Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Foro privilegiado e obstrução judicial no STF


Todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, sem exceção, já manifestaram posição sobre foro privilegiado. Ou no plenário do Supremo exclusivamente, caso da ministra Rosa Weber, ou na imprensa ou nas respectivas sabatinas, como o fizeram Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. Não há, por isso, dúvida sobre o posicionamento da quase totalidade dos juízes do Supremo, muito menos possa se dizer que algum ministro desconhece o tema. Portanto, o julgamento desta quinta-feira (23) sobre a extensão do foro por prerrogativa de função seria apenas a oficialização da mudança de entendimento do Supremo. Certo?


Errado. Não há segredos de que parte dos ministros quer adiar a decisão do tribunal. E o faria em sintonia com as críticas feitas por parlamentares e pelo governo ao Supremo por querer o tribunal mudar as regras do foro privilegiado por interpretação constitucional. O primeiro sinal partiu do ministro Alexandre de Moraes. Na sessão do dia 1º de junho, ele usou duas horas do plenário para pedir vista. Algo que é geralmente feito em alguns segundos. Nesta quarta (22), o ministro Gilmar Mendes disse que ninguém apostava que o julgamento seria concluído nesta semana, apesar de o processo estar na pauta com quatro votos já proferidos.



Por fim, reservadamente, ministros favoráveis à mudança no foro já articulavam uma reação ao pedido de vista que davam como certo. Pedido de vista, criticavam eles, que se assemelha mais à obstrução judicial do que a um prazo maior para que o assunto fosse mais bem estudado. Algo não tão incomum no tribunal. Nessa leitura de sinais, chamou a atenção dos ministros as visitas fora de agenda feitas pelos ministro Dias Toffoli e Gilmar Mendes ao presidente da República, Michel Temer.



Na base de sustentação ao governo no Congresso e no ministério de Temer há clientes da Justiça Criminal preocupados com a possibilidade de serem investigados e julgados na primeira instância e não mais no STF. E isso ocorrerá se o tribunal entender que apenas os crimes cometidos no exercício do mandato devem ser investigados no Supremo. Um pedido de vista que leve ao adiamento da decisão do Judiciário, dilapidando o foro por prerrogativa de função, concorde-se com ela ou não, dá tempo para a política se antecipar ao Supremo e aprovar uma nova regra que se molde perfeitamente aos seus interesses. É a política dando sua resposta ao Supremo.



Folha de S. Paulo - Felipe Recondo 

 

Previdência 1: Sim, governo tem de negociar e de fazer concessão. A isso se chama “política”



O ajuste que a reforma da Previdência traz à economia transcende as contas de ano. Estamos falando das contas de várias gerações. Em política, muitas vezes, é preciso deixar de lado o ótimo em nome daquilo que é possível

Leio que o presidente Michel Temer estaria disposto a sacrificar uma parte do ajuste fiscal em benefício da reforma da Previdência. Para aprovar o texto, o governo se mostraria propenso a manter o reajuste do funcionalismo em 2018, que havia sido suspenso; renegociar dívida do setor rural e adotar novo cronograma para o pagamento de pendências dos Estados com a União. Sei lá se isso vai acontecer ou não. Se vai ser assim mesmo ou não. Se são esses os itens negociáveis ou não. O que sei, desde há muito, é que não há política onde não há negociação. E se inexiste a negociação, então resta como saída única a lei do mais forte e não há mais nada, rigorosamente, que se possa fazer a respeito.

A imprensa brasileira lida mal com isso. Governos negociam com seus respectivos parlamentos no mundo inteiro. Ocorre as grandes democracias são, na sua maioria, bipartidárias. Mesmo quando a França surpreende com um Emannuel Macron, se vocês notaram bem, o que se tem lá são duas forças majoritárias. Ele tomou o lugar do Partido Socialista e manteve a polarização. Fica mais fácil governar. Quando se tem parlamentarismo, de resto, é preciso, com exceções muito raras, formar a maioria apenas uma vez.  Dada a forma como o poder existe no Brasil, cada caso é um caso; cada negociação é uma negociação, e o governante sempre tem se ficar se equilibrando entre várias forças.

Não foi Michel Temer que inventou os 35 partidos (!) com representação no Congresso. Esse desatino, diga-se, é uma das obras do gosto legiferante do Supremo, quando decidiu, no passado, que cláusulas de barreira asfixiavam a democracia… Olhem aí.  Sim, Temer vai ter negociar. Bem, digamos, então, que seja mesmo verdade que o presidente pretenda sacrificar parte do esforço fiscal em benefício da reforma da Previdência. Pergunta-se: é por seu próprio bem que o faz? É para garantir algum projeto político seu? Por ora, que se saiba ao menos, a mudança mais pode tirar do que dar votos.

O ajuste que a reforma da Previdência traz à economia transcende as contas de ano. Estamos falando das contas de várias gerações. Em política, muitas vezes, é preciso deixar de lado o ótimo em nome daquilo que é possível, não? E não há nada de novo nem de formidável nisso. No fim das contas, o chefe do país é obrigado a escolher: vale a pena transgredir uma combinação contingente em nome de um efeito  permanente? A resposta, obviamente, é sim!  Diga-se o mesmo em relação à reforma ministerial. Não se sabe ainda a forma final, mas é evidente que o presidente tem de pensar nessa mudança também de olho na votação da Previdência. Que mal há nisso? Se você é do tipo que acredita que políticos deveriam ser orientados apenas pelo sentido de missão, então, lamento dizer, precisa se ocupar um pouco mais dessa que muitos julgam ser uma “arte”. Refiro-me, sim, à política.  Sim, há as convicções, e elas são importantes. Mas é preciso saber operar com a realidade.

 Blog do Reinaldo Azevedo



 

Saiba o que muda com o novo texto da PEC da Previdência

Tempo mínimo de contribuição permanece em 15 anos, mas 100% do benefício só depois de quatro décadas

A reforma da Previdência manterá a idade mínima de 65 anos, para homens, e de 62, para mulheres, com regra de transição que durará 20 anos, confirmou nessa quarta-feira (22/11) o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA). O tempo de contribuição para requerer a aposentadoria continuará sendo de 15 anos para a iniciativa privada, mas, para conseguir 100% da média do salário, o contribuinte precisará trabalhar 40 anos. Com 15, o percentual será de 60%, garantido o salário mínimo como piso. “Há um incentivo para que as pessoas, de fato, trabalhem um pouco mais, visando ter uma aposentadoria melhor”, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Para os servidores públicos, o mínimo de contribuição exigido será de 25 anos.
 
Arthur Maia apresentou o novo texto em jantar no Palácio da Alvorada, do qual participaram, além do presidente Michel Temer, ministros, deputados da base aliada e economistas. Se o texto mais enxuto for aprovado, a equipe econômica acredita que será possível economizar R$ 480 bilhões nos próximos 10 anos, 60% do que era esperado com a proposta de emenda à Constituição (PEC) original, enviada aos deputados em dezembro do ano passado. “Se nada for feito, daqui a 10 anos, 80% do orçamento vai ser usado para pagar a Previdência”,afirmou o relator. Sobrar 20% para as demais despesas, como saúde e educação, segundo ele, “é o fim do país”.

O texto mantém a regra de transição, que permitirá que homens de 55 anos e mulheres de 53 se aposentem, desde que paguem um pedágio de 30% sobre o tempo que faltaria para completar 35 anos de contribuição (homens) e 30 (mulheres). Essa idade aumentará um ano a cada dois anos, a partir de 2019 — ou seja, em 2022, o corte passará a ser de 54 anos para mulheres e 56 para homens; em 2024, 55 e 57; e assim por diante. Dessa forma, a idade mínima só chegará aos 62/65 em 2038.

A equiparação de benefícios entre servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada também foi mantida no texto: o benefício máximo, para as duas categorias, será o do teto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), hoje de R$ 5.531,31. O relator ressaltou que o deficit per capita na iniciativa privada é de R$ 1,1 mil, enquanto, para os servidores públicos, chega a R$ 78 mil. “Não é razoável”, comentou. A proposta também retira a possibilidade de que o governo use até 30% do orçamento previdenciário pela Desvinculação de Receitas da União (DRU).

Para diminuir a resistência no Congresso Nacional e garantir que o texto não prejudicará os mais pobres, todas as mudanças na aposentadoria rural ficaram de fora. Para os pequenos produtores rurais, fica garantida a aposentadoria aos 60 anos de idade (homens) e 55 (mulheres), com 15 de contribuição. A contribuição continuará sendo a partir de um percentual sobre a comercialização da produção, e não por uma alíquota individual, como era proposto.

Também foi suprimido do texto o dispositivo que aumentava a idade mínima de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e deficientes de baixa renda, de 65 anos para 67 anos. A regra para pensão por morte, que ainda era alvo de discordância entre a equipe econômica do governo e parte dos consultores da Câmara, ficou como estava no relatório, aprovado em maio pela comissão especial. A fórmula de cálculo será de 50% do valor do benefício, mais 10% por dependente, garantido o salário mínimo como piso. O limite para acúmulo entre benefícios continua sendo de dois salários mínimos (o equivalente a R$ 1.874 atualmente). Ainda era cogitado um aumento para três salários mínimos (hoje, R$ 2.874).
 
Jantar
Cerca de 180 pessoas participaram do jantar, entre deputados, economistas e ministros. O governo esperava a presença de 300. Para aprovar a reforma, são precisos 308 votos em dois turnos no plenário da Câmara. Hoje, o governo diz contar com cerca de 260. A ideia é colocar a proposta em pauta quando o número chegar a 320, pelo menos. A expectativa do governo é votar o novo texto na primeira semana de dezembro. O prazo, para o relator, é até 15 de dezembro. “Acho muito difícil, se não votar até 15 de dezembro, que se consiga votar isso ano que vem”, disse Arthur Maia.
De acordo com Henrique Meirelles, o novo texto deverá obter 60% dos ganhos fiscais da proposta original, enviada pelo governo ao Congresso em dezembro de 2016. A economia em 10 anos nas contas públicas, que seria de quase R$ 800 bilhões, passou a ser de R$ 480 bilhões no período. Uma ligeira melhora em relação aos cálculos anteriores, que estimavam uma economia de R$ 400 bilhões em uma década.
 
Principais pontos
O que estará na proposta que o Planalto vai colocar para ser votada pelos deputados

 » Idade mínima
Mantém 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres)

 » Regra de transição 
Começa aos 55 anos (homens) e 53 anos (mulheres), com aumento de um ano a cada dois, a partir de 2020, desde que paguem um pedágio de 30% do tempo que falta até os 35 anos de contribuição

 » Tempo de contribuição
Mínimo de 15 anos para dar direito à aposentadoria equivalente a 60% do valor integral. Para ter direito à aposentadoria integral, trabalhador terá de contribuir por 40 anos. O tempo mínimo dos servidores será 25 anos

 » Equiparação de regras
Trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos terão o mesmo 
teto de benefícios, limitado, hoje, a R$ 5,53 mil (teto do INSS). 

 » Pensão por morte 
Mantém a fórmula de cálculo de 50% do benefício mais 10% por dependente. Opção de 
acumular aposentadoria e pensão, desde que o valor final não ultrapasse dois salários mínimos.

Correio Braziliense - Colaboraram Paulo de Tarso Lyra e Hamilton Ferrari
 

Como fica a nova proposta do governo para a reforma da Previdência

O  governo apresentou, em jantar na noite desta quarta-feira (22), sua nova proposta para a reforma da Previdência. Confira abaixo o texto mostrado no encontro:

O que foi suprimido da PEC?

Todas as alterações que diziam respeito ao segurado especial (pequeno produtor rural):
- Continuarão aposentando-se aos 60 anos de idade, se homem, e 55 anos, se mulher, com 15 anos de tempo de contribuição
- Continuarão contribuindo a partir de um percentual sobre a comercialização de sua produção

 Todas as alterações que diziam respeito ao Benefício de Prestação Continuada (BPB):

- Permanecerá garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família

O que foi alterado na PEC? 
-As contribuições sociais deixaram de ficar submetidas à DRU
-O tempo de mínimo contribuição para aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social foi diminuído de 25 para 15 anos
-O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria no Regime Próprio de Previdência dos Servidores permaneceu em 25 anos. 

Assim ficou a regra de cálculo do benefício nos dois regimes:
Tempo de contribuição - RGPS (Regime Geral de Previdência Social)
15 anos - 60% da média
20 anos - 65% da média
25 anos - 70% da média
30 anos - 77,5% da média
35 anos - 87,5% da média
40 anos - 100% da média

Tempo de contribuição - RPPS (Regime Próprio de Previdência Social)
15 anos - Não se aposenta
20 anos - Não se aposenta
25 anos - 70% da média
30 anos - 77,5% da média
35 anos - 87,5% da média
40 anos - 100% da média

O que permaneceu na PEC?
1- Idades mínimas de aposentadoria no futuro:
CATEGORIA - RGPS (mulher/homem)
Regra geral - 62/65
Professores - 60/60
Policiais - 55/55
Condições prejudiciais à saúde - 55/55
Pessoas com deficiência - Não há limite mínimo
Segurado especial - 55/60 (como é hoje)

CATEGORIA - RPPS (mulher/homem)
Regra geral - 62/65
Professores - 60/60
Policiais - 55/55
Condições prejudiciais à saúde - 55/55
Pessoas com deficiência - Não há limite mínimo
Segurado especial - 55/60 (como é hoje)

2 -Idades mínimas de aposentadoria na regra de transição:
REGRA GERAL - RGPS
2018 - 53/55
2020 - 54/56
2022 - 55/57
2024 - 56/58
2026 - 57/59
2028 - 58/60
2030 - 59/61
2032 - 60/62
2034 - 61/63
2036 - 62/64
2038 - 62/65
2040 - 62/65
2042 - 62/65

REGRA GERAL - RPPS
2018 - 55/60
2020 - 56/61
2022 - 57/62
2024 - 58/63
2026 - 59/64
2028 - 60/65
2030 - 61/65
2032 - 62/65
2034 - 62/65
2036 - 62/65
2038 - 62/65
2040 - 62/65
2042 - 62/65

3- Unicidade de tratamento entre servidores públicos e demais empregados:
-Idades de aposentadoria equivalentes (sendo inclusive mais rígidas para o servidor público ao longo da fase de transição)
-Regras equivalentes para pensão e acumulação de pensão, que passarão a valer a partir da publicação da PEC
-Regras equivalentes para o cálculo dos benefícios por invalidez, que passarão a valer a partir da publicação da PEC
-Fórmula de cálculo pela média para servidores e demais empregados, inclusive para os servidores que entraram antes de 2003 (a não ser que se aposentem com 62/65 anos a partir da publicação da PEC)

Gaucha-ZH 
 
Este conteúdo foi produzido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Para compartilhar, use o link http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2017/11/22/novo-texto-da-previdencia-mantem-idades-minimas-de-65-e-62-anos-316996.php
Este conteúdo foi produzido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Para compartilhar, use o link http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2017/11/22/novo-texto-da-previdencia-mantem-idades-minimas-de-65-e-62-anos-316996.php
Este conteúdo foi produzido pelo Sistema Jornal do Commercio de Comunicação. Para compartilhar, use o link http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2017/11/22/novo-texto-da-previdencia-mantem-idades-minimas-de-65-e-62-anos-316996.php

Argentina investiga ‘ruído’ em área de busca por submarino

O porta-voz da Marinha da Argentina, Enrique Balbi, informou no fim da noite desta quarta-feira (22) que os investigadores estão analisando uma “anomalia hidroacústica” próximo à área onde o submarino ARA San Juan fez o último contato antes de desaparecer.  Esse “novo indício” foi registrado às 11h (hora local) do dia 15 de novembro, data do sumiço da embarcação, a cerca de 55 quilômetros ao norte do último contato, que foi feito por satélite. Essa comunicação ocorreu cerca de quatro horas antes do desaparecimento.

“A nossa Marinha havia pedido a colaboração dos Estados Unidos que, por sua vez, pediram informações para diversos órgãos que estudam os eventos hidroacústicos em todo o mundo. Após ter reunido essa informação, foi feita uma análise exaustiva e centralizada nos EUA, que pediu seu tempo. Hoje, recebemos esse novo indício”, explicou Balbi.

Questionado por jornalistas se o “ruído” poderia ser uma explosão, o porta-voz ressaltou que “não temos informações a respeito e não formulamos nenhuma conjectura”. Agora, com essas novas informações, estão sendo feitos novos monitoramentos da área de onde veio o barulho, seguindo o modelo de “triplo controle” usados anteriormente.  Isso significa que serão usados o uso de sonares ativos e passivos, que são guiados por navios argentinos; imagens térmicas, obtidas por aviões norte-americanos; e monitoramento de possíveis anomalias magnéticas, feitas por um avião brasileiro que sobrevoa as áreas investigadas em voos mais rasantes.

Apesar das autoridades não falarem em explosões, veteranos da Marinha consultados pelo jornal “La Nación”, afirmam que esse ruído pode mostrar um cenário “mais sombrio”, com a explosão das baterias do submarino.  A busca incessante pelo equipamento militar, que tinha 44 pessoas a bordo, conta com a participação de mais de 10 países. O temor é que, caso não tenha ocorrido uma explosão, por exemplo, os tripulantes morram por conta da falta de oxigênio no equipamento. Pelos cálculos técnicos, o suprimento de ar teria terminado nesta quarta-feira .

ANSA

Os juros futuros avisam: pode piorar

Qual será a situação financeira do governo daqui a dois anos? Como estarão as contas públicas?

Os sinais de retomada da economia são evidentes. Números desta semana: o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), com dados fechados até setembro, mostrou que o país engrenou três trimestres seguidos de alta. Depois da queda no fim de 2016, houve expansão nos nove primeiros meses de 2017. Na mesma direção, foram criados 76,6 mil empregos formais em outubro último. Com isso, a série emplacou nove meses seguidos de geração de vagas.
 
Há todas as ressalvas — recuperação moderada, irregular — mas está em curso um claro processo de melhora das expectativas. Em janeiro último, o consenso nos meios econômicos previa crescimento do PIB de 0,5% para este ano, com a taxa básica de juros de 10,25% para controlar uma inflação perto de 5%. Hoje, as previsões para o PIB se aproximam de expansão de 1%, com um cenário muito mais benigno para inflação (na casa dos 3%) e juros. O BC já cortou os juros para 7,5% e praticamente cravou que vai reduzi-los para 7% em dezembro próximo. Para 2018, as expectativas também estão sendo revistas para cima: não será surpresa se o PIB crescer em torno dos 3%, com inflação de 4% e juros básicos a 7%.
 
Então, tudo bem? Para o curto prazo, parece. Mas quando se olha mais à frente, tem algo esquisito. Pelo jeitão da coisa, parece que 2018 está bem encaminhado, tudo dentro da lógica. Se a economia estará mais aquecida, inclusive com geração de empregos mais intensa, a inflação deve subir paulatinamente, para se acomodar em torno dos 4% ao fim de 2018. E é factível, provável mesmo, que permaneça nesse nível ao longo de 2019. Continuando com a bola de cristal: se PIB e inflação estarão mais fortes, é normal que o BC suba a taxa básica de juros. Para quanto? Que tal uns 8% ao ano, um pontinho acima, para assim tocar em 2019? Seria mais ou menos a mesma coisa que a combinação atual de inflação a 3% com juros a 7%. Coerente, portanto, com o conjunto do cenário.
 
No entanto, no mercado financeiro, os juros futuros estão subindo mais, acima de 10%, isso nos títulos do governo com vencimento de 2019 para diante. Quando o investidor aplica no Tesouro Direto, por exemplo, está comprando um título do governo. Dito de outro modo, esse investidor está emprestando dinheiro para o governo, que paga uma determinada taxa de juros, a remuneração do credor. Essa taxa é definida no mercado a partir da seguinte questão simplificada: quanto o investidor exige de prêmio para emprestar seu dinheiro ao governo? Está embutida aí outra pergunta: qual será a situação financeira do governo daqui a dois anos? Como estarão as contas públicas? Um devedor com finanças equilibradas paga juros menores. Já o devedor duvidoso... E quando esse devedor é o governo, a alta de juros se espalha por toda a economia, reduzindo as chances de crescimento, aumentando o dólar e provocando inflação.
 
Resumindo: quando os que emprestam dinheiro para o governo estão cobrando juros bem maiores a partir de 2019, isso indica uma dúvida em relação ao ajuste fiscal e à continuidade da recuperação econômica. O entendimento dominante indica que as contas do governo caminharão para o colapso se não forem feitas as reformas para conter o gasto público, especialmente a despesa previdenciária. E estamos falando de dois governos, o atual, de Michel Temer, e o que será eleito no próximo ano. O atual ainda luta para aprovar uma reforma da Previdência que economize uns R$ 400 bilhões nos próximos dez anos. O projeto original, que a equipe econômica considerava duradouro, economizava o dobro. Mas não passou no ambiente político.
 
Nos meios econômicos, no mercado, a expectativa está entre o racional e a pura torcida. No racional: Temer ainda não tem os 308 votos para aprovar a Previdência na Câmara. Dentro do governo, estima-se que 275 deputados já estariam comprometidos com a reforma. E que seriam necessários mais uns 40 para entrar na votação com um mínimo de margem de segurança. Como arranjar esses 40? Negociando ministérios, cargos e verbas. Tal é o plano em andamento, aliás fortalecido nesta semana. A melhora da economia e a superação das denúncias deram mais fôlego ao presidente Temer.
 
Funciona?
Aqui entra a torcida do mercado. O pessoal se dará por satisfeito se a Câmara conseguir votar a meia reforma até 22 de dezembro. A coisa ainda precisará passar pelo Senado, mas lá é mais fácil e pode ficar para o ano que vem. E se a Câmara não votar nada? E se a reforma for derrotada em plenário? O ambiente claramente piora e a atenção vai se concentrando nos candidatos a presidente. A partir daí, as pesquisas eleitorais serão os principais indicadores econômicos. Na verdade, serão o foco mesmo que a reforma seja aprovada. Há muito por fazer para equilibrar as contas.
 
Resumo: com a reforma da Previdência votada na Câmara, o país entra no ano eleitoral mais tranquilo ou menos nervoso. Sem, o pessoal vai cobrar juros.