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sexta-feira, 14 de julho de 2023

Supremo Tribunal Político - Revista Oeste

Silvio Navarro

Vice-presidente do STF, o ministro Luís Roberto Barroso vai a evento com comunistas e afirma abertamente que o Judiciário ajudou a derrotar o 'bolsonarismo'

 

Flávio Dino e Luís Roberto Barroso, ministro do STF, no 59° Congresso da UNE - Foto: Reprodução/Redes Sociais

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, admitiu nesta semana que o Judiciário atuou politicamente no Brasil contra o “bolsonarismo” — o que, pode-se perfeitamente presumir, inclui o período eleitoral. A afirmação foi feita na quarta-feira, 12, durante o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. Foi a primeira vez que um ministro do STF, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), participou desse tipo de evento, que acontece desde a década de 1940. Nós derrotamos a censura, a tortura e nós derrotamos o ‘bolsonarismo’ para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, disse. “Já enfrentei a ditadura e já enfrentei o ‘bolsonarismo'”, repetiu, quando surgiram vaias da plateia, que o acusava de não ter interferido no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e de suspender o piso nacional de enfermagem no ano passado.

Antes de qualquer análise jurídica sobre o teor da fala, uma pergunta salta aos olhos de qualquer cidadão apto a votar no país: o que um ministro da Suprema Corte fazia com um microfone em punho, num palanque montado por uma organização comandada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB)?  
O presidente Lula, o ministro Flávio Dino (Justiça), o deputado Orlando Silva, relator do projeto de lei da mordaça nas redes sociais, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também foram estrelas do evento.

HISTÓRICO!

O ministro Luís Roberto Barroso está confirmado para a mesa de abertura do 59º Congresso da UNE.
Essa será a primeira vez desde a redemocratização do Brasil em que um ministro do STF participa de um Congresso da UNE.
Serão 5 dias de programações incríveis, vem pro… pic.twitter.com/7fbn8vZa3z— UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES 🎓✊🏿 (@uneoficial) July 10, 2023

➡ Barroso é vaiado e chama estudantes de “bolsonaristas”

“Lutei contra a Ditadura e contra o bolsonarismo”, disse o ministro do STF no Congresso da UNE

Leia no @BlogdoNoblat: https://t.co/FSQUQ0ia6g pic.twitter.com/iHB4kyD8Lw— Metrópoles (@Metropoles) July 13, 2023


O congresso da UNE é uma espécie de festival da extrema esquerda, que acontece a cada dois anos, para eleger a diretoria da organização estudantil. Neste ano, os atos foram espalhados em vários pontos do Distrito Federal — de auditórios da Universidade de Brasília (UnB) ao Ginásio Nilson Nelson, onde esteve a cantora Valesca Popozuda. Alguns temas foram: “A democracia em risco — a luta contra o neofascismo no Brasil”, “Regulamentação das mídias sociais e o combate ao conservadorismo e às fake news“, a “crise do capitalismo ocidental”, questões climáticas e a extensa agenda “progressista”.

Outro detalhe importante é que o discurso de Barroso tem componentes de completa cegueira diante da realidade vivida no país nos últimos anoso que inclui a patrulha do TSE contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Barroso afirmou: “Só a ditadura cassa mandatos, censura e tem presos políticos”. Num dos momentos mais inflamados, ainda disse: “Percorremos um longo caminho para que as pessoas pudessem se manifestar da maneira que quisessem”. Luís Roberto Barroso, ministro do STF, no 59° Congresso da UNE | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em janeiro, o ministro Alexandre de Moraes mandou prender 1,5 mil pessoas por causa dos protestos que terminaram em depredação da Praça dos Três Poderes centenas delas estão usando tornozeleira eletrônica sem terem sido condenadas. 
 Os casos estão sendo analisados com um requinte de ineditismo: o julgamento em lotes de pessoas pela Suprema Corte. Há casos de bloqueio de contas bancárias e retenção de passaportes há meio ano. Outras dezenas de políticos conservadores, jornalistas e influenciadores digitais foram censurados nas redes sociais. 
Uma produção da Brasil Paralelo sobre o atentado à faca contra Jair Bolsonaro foi proibida de ser exibida num episódio marcado pelo voto arrependido da ministra Cármen Lúcia: pode-se caracterizar censura; aliás, é censura, mas vai ser só desta vez. Não foi a última.
 
Paralelamente, deputados da chamada “direita” tiveram os mandatos cassados na Câmara e em Assembleias Legislativas.  
O caso mais gritante foi o do deputado paranaense Deltan Dallagnol, que pagou o preço por ter chefiado a Operação Lava Jato.  
O indígena cacique Serere, teoricamente inimputável perante a legislação, segue preso pelo Supremo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso se colocou como parte ativa da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele falou sobre o tema ao participar de evento organizado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) na quarta-feira 12.

"Derrotamos a censura,… pic.twitter.com/s6khg5N0lK— Revista Oeste (@revistaoeste) July 13, 2023

Tribunal político
O discurso do ministro na festa da UNE tem ao menos dois componentes graves: o uso da primeira pessoa do plural significa que ele falava em nome da maioria da Corte?  
Hoje, ele é o vice-presidente do STF, ou seja, deve assumir o comando da Corte com a aposentadoria de Rosa Weber neste ano. Outro ponto: fere claramente o artigo 2º da Constituição sobre a separação de Poderes. “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, diz a Carta em vigor.

Na quinta-feira, 13, quando a presença do ministro em um ato político ganhou repercussão nacional, o Supremo Tribunal Federal divulgou uma nota dizendo que Barroso, Flávio Dino e Orlando Silva “foram muito aplaudidos — e vaiados apenas por uma minoria — e que a frase ‘nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ se referia ao voto popular, e não à atuação de qualquer instituição”. Acuado, Barroso também divulgou uma nota. “Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima.”

Militância sem freio
Não foi a única fala problemática de Barroso neste mês. Na semana passada, ele afirmou que o Poder Judiciário deixou de ser técnico e passou a ser político. “O Poder Judiciário no Brasil, após a Constituição Federal de 1988, viveu e vive ainda um vertiginoso processo de ascensão institucional. Deixou de ser já há um tempo um departamento técnico especializado. Passou a ser um poder político na vida brasileira”, disse, durante um encontro de presidentes dos Tribunais de Justiça, em Porto Alegre (RS). “Houve mudança na natureza, no papel, na visibilidade, nas expectativas que existem em relação ao Poder Judiciário.”

Nas redes sociais, depoimentos antigos do ministro foram resgatados. Num deles, nos Estados Unidos, logo depois das eleições do ano passado, ele diz para a plateia que “criou-se uma lenda de que o Supremo Tribunal Federal é contra o presidente” e que “o Supremo tem lado político”. Mas, ao ser abordado nas ruas de Nova York, contudo, atacou os “bolsonaristas” com uma das frases célebres da sua carreira: “Perdeu, mané. Não amola”.

Impeachment
A oposição no Congresso Nacional elaborou um pedido de impeachment contra Luís Roberto Barroso. O artigo nº 39 da Lei nº 1079/50, a Lei do Impeachment, diz textualmente:

Se as falas recentes somente do “perdeu mané” ao congresso da UNE forem analisadas à letra da lei, os 81 senadores deveriam decidir se Barroso deve deixar a toga e se candidatar a um cargo político, como qualquer cidadão que não ocupa o cargo de juiz. 
Ele militou em movimentos de esquerda na juventude, é considerado o ministro mais alinhado à cartilha “progressista” e defendeu, como advogado, o terrorista italiano Cesare Battisti. Mas há um imenso anteparo nesse caminho pelas vias do Legislativo.
 
O pedido de impeachment precisa ser analisado inicialmente pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Desde 2019, mais de 80 solicitações do tipo chegaram às mãos dele 60 somente sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes. 
A maioria foi redigida por cidadãos comuns. Nem Pacheco nem o seu principal aliado, Davi Alcolumbre (UB-AP), antecessor na cadeira e que hoje preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), jamais deram seguimento aos casos.

Pressionado pelos parlamentares, Rodrigo Pacheco se manifestou pela primeira vez sobre o tema espinhoso para ele. Disse que a fala foi “inoportuna, inedequada e infeliz”, mas fugiu da palavra “impeachment“.
“Um ministro do Supremo Tribunal Federal evidentemente deve se ater ao seu cumprimento constitucional de julgar aquilo que é demandado. A presença do ministro em um evento de natureza política, com uma fala de natureza política, é algo que reputo infeliz, inadequado e inoportuno. Espero que haja reflexão e retratação, já que está prestes a assumir a presidência da Suprema Corte.”
(Rodrigo Pacheco)

É possível que, depois dessa manifestação de Pacheco, o processo no Congresso Nacional ao menos seja analisado
A outra possibilidade é que seja esquecido na mesma gaveta dos anteriores. 
Mas fica cada dia mais claro para os pagadores de impostos que o Supremo atua a favor de um lado do campo político
Ou, talvez, governe o Brasil em consórcio com Lula.


Leia também “PAC zero”

Coluna de Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 23 de setembro de 2022

O jugo e o jogo - Percival Puggina

Desde a pandemia, nossas liberdades estão sendo crescentemente restritas. O período eleitoral apenas exacerbou as evidências. Há, sobre tudo, um silêncio conivente do poder legislativo que poderia conter tais ocorrências.   

É o jugo. Todos reconhecem a força dos conservadores nas redes sociais. Todos sabem que foi catalisando essas energias que Bolsonaro chegou ao poder. Todos sabem o quanto esse espaço é contraditório com o que diz, ou oculta, o chamado consórcio da velha imprensa.

Eram previsíveis as ações que se seguiram e que hoje nos cerceiam no território sagrado da liberdade de expressão. Tudo começou nas reuniões com as plataformas. Depois, houve a desmonetização dos comunicadores mais influentes. A seguir, o fechamento das plataformas. Por nada, exceto pela razão essencial, foram reduzidos os compartilhamentos. Algoritmos são as novas tesouras da censura, diminuindo drasticamente a propagação dos conteúdos conservadores.

É a democracia e o Estado de Direito em estado impuro. Deltan Dallagnol foi obrigado a apagar um vídeo em que chamava o STF de “casa da mãe Joana”
Bolsonaro não pode mostrar em campanha cenas de atos a que comparece como presidente. 
Lula não só foi tirado da cadeia para concorrer como está autorizado a chamar de genocida a mais alta autoridade do país, chefe de governo e chefe de Estado brasileiro.[só que o STF não pode OBRIGAR o eleitor a votar no ladrão descondenado, mas não inocentado.]

Aliás, perdeu-se no Brasil o senso de proporção, algo que se começa a aprender na tabuada do 10... É bom lembrar, então, aos cérebros encolhidos pela ideologia, que quem fala na ONU, quem representa o Brasil é, o Presidente. Ministros dos tribunais superiores só falam por suas cortes em eventos internacionais entre seus iguais.

Enfim, estamos precisando um estatuto do eleitor conservador, com garantia mínimas de direitos, antes que nos mandem para Cuba. Ou terminem de fazer uma Cuba aqui, só para nós. [não conseguirão; não conseguiram em 35, nem em 64 e perderão sempre que tentarem.]

Para nos livrarmos do jugo, precisamos jogar o jogo. E ele está acontecendo. Quanto maiores as dificuldades, maiores as responsabilidades que sobre nós recaem.

Que Deus abençoe o Brasil e os brasileiros. E nos livre de todo mal.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 30 de agosto de 2022

Virou vício. - Percival Puggina

Há quatro anos, os inimigos do presidente constroem narrativas, maximizam seus erros e escondem suas realizações. Para todos os ataques, os grandes veículos da imprensa brasileira proporcionam vasta propagação nacional e internacional.  
De sua parte, ele só dispõe de uma live semanal disponibilizada pela Jovem Pan e limitada à audiência desse veículo, naquele horário.

Diante de tal realidade, o debate  da Band, com oportunidade de contestação, de revide e até de uma possível tréplica em direito de resposta deve ter sido, até mesmo, objeto de euforia. Deu-lhe oportunidade de falar através de canais até então bloqueados.

Foi nessa perspectiva que assisti os dois eventos midiáticos transcorridos no atual período eleitoral. 
Eles tornaram evidente o que era previsível. 
O jornalismo militante se tornou marqueteiro do PT. 
Na entrevista contra Bolsonaro, porque foi isso o que aconteceu, a ordem da Globo era fazê-lo sair do estúdio num ataúde político. 
No entanto, o presidente saiu mais vivo do que antes e a empresa tão reprovada e relegada por sua antiga audiência quanto vem fazendo questão de se tornar.

Dois dias mais tarde, a mesma Globo descalçou as chuteiras, vestiu as sandálias da humildade franciscana e entrou direto na campanha de Lula. William Bonner só faltou vestir estola sacerdotal, conceder a Lula absolvição plenária e enunciar um solene “Vai em paz e não tornes a pecar”.

O jogo eleitoral será muito pesado porque a política ficou assim desde que esquerda encontrou um opositor disposto a enfrentá-la e a derrotou nas urnas. 
Tudo que veio depois de 2019 é consequência. 
A agressividade entre os participantes da disputa, portanto, é mera continuidade e veio para ficar. 
Não foi trazida nem provocada por Bolsonaro pois sendo o alvo natural de todos, é o menos interessado nela.

Surpresa Zero, também, no debate da Band. O que realmente esteve deslocado no evento foi a performance dos jornalistas que dirigiram perguntas aos candidatos. Fosse quem fosse o interrogado, a questão proposta era um libelo acusatório ao presidente para ser comentado pelo oponente da vez.

Nada incomum para quem acompanha o noticiário. Qual tem sido a tarefa cotidiana das redações? 
 Quatro anos disso e ninguém mais sabe fazer o básico da profissão. Virou vício. 
Então, algo importante como um debate presidencial vira instrumento para a repetição de chavões, etiquetas e narrativas decoradas e já vulgarizadas pela oposição. É como se o jornalismo, que já era militante, prestasse serviço aos marqueteiros do candidato que não pode sair à rua.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 26 de maio de 2019

Manifestação errada em hora inadequada

Mobilização de bolsonaristas amanhã em nada ajuda o governo nos desafios políticos

O presidente Jair Bolsonaro diz que não irá às manifestações de amanhã, alegadamente para defendê-lo e a seu governo de um suposto avanço da esquerda, demonstrado pelas passeatas em defesa da Educação. As derrapagens do governo no MEC criaram mesmo um chamativo pretexto. Mas não havia apenas a cor vermelha nas passeatas.

O estranho é fazer manifestação como se estivéssemos em período eleitoral. Diante da evidência de que o movimento foi criado a partir das redes sociais, por onde transitam frações da extrema direita e suas propostas radicais, inconstitucionais, o presidente, que teria chegado a admitir comparecer, recuou. Seria uma sandice ir. Ele mesmo, em viagem ao Paraná na quinta-feira, criticou quem planeja levar às ruas pedidos de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Em café da manhã, também quinta, com jornalistas, para o qual O GLOBO não foi convidado, o presidente afirmou que quem defender essas palavras de ordem no domingo “estará na manifestação errada”. Fechar instituições republicanas é “golpe”, o que também era defendido pelo lulopetismo quando pregava a convocação de uma ilegal “Constituinte exclusiva”, para alterar a Carta sem quorum qualificado, ao seu bel-prazer. [a constituição 'cidadã', atrapalha em muito a governabilidade, desce a detalhes que em vez de esclarecer abrem espaços para mais questionamentos - salvo engano é a segunda ou terceira maior constituição do planeta - tem um artigo que precisa ser reduzido ou até mesmo excluído (claro, por uma Constituinte com poderes para legais para tanto) o famoso artigo 5º que só concede DIREITOS sem a contrapartida dos DEVERES.


Do começo ao fim aquele artigo permite praticamente tudo e o que não está permitido pode passar a ser, bastando uma interpretação ampla do termo 'direito individual'.

Talvez esteja sendo exagerado neste exemplo, mas se um individuo decidir defecar (por exibicionismo, protesto, ou mesmo alguma desordem mental) em plena praça pública - tipo na Praça dos Três Poderes em Brasilia, ou em frente ao Monumento dos Pracinhas no Rio ou em outros locais - e por acaso seja preso, alegando ofensiva ao pudor (apesar daquele grotesco episódio no carnaval de rua deste ano, a golden shower, que foi visto como normal e até aplaudido nas redes sociais) há risco da matéria ir parar no Supremo e lá decidirem que defecar é um direito individual e pode ser exercido sem restrições e quem reclamar será preso pela prática de crime inafiançável, imprescritível, etc, etc.
Sempre oportuno lembrar que estamos no Brasil, onde a Suprema Corte é chamada a se manifestar até sobre o uso de banheiros unissex, públicos,  por crianças adultos.].

Mas, mesmo com todos esses inconvenientes é a CONSTITUIÇÃO vigente e tem que ser cumprida.]

O presidente comparou este tipo de manifestação com as que têm sido arregimentadas pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro, isolado no poder, até agora sob a proteção da cúpula militar. E aplaudido por claques de beneficiados pelo assistencialismo estatal, enquanto o país dissolve.  Em vez de gastar tempo e energia num ato extemporâneo, os bolsonaristas devem procurar entender que o jogo político é travado no Parlamento, onde são negociados projetos. Quem costuma ir às ruas é a oposição, que se mobiliza em momentos críticos, de impasse. Não é o que acontece.

Transita pelo Congresso um projeto de reforma da Previdência, crucial para a economia enfim se livrar de travas fiscais. É uma tarefa de que a classe política se esquiva há pelo menos 25 anos, desde que Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente, com propostas reformistas. Uma delas, a previdenciária. Não teve condições de aprová-las como gostaria. Depois, vieram Lula e Dilma, ideologicamente contrários ao ajuste das contas públicas, por acharem que ele seria feito contra os “pobres”, grave engano. Mesmo assim foram forçados a avançar alguns passos em mudanças na previdência dos servidores públicos. A hora, portanto, é de o governo e aliados atuarem no Congresso para viabilizar mudanças que se tenta fazer há um quarto de século.

A própria bancada do PSL, partido do presidente, precisa entender o que se passa. A foto publicada pelo GLOBO, de deputados pesselistas gravando “lives” no plenário da Câmara, simboliza a dessintonia entre bolsonaristas e a realidade. Redes sociais podem ter ajudado na campanha. Mas não auxiliam a governar.


 Editorial - O Globo



terça-feira, 9 de maio de 2017

Adeus, Lula

Na Presidência, ele adotou como lema ter como princípio não ter princípio, repetindo o método de dirigente sindical

Luiz Inácio Lula da Silva é um fenômeno político. Disso ninguém pode duvidar. Afinal, venceu as quatro últimas eleições presidenciais. Hoje, é de conhecimento público que, especialmente, nas eleições de 2006, 2010 e 2014, movimentou verdadeiras fortunas comprando aliados antes e durante o período eleitoral, além de ter efetuado as campanhas publicitárias mais caras da história eleitoral brasileira. Mas só isso — que já é muito — não justificaria as quatro vitórias e alguns momentos, como no segundo governo, quando obteve índices recordes de popularidade.

Como explicar o sucesso de Lula? É produto dele próprio ou também de características específicas do Brasil, principalmente após o processo incompleto de redemocratização? Lula surgiu no mundo político como um líder sindical que negava a política. Mais do que isso, nas suas primeiras entrevistas, na segunda metade dos anos 1970, chegou a satanizar a política. Serviu, naquele momento, para barrar um processo de politização dos sindicatos que os aproximava da esquerda tradicional, representada pelo Partido Comunista Brasileiro, ou de correntes à esquerda que tiveram origem em divisões no velho PCB, desde os anos 1960.

Saltando do mundo sindical para a política partidária, liderou a fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Teve papel marginal nas eleições diretas para os governos estaduais, em 1982. Para o Congresso Nacional conseguiu eleger apenas oito deputados federais e nenhum senador. As mudanças que estavam ocorrendo no país passavam ao largo da sua liderança. Lula era mais um personagem folclórico do que um relevante ator político.

Mesmo dobrando a representação parlamentar petista na Constituinte, Lula teve atuação apagada. Em momento algum se sobressaiu em algum debate. Faltou a diversas sessões. Não deixou sua marca em nenhum dispositivo constitucional. Foi, apenas, um espectador privilegiado nas discussões. Inexiste registro de algum discurso que tenha sensibilizado os constituintes. Pelo contrário, nos anais da Constituinte encontram-se diversos deputados petistas que tiveram participação expressiva nos trabalhos, como Plínio de Arruda Sampaio.

Na campanha presidencial de 1989 adotou um figurino de esquerda
. Como confessou, anos depois, tinha uma plataforma de governo descolado dos novos ventos que estavam soprando no mundo após a queda do Muro de Berlim. Lula não acreditava no que dizia. Mas sabia que isto poderia dar um capital político para ser explorado no futuro. Repetiu à exaustão nas campanhas de 1994 e 1998 a cartilha esquerdista. Não tinha chance de vitória, portanto, não se preocupava com a aplicação prática do que propalava aos quatro ventos. Era puro oportunismo com o objetivo de ocupar o espaço político à esquerda e se transformar aos olhos da direita no seu grande opositor.

Quando veio a campanha de 2002, Lula aproveitou para vestir um novo figurino, mais à direita, como se algum dia tivesse acreditado na cartilha esquerdista. Apresentou a mudança como um símbolo de modernidade. Ocupou o vazio político deixado por Fernando Henrique Cardoso, que pouco fez para eleger seu sucessor — é inegável o desinteresse de FHC na eleição de 2002, pouco ou nada realizou pelo candidato Serra e demonstrou, após o término do processo eleitoral, satisfação pela eleição de Lula.

Na Presidência, Lula adotou como lema ter como princípio não ter princípio, repetindo o método utilizado quando foi dirigente sindical. Só que tendo um imenso poder. Buscou cooptar o Congresso Nacional e as cortes superiores de Brasília. Conseguiu. Comprou apoios e vaidades. Superou a crise do mensalão. Desmoralizou as instituições democráticas. Usou do aparelho de Estado como se fosse propriedade privada, sua propriedade. Fez do contato direto com o povo seu grande instrumento político, eficaz numa sociedade invertebrada, como a nossa. E contou com o auxílio da oposição parlamentar — especialmente do PSDB —, frágil, pouca combativa e que temia enfrentá-lo no Congresso, nas ruas e até no voto.

Sua forma de fazer política foi um grande salto para o passado. Retroagimos como nunca na história recente brasileira. Aparentando ser o novo, Lula deu novamente enorme poder aos coronéis, ampliou as antigas formas de obter apoio parlamentar e estabeleceu o maior esquema de desvio de recursos públicos da História, o petrolão. Acabou legitimando a corrupção através da sua popularidade.

Em 2010 e 2014, conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua preposta. Demonstrou um poder nunca visto na nossa História. Contou com o apoio entusiástico do grande capital espoliador. Foi considerado um estadista, um político insubstituível — até por jornalistas experientes. Mesmo com denúncias de suas mazelas, nada parecia abalá-lo. Tudo começou a ruir em 2014 com a Operação Lava-Jato. Nestes três anos o país ficou estarrecido com as revelações do petrolão e da participação de Lula como “o comandante máximo da organização criminosa,” na definição do Ministério Público Federal.

Hoje, a decadência política de Lula é inegável. Não passa de um réu temeroso de ser condenado a regime fechado — o que deve ocorrer ainda este ano. Sua queda — e de seu nefasto legado — é fundamental para que o Brasil retome o processo de construção de uma sociedade democrática. Lula representa a velha forma de fazer política, o conchavo, a propina, o saque do Erário, o desprezo pelas instituições.  


Removê-lo da política, condená-lo a uma pena severa, é um serviço indispensável ao futuro do nosso país. 


Fonte: Marco Antonio Villa, historiador