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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Nosso Guia está fritando a doutora Dilma

A fritura de Joaquim Levy mudou de qualidade. Habitualmente, presidentes fritam ministros, mas, no caso do doutor, um ex-presidente (Lula) está fritando ao mesmo tempo o ministro da Fazenda e a inquilina do Planalto (Dilma Rousseff).

Quando circula a informação de que Nosso Guia sondou Henrique Meirelles para o cargo e que ele pediu carta branca para assumir, a coisa muda inteiramente de figura. Quem está sendo frita é a doutora Dilma. Nesse caso, surge uma novidade: seu impeachment pelo PT. Isso tudo poderia ser fabulação, mas o ex-presidente do Banco Central soprou o fogo ao dizer que não recebeu um convite “concreto”. O que vem a ser um convite abstrato, só ele pode explicar. 

Certo mesmo é que Levy ainda não chamou o caminhão da mudança, como fez Mário Henrique Simonsen em 1979, porque não quer ser responsável pelo pandemônio que provocaria. Com Lula convidando ministros, e o seu preferido admitindo criticamente que há algo no ar além de aviões de carreira, os escrúpulos de Levy tornam-se despiciendos. O pandemônio já está criado. 

Lula e sua teoria do retrocesso político
Lula disse na Colômbia que sente “um cheiro de retrocesso político na América Latina e na América do Sul” e pediu à plateia que não acreditasse “nas bobagens da imprensa”. Nosso Guia tinha ao seu lado o ex-presidente do Uruguai José Mujica.  Falta explicar o que Lula considera “bobagens da imprensa”. 

Certamente não são as notícias sobre a honorabilidade de Pepe Mujica, um ex-guerrilheiro que presidiu seu país de 2010 até março passado e elegeu seu sucessor. Ele não teve mensalón, nem petrolón. Continuou morando na mesma casa, com o mesmo carro e a mesma cachorra Manuela. Ao assumir, anunciou que doaria 70% de seu salário para a construção de casas para os pobres. Segundo a Transparência Internacional, o Uruguai, junto com o Chile, têm os menores índices de corrupção da América Latina. 

Talvez Lula esteja falando das “bobagens da imprensa” em relação à Argentina, que vai eleger seu novo presidente no dia 22. Lá, 14 anos de domínio do casal Néstor e Cristina Kirchner levaram a economia para o buraco, e a família da presidente, para a fortuna. O país tornou-se conhecido pelos escândalos envolvendo as relações do governo e seus amigos com empreiteiros, petrogatunos e exportadores. 

Uma banda da esquerda latino-americana acumula duas marcas sinistras. Tem a mais longeva das ditadura em Cuba e os dois países mais corruptos do continente: a Venezuela narcobolivariana, seguida pela Nicarágua sandinista da família Ortega. Bolívia, Equador e Argentina têm índices de corrupção piores que o Brasil.

O que há por aí não é um cheiro de retrocesso político, mas a verificação de que existem países assolados pela corrupção e governos que se dizem de esquerda. O Chile e o Uruguai estão na outra ponta. Bolivarianos, sandinistas e petistas chegaram ao poder com a bandeira da moralidade. O que há no ar não é um cheiro de retrocesso político, mas de repúdio aos pixulecos.

Roubalheira não tem ideologia. O general Augusto Pinochet tinha o apoio de grande parte da população chilena enquanto torturava e matava opositores. Quando se descobriu que ele e sua família tinham US$ 15 milhões em 125 contas secretas, a direita chilena jogou sua memória no mar. Quando o filho da presidente chilena Michelle Bachelet foi apanhado em traficâncias, ela demitiu-o e disse que enfrentava “momentos difíceis e dolorosos como mãe e presidente”. Não culpou a elite nem viu conspiração, muito menos retrocesso político”. Viu apenas realidade: seu filho metera-se numa roubalheira. 

Meirelles 2.0
Atribui-se ao doutor Henrique Meirelles o desejo de centralizar no Ministério da Fazenda o comando do Banco Central. É uma malvadeza que se faz com o ocupante da presidência do BC de 2003 a 2011. Enquanto esteve no cargo, Meirelles defendeu a autonomia do banco.  No vazamento de documentos da diplomacia americana pelo WikiLeaks, apareceu um telegrama de 2006 do embaixador americano à época, o empresário Clifford Sobel. Ele narrou um encontro com Meirelles, durante o qual o doutor “pediu que o governo dos Estados Unidos usasse discretamente sua relação com o do Brasil para discutir a importância de se mandar ao Congresso uma legislação garantindo” a “autonomia” do Banco Central. Sugeriu que o secretário do Tesouro americano levantasse o assunto com Lula e com o ministro Guido Mantega.

Meirelles disse que o telegrama não refletia “com propriedade o tema de qualquer conversa que tenha tido.” O embaixador recusou-se a comentar o assunto.  Não há notícia de outro pedido de pressão sobre o governo de Pindorama feito por uma autoridade brasileira com nível ministerial.

Quem vive vê
Enquanto ex-ministros de Dilma e comissários petistas são hostilizados em restaurantes, Fernando Henrique Cardoso é chamado para uma média de 20 selfies quando entra em restaurantes do centrão de São Paulo. Num caso, uma senhora pediu que ele gravasse uma mensagem para seu pai, que está internado num hospital. 

Pedalada elétrica
Pedalando o mercado de energia elétrica desde o ano passado, o governo obrigou empresas geradoras a comprarem a produção de usinas térmicas, que custa muito mais caro. Disso resultou um rombo de, no mínimo, R$ 20 bilhões. As concessionárias de hidrelétricas recusam-se a pagar pela pedalada e vêm ganhando liminarmente sucessivos litígios na Justiça. Se ninguém pagar a ninguém, no fim do ano o mercado de energia entrará num apagão financeiro. 

Como as empresas precisam dar lucro para distribuir dividendos aos seus acionistas, a Agência Nacional de Energia Elétrica ofereceu às geradoras um esparadrapo natalino de R$ 2,5 bilhões, diluindo o resto do espeto para os anos (e governos) vindouros. 

Seja qual for a solução dessa encrenca, a conta irá para os consumidores. Até aí, tudo bem. O que falta é o governo reconhecer o custo de sua pedalada. Ele lida com o assunto como se fosse um problema dos macedônios.  Se a doutora tivesse reconhecido que as hidrelétricas estavam num nível crítico, não precisaria ter recorrido às térmicas. Agora, os eleitores iludidos ficarão com a conta. 

Palpite
Há um ano, no dia de hoje, o juiz Sérgio Moro encarcerou 25 executivos de empreiteiras. Alguns deles colaboraram com as investigações e foram libertados, com ou sem tornozeleiras. 

Quem estuda os horóscopos da turma de Curitiba acha que a proximidade do recesso do Judiciário pode estimular algumas novas prisões. Antes do arrastão do ano passado, havia empreiteiras achando que sairiam da encrenca ressarcindo a Viúva com a construção de presídios. 

Fonte: Elio Gaspari - O Globo
 

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