Um dos problemas do
governo é que ele só consegue ter ideias que já usou anteriormente. As sugestões comentadas para
recuperar a economia se baseiam no aumento do crédito. A reedição do Conselhão
foi outra novidade antiga que reapareceu nos últimos dias.
A falta de apetite por
crédito é comentada no setor privado e na esfera pública. Os dados que o BNDES apresentou
ontem mostram isso. Desembolsos e consultas caíram fortemente em 2015. A
terapia estudada pelo governo, de aumentar a oferta de financiamento, tem um
problema na origem. O que leva uma empresa a buscar
crédito é a confiança de que seu investimento dará retorno. Sem confiar nisso, a demanda por recursos
cai. Esse ponto não deve ser desconsiderado.
No
passado, o
governo incentivou o crescimento com o endividamento das pessoas e das
famílias. De dois anos para cá, porém, o cenário econômico
deteriorou muito. O momento agora é outro. Hoje, famílias e empresas estão
abrindo mão de financiamento.
A ideia do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social também é antiga, vem
desde os tempos de Lula. O
Conselhão, como ficou conhecido, pouco funcionou até agora. O governante vai aos encontros para
falar. O setor privado já esteve
presente ali e as mudanças na economia não aconteceram. Às vezes, as
reuniões serviam para produzir apoio a algum setor específico. A composição do
grupo mudou, até porque alguns antigos integrantes estão sendo investigados.
Agora, há artistas e representantes da sociedade civil.
Todo mundo sabe, porque
já foi dito por pessoas próximas, que a presidente Dilma não gosta muito de
conselhos, não é uma boa ouvinte. É preciso ver se as sugestões do conselhão serão
acatadas. Por enquanto, não tem surgido
ideia boa para recuperar a economia. A situação é difícil. O país está em recessão com inflação alta. Lidar com
os dois problemas ao mesmo tempo é complicado. O remédio para uma doença acaba piorando a outra.
Fonte: Coluna da Miriam Leitão – O Globo
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