Não
faço parte do time do “quanto pior,
melhor”. Já fiz. Quando era petista (sim, confesso
que fui), a torcida era pelo desastre que aceleraria a queda do
“inimigo”. Celebrávamos a tragédia sofrida por terceiros desde que pudesse
apressar a derrota de quem deveria ser somente adversário, mas se transformava
em inimigo pela nossa visão distorcida. Foi essa uma das causas do meu
afastamento. E
da minha repulsa pelo que o PT hoje é.
O
mercado mundial confia em Dilma? Não,
obviamente. A
escolha feita no primeiro mandato – Guido
Mantega – foi motivo de piadas internacionais. O mínimo que se dizia dele é
que, caso indicasse o caminho da esquerda, ficaria claro que o correto era o
outro. A revista The Economist rotulou de “100% Man” o brasileiro que
errava 100% das previsões. E o mundo sabia que Mantega, um fantoche de
Dilma, dizia ou fazia o que a chefe mandava.
É Joaquim Levy quem segura a
credibilidade do Brasil. É ele quem tem impedido a perda do grau de investimento, etapa que
antecede o desastre completo. Hoje, o ministro da Fazenda se recusou a
participar da cerimônia que anunciou os cortes orçamentários de 2015. Levy exigia 80 bilhões. Foram 70. Levy
alegou ter sido surpreendido por uma gripe para justificar a ausência.
Recado dado,
recado entendido por todos. Na véspera,
o senador Lindbergh Farias, do PT do RJ, exigiu a demissão de Levy.
Ainda não descobriu que isso resultaria na completa perda de credibilidade. O
famoso tiro no pé. Receio que Joaquim Levy já esteja cansado das farsas e
desculpas inseparáveis do estilo do governo federal. Se Levy sair, Dilma cairá.
Simples assim. Ela odeia Levy. E Levy não tem qualquer
simpatia pela presidente. Ambos apenas se suportam. Dilma faz isso para
manter-se no poder mantido por um estelionato eleitoral. Levy tenta colocar em
prática, coerentemente, o que aprendeu e ensinou. Na visão de Nelson Barbosa, ministro do Planejamento e bobo da corte da
hora, a situação está sob controle. Os cortes, garantiu, preservam tudo. Se
é assim, cabe a pergunta: cortar para quê? O relevante nisso tudo é o que não
foi dito. E a ausência de quem deveria estar lá para dizer.
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