[Planalto já não considera que Dilma seja impedida formalmente - removida do cargo de presidente da República, que ainda ocupa a avilta.
Mas, também sabe que para permanecer ocupando a cadeira presidencial Dilma abriu mão de governar. Assina apenas aonde e o que Lula determina.
Só nos resta esperar que nesta forma de governar Lula se queime.
Apesar da certeza de ser apenas questão de tempo, quando muito alguns meses, para o ex-presidente, em exercício, seja preso e encerre com desonra e cadeia sua suja carreira política.]
Um dos operadores políticos de Dilma Rousseff escora-se num
raciocínio do ex-governador mineiro Magalhães Pinto para definir a
conjuntura. Política é como nuvem, dizia Magalhães. Você olha e ela está
de um jeito. Olha de novo e ela já mudou. Na avaliação predominante no
governo, disse o auxiliar da presidente, as nuvens carregadas do
impeachment, visíveis até bem pouco, dissiparam-se.
Há dois meses,
recorda o analista, Eduardo Cunha comportava-se como oposicionista, o
Planalto colecionava derrotas no Legislativo e a oposição equipava-se
para abrir o processo de cassação do mandato de Dilma antes do final do
ano. Hoje, o presidente da Câmara joga com o governo, o Planalto começa a
sair das cordas e a oposição deixa gradativamente de ser monotemática.
Além
da própria Dilma, compartilham da tese de que as nuvens tornaram-se
menos ameaçadoras, Lula e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e
Ricardo Berzoini (Articulação Política). Porém, eles reconhecem —em
maior ou menor grau— que a estabilidade política do governo, por
precária, está enganchada nos indicadores econômicos e na
imprevisibilidade da Lava Jato.
Paradoxalmente, a margem de
manobra do governo cresce na proporção direta da redução da influência
de Dilma em seu próprio governo. Em privado, Lula intercala críticas a
Dilma e auto-elogios. Afirma, por exemplo, que a coisa começou a
melhorar depois que a afilhada política ouviu os seus conselhos e trocou
na Casa Civil Aloizio Mercadante pelo “Galego”, como se refere a Jaques
Wagner.
Deve-se a Wagner e ao próprio Lula a desobstrução do
diálogo com Eduardo Cunha. Uma conquista de dois gumes, já que pressupõe
o socorro das forças governistas ao vilão de mostruário da Lava Jato.
Um passo em falso do PT no Conselho de Ética e Cunha pode voltar a
torcer o braço de Dilma.
Para completar sua intervenção na
Presidência da afilhada política, Lula agora pega em lanças pela troca
de Joaquim Levy por Henrique Meirelles, no Ministério da Fazenda. Se
ceder, Dilma sinalizará em definitivo que, não podendo elevar a própria
estatura, não se importa de rebaixar o pé direito do seu gabinete. Se
resistir, oferecerá matéria prima nova para que Lula continue exercendo
seu papel predileto: o de inimigo cordial da ex-gerentona.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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