Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Não é uma característica só do Brasil, mas aqui o problema vem
atingindo patamares extremos: o modus operandi do sistema
político-comunicacional-institucional vai se mostrando pouco compatível
com a busca da eficiência das políticas públicas. O exemplo mais recente
são os bate-bocas sobre a reforma trabalhista e o teto de gastos.
Como
deveria funcionar, se fosse razoável? Tomar-se-iam decisões. A partir
dos resultados, seriam feitos os ajustes. Claro que a política não é um
“sistema ideal”, envolve disputas não necessariamente movidas pela
“busca da verdade”, longe disso. Mas daí a aceitar como natural a
absoluta disfuncionalidade vai certa distância.
É esperado que os
proponentes da reforma trabalhista e do teto de gastos defendam-nos com
fervor. E deveria ser recebido com a mesma naturalidade que os
oponentes das medidas surfem sobre o que apontam como consequências
duvidosas.A reforma trabalhista corrigiu algumas distorções.
Duas delas: a proliferação desenfreada de sindicatos cartoriais,criados
unicamente para operar a contribuição sindical, e a indústria de ações
trabalhistas. Mas, de carona, passou-se a boiada, com uma maioria
congressual de centro-direita aproveitando a momentânea correlação de
forças no governo Michel Temer.
É do jogo, dirão. Então também é
do jogo que, chegada a eleição, a esquerda possa perguntar“onde estão
os empregos que a reforma garantiu que seriam criados?”.[com todas as vênias, quando da programação da reforma trabalhista e sua aprovação não havia sequer a suspeita de uma pandemia.
A extinção da contribuição sindical, o famigerado imposto sindical foi um dos melhores resultados da reforma trabalhista e com o fim da pandemia os demais benefícios, incluindo sem limitar a geração de empregos virão.]
Numa
discussão algo honesta, talvez alguém pudesse concluir que implodir os
sindicatos de trabalhadores tenha algo a ver com a deterioração da
participação do trabalho na renda nacional. E que o lucro não se realiza
no aumento da produtividade da força de trabalho, realiza-se quando o
produto encontra comprador.
Não fosse assim, a escravidão não teria ficado obsoleta. E
o sacrossanto teto de gastos? A polêmica em torno dele é puro sumo de
Brasil. Fundamental preservar o teto de gastos, dizem. Desde que, é
claro, todo ano possa dar-se um jeito de driblar o teto de gastos. Uma
hora é a pandemia, outra hora são os precatórios, ou mesmo os programas
sociais. Qual será o motivo para romper o teto de gastos em 2022?
Sejamos
generosos. Suponhamos que um teto de gastos é mesmo necessário. Não
seria mais razoável se ele fosse calculado sobre a arrecadação, em vez
de ser a despesa do ano anterior mais a inflação?[ do alto da nossa notória ignorância econômica, sabemos apenas que qualquer elevação de gastos considerando a inflação passada, será sempre um realimentador da inflação.]
Em 2021, o
dinheiro recolhido dos impostos ficou bem acima do esperado, mas o país
foi lançado à turbulência política quando o governo Bolsonaro informou
que ultrapassaria o teto para ampliar o Auxílio Brasil.[ressalte-se que a ampliação do Auxílio Brasil não foi uma opção do governo Bolsonaro e sim uma imposição das deficiências na área social circunstâncias econômicas (existentes antes do governo do capitão e agravadas pela pandemia) e não houvesse tal ampliação, milhões de famílias teriam suas condições de vida, já miseráveis, pioradas.]
Por
algumas semanas, pareceu, ou fez-se parecer, que a nação estava à beira
da insolvência, que o colapso das contas públicas se avizinhava, com as
óbvias decorrências macroeconômicas. Ao fim e ao cabo a montanha pariu
não um rato, mas um colibri, pois a música dos números fiscais do
fechamento de 2021 veio muito boa, melhor que as previsões mais
otimistas.
Dívidas do Estado com os pagadores de impostos chegam a se arrastar por meio século
“Se as pessoas compreendessem nosso sistema monetário e bancário,
teríamos uma revolução amanhã de manhã”, disse certa vez Henry Ford
(1863-1947), um dos empresários mais bem-sucedidos da História. Ele
estava falando sobre os Estados Unidos. Imagine o que o fundador da Ford
Motor Company diria, então, caso conhecesse os precatórios — mais uma
aberração econômica, fiscal e jurídica made inBrazil.
Ilustração: Nuthawut Somsuk/Shutterstock
Em resumo, os precatórios são dívidas do Poder Público com pessoas físicas ou jurídicas já reconhecidas pela Justiça — ou seja, sem chance de apelação. Assim, quando cidadãos e empresas processam qualquer uma das três esferas de governo (municipal, estadual ou federal) e obtêm ganho de causa, o Judiciário emite uma ordem de pagamento. Depois do trânsito em julgado, a dívida com os credores tem de ser quitada no ano seguinte. Isso teoricamente. Na prática, as sentenças judiciais são frequentemente descumpridas pelo Estado.
Ilustrando de outra forma, a situação é a seguinte: você (o cidadão pagador de impostos) sustenta quem lhe deve dinheiro (o Estado). E quem lhe deve dinheiro continua recebendo cada centavo sem pagar ao credor (você) nenhum real.
A família de Amedeo Augusto Papa Júnior, de 46 anos, é uma dessas vítimas do Estado. Sua mãe era sócia minoritária do Grupo Giorgi, detentor da marca Sal Cisne.Em 1973, uma parte das garagens e do edifício-sede da companhia — o Grande Avenida, localizado na Avenida Paulista — foi desapropriada pela prefeitura de São Paulo. “É uma situação complicada, porque esse tipo de desapropriação não atingiu apenas uma família. São várias pessoas envolvidas”, revelou o advogado, em entrevista concedida a Oeste.
Quando decidiu deixar a companhia, em 1982, a mãe de Amedeo fechou um acordo para ser indenizada. Parte do dinheiro foi recebida em pagamento de precatórios que uma das empresas do Grupo Giorgi possuía na prefeitura da capital paulista. No entanto, ainda restam pendências a ser quitadas pela administração municipal, como a correção pelo índice de inflação. “Esses complementos sempre tiveram a mesma prioridade que o precatório original”, explica Amedeo. “Você não voltava para o final da fila. Uma vez que o precatório complementar era reconhecido, havia uma ordem cronológica a ser seguida.”
Neste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu uma resolução determinando que os precatórios complementares sejam considerados novos precatórios — ou seja, precisam ser expedidos novamente. E o fantasma da burocracia voltou a atormentar a família de Amedeo. “Minha mãe foi indiretamente atingida por uma desapropriação e recebeu parcialmente o pagamento em precatório, mas ainda há dinheiro a receber”, salientou o advogado. “É quase como um bilhete de loteria que você ganhou, mas não tem um guichê para buscar o prêmio.”
Documentos do processo envolvendo a desapropriação do Edifício Grande Avenida, que tramita na 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, mostram que a dívida acumulada da prefeitura com a família de Amedeo ultrapassa a marca de R$ 1 milhão.
Não há a quem recorrer Embora o pagamento de precatórios seja obrigação do Poder Público, seu descumprimento raramente é punido pela Justiça. “Se entro com uma ação contra o Estado, não posso proceder à execução da mesma maneira como faria se a ação fosse ajuizada contra uma pessoa comum”, explicou o advogado Adriano Ferriani, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e sócio do escritório de advocacia Ferriani, Jamal & Fornazari. “Isso acontece porque os bens públicos não podem ser penhorados.”
Embora a União esteja sob os holofotes, Estados e municípios são os recordistas de inadimplência
Em entrevista concedida ao programa Direto ao Ponto, da rádio Jovem Pan, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega criticou o descaso estatal na condução dos precatórios. “Gastar com advogado, comparecimento a tribunais… e no fim o autor morre e são os herdeiros que concluem o processo. Quando acaba essa saga de décadas, o governo diz: ‘Não pago’”, observou. “É inacreditável uma equipe econômica que se diz liberal, que sabe o valor da propriedade privada, propor a violação desse direito fundamental.” [ex-ministro Mailson! qual dos dois direitos é mais fundamental: não morrer de fome? ou receber precatórios?]
O advogado e professor André Félix Ricotta de Oliveira, presidente da Comissão de Direito Tributário e Constitucional da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), segue na mesma linha. “Se a União agisse de forma mais correta, teríamos menor acúmulo desses processos no Judiciário e menos precatórios a serem pagos”, argumentou. “É um contrassenso, um desrespeito ao cidadão que esperou longos anos em processos judiciais para conseguir o que lhe é de direito. Quando obtém algo, o Estado surge com uma PEC para fracionar esse pagamento, mudando as regras do jogo.”
Embora a União esteja sob os holofotes, Estados e municípios são os recordistas de inadimplência, com mais de R$ 150 bilhões de dívidas acumuladas em precatórios. Na esfera federal, por sua vez, o saldo devedor é de quase R$ 45 bilhões. Compõem esse passivo dívidas judiciais relacionadas a salários, pensões, aposentadorias, indenizações e desapropriações. Esse valor pendente de pagamento poderá ser multiplicado nos próximos anos, caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios avance no Congresso Nacional.
(...) Embora seja o Estado mais rico do país, São Paulo é o maior devedor[o maior caloteiro é o Dória, mesmo assim os contrários à PEC dos Precatórios querem que mais de 17.000.000 de famílias passem mais fome, já que a rejeição da PEC = fim do Auxílio Brasil.]
Neste ano, a estimativa do governo federal é pagar cerca de R$ 55 bilhões em precatórios. Em 2022, a projeção seria de quase R$ 90 bilhões, mas esse valor deve ser reduzido para pouco mais de R$ 44 bilhões com a aprovação da PEC dos Precatórios. Os outros R$ 46 bilhões ajudariam a bancar o Auxílio Brasil, programa social que sucede ao Bolsa Família
Segundo o advogado Adriano Ferriani, União, Estados e municípios são todos devedores. Mas a esfera federal, depois do trânsito em julgado da sentença judicial, não dá calote — pelo menos até a PEC dos Precatórios virar realidade. “A União vem pagando em dia. Os Estados e municípios são um caso à parte”, afirmou. “Depois que o precatório é expedido, a grande maioria não paga no ano seguinte, geralmente por falta de dinheiro suficiente para todos os gastos”, explicou o advogado. “Isso gera um enorme atraso. Os valores são corrigidos monetariamente. Mas, mesmo assim, muitas vezes o credor morre no meio dessa espera toda.” De acordo com os especialistas consultados por Oeste, a demora no pagamento de precatórios se deve a uma combinação de fatores que podem parecer contraditórios entre si: a burocracia dos processos judiciais no Brasil, com seus intermináveis recursos e apelações a diversas instâncias, e o avanço digital dos tribunais. Em entrevista concedida à Jovem Pan, Maílson da Nobrega analisou essa questão: “Antigamente, levava seis meses para o processo passar de uma mesa para outra”, explicou o ex-ministro da Fazenda. “Agora, é um segundo. Basta um clique. Os plenários virtuais tornaram muito mais eficiente o trabalho do Judiciário. Além disso, o Novo Código de Processo Civil reduziu a burocracia dos processos judiciais. Por isso, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça passaram a decidir muito mais rapidamente.” Nesse caso, a celeridade na resolução dos processos caminha em descompasso com o cumprimento das sentenças judiciais pelo Estado.
Diante de tamanha demora para receber o pagamento dos precatórios, muitos brasileiros recorrem a grupos que se especializaram na compra desses títulos para quitar pendências judiciais. Pessoas físicas ou jurídicas podem contratar empresas que intermedeiam a negociação desses créditos. Os credores recebem menos, mas de forma muito mais rápida do que pelos trâmites convencionais. A operação é legal e, dependendo da situação, acaba sendo vantajosa para quem tem dinheiro a receber.
Pesadelo triplo Uma das empresas que fazem esse tipo de serviço é a Cashew Capital, da qual Adriano Ferriani participa. “Os sócios da Cashew são todos advogados e têm suas próprias bancas de advocacia”, revelou. “Percebendo a dificuldade para os credores receberem, vimos a oportunidade de criar uma empresa que intermediasse a negociação desses valores.” O advogado ressalta que os credores não ganham o valor integral, mas conseguem receber antecipadamente os precatórios. “Quem tem dinheiro para investir e não tem problema em esperar acaba tendo uma oportunidade de investimento a longo prazo”, disse. “O credor cede seu crédito para os investidores, ganha menos do que tinha direito, mas antecipa o recebimento e consegue tocar a vida.”
Esse desarranjo econômico, fiscal e jurídico também afeta a administração pública. O dinheiro para o pagamento de precatórios tem de sair das chamadas despesas não obrigatórias (discricionárias), consideravelmente menores que as obrigatórias (salários de servidores, aposentadorias e encargos da dívida pública). Em suma, trata-se de um pesadelo para as três esferas de governo, que sofrem com a escassez de recursos em razão do constante aumento dessas dívidas.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, manifestou ainda em dezembro do ano passado sua preocupação com o crescimento acelerado dessas despesas, que teriam ultrapassado os gastos com saúde, educação e segurança.“Não existia e, de repente, aparecem R$ 15 bilhões por ano”, observou, ao ressaltar que o país corre o risco de ser destruído pela indústria de precatórios.“Aí, pula para R$ 25 bilhões no governo seguinte. No ano que vem, serão cerca de R$ 40 bilhões. Será que estamos tratando do assunto corretamente?”
Idosos, os principais atingidos Embora as contas públicas possam ser comprometidas em razão do acúmulo de dívidas relacionadas aos precatórios, é o pagador de impostos que sofre de fato com a falta de recursos. Para consertar suas barbeiragens na gestão econômica, o Estado pode imprimir dinheiro ou aumentar impostos. Apesar de ambas as medidas terem consequências catastróficas a longo prazo, resolvem um problema de curtíssimo prazo, permitindo aos governos gastar sem parcimônia. O brasileiro comum, todavia, não usufrui desse privilégio.
Postergar ou não pagar as dívidas com os cidadãos, portanto, atenta contra os mínimos requisitos morais exigidos de gestores públicos. “Um possível calote prejudicará milhares de pessoas”, alertou o advogado Álvaro Lopez, de 89 anos. “A maioria dos precatórios a serem pagos é relacionada à Previdência Social, como INSS e aposentadoria. É um dinheiro que é destinado aos pobres, que lutaram a vida inteira para se aposentar. Os idosos serão os principais atingidos pelo calote.”
Se Henry Ford conhecesse a confusão dos precatórios brasileiros, com certeza promoveria, ele mesmo, uma revolução antes do alvorecer.
Indefinição em relação às reformas e impasse no
Congresso para instalação da Comissão de Orçamento aumentam a
insegurança sos investidores na nossa economia
O Ministério da Economia anunciou que não pretende pagar o 13º. Bolsa
Família neste ano, ao contrário do que aconteceu em 2019, por decisão
do presidente Jair Bolsonaro, talvez o primeiro sinal de que não se
sente confortável com o programa social criado pelo ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, carro-chefe da sua reeleição, em 2006. O cobertor
está muito curto e a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro,
que virou a principal ação social de enfrentamento da pandemia de
Covid-19, já está deixando o governo de língua de fora.
O Bolsa Família é um auxílio para as famílias de baixa renda, que
beneficia àquelas consideradas
(1) extremamente pobres: com renda mensal
de até R$ 89 por pessoa;
e (2) pobres: com renda mensal de até R$ 178
por pessoa, mas que incluam gestantes ou crianças e adolescentes de até
18 anos. No valor de R$ 89 mensais, pode ter parcelas adicionais de R$
41 para crianças, adolescentes e gestantes; e R$ 48 para adolescentes de
16 ou de 17 anos. O valor total não pode ultrapassar R$ 372 por
família, mas a média está em R$ 190, portanto, bem, abaixo dos R$ 300 do
auxílio emergencial previsto para este último trimestre do ano.
Se pudesse, Bolsonaro trocaria o Bolsa-Família pelo Renda Brasil (ou
outro nome que o governo resolva dar), já a partir de janeiro, mas não
tem recursos em caixa para garantir o benefício sem romper a Lei do Teto
de Gastos. Entre idas e vindas, o presidente da República acabou
cedendo às preocupações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tenta
conter os gastos do governo para evitar um descontrole total da
economia. O cenário para o próximo ano é preocupante. O governo está
tendo dificuldades para financiar a dívida pública, que deve chegar a
100% do PIB até o final do ano. Em setembro, a dívida aumentou 2,6% e
chegou a R$ 4,5 trilhão.
Para financiar essa dívida, o Banco Central vende títulos da União,
porém, está pagando juros anuais de 7,6% para os títulos com vencimento
em dez anos, portanto, muito acima da taxa Selic, que está em 2%. Para
reduzir essa diferença, reduziu o prazo de resgate para dois anos,
obtendo taxa de juros de 4,57%, o que continua sendo muita coisa, ainda
mais tendo que pagar esses títulos em 24 meses. Os juros no mercado
futuro são pressionados pela alta do dólar, que ontem fechou a R$ 5,71,
com impacto também nos preços ao consumidor. O IPCA acumulado nos
últimos 12 meses está em 3, 14%, acima da meta de inflação, que é de
2,5%. Nesse rumo, o Banco Central terá que aumentar a taxa Selic para
conter a inflação.
Orçamento A economia mundial sofre o impacto da pandemia, mas aqui no Brasil a indefinição do governo em relação às reformas e o impasse no Congresso para instalação da Comissão de Orçamento da União colaboram para aumentar a insegurança. Além disso, a desastrada atuação do governo na questão ambiental afugenta investimentos. É um um quadro muito preocupante, porque o governo não tem como financiar a dívida pública de curto prazo sem uma política fiscal mais rigorosa.
Há uma certaesperteza do presidente do Congresso, senador Davi
Alcolumbre (DEM-RJ), ao não convocar a reunião da Comissão de Orçamento,
pois empurra o ajuste fiscal para depois das eleições municipais.
Aproveita o impasse criado pela queda de braços entre o líder do PP,
Artur Lira (AL), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pela
presidência da comissão, para a qual o Centrão indicou a deputada Flávia
Arruda (PL-DF). O candidato de Maia é o deputado Elmar Nascimento
(DEM-BA). A disputa é uma espécie de preliminar para o embate que haverá
na eleição da Câmara. Lira pretende suceder Maia, com apoio do Palácio
do Planalto, mas o atual presidente da Câmara apoia o líder do MDB,
Baleia Rossi (SP).
A criação da Renda Brasil passa pela Comissão de Orçamento, cujo
relator é o senador Marcio Bittar (MDB-AC), que tentou antecipar a
criação do programa. Não conseguiu por causa das divergências entre a
equipe econômica – que quer extinguir outros programas sociais – e o
próprio presidente da República, além de algumas impropriedades
jurídicas, como a utilização de recursos destinados ao pagamento de
precatórios. Quando a Comissão de Orçamento for instalada, a discussão
sobre o novo programa social será retomada, mas pode enfrentar mais
dificuldades ainda, por causa dos impactos da pandemia na economia.
Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
O Brasil é um país que gasta quase R$ 1,5
trilhão com suas despesas primárias e vai investir apenas R$ 19 bilhões.
Terá em 2020 o sétimo ano de déficit primário, mas aumentou os salários
dos funcionários nos últimos quatro anos e o próximo Orçamento veio com
uma despesa de R$ 12 bilhões a mais com a folha, sendo R$ 4 bilhões de
reajuste dos militares. [e os outros R$ 8 bilhões? quem foram os favorecidos? ou só é permitido citar a parte dos militares? os membros do Poder Judiciário e do MP? foram contemplados? afinal, Temer ao deixar o governo, deixou uma fatura de quase 20% para ser paga pelo presidente Bolsonaro - decorrente do reajuste concedido aos membros do Poder Judiciário.] O Brasil é o país que, depois de aprovar a PEC
do teto de gastos, elevou sua despesa obrigatória em R$ 200 bilhões.
Agora está diante do seguinte dilema: abandonar o teto, aumentar a carga
tributária ou flexibilizar as despesas obrigatórias?
Os últimos dias foram de susto nos ministérios. Todos eles olham para
os dados do Orçamento de 2020 e não sabem como atravessarão o ano que
vem com tantos cortes. Mesmo os que não tiveram redução da verba estão
com dificuldade de atender à demanda de despesas. A pressão cai, claro,
sobre o Ministério da Economia, mas até ele está tentando se organizar
diante da própria contenção de despesas. O presidente Bolsonaro diz que
também está pressionando em favor do ministério dele. Ele diz ter um: “o
da Defesa.”
O Brasil aprovou o teto de gastos em 2016 para, em 10 anos, fazer um
ajuste de 4% do PIB e chegar a 2% de superávit em 2026. Dessa forma,
conseguiria no futuro estabilizar a dívida, que tem crescido muito. O
problema é que em 2016 a despesa primária era de 19,9% do PIB. Em 2020,
será de 19,4%. Ou seja, levou quatro anos para derrubar meio ponto nas
despesas como proporção do PIB. A maior parte, quase 90% do esforço
pretendido, está ainda para ser feita entre 2020 e 2026. Por que se andou tão pouco já que o teto de gastos foi aprovado em
2016? É que a despesa obrigatória cresceu R$ 200 bilhões neste período. E
de onde vem esse crescimento? O governo Temer deu aumento salarial
parcelado até 2019, [só para o pessoal do Executivo, servidores civis, que se o aumento não tivesse sido adiado, teria sido pago.] isso significa que todos os anos houve reajuste de
funcionalismo, apesar da crise. E de 5,5% ao ano, acima da inflação,
portanto. Para o ano que vem, começará a entrar o aumento dado na
mudança na carreira dos militares para que eles aceitassem a reforma da
Previdência deles. Há ainda as progressões naturais nas carreiras do
funcionalismo. Outro gasto que cresceu muito foi o previdenciário. Mas
não foi feita a reforma? Sim, foi. Ela vai economizar no ano que vem
apenas R$ 6 bilhões, e a despesa continua aumentando. A reforma reduz o
ritmo de crescimento, e o ganho no começo é pequeno.
Há outros problemas. Todos os anos o STJ manda para o executivo as
sentenças judiciais e os precatórios que têm que ser pagos no ano
seguinte. E isso tem aumentado muito. Em 2016 o gasto com as sentenças
judiciais foi de R$ 30,2 bilhões, em 2020 serão R$ 52,5 bilhões, ou
seja, houve uma criação de despesa de R$ 22 bilhões. Só de 2019 para
2020 o salto foi de R$ 12 bilhões. A economia do ano que vem com a
reforma da Previdência é metade do gasto extra criado pelas sentenças
judiciais. E esse volume tem subido. Os técnicos dizem não saber onde
vai parar.
Nos Estados Unidos há o shutdown quando a dívida atinge o teto. O
governo manda os funcionários para casa e suspende o pagamento de
salários. É uma medida extrema. Aqui no Brasil, o STF acabou de votar,
há duas semanas, que é inconstitucional a redução da carga horária com
redução do salário. O dinheiro é grande mas insuficiente para manter a máquina e todas as
obrigações. As regras são rígidas. Do total de R$ 1 trilhão 480 bilhões
de despesas primárias, excetuando-se o custo dos juros, 93% são de
gastos que não se pode reduzir, porque são obrigatórios. Sobram 7% para
despesas discricionárias e as emendas do Congresso. Portanto, algo como
R$ 100 bilhões. Nesse total está o investimento. Em geral, os
parlamentares aumentam a parcela de investimento. O governo está
torcendo para que se chegue a R$ 30 bi. No melhor cenário, então, ele
será menos de um terço do que houve em 2014.
Se a solução for apenas livrar-se do teto, então as despesas vão
subir, a dívida aumentar, e o cenário é perigoso. Elevar a carga
tributária ninguém quer, muito menos se a proposta for essa espécie de
CPMF. A mudança no Orçamento para reduzir despesas obrigatórias é a
ideia que o Ministério da Economia tem tentado propor, já sabendo que
será muito difícil. [se as despesas são obrigatórias como podem ser reduzidas?] Não há saída fácil.