Para
Human Rights Watch, companhias contribuem para sistema abusivo e ilegal que
viola direitos dos palestinos
Em um
relatório publicado nesta quinta-feira, a Human Rights Watch (HRW) fez um apelo para que empresas com operações
ligadas aos assentamentos israelenses interrompam suas atividades. Segundo
a organização, as companhias se beneficiam e contribuem
para um sistema abusivo e ilegal que
viola os direitos dos palestinos. A solicitação ocorre no mesmo dia
em que Israel confirmou que planeja se apropriar de uma grande faixa de terra
fértil na Cisjordânia ocupada, numa medida que deve agravar as tensões com seus
aliados ocidentais. — As empresas que operam nos assentamentos
inevitavelmente contribuem para as políticas israelenses que discriminam e
empobrecem severamente os palestinos, ao mesmo tempo em que lucram com o roubo
da terra e outros recursos palestinos por parte de Israel — disse Arvind Ganesan, diretor da divisão de
empresas e direitos humanos da instituição.
De acordo
com a HWR, mais de 500 mil colonos
israelenses vivem em 237 assentamentos em toda a Cisjordânia ocupada por Israel,
incluindo a parte oriental de Jerusalém, em ações facilitadas por sucessivos
governos. Mas a organização internacional aponta que as empresas tiveram um
papel crucial na expansão dessas comunidades, muitas
vezes se utilizando da mão de obra barata dos palestinos, aluguéis vantajosos
ou baixa tributação. — As empresas devem levar em consideração
que usar a terra, água, minerais e
recursos palestinos em suas operações nos assentamentos é ilegal e são
feitos às custas de grandes prejuízos aos palestinos — disse Ganesan. — Aquelas que alegam estar ajudando, ao
oferecer aos trabalhadores sem alternativas empregos com salário mínimo e sem
proteções trabalhistas, não apenas os prejudicam como beiram um insulto.
Mas a instituição deixa claro que não
defende o boicote de consumidores às empresas ou as sanções a Israel, mas pretende que as companhias cumpram com suas
responsabilidades para com os direitos humanos. Aumentando
ainda mais a tensão sobre o tema, Israel anunciou nesta quinta-feira que
planeja se apropriar de uma faixa de terra fértil na Cisjordânia ocupada, uma
área próxima à Jordânia. Na prática, parte do terreno já está sendo explorado
por agricultores israelenses e, segundo um órgão do Ministério da Defesa, a decisão política já foi tomada e o
processo está no último estágio.
A apropriação cobre 154 hectares
de terra no vale do Jordão, perto de Jericó, uma área na qual o governo israelense possui
muitas fazendas de assentamentos montados em território que os palestinos
buscam incorporar a um Estado próprio. A
medida foi criticada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que emitiu um
comunicado denunciando a ação. “Atividades
de assentamento são uma violação da lei internacional e vão contra os
pronunciamentos públicos do governo de Israel apoiando uma solução de dois
Estados para o conflito”, disse Ban em um comunicado.
A terra, já
parcialmente cultivada por colonos judeus em uma área sob controle civil
e militar de Israel, está situada perto da ponta norte do Mar Morto. Os
palestinos denunciaram o plano de apropriação.
Fonte: Agência France Presse
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