75,5%
dos contribuintes ainda não fizeram indicação do Nota Legal
A uma
semana do fim do prazo para a indicação do Nota Legal, 75,5% dos
contribuintes ainda não fizeram o resgate do crédito para uso em impostos. Dos R$ 50 milhões recuperados, R$ 41 milhões foram destinados
ao pagamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA)
e o restante para o Imposto Sobre a Propriedade Predial
e Territorial Urbana (IPTU). Entre os motivos apontados por
especialistas e consumidores para a baixa adesão estão a hipótese pagamento em
dinheiro – com isso, o contribuinte fará o resgate somente no meio do ano -,
dificuldades técnicas no site, possível descrédito com o programa e até mesmo a
cultura brasileira de deixar as tarefas para a última hora.
A queda
no valor médio de resgate desde o início do programa é um dos principais argumentos
em relação ao desânimo de alguns contribuintes, o que pode explicar a baixa
adesão registrada a menos de uma semana do fim do prazo de indicação. Nos últimos três anos, as quantias médias por beneficiado
caiu 37%. Em 2013, era R$ 331; em 2014, R$ 226,24 e em R$ 2015, R$
208,49. A Secretaria de Fazenda (SEF-DF) ainda não fechou o valor médio
para 2016. A assistente administrativa Priscila Siqueira dos Anjos, 26 anos, é
um desses exemplos. Ela conta que recebia, em média,
de R$ 170 a R$ 200. Este ano, a quantia caiu para R$ 100. “A
minha única crítica ao Nota Legal é a diminuição de crédito. Agora eu só peço o
CPF (Cadastro Pessoa Física) para notas de valor maior. Raramente para contas
pequenas, como almoço”, comenta.
Secretaria
de Fazenda justifica a diminuição do valor médio de crédito pelo incremento de
cadastrados no Nota Legal – já são mais de 968 mil, quase um terço da população do DF. Por isso,
representantes da pasta descartam o descrédito da população. “Quanto mais
pessoas participam, mais o bolo terá que ser dividido. Se analisarmos, veremos
que o número de empresas cresceu pouco em comparação com a quantidade de
pessoas que aderiu nos últimos anos”, analisa José Ribeiro da Silva Neto,
responsável pela Gerência de Execução de Projetos Especiais da Secretaria de
Fazenda.
Para
Roberto Piscitelli, o professor de economia da Universidade de Brasília, o Nota
Legal pegou e está no cotidiano do brasiliense, mas se o retorno diminui, a
tendência do contribuinte é pedir menos os cupons. O advogado tributarista Erik
Bezerra lembra que o Nota Legal é bom para o estado porque o contribuinte faz
as vezes de fiscal e, em troca, recebe benefícios, porém, eles precisam valer a
pena. “É uma excelente medida, o estado arrecada e o contribuinte obtém um
crédito”, afirma Bezerra.
As
dificuldades técnicas e operacionais também são apresentados como motivos para
a baixa adesão registrada. O comerciante José Sales Palma, 56 anos, conta
que perdeu a senha e não conseguiu fazer a recuperação pela internet,
por isso, não conseguiu resgatar o crédito. Ele teve que ir a um posto
da Secretaria de Fazenda na última sexta-feira para conseguir o novo acesso.
Para ele, o prazo para a indicação poderia ser maior. “Desde que começou o
período, eu tento indicar e não consigo. Só agora vim na Secretaria e tenho a
senha. Tomara que dê certo”. Para José, todos os cupons deveriam gerar
créditos. “Pra mim, qualquer prêmio que vier, é lucro. Pouco é melhor que
nada. Mas se todo cupom fiscal desse Nota Legal era melhor para o consumidor”,
afirma.
O
pedreiro Gilvan Rodrigues, 37 anos, participa pela primeira vez do programa e
conta que também não conseguiu acessar o site. “Pede uma senha que não
existe, estou tentando resolver”. O autônomo Lucas Alves, 23 anos, reclama
do site. “A página poderia ser melhor. Já passei o dia todo tentando
resgatar e não consegui”. Segundo a SEF-DF, o site do Nota Legal esteve
fora do ar entre a segunda e a terça da semana passada por problemas no
servidor. A pasta informou ainda que tem investido em tecnologia e na
melhoria da quantidade de acessos simultâneos. “A questão é que, se muita
gente deixa para a última hora, o sistema não suporta”, comenta Ribeiro.
Dificuldade
para saber resultados
Entre os
especialistas, o programa é encarado como um aliado na arrecadação,
embora tenham observações sobre a capacidade de mensurar os resultados reais.
Na análise do advogado Erik Bezerra, a receita dos estados brasileiros está
insuficiente para pagar os custos, por isso, programas como o Nota Legal podem
ser aliados e tem crescido em todo o país. “Antes do programa, os estados
perdiam arrecadação com sonegação, principalmente no varejo. Agora, pelo menos
no DF, vejo as pessoas pedindo as notas”, afirma.
O professor Piscitelli também vê o programa como uma boa ferramenta de incremento na arrecadação, ele só critica o fato de o Nota Legal não ter um estudo que evidencie os ganhos desde a sua criação. A SEF-DF tem apenas o dado de que o número de cupons fiscais emitidos aumentou desde 2009, mas não há levantamento que ligue esse acréscimo ao Nota Legal. “É problemático um programa de incentivos que, depois de seis anos, ainda não tenha os resultados reais de seu impacto”, pondera. A mesma crítica de Piscitelli foi feita pelo Tribunal de Contas do DF em uma auditoria feita em 2014. Segundo Ribeiro, da SEF-DF, as equipes estão fazendo os levantamentos.
Premiação
em dinheiro
A edição
de 2016 do Nota Legal será a de maior possibilidades para o consumidor. Além da indicação no abatimento
de impostos e crédito em dinheiro, o contribuinte
poderá participar de sorteios de prêmios avaliados em até R$ 10 milhões.
A Secretaria de Fazenda ainda não tem informações sobre como o sorteio será
feito, nem como a premiação será realizada. A regulamentação de como vai
funcionar o sorteio ainda está sendo feita pelos técnicos da pasta.
NÚMEROS
DO NOTA LEGAL:
968.506 consumidores
cadastrados
93.258 empresas participantes
384.852.376 documentos
R$ 776.750.935,04 créditos distribuídos
93.258 empresas participantes
384.852.376 documentos
R$ 776.750.935,04 créditos distribuídos
Fonte: Correio Braziliense
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