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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Lula, por acaso, está nos ameaçando com um banho de sangue se o PT deixar o poder?

Ao dizer num seminário que sente cheiro de retrocesso, Babalorixá de Banânia expõe o que entende por democracia: PT, Cristina Kirchner e Nicolás Maduro

O golpe já foi dado. Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy

Luiz Inácio Lula da Silva discursou na terça da abertura da 7ª Conferência Latino-Americana e do Caribe em Ciências Sociais (Clacso), um dos muitos organismos da esquerda na região que vivem mamando nas tetas dos respectivos estados. Entre 2006 e 2012, quem comandou a entidade foi Emir Sader, um subintelectual petista com sérios problemas até de alfabetização. Mas deixo isso pra lá agora.

Em seu discurso, o Babalorixá de Banânia atacou a imprensa livre — nem poderia ser diferente — e deixou claro onde estão as raízes do seu, por assim dizer, pensamento.
O chefão do partido que protagonizou o mensalão e o petrolão o que, tudo indica, o fará beijar a lona por um bom tempo — afirmou sentir um forte “cheiro de retrocesso” na América Latina e na América do Sul.

Retrocesso?
Explica-se: no Brasil, o seu PT chafurda na lama. Na Argentina, o candidato de Cristina Kirchner, Daniel Scioli, deve perder a eleição para Mauricio Macri. Se não houver uma roubalheira de dimensões homéricas na Venezuela, o ditador de chanchada Nicolás Maduro é um palhaço amador, mas ele mataserá fragorosamente derrotado pelas forças de oposição nas eleições parlamentares de 6 de dezembro.

Em todos os casos, as respectivas derrotadas significam fortalecimento das correntes que defendem a democracia política e se opõem a regimes aparelhados por milícias mais violentas (como na Venezuela) ou menos, como no Brasil. Por enquanto ao menos. O Apedeuta fez ainda uma comparação aloprada. Associou os movimentos em curso na América Latina contra os governos de esquerda às agitações que antecederam a Primavera Árabe — que “Primavera” nunca foi — e que concorreram para o acirramento da desordem política na região.

A comparação é um despropósito porque boa parte dos movimentos que promoveram o que se chamou tolamente de “Primavera” era composta de fundamentalistas islâmicos que queriam ditadura religiosa. Quem combate o PT no Brasil, Cristina na Argentina e Maduro na Venezuela quer um regime de liberdades públicas. Mas há um grão de verdade no que ele diz: aqueles grupos — islâmicos, sim! —, lutavam contra ditaduras. O diabo é que queriam outra, como Dilma, quando pertencia a grupos terroristas. Os antipetistas, antikirchneristas e antibolivarianos querem democracia.

Pós-Primavera Árabe, o que se tem, exceção feita à Tunísia, é banho de sangue e ditaduras ainda mais ferozes, do velho ou do novo establishment. Lula, por acaso, está nos ameaçando com guerra civil quando o PT for apeado do poder pelo Congresso, pela Justiça ou pelas urnas? Lula, por acaso, está nos ameaçando com um banho de sangue?

Sempre que este senhor sente um cheiro de retrocesso político, então é sinal de que a democracia avançou.

O golpe já foi dado. Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy

Titular da Fazenda fala a senadores e é triturado ao defender CPMF; o candidato à sua cadeira critica imposto em conversa com empresários

O comando do Bradesco deveria fazer logo um favor a Joaquim Levysei que soa meio estranho escrever desse modo — e afastar dele o cálice do Ministério da Fazenda. Levy é um bom homem, é um profissional competente na sua área e está passando por uma fritura desnecessária e penosa. Já foi derrubado por Lula. Henrique Meirellesex-presidente do Banco Central e outro profissional que nada entende de política econômica — é o virtual novo ministro da Fazenda. Já está até concedendo entrevista nessa condição.

O que isso quer dizer? Ora, que o golpe já foi dado. E, é claro, não foi pela oposição nem pelos jovens que estão acampados nos gramados do Congresso. Quem apeou Dilma da cadeira foi o grande golpista de plantão no Brasil: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Isso não é matéria de gosto, mas de fato.  Levy já começou a ser desautorizado a céu aberto. Determinações suas estão sendo descumpridas por Jaques Wagner, por exemplo, o lulista da Casa Civil. Na terça, coitado!, em jantar com senadores tanto da base aliada como da oposição, o ministro da Fazenda passou por um verdadeiro massacre. Fez lá as suas antevisões de praxe e voltou a defender a CPMF, que não terá vida fácil no Congresso.

E Meirelles? Ah, esse já até concede entrevista como ministro. E parece não esconder a excitação com a possibilidade. Indagado por jornalistas a respeito, um modesto decoroso teria dito que a conversa não procede, que Levy faz um excelente trabalho, que se deve deixar o ministro cumprir as suas tarefas, essas coisas. Ele deveria ter dito isso tudo ainda que não acreditasse em nada.

Ocorre que, ainda que Meirelles fosse decoroso, a modéstia não é um mal que vá matá-lo algum dia. Num evento na Confederação Nacional da Indústria, nesta quarta, criticou a recriação da CPMF e a elevada carga tributária brasileira. Parecia música aos ouvidos dos presentes. E era mais um round da luta contra Levy.  Indagado, depois, pelos jornalistas se vai para o lugar do ministro da Fazenda, deu esta significativa resposta: “Não posso comentar sobre coisas de que não estou participando diretamente. Esse tipo de assunto, eu leio nos jornais e não estou em condições de comentar”.

Heiiinnn? Cadê o decoro e o elogio de praxe ao atual titular?  E notem: ele diz não estar participando “diretamente” — entendo, pois, que participe indiretamente e que haja um agente que cuida de sua nomeação. Há mesmo: Lula.

Mas ele aceitaria? Reitero: a única resposta elegante, em casos assim, seria dizer que a Fazenda está em boas mãos — o que não impediria a sua eventual nomeação. Mas ele preferiu dizer isto: “Questão de se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo: eu não trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta. Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil”.

Assim, a lógica obriga a que se conclua: 1 – sim, ele aceitaria;
2 – ele acha que não se definiu ainda o que precisa ser feito no Brasil; 3 – se ele aceita o cargo, então haveria essa definição.
Para lembrar: Meirelles sempre foi o candidato de Lula para a Fazenda. Ocorre que Dilma o detesta e está certa de que ele prestaria vassalagem, para ficar em termos medievais, a outro senhor. E ela tem razão.

Mas parece que essa é uma objeção que fazia sentido quando a presidente de direito também era a presidente de fato. Não é mais. Está fora.
Como é que a gente vai agora pedir o impeachment de Lula se ele nem foi eleito?

Fonte: Veja - Blog do Reinaldo Azevedo

 

 


 

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