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quinta-feira, 9 de março de 2023

Quem é mesmo fanfarrão? - Alex Pipkin, PhD

O ex-presidente Bolsonaro, não há um fiapo de dúvida, é imprudente com as palavras.

Muitas vezes, parecia-me que sua intenção era mesmo positiva, mas sua retórica deixava muito a desejar.

Muitos o classificavam como fanfarrão. Eu, porém, o apelidei de “rei do tropeço nas palavras”. Tá certo que, segundo sua estratégia, ele jogava para a turma bolsonarista-raiz.

Deve-se considerar que a grande pequena mídia, quase na totalidade, omitia e transformava notícias a fim de prejudicá-lo. Inegável. No entanto, ele falava mesmo em demasia e de forma não raras vezes inoportuna.

Contudo, não deverá existir na história desse país um presidente tão fanfarrão, populista, incompetente com o português e com as ideias, nem mentiroso, como esse tal de Lula da Silva.

A propósito, assisti a um vídeo em que o “pai dos pobres” chamava Bolsonaro de “fanfarrão”, cruzes!
O show presidencial de horrores de verborragia, de bravatas, de mentiras e de projetos estapafúrdios, é diário.

É surreal o que esse ser incivilizado e tosco é capaz de produzir em suas falas. E há quem o considere um grande orador! Só se eu estiver ouvindo o que ele diz quando embriagado.

Não é por acaso que esse sujeito quer regular a mídia! Dessa forma, só poderá ser notícia a “verdade rubra” e o que lhe convém.

Esse sujeito, dotado de um vocabulário em que inexiste plural, afirmou agora que há pessoas que são pagas para criticá-lo. Bem, eu não tenho recebido um centavo sequer. [Nem este Blog Prontidão Total - falamos de graça, apenas pelo prazerosa obrigação de mostrar VERDADES; o maligno presidente, este sim é pago com o polpudo salário de presidente para mentir e falar bobagens. Ele falou, TENHAM CERTEZA,  é MENTIRA, BOBAGEM ou BAZÓFIA o  produto expelido.]

Com sua boca que equivale a uma metralhadora de disparos automáticos de asneiras e de erros a cada momento em que a abre, é tarefa singela criticá-lo.

É surreal o que esse cidadão fala - e pensa!

Faz pouco, o ex-presidiário afirmou que os aplicativos exploram os trabalhadores. Exploração + trabalhadores, palavras-mágicas da seita ideológica.

Fanfarrão é café pequeno para esse sujeito. O negócio inovador de aplicativos funciona melhor exatamente pela não interferência da mão pesada e equivocada do Estado.

Há uma relação voluntária entre empregados e empregadores. Nela, caso os empregados não estejam satisfeitos com a relação, podem abdicar das respectivas atividades. Os próprios motoristas de aplicativos, por exemplo, estão repudiando os eventuais “projetos” desse (des)governo.

Toda vez que Ofélio abre a boca, a chance de prejudicar os trabalhadores e as indústrias envolvidas, é abissal.
O desastre é que não há luz no fundo do túnel, e a metralhadora giratória de asneiras, de ignorância econômica e de mentiras não tem previsão de encerramento.

Homens públicos, a meu juízo, deveriam ter rigoroso cuidado com as palavras e com as ideias. Aqui, porém, quase tudo se dá de maneira invertida.

Aliás, juízes da suprema pequena corte se comportam aqui como verdadeiros superstars, que tristeza.

Aprontemo-nos, pois mais e mais pérolas virão da boca do grande “pai dos pobres”. 

A única semelhança, tristemente, é a incorreção no uso do idioma pátrio…

Alex Pipkin, PhD

 

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Petistas se preocupam com pedido de Anitta a Lula sobre as drogas

A conta ‘cara’ do apoio da cantora ao ex-presidente já assusta o PT

Mal anunciou apoio à candidatura do ex-presidente Lula (PT), e Anitta já começa a fazer suas cobranças. Durante uma live nesta terça-feira, 12, a cantora disse com todas as letras o que espera do petista: “Será que o Lula apoia isso, apoia a legalização para nós? Estou te dando o maior apoio… Tinha que virar empresa que paga imposto, ao invés de deixar esse povo tudo rico aí, lavando dinheiro, sei lá como… Sou a favor de virar tudo empresa legalizada. Proibir as drogas não faz com que as pessoas parem de usar… E ao invés de estarem aí colaborando para essa guerra que só mata o pobre, que nada tem a ver com isso, só deixa rico povo que não paga imposto, que lava dinheiro”, declarou.

A fala da cantora já soa como uma cobrança pela sua declaração de apoio a Lula. Mas por se tratar de um tema polêmico e que sempre gera discussões acaloradas, dirigentes do PT temem que a verborragia política de Anitta alimente a munição digital da bolsonaristas. Não custa lembrar que legalização das drogas deve passar pelo Congresso. Não se trata de um assunto que cabe unicamente ao presidente aprovar ou não.

Gente - Revista VEJA


domingo, 26 de julho de 2020

Mandetta 2022: lá vem o pico - Guilherme Fiuza

Henrique Mandetta (se não lembrar quem é vai no Google) 

Gazeta do Povo - Vozes

Henrique Mandetta (se não lembrar quem é vai no Google) surpreendeu zero pessoas ao dizer que pode ser candidato a presidente. Ou talvez uma meia-dúzia ainda estivesse achando que aquele personagem de coletinho e topete falando pelos cotovelos na televisão quase 24 horas por dia era ministro da Saúde. Para quem não se lembra (estamos aqui pra isso), a verborragia salvacionista do suposto ministro chegou a considerações sociológicas sobre a condição humana dos traficantes de drogas. Droga pesada é um homem usar pandemia como palanque.

Aí está. Pelo menos agora os verdadeiros propósitos saíram do armário. Mas esse armário sempre foi transparente para quem não se recusou a olhar para ele. Quem olhou, viu de tudo. Viu previsões levianas sobre projeção da epidemia, um pico móvel que estava sempre um pouco adiante – e ainda hoje está lá na linha do horizonte, em algum ponto nebuloso entre setembro e dezembro, enquanto 2022 não vem. No registro civil o ponto mais alto de óbitos por coronavírus no Brasil está em maio, mas o pico do Mandetta é uma instituição comprometida com o futuro.

Ia faltar respirador (hoje sobram superfaturados), ia faltar leito se a população não se enfiasse toda em casa – e de casa começou a vir o maior número de infectados para os hospitais, como demonstraram os dados de Nova York e da própria Organização Mundial da Saúde. Gente que praticou quarentena severa pegou o vírus, porque ele não ouviu o discurso do Mandetta e já estava por toda parte quando o confinamento começou. O famoso achatamento da curva pelo lockdown místico não achatou nem o topete do homem do coletinho – que continuou botando a culpa da sua demagogia eleitoreira na ciência.

Num show de coerência, depois de passar mais de um mês pregando diariamente que todas as pessoas se isolassem totalmente umas das outras, Mandetta se despediu do cargo de ministro da Saúde jogando às favas seu isolacionismo e saiu abraçando seus auxiliares sem máscara em ambiente aglomerado. Viu como ele estava preocupado com vidas? A cena está por aí para quem quiser revisitar o monumento à hipocrisia – e com certeza será a peça central da campanha Mandetta 22, com narração do próprio candidato sobre as imagens eloquentes: “Olá, esse aí sou eu, Henrique Mandetta, brincando de ministro da Saúde para tripudiar do pânico geral no meio de uma pandemia”. Tá eleito.

Ao tirar sua politicagem do armário, Mandetta disse que pode compor uma chapa com Sergio Moro. Será, de fato, uma chapa perfeita. Depois de fazer história liderando a operação Lava Jato, Moro resolveu ser Mandetta na vida. Em plena pandemia, com os cidadãos apanhando na rua a mando dos tiranetes de lockdown, o então ministro da Justiça resolveu se dedicar à internet com mensagens de autoajuda sobre prudência.

Soa enigmático? Mas não tem enigma nenhum aí. Sergio Moro estava fazendo política contra Bolsonaro (o chefe do governo a que ele servia), com a mesmíssima sutileza de elefante adotada por Mandetta para se apresentar como “oposição” à postura do presidente a favor da circulação controlada da população. Não se sabe se Bolsonaro estava certo ao propor o isolamento apenas dos vulneráveis e grupos de risco, com distanciamento e proteção dos demais. O que se sabe, com toda certeza, é que Moro e Mandetta estavam fazendo política no meio da tragédia.

Abandonaram o barco e estão aí até hoje soltando conselhos de prudência e “se cuida” a 1,99. Os motivos alegados por ambos para se opor e romper com o governo continuam boiando no ar à espera de comprovação. Mas quem confunde circo com ciência não precisa comprovar nada.

Guilherme Fiuza, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes



sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

MPF denuncia presidente da OAB por calúnia contra Moro e pede seu afastamento do cargo

O Globo

A peça toma como base uma entrevista de Felipe Santa Cruz em que disse que Moro 'banca o chefe de quadrilha' 

[o advogado, tem que ser punido rigorosamente.

Além de ser conhecedor das leis - pelo menos, tem a obrigação de ser - preside uma instituição que não pode ser presidida por leigos em Direito, o que agrava a punição dos crimes de cuja prática é acusado.]

 
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, pelo crime de calúnia contra o ministro da Justiça, Sergio Moro. O órgão pediu ainda o afastamento de Santa Cruz da presidência da entidade. Segundo a denúncia, Santa Cruz teria caluniado o ministro ao chamá-lo de “chefe de quadrilha” em entrevista sobre o comportamento de Moro na condução das investigações da Operação Spoofing. Se for condenado, Santa Cruz pode ser sentenciado a até dois anos de prisão. A denúncia contra Santa Cruz foi motivada por uma representação contra ele feita por Moro.
 
Leia:PF indicia seis hackers por invasão de celulares que atingiu Sergio Moro
A denúncia toma como base uma entrevista concedida por Felipe Santa Cruz em julho deste ano, logo após a deflagração da primeira fase da Operação Spoofing. A operação tinha como objetivo desmantelar a organização criminosa que invadiu contas do aplicativo Telegram de dezenas de autoridades.  Logo após a deflagração da operação, Moro telefonou para diversas autoridades que teriam tido suas contas invadidas e avisou que as mensagens encontradas pela Polícia Federal seriam destruídas. A declaração causou polêmica porque, embora a Polícia Federal esteja sob o seu comando, Moro não teria o poder de determinar a destruição de provas.

Questionado sobre o assunto, Felipe Santa Cruz criticou Moro. - [Moro] Usa do cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas afirmou Santa Cruz.
Na denúncia feita pelo procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira, o mesmo que conduz as investigações da Operação Spoofing, classifica a atuação de Felipe Santa Cruz como a de um “militante político”, o mesmo usado por Moro contra o presidente da OAB na semana passada.
“A leitura da peça defensiva apresentada pelo denunciado, durante o Procedimento Investigatório Criminal, comprova que há um desvio de atuação entre o caráter institucional do cargo de Presidente do Conselho Federal da OAB e a vocação para a verborragia política, fazendo com que a figura institucional (e de mais alta importância para a sociedade brasileira) acabe travestida de simples militante político”, diz um trecho da denúncia.

Ao justificar o pedido de afastamento de Santa Cruz da presidência da OAB, o procurador afirma que havia provas de que ele estaria usando o cargo para “disseminação e imposição de opiniões pessoais como se institucionais fossem”.
Em nota, o advogado de Felipe Santa Cruz, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que recebeu a notícia sobre a denúncia contra seu cliente “com perplexidade e indignação”. Segundo Kakay, a denúncia é um “atentado à liberdade de expressão, de crítica e fragiliza o ambiente democrático”. Kakay disse ainda que irá representar contra o procurador responsável pela denúncia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por abuso de autoridade.

Em nota, a OAB manifestou "indignação e repúdio" ao pedido contra Santa Cruz e afirmou que nem a ditadura militar "ousou pedir o afastamento dos presidentes da OAB". A entidade, por meio de seu Conselho Federal, destacoU ainda que o pedido "revela grave e perigosa tentativa de usurpar o legítimo exercício de uma função de grande magnitude" que trabalha na "defesa da ordem constitucional, do Estado de Direito e das garantias democráticas do país".

"Na ditadura militar, a Presidência da OAB sofreu um atentado a bomba, mas nem o governo autoritário ousou pedir o afastamento dos Presidentes da OAB. Assim, o pedido, por inconstitucional e teratológico, deve ser imediatamente rechaçado pelo Poder Judiciário. É o que espera a Advocacia brasileira. É o que exige a Constituição da República", diz a nota.
O comunicado foi emitido pelo Conselho Federal da OAB, seus ex-presidentes, os presidentes dos Conselhos Seccionais da entidade e os presidentes das Comissões Temáticas do Conselho Federal. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Bolsonaro e a Venezuela

Presidente envolveu País como não se via desde a 2.ª Guerra em assuntos de outra nação


Escrevo de Caracas, onde a disputa de poder entre oposição e o regime de Nicolás Maduro atinge o clímax desde a tentativa de golpe contra o então presidente Hugo Chávez em abril de 2002, que me trouxe à Venezuela pela primeira de incontáveis vezes. A rejeição do novo mandato de Maduro e o reconhecimento do governo interino do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, no mês passado, coincidiram com o início do governo de Jair Bolsonaro, que prometeu grandes mudanças na política externa brasileira.

O Brasil agora está envolvido como talvez nunca tenha estado nos assuntos de outro país desde o envio dos “pracinhas” à Itália na 2.ª Guerra. O governo brasileiro está apoiando a tentativa da oposição de forçar a entrada de produtos de primeira necessidade em território venezuelano, atropelando a recusa de Maduro. A montagem da estrutura de armazenamento da ajuda humanitária em Roraima é a materialização de uma nova postura do Brasil em relação aos dramas internos de outro país. Na prática, trata-se da participação em uma estratégia de mudança de regime.

Embora a nova política externa brasileira se alinhe, em quase tudo o que é relevante, à americana, o governo de Donald Trump parece descontente com o alcance do engajamento de seu novo parceiro. Segundo fontes em Washington ouvidas pela reportagem do Estado, o governo americano pressiona para que o Brasil garanta a entrada da ajuda pela sua fronteira.  Os militares brasileiros, no entanto, resistem a abrir caminho para um confronto direto com os venezuelanos — que seria desencadeado pela invasão do território vizinho para a derrubada do cerco erguido por ordem de Caracas. Entretanto, apesar de todos os ultimatos impostos pelas autoridades americanas, também não houve até aqui nenhuma movimentação por parte dos Estados Unidos nesse sentido.

O regime chavista, inaugurado em janeiro de 1999, é longevo o suficiente para ter atravessado o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, os dois de Luiz Inácio Lula da Silva, os oito anos somados de Dilma Rousseff e Michel Temer e mais esse início de governo Bolsonaro.  Nesse período, o Brasil experimentou todas as opções possíveis com a Venezuela — com exceção de uma intervenção militar.
Fernando Henrique atuava como conselheiro de Chávez, que apesar da verborragia ainda seguia uma linha relativamente moderada. No último mês de seu governo, em dezembro de 2002, FHC atendeu ao pedido do então presidente eleito Lula de enviar um carregamento de combustível para Chávez fazer frente à greve política da PDVSA, a estatal petrolífera venezuelana, contra o seu governo.

Lula apoiou Chávez de forma crescente e aberta, chegando a pedir voto para ele na inauguração de uma ponte ligando os dois países sobre o Rio Orinoco, em novembro de 2006, três semanas antes da eleição presidencial na Venezuela. Nesse período, que se estendeu pelos governos de Dilma, o Brasil era visto pela oposição venezuelana como um governo hostil a ela e dócil aos chavistas.  Quando Temer assumiu, voltou à política externa anterior, que seguia a linha tradicional do Brasil, de não ingerência unilateral em outros países. O que não o impediu de evocar os princípios democráticos do Mercosul para suspender a Venezuela, como FHC havia ameaçado fazer em 1996, para evitar um golpe no Paraguai.

Agora, o Brasil sai de novo do marco dos princípios e acordos, para exercer uma liderança e uma responsabilidade regionais conforme suas preferências e visões circunstanciais. Não está necessariamente errado. É apenas novo. E terá consequências. Parafraseando o Pequeno Príncipe, um país se torna eternamente responsável pelo regime que ele muda.



O Estado de S.Paulo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O dia em que Galvão Bueno se superou (para o bem)

Não tenho a menor paciência com as narrações de Galvão Bueno. Seu estilo maneirista, o excesso de opinião sobre qualquer esporte que narre, a verborragia, a mania de proteger os amigos mesmo quando estes estão jogando pessimamente, tudo isso me faz mudar de canal rapidamente quando ouço sua voz em uma transmissão esportiva. Dito isto, vamos aos fatos: no trágico dia de ontem Galvão mostrou que pode ser um chato, mas é um daqueles profissionais que mostram suas virtudes nas horas críticas.


Ontem Galvão ficou no ar das primeiras horas da manhã até o encerramento do ‘Jornal Nacional”, excepcionalmente às 22h. Logo cedo, no ‘Encontro com Fátima Bernardes’, se emocionou e chorou, disse não sentir mais vontade de narrar jogos este ano. A despeito de qualquer coisa, Galvão nunca pareceu o tipo de pessoa que finge sentimentos (às vezes talvez peque pelo excesso deles).


Poderia ter se retirado depois do programa, o que seria compreensível. No entanto, ficou firme no ar, ajudando a tocar a programação ao vivo da Globo. Nessas horas a experiência conta. E até os críticos mais ferozes da emissora devem reconhecer que a cobertura jornalística foi de primeira linha (enquanto isso, Sônia Abrão mostrava um vidente que teria previsto a tragédia em março, mas essa é outra história).


E depois de exaustivas horas de cobertura, o narrador, que sempre bom lembrar – já não é mais um menino, ainda aguentou as pontas durante as duas horas de ‘Jornal Nacional’. Ao final, puxou a homenagem com toda a redação do jornalístico – um raríssimo momento da TV brasileira.


Não mudo minha opinião sobre Galvão enquanto Narrador, mas ontem, na “hora mais escura”, ele mostrou-se um daqueles sargentos/personagens dos filmes de guerra, que levam o pelotão adiante e salvam a batalha quando tudo parece ruir na trincheira. Há que se admirar tal virtude.

Fonte: Jeferson de Sousa é blogueiro de Vida e Estilo no Yahoo

Nota Editores  Blog Prontidão  Total:  Concordamos totalmente com o ilustre Jeferson de Sousa - Galvão Bueno é realmente insuportável,  mas, na hora em que a necessidade de ser profissional é imperiosa, elimina o espaço para ele dar as mancadas habituais, ele sabe ser e se portar de forma profissional.

Aproveitamos para acrescentar que as ocasiões em que o Galvão Bueno consegue ser mais chato que o habitual, tornar qualquer programa insuportável, é quando está acompanhado do Casagrande - aí um purgante é melhor que aturar a dupla.



sábado, 16 de maio de 2015

O juiz malabarista

A indicação de Fachin por Dilma Roussef tornou-se uma polêmica nacional basicamente por três motivos 
Tente imaginar um estrangeiro desavisado passando uma temporada no Brasil e vendo a agitação e a polêmica em torno da nomeação de um juiz da Suprema Corte.

Mas que povo refinadamente politizado, pensará o desavisado. E entre os seus suvenires e histórias de viagem, poderá contar aos seus conterrâneos, na volta, que esteve em um país onde o candidato a uma vaga na Suprema Corte ficou 12 horas a fio falando pela televisão, sendo interrogado por uma equipe de eruditos, e muitas pessoas ficaram prestando atenção no que ele dizia, como se ele fosse uma inesgotável fonte de sabedoria.

A polêmica em torno da nomeação de Luiz Edson Fachin para o STF só vai terminar - ou quem sabe aumentar mais ainda- com a votação do dia 19.  Não há dúvida porém que a sabatina a que o magistrado paranaense foi submetido pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado deixou patente que ele tem um talento extraordinário para o contorcionismo retórico. Por várias vezes, ele conseguiu colocar-se dos dois lados de uma mesma questão, defendendo uma tese e seu oposto ao mesmo tempo, mostrando que a virtude não está necessariamente no meio, mas pode estar de qualquer lado, dependendo de onde você estiver olhando.

A indicação de Fachin por Dilma Roussef tornou-se uma polêmica nacional basicamente por três motivos:
1) a sua adesão pública e entusiástica à candidatura da presidente à reeleição, mostrada em um vídeo de campanha onde ele diz ter escolhido “um lado” e faz um inequívoco e entusiasmado proselitismo a favor da candidatura oficial.
2) a acusação, corroborada por um parecer interno da área jurídica do Senado, de que ele ocupou o cargo de procurador do Estado do Paraná ao mesmo tempo em que exerceu a advocacia privada, o que é proibido pela constituição daquele Estado.
3) a sua atuação como advogado do MST e uma série de declarações e textos polêmicos em trabalhos acadêmicos, artigos e prefácios de livros, a respeito do direito de propriedade e sobre a constituição da família, que permitiram aos adversários de sua nomeação classificá-lo como uma espécie de “neoconstitucionalista" com viés ideológico de esquerda, disposto a adaptar as suas decisões não ao texto da Constituição e das leis, mas às conveniências políticas do governo que o indicou e dos grupos de pressão organizados.

Em resumo, em manifestações que durante a sabatina chamou deacadêmicas", Fachin se disse a favor de relativizar o direito de propriedade em nome da sua  “função social”, defendeu o intrigante conceito de  “multiparentalidade”reconheceu o direito à existência de “famílias simultâneas”, provocando fortes reações da sociedade.  Antes da sabatina na CCJ, Fachin se preparou profissionalmente para jogar água na fervura de sua imagem. 

Abriu um site onde tentou mostrar-se mais bombeiro do que incendiário e um cordato respeitador da Constituição e contratou uma empresa especializada em gestão de crises para aparar-lhe as arestas satânicas.  Usou e abusou da verborragia durante a sabatina, embargou a voz e engatou o choro duas vezes, quando lembrou da dura infância de vendedor de laranjas, e algumas vezes recorreu às “cantinfladas" (discursos prolixos e com uma pitada de nonsense) para tentar conciliar a heterodoxia das opiniões “acadêmicas" à necessidade de mostrar-se um fiel guardião da Constituição.

Fachin, apoiado incondicionalmente pela pátria paranaense, tanto a da oposição como a da situação, mostrou-se um talentoso alquimista, que não fecha questão nem a favor, nem contra e nem muito pelo contrário. É bem possível que, apesar das resistências do Senado, acabe sendo aprovado no dia 19, sem que consigamos saber se o STF terá um juiz que respeitará a letra da Constituição ou mais um malabarista do Direito achado nas ruas.

Fonte: Sandra Vaia - O Globo