Levy está se sentindo cada vez mais um estranho no ninho do governo
Gripado? Até que Joaquim Levy, ministro da Fazenda, estava gripado, ontem à tarde.Mas não foi a gripe que o impediu de comparecer à entrevista coletiva onde ele e o ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, anunciariam os cortes no Orçamento da União.
Levi não foi porque perdeu a guerra por cortes maiores. Acabou derrotado pela dupla Nelson-Aloisio Mercadante, chefe da Casa Civil. Os dois fizeram a cabeça de Dilma.
Assim, Levy quis demonstrar sua insatisfação. No início da semana, Levy antecipara que os cortes ficariam entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões. Se dependesse dele, bateriam nos R$ 80 bilhões. Nelson e Mercadante esticaram a corda para que os cortes ficassem no máximo entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões. Ficaram em R$ 69,9 bilhões. Em cima da hora de começar a entrevista coletiva para o anúncio dos cortes, Levy telefonou para Nelson e disse que não iria. A conversa deles foi dura.
O nome de Levy, impresso em papelão e posto diante da cadeira que ele deveria ocupar, permaneceu lá até o fim da entrevista. Pura birra de Nelson. Levy estava no seu gabinete no prédio do Ministério da Fazenda. E lá continuou o resto da tarde, despachando.
Os porta-vozes formais e informais do governo foram orientados a negar que exista qualquer rixa entre ministros. Muito menos entre Dilma e Levy. O ministro da Fazenda se queixa de estar praticamente sozinho no esforço de por as contas públicas em ordem.
Segundo ele, ou seus colegas e a presidente não se dão conta da gravidade da situação ou acham que poderão continuar empurrando o problema com a barriga. De público, Dilma não se empenha em defender Levy de forma enfática. Lula muito menos. O PT? Nem pensar. Na última quarta-feira, Linbdberg Farias, senador pelo PT do Rio, meteu o pau em Levy, pediu a cabeça dele e assinou um manifesto contra o ajuste fiscal.
Dilma respondeu que Levi merecia sua confiança. E foi só. A verdade é que Levy é um estranho no governo. É visto como um estranho pela maioria dos seus colegas ministros. Tratado como um estranho. E se sente um estranho. Acha que ainda é possível fazer o que se propõe porque o Orçamento da União não passa de uma peça de ficção.
O que de fato valerá será o controle diário das despesas da boca do caixa. Levy se imagina como dono da chave do cofre.
A conferir.
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