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terça-feira, 5 de maio de 2015

Foram os nacional-socialistaas que transformaram o primeiro de maio em feriado nacional

Houve protestos, mas em geral foram tranquilos e a imagem nos noticiários era de um mar de gente em Kreuzberg, comemorando em uma festa de rua bem descontraída

Primeiro de maio é um daqueles feriados que você acha que conhece, mas quando vê as festas nas ruas da Alemanha, tem que ler pra entender do que se trata. No Brasil, sempre rolam aquelas comemorações das centrais sindicais e os jornais publicam a origem histórica. Em resumo: uma greve em Chicago por jornadas de oito horas de trabalho em 1886, que terminou num massacre com 12 mortos.

Isto é a origem em todo o mundo do dia do trabalho. As organizações “Internacionais socialistas” “passaram a usar a data como símbolo da luta pelo trabalho e pelo socialismo. Mas na Alemanha, quem transformou o primeiro de maio em feriado nacional foram os nazistas. Durante os tempos de Hitler, o dia era comemorado com desfiles e longos discursos.

Na Alemanha do pós-guerra, o primeiro de maio foi limitado pelas tropas aliadas. Mais tarde, ele passou a ser comemorado dos dois lados do muro. Em um era o dia da “liberdade, paz, justiça social e dignidade humana” e no outro o dia da “luta dos trabalhadores pela paz e pelo socialismo”.

Em Berlim, mais especificamente, o evento ganhou outra conotação depois do 1º de maio de 1987. Na época, houve revoltas nas ruas do bairro de Kreuzberg, por conta uma batida policial violenta. Os manifestantes montaram barricadas na rua Oranienstraße, tocaram fogo em carros e saquearam 30 lojas. O confronto durou horas e terminou com cem feridos e 47 presos. O episódio foi tão traumático que resultou na criação de uma nova unidade na polícia berlinense para lidar com este tipo de conflito.

Desde então, 1º de maio em Berlim virou sinônimo de carros pegando fogo e vitrines depredadas. A própria polícia há alguns anos atrás chegou a divulgar áreas em que motoristas deveriam evitar estacionar carros chiques.  E para complicar tudo, é comum também ver pessoas fantasiadas de bruxas e diabos no dia 1º de maio. Isto não tem nada a ver com o dia do trabalho, mas com a Walpurgisnacht (noite de Santa Valburga, em português), que é baseado num folclore. Segundo a lenda, as bruxas e diabos de todo o mundo vão na noite entre 30 de abril e 1º de maio celebrar a chegada da primavera no topo de uma montanha.

Assim, a típica reportagem de TV sobre a história de 1º de maio na Alemanha é uma mistura bizarra de imagens de marchas nazistas, com encontros socialistas, carros em chamas, barricadas e ainda pessoas fantasiadas de bruxas e demônios. No entanto, este dia do trabalhador de 2015 foi, de acordo com um dos jornais da cidade, o “mais pacífico da história de Berlim”. Houve protestos, mas em geral foram tranquilos e a imagem nos noticiários era de um mar de gente em Kreuzberg, comemorando em uma festa de rua bem descontraída.

Por: Albert Steinberger  - repórter, ciclista e curioso

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