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domingo, 22 de outubro de 2023

Eleição na Argentina: Como a disputa entre Milei e o peronismo mexe com o país de norte a sul - Estadão

Em duas semanas, ‘Estadão’ percorreu 4 mil km em quatro províncias argentinas e testemunhou o descontentamento com a crise econômica e política que abala o país

Do deserto mineiro de Salta, onde a pobreza e o descaso do Estado são uma realidade há décadas, ao sul da Patagônia governado com mão de ferro pela família Kirchner há 30 anos, a Argentina terá neste domingo, 22, uma eleição definidora em sua história.

A reportagem do Estadão percorreu nas últimas duas semanas mais de 4 mil quilômetros ouvindo o que pensam os eleitores, questionando políticos locais e observando o cenário pré-eleitoral na Argentina. E de norte a sul do país, desde as terras secas e ricas em minerais dos Andes à gélida e ensolarada Patagônia, o que se vê é um rompimento com os velhos nomes da política.

Mesmo em lugares nos quais pautas como dolarização e venda de órgãos parecem desconectadas da realidade local, Javier Milei encontrou um clima de abandono, frustração e uma certa vontade de ‘explodir tudo’. Essa nova versão do ‘se vayan todos’ criou um terreno fértil inédito para o colapso de uma lógica clientelista operada há décadas pelo peronismo no interior da Argentina.

Parte do sucesso de Milei se deve ao rechaço ao peronismo em consequência do mal avaliado governo de Alberto Fernández e de seu ministro da Economia, Sergio Massa, candidato da situação. Quem vota no libertário, fala em romper com a ‘velha política’ que, na avaliação da maioria, colocou a Argentina em uma crise econômica profunda, com uma inflação de quase 140%, pobreza acima de 40% e desvalorização da moeda.

Enquanto isso, a candidata de oposição macrista, Patricia Bullrich, tem enfrentado dificuldades. 
No clima de polarização entre peronismo e anti-peronismo, o argentino não encontra espaço para uma direita alternativa a Milei. 
O vínculo de Bullrich com o establishment - sua família é abastada e tradicional na política argentina - tira as credenciais para executar a mudança drástica que o país necessita, argumentam os eleitores.

A febre Milei no norte pobre da Argentina

A província de Salta, no norte da Argentina, aglutinou o sentimento de bronca que os argentinos vivem da política: nas primárias, metade da província elegeu Milei. Em povoados mais distantes da capital, essa votação chegou a passar de 60%.

A cor predominante nas ruas da capital saltenha é o amarelo da coalizão A Liberdade Avança e do padrinho político de Milei na província, Alfredo Olmedo. Pela cidade toda, cartazes de apoio aos libertários Milei, Olmedo e Orozco - a candidata a deputada federal, viraram febre. Nas ruas, jovens se vestem como o “Peluca” (apelido de Milei que significa ‘peruca’) e fazem uma festa ao pedir votos pelo libertário.

Perto da praça 9 de Julio, um stand de Bullrich, com direito a um pato gigante - o apelido de Patricia é Pato Bullrich - fica quase apagado em meio ao mar de amarelo.

Aníbal Franco, 30, é um dos que se vê cansado de ver peronistas no poder e dessa vez vai votar em Milei. Morador de San Antonio de Los Cobras, cidade de Salta onde 63% votou em Milei, ele trabalha com a mineração e conta que, ainda que não seja um emprego ruim, o salário já não lhe é suficiente.

“Tenho um salário de 300 mil a 350 mil pesos mensais, mas com a inflação e a disparada do dólar é o suficiente para cobrir a cesta básica”, comenta. “Mas ainda tenho que pagar aluguel, pagar a luz, o gás, a internet ou qualquer outro serviço, só com isso já se foi tudo. E ainda tenho que levar os filhos na escola, comprar roupas. Então, onde está a igualdade e a justiça social que dizem? Não existe”.

Rechaço ao peronismo

Já no centro do país, na província de San Luís, o sentimento de cansaço foi traduzido não só em um apoio em massa a Milei na primária de agosto - a província foi a segunda que mais o votou - mas também tirando do poder velhos nomes da administração local. Pela primeira vez desde a redemocratização do país, há 40 anos, a província não será governada por alguém da família Rodríguez Saá.

Personagens importantes do peronismo pós-redemocratização, os irmãos Adolfo e Alberto Rodríguez Saá mantiveram por 40 anos a hegemonia na pequena província agrícola da Argentina. Mas dessa vez, o candidato apoiado pelo atual governador, Alberto, perdeu a corrida para um candidato de dentro da coalizão do Juntos pela Mudança.

Menos amarela que Salta, mas definitivamente com muitas imagens e cartazes da campanha de Milei, San Luís vivia um clima intenso pré-eleitoral. Na praça Pringles, jovens tentavam fazer campanha por Sergio Massa em uma pequena tenda no canto, mas não eram muitos os que se aproximavam. Já Patricia Bullrich, escolheu a cidade como um dos pontos para finalizar a sua campanha.

Ana Paula Pereyra, 24, se preocupa pelas falas de Milei e ainda não estava certa em que votaria, mas não deixava de demonstrar insatisfação com a política que vem sendo tocada em sua cidade desde sempre. “Do jeito que estamos, com essa crise, sem perspectiva de ter um emprego, tendo que sair do país para trabalhar, isso não dá para continuar. Mas Milei ainda me deixa insegura”, afirma.

Maioria silenciosa no berço kirchnerista

No sul do país, a temperatura política, ao menos na superfície, parece diferente. Em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, cidade natal de Néstor Kirchner e o berço do kirchnerismo, quase não se vê campanhas a favor de Milei. No máximo alguns panfletos do A Liberdade Avança são vistos nas calçadas e folhas de sulfite rasgadas coladas em postes com o rosto do libertário.

Ainda assim, ele também foi o mais votado na província nas primárias, para surpresa absoluta dos kirchneristas. Dentro do círculo político próximo de Alicia Kirchner, governadora em retirada da província e irmã de Nestor, o voto expressivo de Milei veio como um choque.

Nas ruas, quase ninguém fala em quem se pretende votar. No máximo, a população demonstra algum descontentamento e diz que o país precisa de uma mudança de rumo.

Mas Milei levou a província considerada um bastião dos Kirchner nas primárias com 28% dos votos, seguido pela coalizão peronista com 21%. O clima de silêncio faz analistas acreditarem que ali houve um “voto de vergonha” no libertário, em que se vota, mas não se admite. Os números são ainda mais impressionantes quando considerado que Milei não fez campanha ali, nem ao menos teve candidatos provinciais para governo ou legislativo.

A isso acrescenta-se o fato de que, pela primeira vez em 30 anos, nenhum kirchnerista estará no governo. Alicia, que concorre para o Senado, não conseguiu eleger seu candidato e a oposição macrista venceu a corrida. Amplificando o sentimento de cansaço na terra dos pinguins.

O que esperar

Embora sejam eleições definidoras na história da Argentina, o consultor político Pedro Buttazzoni reluta em classificá-la como uma das mais importantes, especialmente frente a um baixo engajamento a ir votar. O voto é obrigatório, mas nas primárias, mais de 30% decidiu não participar, um dos números mais altos dos últimos 40 anos.

As eleições nacionais costumam ter um nível de participação maior que as primárias, mas não se sabe até onde o eleitor desencantado ficou convencido com alguma das candidaturas.

“Ninguém se aventura em ser contundente em um prognóstico, os cidadãos tem uma enorme resistência a responder pesquisas, o que dificulta realizar estudos e na hora de construir cenários possíveis há uma conclusão generalizada: pode ocorrer de tudo”, afirma o analista e co-diretor da Droit Consultores.

“Talvez o cenário mais provável seja de um segundo turno entre Milei e Massa. Tudo indica que com a fragmentação eleitoral será difícil que algum candidato tenha mais de 40% ou ter uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo. Milei é o favorito e dentro de seu diretório as opções são somente de vitória. Em geral, todos esperam que ele termine em primeiro, a questão será a diferença”, completa.

Em sua avaliação, se Milei obtiver menos que 35% com uma diferença pequena para Massa, ainda que seja uma vitória, será vista como menos contundente que a esperada, e pode dar ao peronismo chances de sonhar com uma virada. Já uma vitória acima de 35% com uma diferença maior que 6 pontos será uma consolidação de seu favoritismo. O último cenário é o da vitória em primeiro turno. Improvável, mas possível, se de fato existir um voto envergonhado.

“O alto número de indecisos e de pessoas que se negam a responder as pesquisas nos obrigam a manter a hipótese de uma nova espiral de silêncio. Muitas pessoas preferem não expressar seu voto para não serem julgadas. Se essa massa de indecisos se voltar para Milei, o primeiro turno é uma possibilidade”, pontua Buttazzoni.

Ainda que haja a possibilidade de se definir tudo em primeiro turno, analistas são céticos quanto a isso. Pela regra, para um presidente já sair definido neste domingo, é necessário obter mais de 45% dos votos, ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado. Milei, porém, tem um teto baixo, segundo análises de pesquisas de intenção de votos, e não deve crescer a ponto de ultrapassar essas barreiras.

Mas independentemente do resultado de hoje, essas eleições já causaram um terremoto no sistema político tradicional da Argentina, forçando os grandes partidos a repensarem suas estratégias de comunicação e busca de votos, e com eleitores das províncias mais distantes demonstrando seu descontentamento frente à prioridade que tem Buenos Aires na agenda política.

 

Carolina Marins - O Estado de S. Paulo

 

UTILIDADE PÚBLICA - A hipertensão arterial é uma assassina silenciosa’, diz cardiologista - O Globo

Quem nunca ouviu uma recomendação para reduzir o consumo de sal para evitar o desenvolvimento da pressão alta? 
Ou que uma rotina de atividades físicas ajuda a controlar a pressão sanguínea? 
Muitas vezes, essas recomendações podem ficar de lado, especialmente para adultos jovens que encaram a hipertensão como um diagnóstico da terceira idade. Mas a realidade não é bem assim.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 45% dos brasileiros adultos têm a pressão acima do ideal, e que cerca de metade dos pacientes sequer sabem disso. De fato, segundo a pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, somente 27,9% da população relata um diagnóstico.

O cenário acende o alerta, já que a doença é o principal fator de risco para problemas graves como AVC e infarto. Por isso, será o tema da próxima edição do Encontros, evento que vai reunir grandes especialistas no assunto no auditório da Editora Globo, no Rio, no próxima dia 31, às 9h30. As inscrições estão abertas ao público e podem ser feitas aqui.

O Encontros é realizado pelo GLOBO com a curadoria do doutor em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cardiologista do Hospital Pró-Cardíaco, Claudio Domênico. Abaixo, o médico explica como identificar a pressão alta, as dificuldades na adesão ao tratamento e as inovações que podem mudar o cenário.

Quanto exatamente a pressão arterial já se configura como alta?

A pressão é considerada ótima quando está em 120 por 80 (12 por 8). Quando passa de 130 por 85 (13 por 8) já entra na faixa de normal a alta. 
A partir de 140 por 90 (14 por 9), começa a ser pressão alta, e a pessoa é considerada hipertensa. 
É uma doença crônica e multifatorial, com causas genéticas, ambientais e, principalmente, de estilo de vida.

As doenças cardiovasculares causam mais de 350 mil mortes de brasileiros a cada ano. Qual a relação com a pressão alta?

O fator de risco mais importante para elas é a hipertensão, que está diretamente associada a pelo menos 45% dessas mortes. O grande problema é que ela é uma assassina silenciosa. Muitas pessoas têm hipertensão e não sabem, ou então não têm sintomas e por isso não realizam o tratamento corretamente.

Os dados da OMS mostram que 9,4 milhões de pessoas morrem no mundo a cada ano por complicações da hipertensão. 
 A cada hora, são mais de mil pessoas. 
E nos últimos 30 anos, houve um aumento do número de pacientes, praticamente dobrou.

Quais são as complicações diretas da pressão alta?

É muito comum termos hipertensão associada a outras doenças, como diabetes, obesidade e dependência do cigarro. 
Quanto mais doenças, maior é o risco. 
As principais complicações são o que chamamos de lesão de órgão alvo. 
A pressão muito alta no coração, por exemplo, pode deixá-lo hipertrofiado, ou seja, crescido. 
Nas artérias, pode levar a um entupimento, uma cardiopatia hipertensiva. Nos vasos da retina, pode causar uma retinopatia hipertensiva. 
Dentro do rim, uma nefropatia hipertensiva. 
E quanto mais tempo sem tratamento, maiores são as chances de um problema.

O que está por trás do aumento dos casos de hipertensão?

São vários fatores. Tem um componente genético, um lado familiar, que afeta de 25% a 30% das pessoas. Tem fatores ambientais, como temperatura, poluição, barulho. Há fatores regulatórios do nosso próprio organismo, da função renal, da função endocrinológica. Mas as principais causas são o estilo de vida.

Cada vez se come mais comida industrializada, menos fibra, se fuma mais, a ansiedade só piora, o número de obesos aumenta. Há o consumo excessivo de álcool, o sono prejudicado, uma vida com estresse crônico e sedentarismo. Esse estilo de vida nocivo é um dos principais determinantes da hipertensão.

Outro fator importante é o excesso de sal. Devemos consumir em média 5g de sal de cozinha por dia, o que equivale a 2g de sódio. Mas o brasileiro consome em média 9g, quase o dobro.

A OMS aponta que cerca de metade das pessoas sequer sabe que tem hipertensão arterial. Por que isso acontece?

A grande maioria dos casos não tem sintoma nenhum. Normalmente, quando eles aparecem, ela já está estabelecida há algum tempo. A pessoa começa a se queixar de falta de ar, cansaço, espuma na urina, problema na visão. Nessa hora, a pressão alta pode já ter afetado o coração, o rim, a visão, a circulação, já ter causado a lesão alvo.

O que a pessoa deve fazer para evitar um subdiagnóstico de pressão alta?

Todo mundo, pelo menos uma vez por ano, deve verificar a pressão arterial, mesmo não sentindo nada. 
O diagnóstico é fácil, mas por ser silenciosa as pessoas não procuram o médico. 
A mulher tem uma vantagem porque tem o hábito de frequentar o ginecologista, que corretamente verifica a pressão. 
Mas o homem só costuma ir ao médico a partir dos 50 anos, quando fica preocupado com doenças como na próstata.

Além disso, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) já recomendam que todas as crianças acima de 3 anos tenham a sua pressão verificada anualmente pelos pediatras.

Um dos grandes desafios é a baixa adesão ao tratamento, por que isso acontece?

A adesão ao tratamento é muito ruim por uma série de fatores
O paciente para de tomar o remédio porque ele é caro ou porque ele não está sentindo nenhum sintoma, passa a achar que não precisa.
 Às vezes a pessoa nega o diagnóstico, ou até mesmo houve uma comunicação ineficaz por parte dos profissionais de saúde.

No Brasil, os trabalhos apontam que somente de 43% a 67% dos pacientes têm a pressão controlada. Os dados da OMS mostram um cenário ainda pior, com 4 de cada 5 pessoas sem o tratamento adequado no mundo. É um dos problemas mais sérios que enfrentamos.

Como é o tratamento da hipertensão hoje?

O tratamento deve ser sempre individualizado, não é uma receita de bolo. Primeiro, existe a abordagem não farmacológica, as medidas de higiene do sono, o perder peso, parar de fumar, fazer atividade física. 

A SBC já orienta até técnicas de respiração, meditação mindfulness, tudo que pode ajudar a baixar a pressão.

Depois, se não houver resultados, se pensa em utilizar os medicamentos. O grande avanço hoje são formulações que envolvem dois, três remédios em apenas uma pílula. Isso facilita a adesão. Há ainda testes genéticos para tentar identificar marcadores associados ao quadro que auxiliem no tratamento.

Existe uma perspectiva de melhora desse cenário com novas tecnologias que vêm surgindo?

A telemedicina ajudou muito porque ampliou o acesso a pessoas que às vezes não têm um especialista próximo. Além disso, hoje existem smartwatches que conseguem medir a pressão. Ainda são caros, mas a vantagem é que ele verifica durante o dia inteiro, fazendo uma espécie de mapa.

A ideia é que esses relógios forneçam a saturação do oxigênio, a frequência cardíaca, a pressão arterial, a qualidade do sono, quantos passos foram dados, e o paciente envie esse monitoramento para o médico, para uma avaliação mais completa. Isso é muito bom, é para o que devemos caminhar no futuro.

Mas o acesso ainda é restrito. É como as canetas para perder peso, por exemplo, são ótimas, mas são caras e não alcançam todos os pacientes com obesidade. Precisamos pensar também em políticas públicas amplas. A Farmácia Popular, criada em 2004, tem dispensação de remédios para hipertensão arterial e faz muita diferença.


Saúde - O Globo

 


No Brasil de Flávio Dino, a liberdade passou a ser um problema - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Ministro da Justiça tenta impor narrativa oficial dos fatos sob o argumento de abolir ‘o ódio’ nas redes sociais

O ministro Flávio Dino, que está tentando provar que não é um fracasso terminal no combate ao crime, e nas outras funções do seu cargo, pretende tornar-se um sucesso como filósofo-chefe de uma ditadura para o Brasil. 
Em seu último surto de ideologia totalitária, veio com um projeto que ficaria perfeito na tábua de mandamentos das tiranias de Stalin e Mao Tsé-tung: para se transformar “em nação”, o Brasil tem de criar “uma narrativa comum para o passado”
O ministro nos ameaça, também, com um “projeto comum para o futuro”, mas isso ele parece disposto a deixar para mais tarde – por ora, seu problema é com o presente. 
Dino não está feliz com o entendimento básico de que o cidadão brasileiro deve ter o direito de fazer os seus próprios julgamentos sobre fatos que já ocorreram na vida pública do país. 
É uma das determinações mais claras e fundamentais da Constituição Federal, mas acaba de ser incluída por ele na lista cada vez maior de “liberdades nocivas” que o atual regime político do Brasil tenta impor à população. Na sua opinião, esse direito tem de ser substituído por uma narrativa oficial e única estabelecendo quais são os fatos, o que é a História e qual é a verdade.
 
O ministro não deixou claro como poderia ser feita essa “narrativa” – por decreto presidencial, portaria do Ministério da Justiça ou despacho do Supremo Tribunal Federal
O que realmente interessa, ao menos como ponto de partida do seu projeto, é proibir os brasileiros de dizerem o que pensam nas redes sociais. É isso, essencialmente, que está atrapalhando o regime; pode ser uma ilusão de ótica, visto que nenhum dos problemas concretos que o Brasil tem hoje é causado pelo que as pessoas escrevem no antigo Twitter, mas é o que Dino e o seu mundo acham. 
Uma internet livre permite, entre mil e uma utilidades, o cidadão afirmar que o presidente da República foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes, e não foi absolvido até hoje
Permite afirmar, como acaba de fazer a OCDE, que os escalões mais elevados do sistema de justiça tornaram a corrupção impune no Brasil. Permite dizer que a Constituição é violada de forma permanente por quem tem a força.

Segundo o ministro, a exposição de fatos como esses impedem o Brasil de se transformar numa “nação”. Ele diz que está querendo abolir “o ódio” nas redes sociais e, sobretudo, a mentira; não admite que a única arma para combater a mentira, numa democracia, é deixar o cidadão livre para dizer a verdade. A liberdade, no Brasil de Dino, deixou de ser uma virtude natural. Passou a ser o principal problema.

 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 

 

Governo coloca sob sigilo voos de ministros do STF em jatinhos da FAB arranjados por Dino - Lúcio Vaz

Gazeta do Povo

Lúcio Vaz

Foto de perfil de Lúcio Vaz

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

 Ministros do STF realizaram 54 voos sob  sigilo em jatinhos da FAB

Ministros do STF realizaram 54 voos sob sigilo em jatinhos da FAB| Foto: Johnson Barros
 
Os voos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em jatinhos da FAB, solicitados pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, estão sob sigilo. 
A sua divulgação poria em risco a segurança de “altas autoridades”, justifica o Ministério da Justiça. 
Já foram realizadas 54 viagens, sendo 40 com apenas um passageiro – como um “Uber aéreo”. O custo já supera os R$ 800 mil. 
Quem mais viaja é o ministro Alexandre de Moraes.
Atendendo a pedido do STF, Dino solicitou ao Ministério da Defesa, em fevereiro, apoio aéreo aos ministros do Supremo
Os voos dos ministros estão camuflados com a classificação de voos “à disposição do Ministério da Defesa”. 
O registro de voos da Aeronáutica não informa o nome nem o órgão desses passageiros. Hoje, Dino é forte candidato ao cargo de ministro do STF.
 
No início de março, o blog revelou com exclusividade a existência desses voos camuflados e solicitou esclarecimentos ao Ministério da Justiça. Não houve resposta. 
Como essas viagens viraram rotina, sempre camufladas, o blog solicitou, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a relação dos ministros que fizeram as viagens – quase a totalidade entre Brasília e São Paulo nos fins de semana.
Veja Também:

Empurra-empurra no governo
Houve um jogo de empurra-empurra entre órgãos de peso do governo
Lula. O pedido de informação chegou ao Comando da Aeronáutica e foi repassado ao Ministério da Defesa, que também o passou adiante. O Serviço de Informação ao Cidadão registrou que a informação solicitada era de competência do Ministério da Justiça, “o órgão demandante do pedido de apoio aéreo”.

O Ministério da Justiça, finalmente, assumiu a autoria do pedido e respondeu ao pedido de informação: “A solicitação de aeronave da FAB por esta pasta, em favor de ministros do STF, teve como propósito a garantia da segurança devido a ameaças que foram identificadas contra tais autoridades”.

O ministério de Dino registrou que o pedido da lista de passageiros encaminhado pelo blog “encontra-se classificado em grau de sigilo”, conforme diz o Decreto 7.724/2012, que regulamenta a Lei de Acesso à Informação. “São passíveis de classificação as informações consideradas imprescindíveis à segurança do Estado ou da sociedade, cuja divulgação ou acesso irrestrito possam pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares”, diz o decreto.

“Pelo exposto, uma vez que o voo em aeronave da FAB ao qual se deseja obter a lista de passageiros ocorreu em caráter de segurança, comunica-se a impossibilidade de fornecimento da lista”, sentenciou o Ministério da Justiça.

Brecha legal permite voos secretos
O ministério também registrou que a solicitação é amparada pelo Decreto 10.267/2020, que especifica quais autoridades federais têm direito ao transporte aéreo oficial. São citados expressamente o vice-presidente da República, os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF; os ministros de Estado, os comandantes e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Não são citados os ministros do Supremo.

Mas o parágrafo 2.º desse artigo abre uma brecha generosa no decreto. Diz que o ministro da Defesa “poderá autorizar o transporte aéreo de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras”. O decreto também fixa a ordem de prioridade na utilização das aeronaves da FAB: emergência médica, segurança e viagem a serviço.

Flávio Dino também viaja para sua casa no Maranhão, em fins de semana, sem agenda oficial, em jatinhos da FAB. Até junho, ele havia feito 12 desses deslocamentos de ida e volta para São Luís. Ao todo, havia feito 46 voos nas asas da FAB. A justificativa para a mordomia é a mesma: “motivo de segurança”.


Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
 
Lucio Vaz, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES
 
 
 

Homem gosta mais de sexo que a mulher, vagina não precisa de lubrificante: especialistas derrubam 8 mitos sexuais

Isso se deve à variabilidade na educação sexual, nas escolas e até nas faculdades de medicina, ou ao fato de que muitos adultos acham difícil falar sobre sexo com a pessoa que os vê nus regularmente. Seja qual for o motivo, a desinformação sobre sexualidade e desejo é comum.“Existem tantos mitos por aí”, afirma Laurie Mintz, professora emérita de psicologia da Universidade da Flórida que se concentra na sexualidade humana. E, acrescentou ela, podem “causar muitos danos”.

Então, a seção Well procurou um grupo de terapeutas sexuais e pesquisadores e pediu-lhes que compartilhassem um mito que desejavam que desaparecesse.

Listado abaixo está o que eles disseram, os 8 mitos sexuais:

Mito 1: Todo mundo está fazendo mais sexo do que você

— Estranhamente, esse mito persiste ao longo da vida — enfatiza Debby Herbenick, diretora do Centro de Promoção da Saúde Sexual da Escola de Saúde Pública da Universidade de Indiana e autora de “Sim, seu filho: o que os pais precisam saber sobre os adolescentes de hoje e Sexo".

Muitos adolescentes pensam que “todo mundo está fazendo isso”, destacou Debby, o que os leva a mergulhar no sexo para o qual simplesmente não estão preparados. Esse mito também pode fazer com que as pessoas mais velhas em relacionamentos de longo prazo se sintam péssimas — como se fossem as únicas em um chamado período de seca, quando podem simplesmente estar experimentando o fluxo e refluxo natural do desejo.

— É bastante comum descobrir que cerca de uma em cada três pessoas não teve relações sexuais no ano anterior — afirma Debby, se referindo a vários inquéritos representativos a nível nacional. Ela também aponta pesquisas nas quais trabalhou, mostrando que a atividade sexual diminuiu nos últimos anos por razões que não são totalmente compreendidas (os investigadores levantaram a hipótese de que o declínio tem a ver com fatores como o aumento do sexting e da pornografia online, bem como a diminuição do consumo de álcool entre os jovens).

— Isso pode ajudar a normalizar esses períodos de pouco ou nenhum parceiro sexual. Dito isto, para quem procura alguma longevidade na vida sexual do parceiro, é importante pensar no sexo de uma forma holística — explica a diretora. Acrescentando ainda que isso significa cuidar de sua saúde física e mental, "e conversar sobre seus sentimentos com seu parceiro para manter um senso de intimidade e conexão".

Mito 2: Sexo significa penetração

Os terapeutas sexuais muitas vezes lamentam que as pessoas sejam apanhadas em certos “roteiros sexuais” ou na ideia de que o sexo deve acontecer de uma maneira particular – normalmente, um pouco de preliminares que levam à relação sexual.

Mas “precisamos ir além da definição de sexo por um único comportamento”, lembra Ian Kerner, terapeuta sexual e autor de “She Comes First”. Ele observou que este tipo de pensamento estreito contribuiu para a lacuna de prazer de longa data entre homens e mulheres em encontros heterossexuais. Por exemplo, um estudo descobriu que 75% dos homens heterossexuais disseram ter orgasmo sempre que tiveram relações sexuais no último mês, em comparação com 33% das mulheres heterossexuais.

Uma pesquisa descobriu que 18% das mulheres tiveram orgasmo apenas com a penetração, enquanto 37% disseram que também precisavam de estimulação do clitóris para ter orgasmo durante a relação sexual. Em vez de correr para a relação sexual, o foco deveria estar na “exterior”, pontua Kerner, que é um termo genérico para qualquer atividade sexual que não envolva penetração:— Se você olhar para a maioria dos filmes convencionais, a imagem é de mulheres tendo orgasmos rápidos e fabulosos com a penetração, e as preliminares são apenas o caminho para esse evento principal. Isso é, na verdade, cientificamente, muito prejudicial e falso.

Ao pesquisar milhares de mulheres para seu livro “Becoming Cliterate”, Laurie descobriu que a porcentagem de mulheres que disseram ter orgasmo apenas com a penetração era de 4% ou menos.

Igualar sexo com penetração também deixa de fora as pessoas que fazem sexo de outras maneiras. Lexx Brown-James, terapeuta sexual, disse que essa visão também ignora as pessoas com certas deficiências, bem como aquelas que simplesmente não gostam de penetração. Muitas pessoas encontram maior satisfação sexual em coisas como sexo oral ou “mesmo apenas contato corporal”, destaca a professora.

Mito 3: As vaginas não deveriam precisar de lubrificante extra

As mulheres na pós-menopausa às vezes descrevem a dor que sentem durante o sexo com penetração como uma sensação de “lixa” ou “facas”. “Mas embora a secura vaginal afecte mais as mulheres mais velhas, pode acontecer em qualquer momento da vida", lembra Debby, o que tem implicações na vida sexual das mulheres.

Estima-se que 17% das mulheres entre 18 e 50 anos relatam secura vaginal durante o sexo, enquanto mais de 50% a experimentam após a menopausa. Ela observou que também é mais comum durante a amamentação ou durante a perimenopausa, e que certos medicamentos, incluindo algumas formas de controle de natalidade, podem diminuir a lubrificação.— Como costumo dizer aos meus alunos, as vaginas não são florestas tropicais — afirmou Debby, observando que a sua investigação descobriu que a maioria das mulheres americanas já usou um lubrificante em algum momento:— Podemos nos sentir excitados ou apaixonados e ainda assim não lubrificar da maneira que queremos.

Mito 4: É normal que o sexo doa

Embora o lubrificante possa ajudar algumas mulheres a sentir mais prazer durante o sexo, é importante lembrar que o sexo não deve doer. Estima-se que 75% das mulheres experimentam sexo doloroso em algum momento das suas vidas, o que pode ter muitas causas profundas: problemas ginecológicos, alterações hormonais, tratamento de câncer, trauma – a lista continua.

Shemeka Thorpe, pesquisadora e educadora de sexualidade especializada no bem-estar sexual de mulheres negras, alerta que muitas mulheres acreditam que a dor durante ou após o sexo é um sinal de bom sexo.— Sabemos muitas vezes que as pessoas que acabam tendo algum tipo de distúrbio de dor sexual mais tarde na vida, na verdade, tiveram dor sexual durante a primeira relação sexual e continuaram a sentir dor sexual ou dor na vulva. Eles não perceberam que isso era um problema — conta a pesquisadora.

Os homens também podem sentir dor durante a relação sexual . Os especialistas enfatizam que é importante que qualquer pessoa que sinta dor durante o sexo consulte um médico.

Mito 5: Os homens sempre querem mais sexo do que as mulheres

A discrepância de desejo é o problema número 1 com o qual lido em minha prática, e de forma alguma o parceiro com maior desejo é sempre do sexo masculino. Mas por causa desse mito, os homens muitas vezes sentem vergonha de sua falta de desejo e uma pressão para sempre iniciar — afirma Debby.

A diretora observou também que este mito está relacionado ao pensamento de que as mulheres não se masturbam, o que, segundo ela, as impede de explorar plenamente sua sexualidade. Mas embora existam dados que sugerem que os homens se masturbam com mais frequência do que as mulheres, não é verdade que as mulheres não queiram sexo, ou que os homens sempre o façam, destaca o terapeuta Brown-James. Por exemplo, um estudo recente descobriu que o desejo das mulheres tende a flutuar mais ao longo da vida, mas que homens e mulheres experimentam flutuações de desejo muito semelhantes ao longo da semana.

Mito 6: O desejo deve acontecer instantaneamente

Os terapeutas sexuais e pesquisadores geralmente acreditam que existem dois tipos de desejo: o espontâneo, ou a sensação de querer sexo do nada, e o responsivo, que surge em resposta a estímulos, como o toque.

As pessoas tendem a pensar que o desejo espontâneo – que é o que muitos amantes experimentam no início dos relacionamentos – é de alguma forma melhor.

Mas Lori Brotto, psicóloga e autora de “Better Sex Through Mindfulness” (na tradução literal para o português: Sexo é melhor através da atenção plena), diz que muito do trabalho que ela faz é normalizar o desejo responsivo, especialmente entre as mulheres e aquelas que têm relacionamentos de longo prazo. Ela os ajuda a compreender que é possível fazer sexo sem desejo espontâneo, desde que haja vontade e consentimento. Lori compara isso a ir à academia quando você não está com vontade:— Suas endorfinas começam a fluir, você se sente muito bem e depois fica grato por ter ido depois.

Mito 7: Sexo planejado é chato

Lori também discorda da ideia de que “sexo planejado é sexo ruim”, porque o torna “clínico, seco e chato”.

Essa visão é “muito prejudicial”, segundo a psicóloga. E isso faz com que muitas pessoas tratem o sexo como uma reflexão tardia, "fazendo-o apenas tarde da noite, quando estão exaustos ou distraídos, se é que encontram tempo para isso", exemplifica.

Quando os pacientes se irritam com o conselho da prática de agendar sexo, ela pergunta: Existem muitas outras atividades em sua vida que você ama ou que são importantes para você e que você nunca planejou ou colocou no calendário? A resposta, segundo ela, geralmente é não.

O sexo programado também pode se prestar ao desejo responsivo, destaca Lori, dando “tempo para a excitação esquentar”.

Mito 8: Seu pênis não é bom ou grande o bastante

Os homens estão sob certa pressão quando se trata da aparência ou funcionamento de seus pênis, afirma Kerner. De acordo com terapeuta sexual, os homens mais jovens acreditam que não deveriam ter disfunção erétil, enquanto os homens mais velhos recebem a mensagem de que a ejaculação precoce é algo que eles superam com a idade e a experiência.

Os dados contam uma história diferente. Embora a disfunção erétil – que é definida como uma incapacidade consistente de alcançar ou manter uma ereção, e não apenas problemas ocasionais de ereção – tenda a aumentar com a idade, ela também afeta cerca de 8% dos homens na faixa dos 20 anos e 11% daqueles na faixa dos 20 aos 30 anos. E 20% dos homens com idades entre 18 e 59 anos relatam ter ejaculação precoce.Não temos uma pequena pílula azul para fazer desaparecer a ejaculação precoce, por isso não estamos tendo a mesma conversa cultural que temos com a disfunção erétil. Ficamos apenas com os mitos de que caras com ejaculação precoce são ruins na cama ou sexualmente egoístas — explica o terapeuta.

Da mesma forma, estudos mostram que muitos homens – gays e heterossexuais – se preocupam com o fato de os seus pênis não serem de um tamanho suficiente, embora muitos parceiros digam que não preferem um pênis especialmente grande.

Sexo em parceria é complexo. Envolve tocar, sintonizar, conectar, comunicar — orienta Kerner.

Saúde - O Globo  

 


sábado, 21 de outubro de 2023

O fiasco diplomático de Lula - Revista Oeste

Silvio Navarro

Liderada pelo PT, diplomacia brasileira tem resolução sobre a guerra em Israel vetada na ONU e mostra sua pequenez ao mundo

 

Presidente da República, durante abertura da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas | Foto: Ricardo Stuckert/PR  

“O terror avançou sobre Israel e foi lançado pelo Hamas, que tem o objetivo de destruir Israel e matar os judeus. Foi o pior massacre contra judeus desde o Holocausto.” A fala é de Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), durante sessão do Conselho de Segurança, na segunda-feira, 16. 
Foi seguida de Dame Barbara Woodward, do Reino Unido: “Apoiamos o direito de Israel à autodefesa, de acordo com a legislação internacional”. O colegiado se reuniu duas vezes nesta semana sob o comando do Brasil, num sistema de governança rotativo. O resultado foi um fracasso. A resolução brasileira para a guerra em Israel foi vetada.

O fiasco diplomático aos olhos do mundo derrubou de vez a campanha de marketing do presidente Lula feita desde a virada do século, quando o PT chegou ao poder: de que o Brasil merece uma cadeira permanente no Conselho de Segurança. 
E a explicação nunca foi tão óbvia: quando teve a oportunidade de demonstrar de que lado da história está, Lula escolheu o errado.
 
Liderada pela esquerda, a diplomacia brasileira não só foi incapaz de condenar com veemência o terrorismo do grupo palestino Hamas — e, consequentemente, defender os valores democráticos do Ocidente. 
Na quarta-feira, 18, passou pelo vexame de ter sua resolução barrada. Os Estados Unidos, cujo presidente Joe Biden estava em solo israelense no mesmo dia, votaram contra — o texto sequer citava o direito de defesa de Israel, apoiado pela Casa Branca.

Os membros efetivos do Conselho têm poder de veto. Além dos Estados Unidos, a resolução precisa do aval de Rússia, China, Reino Unido e França. A embaixadora Linda Thomas-Greenfield mais uma vez foi enfática em relação ao Brasil “Os Estados Unidos estão desapontados”, disse. “Em ataques anteriores de grupos como Al Qaeda e ISIS, este conselho reafirmou esse direito. Este texto deveria ter feito o mesmo.”

Após vetar proposta do Brasil, EUA se dizem ‘desapontados’ por texto não mencionar direito à autodefesa de Israel.

“Em ataques anteriores de grupos como Al Qaeda e ISIS, este conselho reafirmou esse direito. Este texto deveria ter feito o mesmo”, afirmou a embaixadora… pic.twitter.com/kaNF782Lq7— Metrópoles (@Metropoles) October 18, 2023

Os sinais de que os ataques terroristas do Hamas deixaram a diplomacia brasileira atordoada começaram já no dia 7 de outubro. 
Com raras exceções de países comandados pelo Foro de São Paulo — como Cuba, Venezuela e agora a Colômbia —, os países do Ocidente repudiaram com firmeza o avanço da barbárie. 
O mundo ainda conta os mortos do Hamas, mas já se sabe que há vítimas de 41 nacionalidades. No Brasil, pais enlutados pela morte precoce de jovens de 24 anos sequer ouviram do governo o pesar pelo “terrorismo do Hamas”. O motivo? Segundo o assessor para assuntos internacionais de Lula, o ex-chanceler Celso Amorim, as imagens do banho de sangue não bastam: o termo só será empregado se a ONU determinar.

“Foge, no momento, da nossa política, considerar o Hamas um grupo terrorista (…) Declaramos países, organizações ou pessoas que são designadas pela ONU, o órgão delegado a velar pela paz e pela segurança internacional. O Conselho de Segurança não classificou o Hamas como um organismo terrorista até agora. Portanto, o Brasil segue essa orientação. O mesmo serve para sanções.”
(Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, em audiência no Senado)

O PT chegou a divulgar uma nota indecente, na qual acusa Israel de “genocídio” — palavra que nunca mais saiu do dicionário da sigla depois da pandemia. “Condenamos os assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realizam, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, diz o texto. Nas redes sociais, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, ainda deu um jeito de colocar os “bolsonaristas” na confusão que ela arrumou. Bolsonarismo segue mentindo e delirando nas redes e subindo ataques a @LulaOficial depois da reunião do Conselho de Segurança da ONU. Foram 12 votos a favor da proposta de cessar-fogo apresentada pelo Brasil, mostrando grande articulação do nosso presidente. O veto à paz foi…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) October 18, 2023

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, reagiu ao disparate petista. “Justificar as atrocidades do Hamas é falta de humanidade”, disse, em entrevista a Oeste.

A bancada de deputados petistas e seus satélites no Congresso tentaram votar moção em repúdio a Israel. 
O presidente Lula, além de duas breves aparições nas redes sociais, sumiu. 
A primeira-dama, Janja da Silva, caçadora de holofotes, tampouco aparece há duas semanas. Acuados, os ministros só se arriscaram a falar pelo Twitter.

Paralelamente, o país ainda assiste ao silêncio aterrador de autoridades do Judiciário e do Ministério Público, que sempre têm opinião sobre tudo — e que não hesitaram em chamar os baderneiros do 8 de janeiro de terroristas
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) — dois deles, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, são judeus — e integrantes do Ministério Público Federal estão calados. 
 
‘Fake news do bem’
Há mais de dez dias, é notório o constrangimento da velha imprensa, obrigada a acompanhar os desdobramentos da tragédia. Os jornais tradicionais e emissoras de TV optaram por terceirizar as críticas a Israel com especialistas” convidados — nove em dez deles são professores universitários de esquerda.  
Todos insistem em usar o escudo da criação do Estado da Palestina — tema legítimo e honesto — como atenuante à selvageria do Hamas.

Um episódio grave atingiu as redações e os ativistas de esquerda nas redes sociais. Em mais uma cena trágica, um míssil teria atingido um hospital em Gaza. O Hamas disse que morreram 500 pessoas. A gritaria nas manchetes, condenando o exército de Israel, foi imediata. Foi uma das raras vezes em que o casal Lula e Janja saiu do confinamento. A expressão “genocídio” de Israel ganhou tração nas redes sociais, impulsionada pela militância petista.


O ataque ao Hospital Baptista Al-Ahli é uma tragédia injustificável. Guerras não fazem nenhum sentido. Vidas perdidas para sempre. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes. Refaço este apelo. Os inocentes não podem pagar pela insanidade… https://t.co/uKH3iI9rsG— Lula (@LulaOficial) October 18, 2023

(...)



תיעוד מצולם משעות הבוקר של בית החולים בעיר עזה אשר נפגע משיגור כושל של ארגון הטרור הג'יהאד האסלאמי הפלסטיני אמש.

ניתן לראות כי הפגיעה כתוצאה מהשיגור הכושל של הג'יהאד האסלאמי הפלסטיני היא באיזור החנייה, הסמוכה לבית החולים, ואינה דומה למכתש תקיפה >> pic.twitter.com/2ENpvva8Ii— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) October 18, 2023

A guerra em Israel dá sinais de que pode ser mais longa do que as anteriores. É um cenário que deixará Lula e o seu governo contra as cordas
A próxima viagem internacional está marcada somente para o final de novembro, para Dubai, nos Emirados Árabes, na COP28 — se é que haverá disposição para falar de clima com um conflito em curso na vizinhança. 
Ou seja, é provável que o petista permaneça escondido por mais tempo.  
É possível também que, depois do desastre diplomático no Conselho de Segurança da ONU, o sonho de ganhar o Prêmio Nobel da Paz se torne ainda mais distante.
 
 
Silvio Navarro, jornalista - Revista Oeste