrutura de
transporte. Há efeitos também nos grandes centros urbanos, que se atrasaram na
construção do metrô, e ainda deixaram de conservar e expandir os trens,
dobrando a aposta nos ônibus. Hoje, perseguem o tempo perdido.
O
primeiro choque do petróleo, no início da década de 70, alertou para o fim da
era do combustível fóssil barato. E a Petrobras sequer atendia ao consumo
interno; era a maior importadora individual de petróleo do mundo. Em vão. O
rodoviarismo foi mantido, o país se endividou para queimar combustível
importado e terminou quebrando no início da década seguinte, depois do segundo
choque, sendo obrigado a ir mais uma vez ao FMI.
Há pouco,
ocorreu a greve dos caminhoneiros, que fechou estratégicos entroncamentos de
estradas, e, com isso, dobrou o fraco governo Temer. Como em outras vezes, voltou-se
a criticar a falta de uma estrutura minimamente robusta de transporte
ferroviário. Ao menos
agora, o Planalto deu um passo certo, ao adotar o caminho mais lógico e curto
para, enfim, desobstruir os gargalos para a expansão ferroviária: transferir a
empresas privadas que já operam ferrovias, obras estratégicas que continuam nas
pranchetas. É hora mesmo de ser realista.
Na gestão de Fernando Henrique,
avançou-se na privatização, mas a ampliação da malha jamais deslanchou como
necessário. Com Lula e Dilma, principalmente com esta, tudo andou de lado,
devido ao dogma anti-iniciativa privada. Mesmo quando não havia outra
alternativa, contratos eram feitos, mas a capacidade do setor privado não podia
ser exercitada em toda a sua potencialidade, devido aos preconceitos
ideológicos.
Também
foi assim que obras ferroviárias ficaram sob o controle do PR, dono do
Ministério do Transporte, controlado até hoje pelo ex-presidiário Valdemar Costa
Neto, trancafiado como mensaleiro. Gerou-se muita propina e poucos quilômetros
de trilhos, a depender do caso. As obras
serão tocadas em troca da prorrogação de concessões. Um jogo em que todos
ganham. Dessa forma, por exemplo, a Vale, hoje privada e com grande experiência
no transporte ferroviário, que a ajudou a se tornar um dos maiores exportadores
de minério de ferro do planeta, deverá ficar com a Ferrovia de Integração
Centro-Oeste (Fico), enquanto a MRS Logística poderá executar o antigo projeto
do Ferroanel de São Paulo.
É uma
obra de necessidade óbvia, de apenas 53 quilômetros,que tirará os trens de
carga dos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM),
reduzindo o tempo de trânsito das composições na região da maior cidade do país
e do maior porto, Santos. Pode-se fazer a crítica de que esta não é decisão
para um governo a seis meses do fim. Não procede, porque este é um projeto de
Estado, independe do governante de turno.