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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Primeira-dama não é função de Estado - Percival Puggina

Sou do tipo que abre a porta do carro para a mulher e cede cadeira a senhoras em sala de espera. Mulher não junta nada do chão perto de mim. Então, não se espere qualquer grosseria minha em relação a alguém do sexo feminino. Fui educado assim e assim eduquei meus filhos.

O que direi sobre a atuação de dona Rosângela Lula da Silva e de seu visível desejo de protagonismo é reflexão sobre um fato político, sem a mais tênue misoginia. Acho mulher o ser mais maravilhoso da criação e sem o qual a vida seria aborrecida como deve ter sido a vida de Adão até ceder uma costela ao Senhor para aquela que foi a mais proveitosa cirurgia da história.  Está no Livro.

Não obstante isso, dona Rosângela se assume como alter ego do mandatário e já é vista assim por muitos que reconhecem nela uma personagem ativa nas questões do governo. Aqui no Rio Grande do Sul, chamou atenção, por exemplo, o fato de ter sido ela e não o vice-presidente quem esteve à testa da visitação feita por setores da administração federal ao rastro de destruição e mortes deixado pela enchente do Rio Taquari.

Há setores da opinião pública que vive, nestas questões de gênero, uma espécie de puberdade. Tudo é sexo e sexualidade é tudo. Estão sempre querendo saber quantos homens e quantas mulheres tem aqui ou ali, nesta e naquela atividade, cobrando quotas que já começam a se estender para cada uma das letrinhas e símbolos da sigla lgbtqia+, como se cada uma delas abarcasse espécimes distintos da humanidade. Um porre!

Muitas vezes, a logicidade de certas situações se esclarece por inversão. Imagine o leitor que a presidência da República seja ocupada por uma mulher casada – uma “presidenta”, para dizer como os petistas se referem a Dilma Rousseff. 
E que seu marido se tornasse um protagonista da política, com ingerência e influência sensíveis nas questões de governo. 
Qual seria a reação da militância feminista? 
Eis aí algo que eu gostaria de saber porque tenho a impressão de que o sujeito logo seria visto como um ogro machista intrometido.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

A oposição golpista ficou desesperada… Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - VOZES

A velha imprensa militante está inconsolável. Duas coisas nem ela consegue negar: - que o evento do 7 de setembro foi gigantesco, e que foi extremamente pacífico e ordeiro. 
Como conciliar isso com suas narrativas de que Bolsonaro perde até para a desconhecida Simone Tebet num segundo turno e que os bolsonaristas são golpistas, fascistas, raivosos perigosos que espalham o risco da “violência política” pelo país? Impossível.
 
E por conta disso a esquerda entrou em desespero. O “jus esperneandi” é um direito sagrado de todo perdedor. 
Como diria uma apresentadora de uma grande emissora aos que queriam trabalhar e não podiam na pandemia: o choro é livre.  
E é exatamente isso que estamos vendo após os atos incrivelmente lotados e belos para festejar o bicentenário de nossa Independência e, de tabela, apoiar o presidente Bolsonaro e criticar o ativismo jurídico e a militância podre da mídia vendida.

O caso mais engraçado foi o de Eliane Cantanhede na Globo News. Ela disse: “Hoje é um dia triste para o Brasil, porque o Bolsonaro botou milhões de pessoas nas ruas, foram gigantescas, mas isso foi bom para ele, péssimo pro Brasil, pra Constituição, pra lei eleitoral”. Podemos apenas imaginar quanto remédio foi necessário para que a “jornalista” conseguisse dormir depois.

Reinaldo Azevedo, autor de “País dos Petralhas” que hoje defende os petralhas, esperneou: “Transmitir ininterruptamente os ‘atos’ de 7 de setembro corresponde a abrir espaço para a campanha eleitoral de Bolsonaro”. Ele conclui: E os outros?” Ora, os outros não conseguem juntar nem a terça parte dessa multidão patriota, nem mesmo juntos, até porque nunca foram verdadeiros patriotas...

Um tal de André Fran comentou de sua bolha: “Assustado com o orgulho dessa gente em exibir tanto ódio, burrice e preconceito”.  
Não sei onde ele foi para ver isso, mas em Copacabana, onde passei o dia, só vi gente feliz, inteligente, atenta ao cenário político e de todas as cores e classes. 
Uma mistura bonita cujo denominador comum era o patriotismo, sentimento ausente em quase toda a esquerda.

Misoginia é o novo “genocídio”: hipocrisia e vitimismo na campanha eleitoral

Já o ex-conservador Alexandre Borges, hoje bajulando a velha imprensa que ontem condenava, conseguiu falar em "dois Brasis" usando uma foto de passageiros de ônibus olhando para a motociata, como se nas motos só houvesse ricaço. Ele também alegou que não é liberdade de expressão criticar jornalista, saindo em defesa de sua colega Verinha. Saibam agora que entregador de comida de aplicativo é classe rica opressora, e que chamar militante disfarçada de jornalista de vergonha ao jornalismo nacional não é mais um direito nosso de liberdade de expressão, segundo o “conservador” que virou petista…

O humorista Joaquin Teixeira matou a pau: “Isso aí que tá na rua não representa o Brasil! O verdadeiro povo brasileiro são os jornalistas, funcionários públicos, youtubers e artistas da globo!” Já o empresário Salim Mattar resumiu bem: “Tem muita gente com raiva porque as manifestações de hoje foram pacíficas e ordeiras em todo país. Essa mesma gente está decepcionada pois esperavam um golpe ou ruptura institucional que nunca aconteceria. Essa mesma gente deseja o atraso do país com suas ideias de esquerda”.

Resta a essa patota esquerdista convocar o despachante supremo, o senador saltitante, para tentar judicializar uma festa patriótica. Mas o povo está com Bolsonaro, e isso os faz tremer...

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O ‘cancelamento’ da iniciativa privada

Foto: Divulgação XP Investimentos
Foto: Divulgação XP Investimentos
“Justiça do Trabalho notifica Globo por falta de negros em novela e recomenda mudanças depois de pressão de ONGs.” 
“Movimentos processam empresa que preferia ‘hétero e magro’ para vaga de garçom.” 
“Coletivo LGBT+ vai à Justiça contra a CBF por explicações para a falta da camisa 24 e sinaliza pedido de indenização. 
Essas manchetes circularam recentemente pelo noticiário brasileiro. Em alguns casos, chamam atenção os pedidos de reparação financeira em detrimento de programas corporativos que possam minimizar o problema que os militantes enxergam nas empresas.

Nesta semana, foi a vez de um gigante do mercado financeiro se tornar alvo de ataques. A juíza Julieta Pinheiro Neta, titular da 25ª Vara do Trabalho de Porto Alegre (RS), acatou uma ação civil pública movida pelas ONGs Educafro, Frente Nacional Antirracista, Visibilidade Feminina e Centro Santos Dias de Direitos Humanos contra a XP Investimentos e o Ávila Associados, escritório credenciado da corretora na capital gaúcha. O motivo: “falta de diversidade” no quadro de funcionários do grupo econômico.

Tudo começou após o Ávila publicar no LinkedIn uma imagem mostrando cerca de 100 de seus colaboradores. A publicação foi prontamente “cancelada” com críticas de racismo, misoginia, homofobia e preconceito contra idosos e deficientes, porque a maioria dos funcionários é de homens, brancos e “héteros” — fora os ataques pelo “não uso de máscaras e aglomeração”. Os movimentos pediram indenização de R$ 10 milhões por danos social e moral.

Equipe do Ávila, escritório credenciado da XP  Foto: Divulgação LinkedIn

Caso vença, o advogado das ONGs, Marlon Reis, disse que o montante milionário será destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Secretaria Nacional do Consumidor. A gestão desse fundo é feita por um conselho composto de “representantes da sociedade”, responsáveis por selecionar projetos que serão financiados com os recursos. “Mas existe a possibilidade de se discutir também na Justiça a destinação para finalidades específicas”, informou Reis, em nota, sem dar detalhes.

Em segundo plano, as ONGs pediram “medidas energéticas” para o enfrentamento do que classificaram de “preconceito estrutural”.

As ONGs sustentam que a postagem vira as costas para um passado escravagista.

Os coletivos de esquerda exigiram, entre outras reivindicações: 
1) que a composição do quadro de contratados, permanentes ou temporários, tenha a mesma proporção de negros, mulheres e indígenas presentes na sociedade brasileira; 
2) cotas para idosos e pessoas com deficiência; 
3) prazo de 90 dias para apresentação de um plano de diversificação do quadro de colaboradores; 
4) as empresas terão de incorporar ao conselho de administração quatro novos membros, integrantes das “comunidades sub-representadas”; 
5) a disponibilização de cursos gratuitos e estágios remunerados para promover a formação e a experiência profissional desses colaboradores.

Por fim, as ONGs vão além e pedem que o Poder Judiciário estipule medidas para evitar que a política de contratação das empresas seja “excludente e discriminatória”, com um “plano de não discriminação” para evitar ocorrências similares no futuro. Em nota, a XP informou que tem ações de inclusão de pessoas negras na empresa. Ressaltou ainda que, no passado, estipulou metas internas para aumentar a contratação, em todos os cargos, de “pessoas negras, mulheres, LGBTQIA+ e deficientes”. Desde 2020, a corretora lidera um programa de inclusão de gays e mulheres na empresa.

Argumentação fraca e excesso de reparação
No processo, as ONGs sustentam que a postagem do Ávila viola tratados internacionais e vira as costas para um passado escravagista, além de remeter ao livro Admirável Mundo Novo. Escrito por Aldous Huxley, a obra antevê a formação de uma sociedade baseada em “clones, todos físico e psiquicamente idênticos, preparados para seguir um pensamento monolítico e para reproduzir mecanicamente atribuições definidas por superiores desconhecidos”.

Adiante, as ONGs citam a “eugenia” que ocorreu na Alemanha e argumentam que “a equipe de colaboradores da referida empresa reproduz um padrão nada natural”. Vera Chemim, advogada constitucionalista e mestre em Direito público administrativo pela FGV, afirma que é direito das ONGs apresentarem motivos para insatisfações de seus representados, mas vê fragilidade nos elementos expostos. “São argumentos precários”, disse a jurista, ao mencionar que apenas um processo de investigação maior pode constatar se a empresa realmente tem políticas deliberadas de preconceito, o que daria mais força para o processo.

É preciso atestar se houve vontade de excluir negros, mulheres, gays ou deficientes”, explicou. “A Justiça do Trabalho pode enviar pessoas que tomarão depoimentos de funcionários e diretores da empresa. Dessa forma, será capaz de dar um diagnóstico mais completo.” A especialista salientou que, antes de o processo ser movido, as ONGs poderiam ter procurado a XP e tentado um acordo.

O advogado Felipe Camargo de Araújo, do escritório Montgomery & Associados, vai na mesma linha e avalia que a ação carece de substância. “As ONGs se basearam em apenas uma foto”, disse. “Não sabemos se todos os profissionais estavam ali para dizer se há discriminação.” Para ele, as empresas têm o direito de contratar quem quiserem. “Se a companhia adota uma prática discriminatória evidentemente comprovada, aí é outro problema. Não podemos dizer quem a empresa deve ou não admitir, salvo as exceções legais para pessoas com deficiência e mulheres em cargos políticos.”

O valor pedido pelas ONGs é questionado por Eli Alves da Silva, advogado especialista em Direito empresarial. “Considero algo exagerado”, afirmou. “A rigor, não existe um tabelamento que fixe um dano moral coletivo. Por que não R$ 10 mil, por exemplo? Ou, quem sabe, R$ 500 milhões? Me parece uma tentativa de dar mais repercussão para o assunto.” [a indústria de indenização prospera no Brasil de uma forma incontrolável, irracional mesmo.

Recentemente, um cidadão afrodescendente se desentendeu com a segurança de um hipermercado em Porto Alegre, os ânimos serenaram e ele foi embora; passado algum tempo voltou ao local - tudo indica para tomar satisfações; houve a pronta reação da segurança que com o emprego da força necessária, tentou conter o cidadão que veio a falecer..

No decorrer do processo foi apurado que o falecido tinha uma folha corrida bem movimentada, incluindo violência doméstica. Nada disse foi levado em conta. Com uma celeridade espantosa, o Carrefour foi compelido a assinar um acordo, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) no valor de R$ 115 milhões. Entre os beneficiados com a grana se encontram parentes do falecido, pai, irmã, filhos, enteados, neta, duas ONGs que também estão na ação contra  a XP = Educafro – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes e Centro Santo Dias de Direitos Humanos.

O valor é tão desproporcional  que só a esposa do falecido recebeu grana que se o mesmo vivesse mais 50 anos, ganhando um salário mínimo e meio por mês, guardasse todos os valores recebido, sem gastar um centavo por mês, não chegaria ao total recebido pela viúva. De tudo se conclui que, lamentavelmente, a ambição desmedida na busca por indenizações fez com que a morte de João Alberto propiciasse aos seus parentes beneficios que vivo ele não propiciaria.

O pior é que de tanto serem exploradas tais empresas resolvam ir embora do Brasil = menos empregos para as pessoas que desejam trabalhar. Não somos especialistas mas temos certeza que se a XP desejar pode sair do Brasil, se instalar fisicamente em outro país - em que as pessoas priorizem trabalhar como meio de vida e não viver de indenizações - e online atuar intensamente no Brasil, com menores gastos, menos riscos, etc.]

ÍNTEGRA DA MATÉRIA HIPERMERCADO, clique aqui ou,  aqui.

Citado na ação, Aldous Huxley afirma em O Admirável Mundo Novo que não basta que palavras sejam boas, é preciso que o que delas se faz também seja bom. Qualquer semelhança com o processo movido contra a XP não é mera coincidência.

Leia também “Os mais recentes ataques da linguagem neutra”

Crystian Costa, colunista - Revista Oeste

terça-feira, 22 de junho de 2021

Vaticano se opõe a projeto de lei anti-homofobia na Itália

Carta da Santa Sé argumenta que projeto questiona 'liberdade de organização' da Igreja e ameaça 'liberdade de pensamento' entre católicos

Em uma intervenção sem precedentes, o Vaticano instou o governo italiano a alterar uma proposta de lei que criminaliza a homofobia, alegando preocupações de que o texto infringiria “a liberdade de pensamento” da Igreja Católica. O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados no ano passado, mas agora enfrenta obstrução de partidos conservadores no Senado.

Em uma carta, o arcebispo britânico Paul Richard Gallagher, secretário de relações do Vaticano com outros países, afirma que partes da legislação violam um tratado feito entre a Itália e a Igreja Católica na década de 1920 que garantiu as liberdades e direitos da Igreja, segundo o jornal Corriere della Sera

Nesta terça-feira, 22, um porta-voz do Vaticano confirmou que “uma correspondência diplomática do secretário de Estado foi entregue informalmente à embaixada da Itália na Santa Sé em 17 de junho”. A intervenção alimentou ainda mais um debate acirrado em torno da lei, projetada para tornar crime a violência e o discurso de ódio contra pessoas LGBT e deficientes, assim como a misoginia.[as três áreas devem ser separadas, recebendo tratamento diferenciado.]

Embora a Itália tenha aprovado as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo em 2016 , o país ficou para trás em relação aos seus parceiros da União Europeia na criação de medidas anti-homofobia. Em 2015, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, descreveu o referendo da Irlanda sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo como “uma derrota para a humanidade”.

A carta do Vaticano argumenta que a lei anti-homofobia questiona a “liberdade de organização” da Igreja e ameaça a “liberdade de pensamento” entre os católicos, levantando também preocupações de que escolas particulares seriam forçadas a organizar eventos como parte da criação de um dia nacional contra a homofobia. “É a primeira vez que a Igreja faz algo assim”, diz Robert Mickens, editor da edição em inglês do jornal católico La Croix, em Roma. “Eles estão preocupados em serem multados por discurso de ódio”. 

O projeto de lei foi elaborado por Alessandro Zan, um político LGBT do Partido Democrata, de centro-esquerda, e foi aprovado em uma votação na Câmara dos Deputados. No entanto, após pressão da própria Igreja Católica na Itália e da oposição conservadora, foi introduzida uma emenda que isenta de punição afirmações e declarações que não representem instigações explícitas à violência. Nesse caso, por exemplo, a lei não puniria quem defendesse que pessoas LGBT não podem adotar uma criança, mas sim quem incentivasse ou praticasse atos de violência física contra pessoas LGBT.

A lei também foi contestada por partidos de direita e grupos católicos, bem como grupos feministas, que argumentam que a “identidade de gênero”, um termo usado no projeto de lei, foi “transformado em arma contra as mulheres”.

Mundo - Revista VEJA

 

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Nise Yamaguchi diz ter sido humilhada na CPI da Covid e processa Aziz e Otto Alencar por danos morais

A médica pró-cloroquina disse que passou a ser "extremamente vilipendiada" nas redes sociais após depoimento na CPI. Em carta divulgada neste domingo, a médica Nise Yamaguchi justificou [doutora, não há o que justificar, todos que faltaram com o respeito à Senhora e a outros depoentes na Covidão, cometeram ilícitos e devem ser processados; aliás, temos recomendado ao presidente Bolsonaro não deixar passar em branco nenhuma mentira que for assacada contra Jair Bolsonaro (pessoa física) e Jair Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil.
Acusou, caluniou, tem que ser processado, levado aos tribunais e não provando arcar com as consequências - tanto na área cível, quanto na penal.] as ações movidas contra os senadores Otto Alencar e Omar Aziz alegando ter sido humilhada e desrespeitada durante sua oitiva na CPI da Covid.
“Por diversas vezes, tive minhas falas e raciocínios interrompidos. Ignoraram meus argumentos e atribuíram a mim palavras que não pronunciei. Não foi por falta de conhecimento que deixei de reagir, mas, sim, por educação. Não iria alterar a minha essência para atender a nítidos interesses políticos”, disse. 
A partir daquele momento, passei a ser extremamente vilipendiada nas redes sociais com agressões em tons ameaçadores, o que é muito preocupante para um estado democrático.”

Como mostramos, a médica pró-cloroquina processou os dois senadoresEla pede indenização de R$ 160 mil por danos morais a cada um dos parlamentares. Durante o depoimento de Nise, Otto Alencar fez uma série de perguntas, começando com o pedido para que a médica explicasse a diferença entre protozoário e vírus. [até que nessa tentativa de humilhar a doutora Nise Yamaguchi, via protozoário x vírus, o senador Otto Alencar, merece alguma consideração - aquele médico é um esculápio antigo, o que não é nenhum demérito, que não se atualizou = nos seus tempos de estudo a técnica mais moderna para curar doenças era usando sanguessuga (conhecimentos que não envolvem o  ilustre senador nas estripulias do seu colega do Senado - o petista Costa, vulgo 'drácula'.] -

Nise Yamaguchi processou os senadores Omar Aziz — presidente da CPI da Covid — e Otto Alencar. Ela diz ter sido vítima de “misoginia” e “humilhação” durante seu depoimento à comissão. Na ação, Nise afirma que Aziz e Otto “perpetraram um verdadeiro massacre moral” e agiram “intencionalmente com morbo e com deliberada crueldade no escopo de destruir a imagem da médica perante toda a sociedade brasileira”.

Durante o depoimento de Nise, Otto fez uma série de perguntas, começando com o pedido para que a médica explicasse a diferença entre protozoário e vírus. “A senhora não sabe nada de infectologia. A senhora não estudou, foi superficial. Não leu, não estudou. De médico audiovisual este plenário está cansado, de alguém que viu, ouviu e não leu, não se aprofundou.”

[Para fins de atualização, dos nossos leitores e de médicos desatualizados sobre protozoários x vírus, a Sociedade Brasileira de Protozoologia (SBPz) publicou Nota Técnica que esclarece o assunto.]

 O Antagonista  - Transcrição Parcial

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Nossa covardia está fora de contexto - Conrado Hübner Mendes

 Folha de S. Paulo

E conhecereis o contexto, e o contexto não vos libertará

Nessa época marcada por civilidade e combate à corrupção, por apego à lei e à verdade, por bom gosto e bons costumes, surpreende que o país ainda não tenha se regenerado. A culpa parece ser de um sujeito antipatriota chamado Contexto. Advogado catarinense caiu na arapuca: “Isso é seu ganha pão, né Mariana? 
A verdade é essa, não é? 
É seu ganha pão a desgraça dos outros. Manipular essa história de virgem!”. A audiência judicial era sobre estupro. O contexto o redimiria, disse.

Blogueiro brasileiro exilado em Miami teorizou: “Se ela chegar em casa um dia dizendo ‘pai, fui numa festinha e fui estuprada’, eu vou pedir as circunstâncias. (...) Eu não vou denunciar um cara desses para a polícia, eu vou dar um esporro na minha filha.” Heróis do politicamente incorreto sofrem com a deslealdade do contexto.Ídolo do futebol também foi vítima dessa trapaça. “Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu.” O amigo ponderou: “Te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela”. Esclareceu: “Isso não significa transar”. Deixado na mão pelo contexto.

O contexto não trai apenas quando o assunto é estupro. Já traiu tanto a família Bolsonaro que pai e filhos optaram pela “moderação”, dizem os analistas. Jair sempre abriu seu coração. “Ela não merece porque é muito ruim, muito feia, jamais a estupraria”; “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”; “se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater”; “sou capitão do Exército, minha especialidade é matar, não curar”. Tudo fora de contexto, segundo ele. O contexto era o da “brincadeira”.

Eduardo foi mal interpretado quando disse que “não é mais uma opinião de ‘se’, mas de ‘quando’” ocorreria a “medida enérgica” contra Congresso e STF. Notícias sobre condecorações a milicianos e a defesa pública de milícias feitas por Flávio também pecaram pela ausência de contexto. Assim como os áudios da mulher de Queiroz. Carlos foi o mais esperto: dos seus tuítes não se entende sequer o texto.

A família inspirou ministros. Ricardo Salles explicou que “ir passando a boiada” tinha um contexto. Significava: “tem muita coisa para fazer”. Damares, ao sugerir prisão de prefeitos e governadores, ou Milton Ribeiro, ao afirmar que adolescente “opta por andar no caminho do homossexualismo” devido a “famílias desajustadas”, a mesma coisa. Só Weintraub ficou quieto após revelar desejo de botar “esses vagabundos todos na cadeia”.

Foi a mesma defesa de Sergio Moro quando vazadas suas conversas sobre táticas judiciais da Lava Jato. Moro juiz tinha táticas. E de Celso Russomanno quando afirmou que pessoas em situação de rua, em razão da falta de banho, têm mais resistência ao coronavírus. O contexto abandonou todo mundo. Tirar do contexto é falácia que busca distorcer. Na política da desonestidade, a falácia pode ser usada para enganar ou invocada para se defender. Nos exemplos acima, autores apelaram ao contexto como excludente de ilicitude. O contexto redimiria a torpeza aparente.

Diferente de quando Jair pinçou frase de diretor da Organização Mundial da Saúde para criticar distanciamento social, e Mourão e Salles publicaram vídeo de Drauzio Varella, gravado antes do coronavírus chegar ao Brasil, para dizer que o médico minimizava a crise sanitária. Foram para o ataque. Resta perguntar qual contexto é justo e suficiente para atribuir significado moral e jurídico às frases e ações citadas acima, saber quanto contexto é necessário para avaliar moralidade e legalidade. Uma única frase pode dizer o que importa e trazer o contexto inteiro. Um relatório detalhado em centenas de páginas pode omitir o indispensável.

Mas esse é exercício menor. Há um contexto alternativo e mais revelador que dá sentido a todos esses fatos juntos, num mesmo fio narrativo. Todo episódio isolado de racismo, misoginia, homofobia ou pura boçalidade está, sob certa perspectiva, fora de contexto. Em 500 anos de violência racial e de gênero, de repressão à diferença e à dissidência, sob as asas da legalidade e dos homens da lei, não se salva muita gente. O contexto não vos libertará.

PS: Nesta terça-feira (10) o presidente disse: "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio. (...) Tem que deixar de ser um país de maricas". O contexto? 160 mil mortes, 6 milhões de casos. Mais contexto? O presidente celebrou suspensão momentânea da produção da vacina Coronavac após morte, por suicídio, de um voluntário. "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha." A morte é sua vitória.

Conrado Hübner Mendes  - Professor de direito constitucional e embaixador - Folha de S. Paulo
 

terça-feira, 18 de agosto de 2020

O integralismo no poder - Carlos Andreazza

Movimento nunca deixou de estar entre nós

Culto à personalidade. Estímulo à compreensão messiânica da liderança. Forja de inimigos artificiais. Discurso autocrático, antiliberal e anticomunista, de fé nacionalista, embocadura cristã e musculatura miliciana para o confronto. Fetiche com a projeção fálica de uma intervenção militar. Constituição de uma máquina panfletária para difundir teorias conspiratórias. Críticas doutrinárias à democracia, propositalmente confundida com o (criminalizado) establishment e entendida mesmo como empecilho; sendo necessário — em nome de uma nova política — destruir os padrões viciados da atividade político-partidária.

A que me refiro? Estarei incorrendo em repetição, mais uma vez esmiuçando o caráter da revolução reacionária bolsonarista? Sim e não.
Sim; porque esses elementos compõem o sistema de crenças do bolsonarismo, com sua pulsão de morte e a incapacidade de lidar com a liberdade senão como condição para impor os próprios modos. E não; porque me dediquei a listar somente estandartes do “Estado integral” segundo a doutrina do integralismo — o maior movimento de extrema-direita da História do Brasil até hoje, cuja influência tem assento no governo Bolsonaro e integra o pensamento do dito grupo ideológico, que prefiro chamar de sectário, aquele, poderoso, olavista, que toca a tal guerra contra o tal marxismo cultural.

Integralismo em 1932: algo novo — atraente para a juventude — numa sociedade intolerante (pautada pelo autoritarismo de Vargas) e amedrontada; o clima de medo (o perigo vermelho) impulsionando a adesão e o financiamento ao movimento. O ideal “Deus, pátria e família” encarnado no chefe nacional Plínio Salgado; o líder para o exercício do que seria uma democracia orgânica — que prescindiria das intermediações da democracia representativa.

Bolsonarismo em 2018: algo novo — sedutor para os jovens — numa sociedade intolerante (condicionada pelo espírito do tempo lavajatista) e amedrontada; o clima de medo (o Foro de São Paulo à espreita) impulsionando a adesão e o financiamento ao fenômeno. O slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” encarnado no mito Bolsonaro; aquele que fala diretamente ao povo, líder para o exercício do que seria uma democracia plebiscitária — que tornaria desnecessária qualquer mediação político-institucional.

Em 1969, o integralismo obcecado pelo controle das formações individuais — seria o agente político que implementaria a disciplina de Educação Moral e Cívica no país. Em 2020, o integralismo domina — não à toa, como base estratégica para a reconstituição de uma fantasiosa civilização brasileira —o Ministério da Educação; e também a pasta dos Direitos Humanos.
[Urge, para o BEM da juventude,que as disciplinas Educação Moral e Cívica - EMC e Organização Social e Política Brasileira - OSPB, retornem aos currículos do Ensino Médio.]
O mais antigo alerta ao menos para este escriba — sobre as semelhanças entre o bolsonarismo e a tradição integralista foi do publicitário Alexandre Borges, notável conhecedor da dinâmica política dos anos 1930, cuja natureza autoritária desaguaria na ditadura do Estado Novo. Ele me chamava a atenção para o caráter militarista do integralismo aliás, muito aderente entre militares — e para a importância, no esquema do movimento, da milícia integralista, que conjugava serviço de informações e planejamento para operações policiais; que, na prática, resultaram em ações armadas tanto quanto nos fundamentos do que seria a Lei de Segurança Nacional.

Ainda no final de 2017, diante do fosso de oportunidades aberto pela depressão política que nutria discursos que costuravam elogio à autoridade e desprezo à atividade político-partidária, Borges informava que estudar apenas a emergência do nacional-populismo nos EUA e na Europa, embora necessário, não bastaria; e que seria mesmo preciso olhar para dentro, para a história do integralismo, a experiência fascista brasileira, com seu ímpeto para o golpismo, se quiséssemos compreender o conjunto de valores reacionários — cultura enraizada em quase século — que anima e lastreia o bolsonarismo. (E que não nos enganemos sobre a guinada circunstancial — com objetivo em 2022 —que leva Bolsonaro a uma quadra mais populista que autoritária.)

Há dois livros novos a respeito na praça. “O fascismo em camisas verdes”, de Leandro Pereira Gonçalves e Odilon Caldeira Neto, publicado pela FGV Editora. E, pela Planeta, “Fascismo à brasileira”, de Pedro Doria. São trabalhos fundamentais, muito bem pesquisados (o de Doria, ademais, um thriller), que tiram da estante do exotismo, como se passagem irrelevante de nossa história, um movimento que — desde a década de 1930 — nunca deixou de estar entre nós; muito articulado, por exemplo, tanto à TFP [Tradição, Família e Propriedade.]  quanto aos skinheads brasileiros, cujo tripé misoginia, racismo e homofobia é facilmente identificado no DNA do que se convencionou chamar de nova direita no Brasil.

Duas obras que retratam o integralista como uma espécie de soldado de Deus e da pátria, responsável pela construção de uma grande nação; o que seria destino indesviável deste país. Não é uma fotografia de época.

 Carlos Andreazza, colunista - O Globo


domingo, 1 de março de 2020

O Mito e seu lugar de fala - Nas entrelinhas

”Diariamente, Bolsonaro se relaciona com os jornalistas tratando-os como ‘párias’. Suportar essa situação para qualquer um humilhante faz parte das agruras da profissão

A relação entre o discurso e a verdade é cada vez mais complexa. Na teoria, trabalha-se com três conceitos fundamentais: 
- condições de validade (ou seja, se a afirmação é válida ou corresponde aos fatos)
- pretensões de validade (a narrativa ou os argumentos utilizados para o convencimento); 
- e o resgate das condições de validade (quando o discurso é legitimado pelo ideal de fala e como tal, apesar de imposto unilateralmente, obtém certo consenso). Se na filosofia lidar com a verdade é um assunto complexo, nas redes sociais então nem se fala. A verdade morre e ressuscita todos os dias, de diferentes maneiras, num embate cujo desfecho nem sempre é o melhor para a sociedade. A opinião pública se forma a partir do choque de versões, no qual o contraditório acaba sendo o meio mais eficaz de aproximação da realidade.

Nessa guerra de informação, a tropa de elite é formada pelos jornalistas profissionais, cuja relação com a política é quase inseparável. Há cerca de 100 anos, numa palestra antológica (“A política como vocação”), o sociólogo alemão Max Weber destacou que os jornalistas pertencem a uma espécie de “casta de párias” e que “as mais estranhas representações sobre os jornalistas e seu trabalho são, por isso, correntes”. Ao discorrer sobre o mundo da política, o papel da imprensa e as vicissitudes do jornalismo, dizia a que a vida do jornalista é muitas vezes “marcada pela pura sorte” e sob condições que “colocam à prova constantemente a segurança interior, de um modo que muito dificilmente pode ser encontrado em outras situações”: “A experiência com frequência amarga na vida profissional talvez não seja nem mesmo o mais terrível. Precisamente no caso dos jornalistas exitosos, exigências internas particularmente difíceis lhe são apresentadas. Não é de maneira alguma uma iniquidade lidar nos salões dos poderosos da terra aparentemente no mesmo pé de igualdade (…) Espantoso não é o fato de que há muitos jornalistas humanamente disparatados ou desvalorizados, mas o fato de, apesar de tudo, precisamente essa classe encerra em si um número tão grande de homens valiosos e completamente autênticos, algo que os outsiders  não suporiam facilmente”.

Grandes mulheres também, diria Max Weber, nos dias de hoje, porque há 100 anos o jornalismo não era uma profissão majoritariamente feminina, como agora acontece; muito pelo contrário, havia poucas mulheres nas redações. Mesmo assim, sobrevivem ainda o machismo, a misoginia e o assédio sexual e/ou moral, em todos os níveis de relações de poder, às vezes até nas redações. É óbvio que estou contextualizando o embate entre o presidente Jair Bolsonaro e a jornalista Vera Magalhães, colunista do Estado de São Paulo que divulgou mensagens de WhatSApp do presidente da República em apoio às manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), convocadas para 15 de março.

Comportamento
Diariamente, Bolsonaro se relaciona com os jornalistas tratando-os como “párias”, ao sair do Palácio do Alvorada. Suportar essa situação para qualquer um humilhante faz parte das agruras da profissão, da mesma forma como aspirar gás lacrimogêneo na cobertura de manifestações e correr o risco de ser vítima de uma bala perdida nas reportagens policiais. Bolsonaro coleciona agressões verbais a jornalistas, como as recentes declarações misóginas contra Patrícia Campos Mello. Volte e meia, ofende um colega numa coletiva. Suportar esse tipo de agressão não faz parte dos manuais de redação. Não existe um comportamento padrão para isso, a reação depende de cada um. No caso mais recente, porém, Bolsonaro colidiu com “Sua Excelência, o fato”, como diria Ulysses Guimarães, numa situação na qual se contrapôs ao Congresso, ao Supremo e à Constituição de 1988. Perdeu! Vera validou o que disse com três vídeos compartilhados pelo próprio Bolsonaro.

A “mimesi” de Bolsonaro nas redes sociais faz parte da construção do “Mito”. É uma imitação da realidade, não uma reprodução. A mimesi ocorre quando a ação humana é representada de forma melhor (tragédia e epopeia) ou pior (comédia) do que a realidade. É uma representação em torno do mito, ou seja, da ação, que deve seguir sempre os critérios da verossimilhança. O mito é caracterizado por um conjunto de ações escolhidas e organizadas, sua construção se remete a algo que poderia acontecer e não ao que aconteceu.

Bolsonaro construiu o Mito a partir de um “lugar de fala” que não é a Presidência da República, mas o universo de origem de sua candidatura. Procura manter um eleitorado cativo, com perfil originário de suas eleições para a Câmara, mas agora nacionalizado: militares, policiais, milicianos, caminhoneiros, taxistas, ruralistas, pentecostais, ultraconservadores e reacionários. [todos, possuidores individuais de um voto = ao de qualquer eleitor, seja ele quem for.] Em consequência, aparta a autoridade constituída — a Presidência — do carisma do “Mito” e se isola politicamente. Ocorre que um determinado mito pode ser episódico (são os piores) e fruto da surpresa (emoção causada por fatos inesperados). Isso depende da percepção do espectador, não depende, por exemplo, de haver um único herói na trama. Na tragédia, como na sua campanha eleitoral, o mito se forma pela peripécia e o reconhecimento; na comédia, porém, acaba desconstruído. É o que pode acontecer com Bolsonaro na Presidência quando briga com os fatos.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense