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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A vergonha do cargo público



Nenhum cargo público deveria ser contaminado por qualquer mau exemplo dado por aquele que temporariamente o ocupa

Cargos públicos no Brasil, antes motivo de orgulho e prestígio, passaram recentemente a serem vistos por muitos com reserva e desconfiança. Se esse tipo de percepção se alastra e se consolida, a sociedade perde muito da sua capacidade de se organizar produtiva e socialmente. Os indivíduos mais qualificados tendem a evitar o serviço público.

A má reputação de alguns cargos públicos decorre, evidentemente, do mau exemplo no exercício da função, e não do cargo em si. A princípio, não deveria haver contaminação do cargo pelo seu eventual exercício. A menos que o cargo seja tão mal desenhado, do ponto de vista institucional, que apenas o seu exercício em dissonância com o interesse público seja possível. Nesse caso limite, cabe ao ocupante do cargo vir de imediato a público e explicitar tal fato. 

A ideia de dissociação entre o cargo e seu titular momentâneo pode ser melhor estabelecida após a resposta à seguinte indagação: de quem ou de onde decorre, em última instância, a autoridade para o exercício das funções associadas a determinada posição? Essa indagação foi usada por Santo Agostinho, por exemplo, para dirimir uma importante controvérsia na comunidade cristã iniciada no século IV. 

Em 312, Ceciliano foi eleito para o cargo de bispo de Cartago. A nomeação não foi aceita por aqueles que viriam a ser posteriormente denominados “donatistas”, que acabaram por eleger o seu próprio bispo, estabelecendo um cisma na Igreja Católica. Para os donatistas, sacramentos conduzidos por um clérigo pecador não teriam validade. E o ordenamento de Ceciliano se enquadraria nesse caso. 

Mais de 50 anos após a eleição de Ceciliano, Santo Agostinho foi confrontado com a questão donatista. Percebeu de imediato que aquiescer com tal tese traria grandes dificuldades, tendo em vista que todos os sacramentos conduzidos por Ceciliano e por aqueles a partir dele ordenados perderiam a sua validade.

Com sua enorme capacidade de prover racionalizações pragmáticas e de cunho cristão para fatos observáveis na prática, Santo Agostinho rebateu as ideias donatistas indagando publicamente sobre a origem do poder que emanava do bispado. Lembrou que o exercício da função eclesiástica derivava de uma concessão de Deus, e não dos homens. Logo, na sua visão o ordenamento de Ceciliano era válido, mesmo que tivesse sido conduzido, segundo os donatistas, por um suposto traidor da causa cristã. 

Estabelecia Santo Agostinho, com esse recurso à fonte original, uma clara independência entre cargos eclesiásticos e seus ocupantes.  Raciocínio congênere pode ser usado para dirimir controvérsias no caso de funções públicas. A questão nessa seara não apela ao raciocínio protoescolástico de Santo Agostinho, mas sim a uma tradição de pensamento ocidental que se inicia por Thomas Hobbes e John Locke e se consolida no conceito de democracia liberal.

Segundo essa visão, o poder para exercício de cada cargo público deriva, em última instância, da sociedade como um todo. A outorga popular, contanto que sujeita às normas sociais e às leis estabelecidas, confere legitimidade ao cargo e validade ao exercício dos atos a ele inerentes. Uma vez mais, estabelece-se, agora no contexto não teológico, mas sim da filosofia política, a independência entre o cargo e o seu eventual titular. Transplantada para o Brasil atual, essa visão implica que nenhum cargo público deveria ser contaminado por qualquer mau exemplo dado por aquele que temporariamente o ocupa. O cargo público é uma instituição que aporta, a seu ocupante, a honrosa possibilidade de servir à comunidade que o acolhe. Como tal, deve (o cargo) ser valorizado e respeitado.

Nomeações políticas sem contrapartida técnica sobrepõem de forma egoísta interesses de grupo sobre o interesse do todo. Desvios ou corporativismo no cumprimento da função, de forma ainda mais incisiva, têm o poder de afetar negativamente a imagem do cargo público. São fatos que minam fortemente a lógica construtiva aqui estabelecida e que, em função disso, devem ser fortemente coibidos.

N. da R.: Carlos Alberto Sardenberg, excepcionalmente, não escreve hoje
Rubens Penha Cysne é professor da FGV EPGE



quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Depois da vigília que morreu de frio, devotos de Lula farão greve de fome

Em casos de "fome extrema", voluntários estarão de prontidão para "reposição de pessoal" ─ seja lá o que isso signifique


“A greve não termina enquanto Lula não for solto para abraçar os manifestantes”, avisou João Pedro Stédile nesta segunda-feira, durante um ato eleitoreiro disfarçado de entrevista coletiva no Centro Cultural de Brasília. À plateia, formada pelos principais representantes de sites e blogs companheiros, integrantes da Via Campesina e militantes de movimentos ligados ao PT anunciaram uma “greve de fome por tempo indeterminado” em apoio ao ex-presidente presidiário. O chefão do MST não deixou claro se participará da ação ou repetirá o papel de espectador privilegiado que desempenha nas invasões ilegais que ordena aos subordinados que façam.

“Nossos companheiros e companheiras dos movimentos sociais decidem fazer greve de fome por justiça, democracia e liberdade para Lula e o povo brasileiro”, comemorou Maria do Rosário no Twitter. A deputada federal gaúcha promete acompanhar todos os passos do grupo entrincheirada em seu gabinete, nos intervalos das refeições que não deixará de fazer.

Frei Sérgio Gorgen aproveitou a oportunidade para transmitir a advertência a meia dúzia de jornalistas: “Se alguma coisa grave acontecer com qualquer um de nós, têm culpados e responsáveis”. Sérgio Moro seria o o primeiro da lista de acusados, completada pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus.

Como ninguém é de ferro, a greve não começou logo depois de anunciada. A largada do jejum ocorrerá nesta terça-feira, às 14h, em frente do prédio do Supremo Tribunal Federal. Em casos de “fome extrema”, o grupo avisou que voluntários estarão de prontidão para “reposição de pessoal” — seja lá o que isso signifique.  É cedo para arriscar respostas a uma pergunta inevitável: a greve de fome prometida para pra esta terça será mais longa ou mais curta que a vigília dos devotos de Lula nas imediações da sede da Polícia Federal em Curitiba? A segunda morreu de frio antes de completar 100 dias.

Branca Nunes e Cristyan Costa - Veja - Blog do Augusto Nunes
 

Insistência de Lula é estímulo a Bolsonaro



O maior estímulo à candidatura à Presidência da República de Bolsonaro é a tentativa de Lula de se manter na disputa. A estratégia do ex-presidente é clara, embora seja uma missão quase impossível colocar sua fotografia na urna eletrônica para que seja real o slogan já escolhido: Fulano é Lula, Lula é Fulano.  Se sua foto aparecesse na urna, seu eleitorado teria a sensação de que estaria votando nele, e pouco importaria o nome que estivesse por trás daquela fotografia. Seria a indicação de que Lula é que governaria e, mais que isso, a possibilidade de o futuro presidente petista conseguir alguma maneira de tirá-lo da cadeia.

Para Bolsonaro, a pior coisa seria Lula ter um acesso de bom senso e organizar a campanha presidencial do PT, ou das esquerdas unidas, em torno de um dos nomes que estão na disputa, possivelmente o candidato do PDT, Ciro Gomes, bem cotado nas pesquisas eleitorais, embora seja suplantado sistematicamente pela candidata da Rede, Marina Silva.   Outra decisão do ex-presidente que só faz acirrar os ânimos e dar mais gás ao antilula que Bolsonaro encarna é a radicalização da disputa política, que ontem teve mais um episódio esdrúxulo: seis pobres coitados selecionados por João Pedro Stédile para fazer greve de fome em favor de Lula criaram uma balbúrdia em frente ao Supremo Tribunal Federal.

Ao assumirem, pela boca de Stédile, que não se fechará para a comida, que fazem a greve de fome para pressionar o STF a permitir que Lula — que também não adere à greve de fome — seja candidato à Presidência da República, levam a disputa para o campo em que Bolsonaro se dá melhor.  Assim como Lula espera ganhar politicamente ficando em evidência até o dia 20 de setembro, quando as urnas eletrônicas são “inseminadas”, processo de instalação dos programas nas urnas, com os nomes, números, fotos de candidatos, dados dos partidos e coligações, e a ordem de votação, também Bolsonaro ganha com a ampliação do prazo para se vender como o antilula.

O PT terá que tomar uma decisão durante esse processo, se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não agir com firmeza e rapidez. Manter a candidatura de Lula até o final, mesmo correndo o risco de impugnação dos votos dados a ele, significa uma jogada de confrontação máxima da Justiça, criando uma instabilidade política perigosa.  Caso, por hipótese, Lula venha a ser um dos dois mais votados no primeiro turno, e o recurso contra sua inelegibilidade continuar em processo no STJ ou no STF, iria para o segundo turno ainda sub judice.

Se a inelegibilidade for confirmada antes da votação em 7 de outubro, os votos dados a ele serão considerados nulos, e seriam classificados os dois candidatos que terminassem o primeiro turno mais votados, além de Lula: ou o primeiro e o terceiro colocados, caso Lula termine em segundo, ou o segundo e terceiro, caso Lula chegue em primeiro.  Também os partidos coligados ao PT teriam que ir para uma candidatura “a todo risco”, sabendo que seus votos poderão ser anulados caso se confirme a inelegibilidade de Lula. Pela Lei da Ficha Limpa, o candidato pode perder o mandato até mesmo depois de eleito. Por isso, os partidos de esquerda têm cada um seu candidato próprio, e ninguém quer abrir mão dele para se coligar com um candidato que pode provocar a anulação de todos os votos dados à coligação.

Se o PT decidir não forçar uma crise institucional e trocar de candidato, pode fazê-lo até o dia 17 de setembro, 20 dias antes da eleição. Nesse caso, a foto e o nome do substituto estarão na urna eletrônica, obedecendo à legislação. A hipótese de Lula poder participar da campanha eleitoral é próxima de zero.   Em 15 de agosto termina o prazo para os partidos políticos e coligações registrarem seus candidatos. A propaganda eleitoral começa no dia seguinte, e 15 dias depois, a 31 de agosto, começa a propaganda eleitoral gratuita através do rádio e da televisão.

Tudo indica que Lula vai tentar manter a candidatura até a data limite, dando a seu substituto apenas 20 dias para fazer campanha. Para sorte do substituto, porém, esse timing imaginado pela cúpula petista vai ser atropelado pela Justiça Eleitoral, que deve não aceitar o registro de um candidato previamente inelegível devido à Lei da Ficha Limpa, incorporada à lei eleitoral.   Radicalização da disputa política é decisão do ex-presidente que só faz acirrar os ânimos e dar gás ao antilula



[Neymar faz pouco caso de brasileiros] PRTB oferece general para vice de Bolsonaro, que pode ficar com Janaína

A novela para a escolha do candidato a vice na chapa presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) ganhou dois novos capítulos. A advogada Janaína Paschoal voltou a ser seriamente cotada para o posto, e o PRTB ofereceu o nome do general Hamilton Mourão, que já vinha circulando entre bolsonaristas.​

Janaína, co-autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff em 2016, era nome quase certo para a vice. Agregaria o fato de ser mulher, quando o eleitorado feminino é aquele no qual Bolsonaro tem pior desempenho —pesquisas qualitativas o associam a misoginia, além da homofobia e do racismo, nódoas que o deputado rejeita.

Durante a convenção do PSL que sacramentou Bolsonaro no dia 22, contudo, Janaína fez um discurso por assim dizer relativista, comparando o furor militante de seguidores do deputado ao petismo. Além disso, sugeriu que aborto é uma questão de saúde pública, o que soa como pecado nas hostes do PSL. [só a bobagem sobre o aborto desqualifica Janaína - quem pensa ser o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos é questão de saúde pública (quando é questão de polícia), não tem condição de ser candidata a nenhum cargo - nem mesmo a síndico de condomínio.
Felizmente, se a candidatura dela prosperar, os curtos períodos em que a Janaína poderá assumir a presidência não representarão tempo suficiente para que ela ponha em conta suas ideias que ofendem à Família e a aos DIREITOS HUMANOS.]

Ela conversou por pouco menos de duas horas com Bolsonaro na noite de segunda (30), antes da participação do deputado no programa Roda Viva. Segundo interlocutores do candidato, arestas foram aparadas e a situação avançou.
Faltaria apenas o OK da advogada, que ainda alega questões familiares para aceitar a tarefa. (…)
Na Folha.

Blog do Reinaldo Azevedo

ASSISTA: O É DA COISA: Neymar faz pouco caso dos brasileiros, confessa “fake soccer”, monetiza decepção do povo e, desta vez, cai de verdade

Com maestria aos nove minutos Reinaldo comenta sobre a 'monetização da brochada'. 


Agosto no Supremo

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma os trabalhos hoje com uma pauta importante, mas politicamente lateral: 
os julgamentos de três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 2139, 2160 e 2237) que questionam dispositivo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); e,
- duas ações que discutem a validade de imposição de idade mínima para a matrícula de alunos no ensino infantil e fundamental, uma Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 17 e outra de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 292. 

A agenda principal, porém, foi anunciada por 11 militantes do Movimento de Trabalhadores Sem-Terra (MST), que ontem iniciaram uma greve de fome pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob as marquises do Supremo. Foram removidos do local por ordem da presidente da Corte, ministra Cármen LúciaO Supremo está na iminência de dar um basta a essas tentativas do ex-presidente de desmoralizar o Judiciário. Ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou manifestação ao STF contra o agravo regimental em que o ex-presidente Lula questiona decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, no caso do tríplex do Guarujá (SP). No documento, a PGR afirma que a decisão do TRF4 – que condenou Lula a 12 anos e um mês de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – deve ser mantida, e que o pedido da defesa é inadmissível e não possui plausibilidade jurídica.

Lula pleiteia efeito suspensivo ao recurso extraordinário apresentado contra o acórdão do TRF4. Para Raquel Dodge, isso não é possível, pois o recurso já foi negado pelo tribunal de origem. Em razão disso, e pela perda do objeto do pedido, o STF não deveria sequer apreciar a questão. Entretanto, caso os ministros aceitem julgar o caso, a procuradora-geral requer o não provimento do agravo regimental. Além de não preencher condições mínimas de admissibilidade e plausibilidade jurídica, o recurso de Lula se baseia em supostas violações a normas infraconstitucionais que o Ministério Público Federal rechaça.

A manifestação da procuradora-geral da República desconstrói a narrativa de que Lula foi condenado sem provas. Raquel Dodge rechaça o inconformismo do petista e destaca que os magistrados do TRF-4, “nas duas decisões, a última inclusive por unanimidade”, tiveram a seu dispor uma gama de material probatório e entenderam haver “provas robustas de que Lula praticou os crimes”. A defesa do ex-presidente Lula apresentou dois embargos de declaração contra a decisão do TRF-4 que aumentou a pena para 12 anos e um mês de reclusão. A um foi dado provimento em parte e o outro não foi conhecido. Em seguida, foi interposto recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e recurso extraordinário no STF. Ao mesmo tempo, foi apresentada Medida Cautelar perante o presidente do TRF-4 pedindo que os recursos Especial e Extraordinário fossem recebidos com efeito suspensivo.

O nome desta cascata de recursos é chicana. Após o pedido ser indeferido, a defesa de Lula ajuizou nova medida cautelar no STF pedindo que o recurso extraordinário fosse recebido com efeito suspensivo. O recurso extraordinário não foi admitido pela vice-presidente do TRF-4 e, em função dessa decisão, o ministro Edson Fachin considerou prejudicada a medida cautelar. Outro agravo regimental foi interposto, pedindo que fosse reconsiderada a decisão do ministro do STF. Mas isso não ocorreu, e o agravo regimental será submetido ao julgamento do plenário. Na manifestação enviada ao Supremo, a PGR rebate todas as alegações da defesa do ex-presidente.

Para Raquel Dodge, o recurso extremo de Lula não apresenta relevância capaz de transcender seus interesses subjetivos e afetar outras pessoas em situação semelhante. “Tampouco traz questões cuja resolução dependa da análise do direito em tese e não de fatos estritamente relacionados à causa concreta ora posta à apreciação judicial. Trata-se de recurso que versa sobre questões afetas unicamente à situação processual do requerente.”

Candidatura
O uso ilimitado de recursos pela defesa de Lula não tem nada a ver com a boa advocacia, é apenas uma estratégia política para manter sua candidatura e embaralhar o jogo eleitoral. De certa forma, Lula está conseguindo iludir seus eleitores. Ontem, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, deu um chega pra lá nas intenções petistas, ao anunciar que Lula está inelegível e não há a menor hipótese de registrar sua candidatura. Ou seja, mesmo que a convenção do PT venha a promover a provocação de confirmar a candidatura de Lula, ela não será aceita pela Corte, na avaliação de seu presidente. Na verdade, a regra vale para todos os pretendentes que estiverem condenados em segunda instância, em razão da Lei da Ficha Limpa e não apenas para Lula.

Nas entrelinhas - Blog Luiz Carlos Azedo

 

 

Em clima de eleição, rendimento da Câmara Legislativa deve cair

[caindo o 'rendimento' da Câmara Legislativa do DF, a população só tem a ganhar: menos leis inconstitucionais serão promulgadas = menos trabalho para a Justiça que está sempre revogando leis inconstitucionais 'gestadas' pelos operosos deputados distritais.] 

Às vésperas do período eleitoral, a Câmara Legislativa volta, nesta quarta-feira, ao trabalho. Entre os temas que serão discutidos pelos distritais neste semestre, estão a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), o zoneamento ecológico-econômico (ZEE) e as questões do complexo esportivo de Brasília, pautas da atual gestão. Algumas matérias de autoria do GDF deverão enfrentar dificuldades, pois muitos distritais tentarão a renovação do mandato e são de chapas opostas à do governador Rodrigo Rollemberg.
O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), reconhece que o clima eleitoral pode complicar o andamento dos trabalhos na Casa. No entanto, ele garante que conduzirá os trabalhos em todas as sessões. “A gente sabe que o prazo de 45 dias da campanha é muito apertado e que os deputados querem ir para a rua. Mas vamos votar projetos pelo menos às terças-feiras”, adiantou Joe Valle. Segundo ele, temas como a Luos, o ZEE e o projeto da Arenaflex terão prioridade. “No caso da Luos, vamos adiantar a realização de audiências públicas”, explica. A proposta, no entanto, dificilmente será votada ainda neste semestre.
Segundo o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Flávio Testa, a partir da formação das chapas contrárias ao mandato atual, o impacto do funcionamento na Câmara começará a ser afetado. “A dinâmica desse processo é histórica e tem mostrado que a Câmara perde ritmo no período eleitoral. Esse fator ocorre até mesmo em âmbito nacional, como no Senado e na Câmara dos Deputados”, ressalta.
De acordo com o especialista, as aprovações que podem ocorrer serão de interesse governamental. “Tudo vai depender da parceria do Rollemberg com a Câmara. Caso ele não tenha alianças, os projetos podem ser adiados. Mas vale lembrar que ele comanda o Executivo e tem um poder de barganha muito grande”, aponta. Segundo Testa, um dos problemas desse período será a ausência de quórum. “Muitos projetos podem ser levados à votação, mas pode ocorrer falta de pessoal, o que é comum nessa época”, reforça.
Os projetos

A Lei de Uso e Ocupação do Solo começou a ser desenvolvida em 2009 e voltou a ser debatida durante o governo Rollemberg. Ela define as regras e os usos autorizados para a ocupação de cerca de 360 mil terrenos em todo Distrito Federal. Apenas áreas tombadas, como Plano Piloto, Sudoeste, Cruzeiro e Candagolândia, ficam de fora do projeto. A proposta não interfere áreas de preservação ambiental.
Em novembro do ano passado, o GDF encaminhou à Câmara Legislativa o projeto de lei do ZEE. [cuidado que na ZEE está embutida a famigerada proposta de 'lei do silêncio' que busca privilegiar os donos de botecos e perturbar o sossego dos moradores - especialmente no período noturno e fins de semana.]A proposta prevê onde e como deverão ocorrer a ocupação do solo por novos empreendimentos, levando em consideração fatores ambientais, econômicos e demográficos de cada área. Há pelo menos cinco anos, o planejamento começou a ser debatido com representantes do Ministério do Meio Ambiente, da Universidade de Brasília (UnB) e de institutos ambientais do setor produtivo do DF.
A Câmara Legislativa também analisa os trâmites para a concessão do complexo esportivo de Brasília (Arenaflex), que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. O texto prevê licitação para atrair investimento empresarial na capital. O projeto inclui planos de uso para as edificações, como recuperação de área verde, redução de espaço impermeabilizado, garantia de acesso a pedestres e construção de ciclovias. Há restrição de altura máxima de 9m, com exceção do ginásio e do estádio, e taxa de ocupação limite de 12% do terreno. Lojas de departamento, padarias, comércio de livros e postos de gasolina estão previstos na proposta.

Correio Braziliense - CB Poder


 

Barbaridades de Bolsonaro em entrevista pouco importam a muitos eleitores

Jair Bolsonaro falou uma montanha de barbaridades em sua entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda (30). [a verdade via bastidores da entrevista - leia aqui.] Mesmo assim, Jair Bolsonaro provou que sua competitividade pode ser maior do que a certeza dos que dizem que ele murchará assim que a campanha começar por conta de seus míseros sete segundos nos blocos de propaganda na TV.

Não importa que demonstre não dominar nenhuma proposta para as áreas de economia, educação, saúde, ciência e tecnologia… Aliás, as soluções que dá aos problemas do país não sobreviveriam a uma sessão de interrogatório do coronel Brilhante Ustra, o finado torturador-açougueiro da ditadura, autor do livro que repousa, segundo Bolsonaro, em sua cabeceira. [me orgulho de ter dois livros do coronel Ustra: A Verdade Sufocada e Rompendo o Silêncio e tenho a convicção que Bolsonaro também tem os dois e os lê com frequência.] Ele se esquiva de perguntas e inventa números. Mas sabe se comunicar. Fala para uma parte dos extremistas o que eles querem ouvir. E conversa da maneira que uma parte menos radical dos eleitores entende, mesmo que discorde. Com isso, vai preenchendo medos, ansiedades e sensação de vazio com essa conexão. O conteúdo, nesse caso, é menos importante que a forma.

(...)

Mais uma vez, é irresistível comparar a situação com a de Donald Trump. Uma parcela da imprensa e da classe política tinha grande dificuldade de imaginá-lo despachando no Salão Oval. Quando percebeu que o negócio era sério e tentou mostrar quem ele era e o que significava o seu discurso, já era tarde. Hoje, parcela considerável da imprensa e da classe política brasileira tem dificuldade de imaginar Bolsonaro sentado na cadeira do Palácio do Planalto. Dizem que ele não conta com tempo de TV, palanques em locais importantes e que isso é balão que se esvazia. Bolsonaro não é Trump e o PSL não é um Partido Republicano na democracia bipartidária norte-americana. Mas Trump não foi eleito por ser misógino e preconceituoso, mas por conseguir tocar eleitores de Estados-chave da federação norte-americana ressentidos por serem órfãos econômicos da globalização. Tocar os eleitores, essa é a chave.

No Brasil, os temas comportamentais e morais, apesar de fazerem sucesso nas redes sociais com a extrema-direita, não serão o fiel da balança do voto. São insuficientes para levar o centro do espectro político e eleger alguém. Para a massa, os dois principais temas da campanha serão os mais de 13 milhões de desempregados e os mais de 62 mil homicídios anuais.  Bolsonaro tem uma resposta para a segurança pública que passa por armar a população e apoiar a letalidade policial. Na geração de empregos, contudo, vai mostrando que a qualidade de vida do trabalhador é menos importante que o desenvolvimento econômico. Na entrevista, afirmou que a fiscalização do trabalho atrapalha a geração de emprego no campo. Fiscalização que libertou mais de 52 mil escravos desde 1995. Pelo visto, bom mesmo era antes da Lei Áurea, quando havia pleno emprego.

Mas ao falar de suas propostas, mesmo que de maneira vazia, de forma que o cidadão comum sinta que estabelece com um candidato um canal de comunicação sobre suas frustrações e dificuldades, conquista votos. Afinal, as pessoas querem alguém que fale para elas. Mesmo que não fale nada. A falta de resposta decente dos atuais governantes à necessidade de empregos e à garantia de segurança pública pode jogar o Brasil na mão de qualquer um no ano que vem. Um ''salvador da pátria'' que demonstra orgulho por não ter apreço pelas instituições, por exemplo. Bolsonaro sabe conversar com um público que quer saídas rápidas e fáceis para seus problemas e que precisa de alguém que lhe entregue uma narrativa – mesmo que inconsistente – para poder tocar sua vida. Narrativa que os partidos tradicionais solaparam em oferecer.

Matéria completa, Blog do Sakamoto

Barbaridades de Bolsonaro em entrevista pouco importam a muitos eleitores... - Veja mais em https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2018/07/31/bolsonaro-pode-falar-barbaridades-mas-ele-consegue-falar-ao-eleitor/?cmpid=copiaecola