Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
É claro que nenhum governo pode apresentar resultados em
um mês. Mas o problema é que está sendo feito um esforço inédito na
história deste país para não se chegar a resultado nenhum
Ministros do governo Lula - Foto: Ricardo Stuckert/Flickr
Não, não é você que não está entendendo direito as coisas.Não, você não
viu este filme antes — e se não consegue achar pontos de contato entre o
terceiro governo Lula e os seus dois governos anteriores é porque não
há pontos de contato entre um e os outros. O fato puro e simples,
embora haja pouco de simples e nada de puro nisso tudo, é que o Lula de
20 anos atrás não existe mais.
É um outro homem que vive hoje no Palácio
do Planalto — e ele está fazendo um governo incompreensível nestes seus
primeiros 30 dias no comando do país.
Os circuitos normais do
pensamento político não estão funcionando.
Está fora do ar, também, a
lógica habitual da administração pública.
O presidente, dia após dia,
repete declarações que não têm nada a ver com nada; a única preocupação
que demonstrou, até agora, é a de manter o Brasil em guerra.
Os
ministros e o resto do primeiro escalão não fizeram um único dia de
trabalho útil de 1º de janeiro para cá; em vez disso, produzem
manifestos. Os sinais vitais da atividade normal de governar estão
frouxos. O sistema, como se diz hoje, parou de responder. [o melhor para o Brasil e para milhões e milhões de brasileiros é que pode piorar e VAI PIORAR - e quem vai produzir a PIORA é o próprio governo Lula.]
O Brasil precisa de emprego, de renda e do investimento indispensável para uma coisa e outra
O principal comprovante da trava geral que o país vive neste momentoé
a recusa do governo em fazer qualquer movimento que possa se conectar
com a ideia básica de produzir.
Nada do que se fez até agora conduz à
produção de um único parafuso — e, como consequência direta e óbvia
disso, não há perspectiva da mínima melhoria em qualquer aspecto da vida
real do cidadão.
Lula e o seu entorno, nas decisões que estão tomando,
agem como se fossem contra a produção — ou, pior ainda, como se não
soubessem o que é produção, e nem como funcionam os circuitos
produtivos mais elementares de uma economia.
É claro que nenhum governo
pode apresentar resultados em um mês; já está muito bom se realmente
fizer alguma coisa que preste em quatro anos, ou pelo menos se não
piorar muito aquilo que se tem hoje.
Mas o problema, visível a cada
gesto do presidente ou de quem manda em algum pedaço do seu governo, é
que está sendo feito um esforço inédito na história deste país para não
se chegar a resultado nenhum, nunca. O Brasil precisa de emprego, de
renda e do investimento indispensável para uma coisa e outra. A imensa
maioria dos brasileiros precisa, desesperadamente, adquirir mais
conhecimento para ganhar mais com o seu trabalho.
Precisa, é óbvio, que
haja mais oferta do que demanda de emprego — a única maneira coerente
para os trabalhadores conseguirem uma remuneração maior do que têm.
Precisa de mais competição para que se possam gerar produtos de melhor
qualidade, em maior escala e a preços menores. Precisa de assistência
médica mais decente da que recebe hoje, de água e esgoto e de mais
proteção contra o crime.
É uma agenda absolutamente básica — e o
governo, até agora, está fazendo questão fechada de só tomar decisões
frontalmente contrárias a tudo isso. É pior do que ficar parado. É andar
para trás.
O governo Lula montou uma equipe de 900 pessoas, nada menos que 900,
para preparar a “transição”. O presidente se orgulhou, a propósito, por
ter começado a governar “antes da posse”. Conseguiu uma licença para
gastar R$ 170 bilhões, já agora, acima do que a lei permite.
E o que foi
feito, na prática, para se conseguir um avanço mínimo, um único que
seja, em relação a qualquer das questões mencionadas no parágrafo
anterior? A resposta é: três vezes zero.
Isso fica comprovado com um
exame elementar, ponto por ponto, de tudo o que o novo governo fez nos
últimos 30 dias.
Um dos principais esforços da atuação pública do
presidente, por exemplo, é procurar uma briga com os militares. Já disse
que “perdeu a confiança” em parte das Forças Armadas, demitiu o
comandante do Exército e, no momento, está perseguindo com demissões até
cabos e sargentos que servem à Presidência e suas vizinhanças.
Que
brasileiro de carne e osso ganha alguma coisa com isso, no mundo das
questões práticas?Nenhum. Na mesma balada, Lula disse que os
empresários brasileiros não trabalham; o empresário,afirmou ele no novo
departamento de propaganda do governo criado dentro da Rede Globo, “não
ganha muito dinheiro porque ele trabalhou, mas porque os trabalhadores
dele trabalharam”. É falso.
Há neste momento 20 milhões de empresas em
funcionamento no Brasil; cada uma tem pelo menos um dono.
Lula está
chamando de “vagabundos”, então, essa multidão toda?
Já tinha dito que
uma parte do agronegócio, atividade essencial para o funcionamento da
economia brasileira de hoje, é “fascista”. De novo:qual o proveito que a
população pode tirar de um insulto gratuito como esse?
O que se tem,
tanto num caso como no outro, é a aberta hostilidade do governo à
atividade de produzir. O recado é: “Você produz alguma coisa? Então o
governo vai tratar você como inimigo, principalmente se o seu negócio
estiver dando certo”.
Que raio de“distribuição de renda”é essa, que transfere
cada vez mais riqueza da população para o cofre do Estado e para as
contas bancárias dos sócios-proprietários do governo?
Para além do palavrório de Lula, essa ira explícita contra o mundo na
produção fica clara na questão dos impostos. Num país de renda média
baixa, que não cresce de forma consistente, em grande parte, por causa
do excesso de impostos que a população paga, o governo quer socar ainda
mais imposto em cima do país — o contrário, exatamente, do que deveria
estar fazendo se estivesse interessado em progresso econômico e
desconcentração de renda.
O ministro da Fazenda já ameaçou: “muita
gente”, disse ele, “não paga imposto” neste país. Sério? Que “muita
gente” é essa? O ministro não diz — e nem poderia dizer, porque não
sabe.
Na verdade, não tem nenhum interesse em saber; seu único propósito
é cobrar mais. É um impulso suicida:
- como, num Brasil que arrecadou R$ 3
trilhões em 2022 nos três níveis de governo, dos quais 2 trilhões
ficaram nos cofres da União, o ministro pode achar que a população está
pagando pouco imposto?
Quanto que ele quer, então? O governo mostra sua
verdadeira cara, em matéria fiscal, numa das principais decisões que
tomou a respeito do assunto nestes seus primeiros dias: não vai dar a
isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, ao
contrário do que Lula tinha prometido na campanha. Deve ser essa a nova
política de “incluir os pobres no orçamento” — eles entram no orçamento,
sim, mas do lado de quem paga.
Do lado de quem ganha estão os artistas
da “Lei Rouanet”.Não há dinheiro para reduzir em um tostão o IR dos
pobres (ou Lula acha que quem ganha R$ 5.000 por mês é rico?),mas já sobrou R$ 1 bilhão para os artistas.
Se está desse tamanho em apenas um
mês, onde vai estar daqui a um ano? Ninguém sabe. O que se sabe,
perfeitamente, é que a pobrada vai continuar pagando. Afinal, eles têm
de estar “no orçamento”, não é mesmo?
Como é possível um cidadão brasileiro ganhar alguma coisa
juntando a sua moeda,que no momento circula dentro de uma inflação
inferior a 6% ao ano,com a moeda de um país que está com a inflação
perto dos 100%?
Não pode haver nada mais hostil à produção de um país do que cobrar
imposto da maneira burra, safada, irresponsável e desproporcional às
condições reais da economia como se faz hoje no Brasil — mas o PT quer
piorar o que já é péssimo. Também não pode haver maneira mais eficaz de
concentrar renda. É o contrário, exatamente, do que dizem Lula, o PT e
os cérebros econômicos da esquerda.
Eles dizem que precisam de mais
impostos para “dar aos pobres”. É mentira. Os pobres ficam com umas
esmolas em dinheiro e um serviço público abaixo da crítica.
O coração
daqueles 3 trilhões mencionados acima vai para o bolso das castas
superiores do funcionalismo público, essas onde se ganha de R$ 30.000
por mês para mais, e todo o monumental sistema de despesas que têm em
torno de si.
A isso se soma o pagamento de juros inevitável para um
Estado que gasta mais do que pode e o universo de parasitas,
aproveitadores e piratas que se cola no governo — empreiteiras de obras
públicas, fornecedores de tudo, beneficiários do BNDES (nacionais e, de
novo, “latino-americanos”), empresários com carteirinha de “amigo” e por
aí se vai.
Que raio de “distribuição de renda” é essa, que transfere
cada vez mais riqueza da população para o cofre do Estado e para as
contas bancárias dos sócios-proprietários do governo? É concentração,
direto na veia, e Lula está querendo concentrar mais.
E o que se pode dizer de outra das realizações mais ruidosas deste
terceiro governo Lula — a “moeda latino-americana”, anunciada de novo
num discurso sem pé nem cabeça que o presidente fez em sua viagem à
Argentina? Como é possível um cidadão brasileiro ganhar alguma coisa
juntando a sua moeda, que no momento circula dentro de uma inflação
inferior a 6% ao ano, com a moeda de um país que está com a inflação
perto dos 100%?
É uma construção impossível — como querer montar uma
casa, numa armação de Lego, com as peças de um tanque de guerra. Lula
diz que “há países” que “às vezes precisam de dólares” para cumprir os
seus compromissos e que a “moeda sul-americana”, aí, iria ajudar. É
mesmo?Vamos tentar entender.
Esse “alguns países” é a Argentina. O
Brasil, que segundo Lula foi totalmente quebrado pelo governo anterior,
tem no momento acima de US$ 320 bilhões em reservas internacionais.
A
Argentina não tem um tostão furado, deve a meio mundo, não paga ninguém e
vive pedindo dinheiro para o FMI, que não quer dar mais — mesmo porque
os seus diretores não querem acabar na cadeia por fazer empréstimos que
não vão ser pagos. Muito bem:
- Lula inventou que o Brasil, que não
consegue cuidar da população brasileira com um mínimo de decência, tem
de dar dinheiro para a Argentina. Como um governo pode criar riqueza
jogando fora os seus dólares? Que diabo os pobres ganham com isso?
O
Brasil, segundo a ministra do Meio Ambiente, tem “120 milhões de pessoas
passando fome” neste momento; Lula, ao que parece, se contenta com “33
milhões”.
Em qualquer dos casos, como um país nesse estado de desgraça
pode emprestar, ou doar, dinheiro a um dos maiores caloteiros da finança
mundial no momento?
Lula disse que tinha “orgulho”do tempo em que o BNDES emprestava
dinheiro, muitas vezes não pago até hoje, para a “América Latina” —
portos, metrôs, gasodutos e outros portentos em países como Cuba,
Venezuela e daí para baixo. Orgulho? Como assim?
Ele teria de ter
orgulho de um BNDES que ajudasse o povo brasileiro,e não do escândalo
de mandar para bolsos estrangeiros dinheiro que pertence à população
deste país.
Lula não explicou, também, o que o Brasil poderia fazer com
os “surs”, ou seja lá o nome que derem à tal moeda, que vai
receber da Argentina em troca dos empréstimos e exportações brasileiras —
comprar coca da Bolívia, talvez?
Não vai conseguir, é óbvio, nem 1
litro de petróleo da Arábia Saudita, ou um rolo de arame farpado da
China; ali a conversa é em dólar.
Também não há nenhuma explicação
lógica para a ideia de montar em meia hora uma moeda internacional.
A
Europa levou 40 anos para chegar ao euro; Lula vai fazer melhor?
É tudo
um disparate gigante. É claro que toda essa história de “moeda
latino-americana”pode ser apenas um biombo para as trapaças de sempre; o
que estão querendo, mesmo, é o dinheiro do BNDES, como já se viu
durante anos. Nesse caso, tudo só fica pior ainda.
Há, enfim, a grande ideia fixa do Lula “modelo 2023” e do seu governo
— a repressão a quem não concorda com ele, e sobretudo a quem não
concorda em público.Quantos empregos o presidente pretende criar no
Brasil com o “controle social da mídia”?
Quantos por cento o PIB vai
aumentar com isso — ou quantos bilhões em investimento produtivo vão
sair daí?
O governo já tinha anunciado seu projeto de mudar o Código
Penal para criminalizar as manifestações de rua que julgar
inconvenientes.
Os crimes de “golpe de estado” e de “abolição violenta
do estado de direito”,previstos no artigo 359 do Código Penal,só podem
ser cometidos, hoje, se for usada violência ou grave ameaça; - Lula quer
incluir nisso os protestos públicos que julgar “antidemocráticos”.
Seu
último feito foi anunciar a criação de uma “Secretaria Nacional de
Promoção da Liberdade de Expressão”, apresentada pelo consórcio da mídia
como um órgão destinado à virtuosa tarefa de “combater a
desinformação”.
É um desvario de classe mundial. Desde quando, na
história humana, a liberdade de expressão precisou ser “promovida” por
um governo?
Como “promover” a livre opinião montando uma equipe de
vigilantes para controlar o que se diz, se mostra ou se escreve nas
redes sociais ou nos meios de comunicação? O que eles vão fazer, ou
tentar fazer, é censura — vão proibir, unicamente isso.
Ou alguém
imagina que vão incentivar a crítica ao governo e aumentar a liberdade
de expressão?
O Lula de hoje e os extremistas, aventureiros e
assaltantes do Erário que controlam todos os postos-chave do governo— e
parecem, cada vez mais, falar e decidir por ele — não têm compromisso
com o mundo das realidades. Ignoram que o Brasil precisa trabalhar para
prover as necessidades básicas de 215 milhões de pessoas. Estão querendo
criar um Brasil só para eles.
André
do Rap foi solto por todos pelos ministros do Supremo e pelos parlamentares
Dizer que a essência da lei que o ministro seguiu ampara a libertação de um bandido como o chefão do PCC é uma demasia
O
ministro Marco Aurélio Mello disse quase tudo: “O
juiz não renovou, o Ministério Público não cobrou, a polícia não representou
para ele renovar. Eu não respondo pelo ato alheio, vamos ver quem foi que
claudicou.” Quase
tudo, porque quem soltou André do Rap, chefão do Primeiro Comando da Capital,
condenado a 27 anos de prisão, foi Marco Aurélio Mello.
Dizer
que essência da lei que o ministro seguiu ampara a libertação de um bandido
como o chefão do PCC é uma demasia. Assim como foi uma demasia sua decisão de
2000, quando soltou o banqueiro Salvatore Cacciola, que viria a se escafeder
(como André do Rap), até ser preso em Monte Carlo e recambiado para Bangu.
Nesses casos, como em outros, iluminou-se na controvérsia.
Como
no crime do Expresso do Oriente, André do Rap foi solto por todos, começando
pelos ministros do Supremo Tribunal Federal que derrubaram a tranca para os
condenados em segunda instância. Foi solto também pelos parlamentares que
votaram um dispositivo escalafobético que permite a libertação de qualquer
pessoa presa preventivamente há mais de 90 dias sem manifestação do juízo pela
prorrogação do prazo. O
ex-ministro Sergio Moro, com sua lógica angelical, diz que nada tem a ver com a
girafa. De fato, ela não saiu do seu zoológico, mas o doutor botou a boca no
mundo com um argumento de má qualidade:a exigência da renovação da preventiva
a cada 90 dias sobrecarregaria os juízes. Quem entende do assunto estima que
são, no máximo, cinco horas de trabalho por mês para um juiz de vara
superpovoada. Foi o juiz Moro quem usou à saciedade o instrumento da preventiva
como uma forma de pena antecipada.[a famosa prisão perpétua à brasileira = prisão preventiva com características de pena de prisão perpétua = se sabe quando começa e não se sabe se, e quando, termina.
Aliás, proibida pela Constituição Federal. Apesar de se tratando de bandido já condenado em duas instâncias, nada mais justo do que usar a condenação ratificada como argumento para estender a preventiva.] O ministro Gilmar Mendes cansou-se de
denunciar essa astúcia. Os
doutores do andar de cima soltaram André do Rap, e corre-se o risco de sobrar
para o andar de baixo. O Brasil tem centenas de milhares de pessoas pobres, em
geral jovens pobres e negros, encarceradas sem condenação. Do jeito que a
libertação de André do Rap entortou, surge a impressão de que para evitar a
“sobrecarga” dos juízes, deve-se apertar o parafuso da preventiva.
Em
sua batalha pela restauração do habeas corpus, o grande Raymundo Faoro,presidente de uma OAB que não existe mais, explicava aos generais que o
instituto não discute o mérito da acusação que há contra uma pessoa, mas uma
ilegalidade pontual na conduta do Estado. Os generais entenderam. André
do Rap não foi libertado porque é inocente, mas porque o STF decidiu que não se
pode prender uma pessoa apenas com uma condenação em segunda instância.
Ademais, a lei diz que os juízes devem se manifestar a cada 90 dias. Não é
muito, sobretudo considerando que o cidadão está na cadeia há três meses. Refrescando
a vida dos magistrados, arrisca-se deixar milhares de pessoas mofando nos
cárceres.
O
caso de André do Rap abriu a porta do armário das idiossincrasias cultivadas
pelos 11 ministros do Supremo Tribunal. O juiz americano Oliver Wendell Holmes
dizia que sua Suprema Corte se parecia com nove escorpiões numa garrafa.
No
Supremo Tribunal Federal há 11. O choque dos ministros Luiz Fux e Marco Aurélio
Mello é apenas um asterisco desse ambiente irradiador de malquerenças.
Lula voltou às ruas pelas mãos do STF, mas continua
enrolado com a Justiça até o pescoço.
Tente, se for possível, desligar um pouco a cabeça da
gritaria que está se ouvindo por aí e procure entender melhor o que significa,
no mundo das realidades, o alvará de soltura que devolveu às ruas o
ex-presidente Lula, após um ano e sete meses de “privação de liberdade”, como
se diz nas varas criminais. Lula está solto, sim, mas e daí?
Há muito tempo um monte de gente pergunta: “E o que vai
acontecer com este país quando o Lula for solto, meu Deus do céu?” Da mesma
forma, embora ninguém mais se lembre disso, o mundo político em peso se
perguntava antes do ex-presidente ser trancado em sua cela de Curitiba: “E o
que vai acontecer se o Lula for preso, meu Deus do céu?”
O ministro Marco Aurélio, por exemplo, achava que iria
acontecer “uma convulsão social”.Os dirigentes do PT prometiam “um banho de
sangue”. O “exército do Stédile” ia invadir as ruas, chegou a ameaçar o próprio
Lula – enquanto elites à beira de um ataque de nervos discutiam em seus salões,
cercados por seguranças de terno preto, que “loucura” seria mandar para o
xadrez um dos maiores gênios políticos que a humanidade jamais havia visto. Não
aconteceu nada na ocasião – o povo ficou rigorosamente mudo. Não está
acontecendo nada agora. [e nem vai acontecer nada anormal;
o único acontecimento será a volta do condenado para a cadeia - cumprir mais uma condenação. O condenado petista, temporariamente fora da cadeia, se considerava uma ideia, na realidade era apenas um 'pum' fétido, que sumiu no ar.]
Lula está solto, sim, como aliás já deveria estar desde que
cumpriu um sexto da sua primeira pena – mas para ser um cidadão ficha limpa e
livre de verdade ainda precisa de muita coisa. Precisa, em primeiro lugar, dar
um jeito para que suas três condenações seguidas no caso do “triplex do
Guarujá” sejam anuladas.
Isso mesmo: o seu problema não tem nada a ver com a “prisão
em segunda instância”, como ficou conhecida a questão que o STF acaba de
decidir, pois ele já foi condenado três vezes nessa história, por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Ao contrário do cidadão realmente livre, além
disso, ele continua inelegível para qualquer cargo público. Também não foi
absolvido de coisa nenhuma, e nem provou “a sua inocência”, como vive dizendo
que vai fazer um dia.
O que o STF decidiu, apenas, é que os criminosos têm o
direito de recorrer em liberdade até o“trânsito em julgado” das suas
sentenças. Para completar, o “Lula Livre” tem mais uma meia dúzia de processos
brabos pela frente, num dos quais, aliás, já está condenado em primeira
instância na 13ª Vara Federal de Curitiba.
“Não respondo a criminosos, presos ou soltos”, disse o
ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, ao ser indagado sobre os
insultos feitos contra ele por Lula após a sua soltura. Se o [temporariamente] ex-presidiário não
lhe agredisse com essas novas injúrias, Moro, provavelmente, não diria nada a
respeito do assunto; não é o seu estilo falar assim. Mas Lula pediu para ouvir
isso – e ouviu. Forneceu a oportunidade perfeita, assim, para ser definido como
realmente é: um criminoso.
Solto, mas criminoso assim mesmo, coisa que só deixará de
ser quando for absolvido das sentenças que já recebeu – e, eventualmente, de
todas as outras que ainda tem pela proa. No mais, continua vivendo no Brasil da
bolha – a bolha de irrealidade que o cerca há anos, onde é bajulado como um
monarca, convive com milionários e na qual ninguém produz um parafuso, nem
conhece o que é um dia verdadeiro de trabalho.
Tanto faz, por enquanto, onde Lula está. Preso, ele não
podia roubar, ou comandar o roubo em escala gigante que marcou seus dois
mandatos de presidente. Solto, também não pode – não enquanto estiver fora do
governo. Tem uma estrada bem longa para chegar lá outra vez.
A
reforma do apartamento tríplex do ex-presidente — que incluiu a
instalação de um elevador privativo — foi paga por uma das empreiteiras
envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras
Bancar melhorias na Casa da Dinda, a residência de Fernando Collor,
no Lago Norte, em Brasília, era uma das muitas maneiras de agradar ao
então presidente, deposto do cargo por corrupção em 1992. A mesma tática
foi e está sendo usada por empreiteiras para demonstrar afeição ao
ex-presidente Lula. Em meados de 2014, depois de quase dez anos de
espera, a ex-primeira-dama Marisa Letícia viajou à Praia das Astúrias,
no Guarujá, para buscar as chaves do apartamento dos sonhos da família. O
refúgio dos Lula da Silva no litoral é um tríplex de 297 metros
quadrados. São três quartos, suíte, cinco banheiros, dependência de
empregada, sala de estar, sala de TV e área de festas com sauna e
piscina na cobertura.
Ah, sim, para um eventual panelaço das elites, o
tríplex tem varanda gourmet no 1º andar. O plano de comemorar o
réveillon no imóvel foi adiado pela decisão de fazer ali uma reforma. O
porcelanato e os acabamentos de gesso foram refeitos, a planta interna
foi modificada para abrigar um escritório e um elevador privativo,
interligando os ambientes do 1º andar com a ala dos quartos, no 2º
nível, e a área de festas, na cobertura. Acompanhada de perto por dona
Marisa, a obra não custou um centavo à família do ex-presidente. Do
primeiro parafuso ao último azulejo, tudo foi pago pela OAS, uma das
empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras.
VEJA teve acesso a documentos e a fotos (em VEJA.com) que detalham a
reforma do tríplex presidencial e mostram que os serviços foram
contratados pela empreiteira. O trabalho foi feito pela Tallento
Inteligência em Engenharia, uma empresa conhecida no mercado por
executar obras de alto padrão em prazos curtos - duas exigências dos
contratantes, mas não as principais. A exigência maior era a discrição.
As investigações da Lava-Jato revelariam meses depois as razões disso.
Iniciada em 1º de julho de 2014, a reforma transcorreu sob medidas de
segurança incomuns. A fechadura da porta de acesso era trocada toda
semana. A reforma da cobertura tríplex chamou a atenção dos moradores do
prédio.
"Nos dias em que eles marcavam para visitar a obra, a gente tinha de
parar o trabalho e ir embora. Ninguém era autorizado a permanecer no
apartamento. Só ficamos sabendo quem era o dono muito tempo depois,
pelos vizinhos e funcionários do prédio, que reconheceram dona Marisa e o
Lulinha (Fábio Luís Lula da Silva, o filho mais velho do ex-presidente)",
disse a VEJA um dos profissionais que colaboraram na reforma. O
ex-presidente Lula esteve no tríplex algumas vezes. O segredo durou até
dezembro do ano passado, quando o jornal O Globo publicou
detalhes de uma investigação sobre a Cooperativa Habitacional dos
Bancários de São Paulo (Bancoop). Controlada pelo PT, a entidade faliu e
deixou 3 000 famílias sem receber seus imóveis. O tríplex destinado a
Lula, com uma das melhores vistas do Guarujá, avaliado em 2,5 milhões de
reais, foi um dos poucos a ser entregues.
VEJA revelou em abril passado
que, depois de um pedido feito pelo próprio ex-presidente a Léo
Pinheiro, executivo da OAS, seu amigo, preso na Operação Lava-Jato, a
OAS assumiu a construção do prédio, que estava parada. Além de Lula,
parentes do tesoureiro petista João Vaccari Neto, também preso,sindicalistas e familiares de Rosemary Noronha, a amiga íntima de Lula, foram contemplados com apartamentos em outros prédios da Bancoop
assumidos pela OAS.
Revelado o privilégio, e diante da repercussão
negativa, desapareceu o entusiasmo da família Lula pelo imóvel.
O ex-presidente passou a negar ser o proprietário do tríplex,embora
admita que sua esposa seja dona das cotas de um apartamento no mesmo
edifício, o Solaris. Não é mentira. É apenas uma meia verdade. No papel,
o tríplex ainda está em nome da OAS. Funcionários da empreiteira
procurados por VEJAconfirmaram que o apartamento pertence aos Lula da
Silva, está parcialmente mobiliado, permanece fechado e está à venda por
2,3 milhões de reais. "Para entrar aí, só com autorização da cúpula da
construtora. Só eles e o Lula têm a chave", disse a VEJA, na semana
passada, um funcionário da própria OAS.
Compre a edição desta semana no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.